man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Few Fingers - Burning Hands
Nuno Rancho, músico dos Dapunksport e dos Bússola, colaborador dos Indignu, líder dos Team Maria e já com três dicos a solo e André Pereira,que tem acompanhado os Ultraleve, os Team Maria e os Quem É O Bob? são a dupla que dá vida aos Few Fingers, dois cúmplices, amigos e antigos vizinhos que já comungam musica e projetos há quase duas décadas. Few Fingers acaba por ser uma consequência óbvia de tão estreita ligação entre dois músicos bastante criativos e Burning Hands, um álbum que viu a luz do dia a vinte e oito de setembro, à boleia da Omnichord Records, o novo passo da dupla rumo ao merecido estrelato.
Cheio de canções com uma sonoridade indie folk particularmente aconchegante e sedutora, conduzidas por uma Lap Steel Guitar, o principal elemento instrumental agregador do disco, Burning Hands é eminentemente acústico e, conforme indica a banda na entrevista que me concedeu e que podes apreciar a seguir a esta crítica, tem um forte pendor orgânico, simples e despretencioso, debruçando-se em algo tão simples como aquele momento do dia em que as nossas tarefas e obrigações ficaram para trás e é o momento de fazer um balanço sobre tudo aquilo que vivemos. Curiosamente, ou talvez não, a simplicidade intimista do vídeo de From Pale To Red, o single já retirado do trabalho, da autoria de Tiago Gomes, é, na minha opinião, particularmente encantadora e além de clarificar a cumplicidade que existe entre ambos, mostra-nos como podemos fazer esse exercício reflexivo, através de um vídeo tão bonito e profundo que parece estabelecer um firme propósito estético no ideário artístico atual e futuro dos Few Fingers, em que os filmes das canções irão ser sempre pensadas de acordo com o conteúdo das mesmas.
Maioritariamente pensado e escrito pelo Nuno e tocado pelo André, este é um álbum dominado então pelo esplendor das cordas, acústicas ou eletrificadas e o seu alinhamento oferece-nos uma certa bipolaridade entre a riqueza dos arranjos e a subtileza com que eles vão surgindo nas músicas, muito de forma quase impercetível, conferindo à sonoridade geral de Burning Hands uma sensação, quanto a mim, enganadoramente, minimal. O álbum contém um açúcar muito próprio e um pulsar particularmente emotivo e rico em sentimento, não deixando assim, em nenhum instante, de ser eficaz na materialização concreta de melodias que vivem à sombra de uma herança natural claramente definida e que, na minha opinião, atinge um estado superior de consciência e profundidade nos acordes únicos e lindíssimos da confessional Our Own Holidays.
Burning Hands é alma e emoção traduzidas à voz e às cordas, como documento sonoro ajuda-nos a mapear as nossas memórias e ensina-nos a cruzar os labirintos que sustentam todas as recordações que temos guardadas, para que possamos pegar naquelas que nos fazem bem, sempre que nos apetecer. Basta deixarmo-nos levar pelos sussurros da voz, para sermos automaticamente confrontados com a nossa natureza, à boleia de uma sensação curiosa e reconfortante, que transforma-se, em alguns instantes, numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia. Espero que aprecies a sugestão...
Nuno Rancho e André Pereira, a vossa trajetória musical até à formação dos Few Fingers e o nascimento de Burning Hands, este vosso fabuloso disco de estreia, aconteceu e foi passada, no caso do Nuno, em participações em bandas como os Dapunksport, os Bússola e os Tema Maria, além de trabalhos a solo e colaborações com os Indignu e, no que que concerne ao André, a participação nos Ultraleve, Tema Maria e nos Quem é o Bob. Além de saltar à vista uma provável coexistência nos Tema Maria, de que modo é que os astros conjuraram para que fosse possível unirem esforços e dessa união feliz nascer os Few Fingers?
Nuno Rancho: Éramos praticamente vizinhos, conhecemo-nos quando começámos a fazer música há uns 15 anos atrás, tivemos na altura numa banda juntos mas rapidamente enveredamos por outros projectos separadamente, depois de 2008 a 2012 voltamos a juntar-nos com os Team Maria onde lançamos um álbum e o ano passado desafiados pela Omnichord Records gravamos um tema inédito (From Pale To Red) para a compilação Leiria Calling, gostamos imenso da canção e achamos que faria todo o sentido gravar um álbum que seguisse a mesma linha estética.
E agora uma questão cliché… Quais são, antes de mais, as vossas expetativas para este Burning Hands?
