man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Company of Selves - Butterfly Handlers & Memory Travelers
Os norte americanos Company Of Selves de Christopher Hoffman, Christina Courtin, Ryan Ccott, Frank Locrasto, Jake Silver, Bill Campbell, Ian Hoffman e Robin Macmillan, estrearam-se nos discos recentemente com Butterfly Handlers & Memory Travelers, um trabalho que viu a luz do dia em formato cassete e digital através da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Sedeado em Nova Iorque e tendo no núcleo duro o cantor e multi-instrumentista Christopher Hoffman e a cantora Christina Courtin, este coletivo fundamenta a sua sonoridade em cenários e experiências instrumentais que encontram a sua génese num rock clássico, quase sempre esculpido e complexo e que nos convida a um exercício maior na percepção das suas composições, mas que recomendo vivamente e que asseguro ser altamente compensador.
O encaixe entre as cordas que ecorrem melancolia por todos os acordes e a percussão em Stand Or Disappear, depois cortado pelo fuzz inebriante das guitarras, a bateria sintética que cria uma espécie de marcha fúnebre em Roman Candles, a guitarra abrasiva que rebarba e corta a direito em Pyramid Schemes ou a história de uma mulher que acorda para a realidade depois de um longo período de tempo aprisionada num universo paralelo, na graciosa Presidential Model, explicitam com clareza uma espécie de epopeia experimental, onde a sobreposição de texturas, sopros e trechos melódicos contemplativos, com sons mais rugosos e agrestes, nos permite visualizar uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades, um refúgio bucólico que entre a razão e harmoniosas lamentações e a loucura e o caos, se situa dentro da amálgama sonora que sustenta a música atual.
Butterfly Handlers & Memory Travelers é uma ode intensa, crua e incisiva à celebração daquela faceta da nossa vida que também é capaz de abarcar um lado mais paranóico e senil, que muitas vezes serve de escape às nossas angústias e frustrações ou nos oferece o local exato para deixarmos escorrer pela nossa mente aquele romancismo frequentemente paranóico e obsessivo, tantas vezes oculto em dissertações filosóficas acerca do momento exato onde a emoção se sobrepõe à razão. A insanidade desconstrutiva em que alicerçam as camadas de sons que dão vida a I Won't Go e a incontestável beleza e coerência dos detalhes orgânicos, em especial da bateria, que nos fazem levitar em Off World, permitem-nos conferir, num mesmo bloco autoral, os diferentes fragmentos que o grupo foi convocar aos diversos universos sonoros que o rodeia e com os quais se identifica, com um elevado índice de maturidade e firmeza, mostrando imenso bom gosto no modo como estes Company of Selves apostam numa relação simbiótica de estilos e géneros, enquanto partem à descoberta de texturas sonoras amplamente majestosas e particularmente progressivas. Espero que aprecies a sugestão...
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Youthless - Golden Spoon
Os Youthless do londrino Sebastiano Ferranti e do nova iorquino Alex Klimovitsky, estão sedeados em Lisboa e vão regressar aos discos no início de 2016 com This Glorious No Age, um trabalho que vai ser editado por cá pela NOS Discos e em Inglaterra pela Club.The.Mammoth / Kartel Music Group.
Golden Spoon é o primeiro avanço divulgado do álbum e o press release de lançamento deste single merece leitura atenta, já que conta a história incrível e inaudita deste grupo único no panorama nacional, Assim, em 2011 os Youthless gravaram em Londres “Telemachy” com produção de Rory Attwell (Palma Violets, The Vaccines, Big Deal), abriram para bandas como The Horrors, Crystal Castles e John Maus, viram as suas músicas serem remisturadas por Olugbenga (Metronomy), foram elogiados pela BBC1, NME, Drowned in Sound, ou pelo Irish Times e atraíram o amor de artistas como os Metronomy, Tiga e D/R/U/G/S. Quando estavam prestes a ir para o Festival Eurosonic, Alex sofreu uma grave lesão nas costas que acabou por resultar numa cirurgia e em vários anos de reabilitação.
Dum momento para o outro, Youthless ficou em suspenso. Tanto Alex como Sebastiano abraçaram outros projectos de música, cinema e teatro experimental nos anos seguintes, apesar de Youthless nunca ter desaparecido dos seus planos, o projecto permanecia num hiato. Ou pelo menos permanecia até ao verão passado, quando o duo voltou ao activo revigorado e inspirado com um novo conceito para o seu primeiro longa duração, um conceito que transmitia na perfeição as suas ambições musicais, as suas observações da sociedade e as suas próprias experiências pessoais.
This Glorious no Age é então, como se percebe, um trabalho aguardado com enorme expetativa e este Golden Spoon, o primeiro avanço, disponível para download gratuíto, uma canção segundo as palavras de Alex, de contentamento apocalíptico, sobre o sentimento de alegria e excitação de viver num mundo insano em decadência acelerada, no qual estamos a industrializar o belicismo e a militarizar a indústria. Fala sobre apreciar sem medos uma viagem de montanha-russa, o descer a pique e o voltar a subir. Um adeus a uma Era no seu ocaso, a estruturas quebradas e velhas ferramentas, e a mapas que já se esgotaram na estrada. Confere...