Esperamos reacções positivas e que as pessoas consigam ouvir o álbum de uma ponta a outra sem passar faixas à frente. Depois de ouvirem o álbum queremos que as pessoas nos procurem ao vivo.
Disco dominado pelo esplendor das cordas, acústicas ou eletrificadas, confesso que o que mais me agradou na sua audição foi uma certa bipolaridade entre a riqueza dos arranjos e a subtileza com que eles surgiam nas músicas, muito de forma quase impercetível, conferindo à sonoridade geral de Burning Hands uma sensação, quanto a mim, enganadoramente, minimal. Talvez esta minha perceção não tenha o menor sentido mas, seja como for, em termos de ambiente sonoro, o que idealizaram para o álbum inicialmente correspondeu ao resultado final ou houve alterações de fundo ao longo do processo?
Desde o inicio sabíamos que queríamos fazer canções com uma sonoridade folk onde a Lap Steel Guitar tivesse um papel preponderante, há canções em que isso se nota menos mas foi sempre essa a linha condutora, queríamos fazer um disco acústico, maioritariamente orgânico virado para as canções.
Além de ter apreciado a riqueza instrumental, quer orgânica, quer eletrónica, e também a criatividade com que selecionaram os arranjos, gostei particularmente do cenário melódico destas vossas novas canções, que achei particularmente bonito. Em que se inspiram para criar as melodias? Acontece tudo naturalmente e de forma espontânea em jam sessions conjuntas, ou as melodias são criadas individualmente, ou quase nota a nota, todos juntos e depois existe um processo de agregação?
Todas as canções do álbum são inicialmente ideias minhas que apresentava ao André, algumas canções já completas com estruturas e letras definidas, outras apenas esboços que depois montamos em conjunto, posteriormente com a canção já estruturada todo o instrumental do álbum ficou a cargo do André que gravou todos os instrumentos.
A simplicidade do vídeo de From Pale To Red é, na minha opinião, particularmente encantadora e clarifica a cumplicidade que existe entre ambos. Tomando como ponto de partida este vídeo tão bonito e profundo, diria até, existe no ideário artístico atual e futuro dos Few Fingers, um propósito firme e um plano já definido quanto ao rumo a tomar acerca da vossa componente visual, nomeadamente os filmes que ilustram os vossos singles, ou será tudo pensado e decidido no momento consoante as circunstâncias?
Para o video de From Pale To Red decidimos confiar na visão do nosso amigo Tiago Gomes, pedimos-lhe um video simples e intimista. Com uma produção completamente amadora o video acabou por superar as nossas expectativas, as imagens abraçam a canção na perfeição. A narrativa do próximo video clip será completamente diferente, os vídeos serão sempre pensados conforme a canção.
Burning Hands foi misturado e produzido por ambos. Esta opção acabou por surgir com naturalidade ou já estava pensada desde o início e foi desde sempre uma imposição vossa? E porque a tomaram?
Nunca pensamos na possibilidade da mistura e produção ser feita por outra pessoa, à medida que fomos trabalhando no álbum fomos percebendo que estávamos a ir no caminho certo e deixamo-nos ir até ao produto final. Apesar disto não pomos de parte a possibilidade de no futuro essas tarefas serem realizadas por outra pessoa.
Confesso que fiquei particularmente surpreso com a simplicidade do artwork de Burning Hands. Como surgiu a ideia e qual a razão? Caso exista alguma explicação plausível, além de uma possível relação com o nome da banda e do próprio disco...
A ideia do artwork vem do nome do álbum e também do nome da banda. Não queremos entrar em grandes explicações, queremos deixar em aberto, que criem a vossa própria historia ao olharem para a capa e ao juntarem os elementos da mesma.
Adoro a canção Our Own Holidays. Os Few Fingers têm um tema preferido em Burning Hands?
Neste momento a Forward March é a canção que gostamos mais, talvez por ter sido a ultima a entrar no álbum.
Não sou um purista e acho que há imensos projetos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem em inglês. Há alguma razão especial para cantarem em inglês e a opção será para se manter?
A maior parte das bandas e artistas que me influenciam cantam e Inglês, não me imagino a cantar noutra lingua.
O que vos move é apenas o rock, a folk e a indie pop experimental ou gostariam ainda de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Few Fingers?
Queremos começar já a trabalhar no próximo álbum a ideia é continuarmos a fazer canções com guitarra acústica e Lap Steel, o folk será sempre a base dos Few Fingers.
Para terminar, mais uma curiosidade… Quais são as três bandas atuais que mais admiram?
Father John Misty, Arcade Fire, Radiohead.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Kubalove - This Foolish Love
Algures entre os Goldfrapp e os M83 situam-se os Kubalove um projeto de eletropop sedeado em Londres e que faz já parte do cardápio da Lost In The Manor.
O pop funk sintetizado melódico e com um forte apelo às pistas de dança de This Foolish Love, single que vai ver a luz do dia já a dezasseis deste mês, é a proposta sonora mais recente deste projeto liderado por uma cantora que a coberto da sua sensualidade nos inebria com particular mestria. This Foolish Love são quase três minutos de intensa energia, um íman sedutor que atrai sem apelo nem agravo as nossas sensações mais inebriantes e que nos aprisiona, deixando-nos completamente à mercê de uma pop incisiva, charmosa e desarmante. O próprio video do tema, que conta com a participação especial da modelo Peliroja, amplia o cariz luxuriante e sensorial da composição. Confere...
Autoria e outros dados (tags, etc)
Observer Drift – Echolocation
Collin Ward é Observer Drift, um músico norte americano de Bloomington, em Minneapolis, que se estreou nos lançamentos discográficos com Corridors, em 2012. Fjords, o sucessor, foi editado em maio do ano seguinte e agora chegou a vez de ver a luz do dia Echolocation, um compêndio de catorze canções disponível para audição e download no bandcamp do projeto pelo preço que quiseres.
O terceiro disco de Observer Drift tem impressas as marcas de crescimento típicas da passagem para a vida adulta. Mais crescido e maduro, este músico com raízes suecas mantém o centro da sua música nas aspirações pessoais, mas de modo um pouco mais sombrio e amargurado. Observer Drift escreve muito sobre crescer e mudar, explorar o inexplorado e assumir mais riscos, com uma elevada dose de espontaneidade, cabendo a nós próprios, ouvintes, não só decifrar o verdadeiro signficado de cada poema, como também, se tivermos essa pretensão, atribuirmos um significado próprio, cuja variação poderá ser justificada com a forma como cada um de nós vivencia a audição do mesmo, tendo em conta a base sonora e instrumental que o suporta, algo que causará, certamente, diferentes sensações nos ouvintes. E essa audição acontece à boleia de uma dream pop muito suave e luminosa, cheia de elementos eletrónicos, nomeadamente sons em reverb e batidas sintetizadas e algumas guitarras que criam melodias com um elevado cariz etéreo e shoegaze. Se o longo abraço entre R&B e eletrónica que se escuta no tema homónimo, uma canção que parece ter sido embalada num casulo de seda e em coros de sereia e que faz de Observer Drift um novo trovador soul claramente inspirado pelo ideário de Chet Faker, a espiritualidade negra e o falsete de Bon Iver, impulsionado por uma melodia doce com um leve toque de acidez, mas que se escuta com invulgar fluidez, também nos efeitos suaves e planantes do sintetizador e da percussão de When You Disappear, na imponente Time Stands Still e na vibrante de The Long Run, assim como no dedilhar da guitarra de Analysis Paralysis e na crescente e solarenga I Have Your Back, sentimo-nos tocados por um disco onde vintage e contemporaneidade se confundem de modo provocador e certamente propositado. É uma cúpula entre, pop, rock e eletrónica, quente e assertiva e que ao longo do alinhamento vai convocando para a orgia outros sub géneros da pop, que vão aguardando pacientemente a sua vez de entrar em cena, enquanto saboreiam mais um final de tarde glamouroso no início deste outono.
A audição dos treze temas de Echolocation é uma experiência sonora muito enriquecedora e apetecível, uma viagem contemplativa não só ao mundo pessoal do músico que criou o disco, como também ao nosso próprio universo, real ou imaginário, porque estamos na presença de treze temas que nos convidam a sonhar sem receios e, simultaneamente, a refletir sobre a nossa própria existência. Espero que aprecies a sugestão...
01. When You Disappear
02. The Long Run
03. Echolocation
04. Time Stands Still
05. Fire In The Southern Sky
06. Tired Hands
07. Let The Call Go Out
08. Same Way
09. Too Bright
10. Daniel
11. Strength Of A Storm
12. So Mysterious
13. Analysis Paralysis
14. I Have Your Back
Autoria e outros dados (tags, etc)
Young Galaxy – Ready To Shine
Os canadianos Young Galaxy de Stephen Ramsay, Catherine McCandless e Matthew Shapiro, regressam aos discos no final deste mês com Falsework, um álbum que vai ser lançado através da conceituada Paper Bag Records.
Em Ready To Shine, o mais recente single avançado desse trabalho, o trio parece apostado em voltar a colocar as guitarras na linha da frente e dar-lhes um protagonismo que esteve um pouco afastado de um projeto, mais apostado ultimamente numa faceta eminentemente sintética, nomeadamente depois de Ultramarine (2012), como se percebeu em Body e Factory Flaws, os dois anteriores registos dos Young Galaxy e que precederam esse disco.
Continua a estar presente aquela faceta soul, mas há uma maior alegria e luminosidade nesta canção, não só patente nas cordas, mas também no próprio registo vical, um optimismo que se saúda e que aumenta a expectativa em relaçao a Falsework. Confere...
Autoria e outros dados (tags, etc)
Sweet Baboo - The Boombox Ballads
Sweet Baboo é Stephen Black, um músico e compositor natural de Cardiff, no País de Gales e que lançou em abril de 2013, por intermédio da Moshi Moshi Records, Ships, o seu segundo disco, um álbum conceptual sobre o mar. Agora, dois anos depois, chegou aos escaparates The Boombox Ballads, o sucessor, que volta a mostrar um Sweet Baboo irrepreensivel no modo multicolorido como conjuga diversas influências, que vão da folk à synth pop e sempre num registo algo infantil e até despreocupado.
A elegância, a timidez e o charme são vocábulos certamente muito caros para a pesonalidade de Stephen Black, um músico e produtor que tem tanto de calculista e metódico, como de sensivel e intenso. As suas canções acabam não só por personificar esta aparente dupla personalidade, como também por respirarem o ar que emana deste cruzamento espetral entre dois pólos aparentemente opostos, mas que aqui se complementam para nos oferecer composições sonoras tão belas e grandiosas como será, naturalmente, o caldeirão de vivências e emoções que personificam e definem o autor.
As cordas e os violinos de Sometimes e o modo como na música ele confessa ser um homem de paixões, mas sem deixar que as mesmas o consumam e o aprisionem desmesuradamente (Sometimes I’ll say goodbye, leave you on your own a while, just be sure I’ll dream of your home coming smile), expõe, logo à partida, o lado confessional da música de Sweet Baboo e faz-nos perceber que The Boombox Ballads é um disco que poderá agradar pelo modo fascinante como mistura o teor instrumental e poemas profundos, que exaltam, quase sempre, o lado mais cândido do amor. O piano de You Are Gentle, a inserção dos instrumentos de sopro e o modo como, continuamente e de modo progressivo, Stephen exalta as qualidades da mulher abordada na canção, são um exemplo superior de um artista que sobrevive à custa de emoções fortes embrulhadas em temas simples, adornados com enorme versatilidade e um elevado pendor pop. Mas o caldeirão festivo e luminoso de You Got Me Time Keeping, sete minutos colocados estrategicamente no meio do álbum e que se dividem numa toada folk pop festiva inicial, que depois abranda para um instante baladeiro cheio de alma e, finalmente, progride para um final algo psicadélico e fortemente experimental, acaba por ser o tema que melhor agrega e define o receituário sonoro que Sweet Baboo nos oferece para que possamos curar não só aqueles males do coração que nos afligem, mas também para, terapeuticamente, nos ajudar a olhar em frente e a ver o lado mais sombrio da nossa existência numa perspetiva mais otimista e positiva.
Apesar de haver uma estranha sensação de vulnerabilidade nas canções de Sweet Baboo, como se a qualquer momento pudessem sofrer algum desvio no rumo sonoro que as sustenta, a verdade é que elas têm este efeito psicoativo acima descrito e que, também devido a esta faceta humanista da sua música, estamos na presença de um artista que pretende sair do nicho indie e alternativo, para procurar atingir um universo mais abrangente e onde reinam referências obrigatórias da história da música da segunda metade do século passado, algures entre Paul Simon, Randy Newman e Sinatra.
Até ao final, a rugosidade prfunda dos violinos e o modo insinuante como as teclas do piano se enrolam com eles em Two Lucky Magpies, o modo encantador como Baboo suplica por redenção em I Just Want To Be Good, à boleia de um irrepreensível falsete e o modo feliz como a folk algo jazzística de Walking In The Rain mistura o clássico e o contemporâneo, são apenas mais três composições de audição obrigatória e que provam que Stephen é um poço de criatividade melódica e que ao conjugar com mestria diferentes influências, não confere um cariz estanque aos temas, que têm a particularidade comum de serem conduzidos, geralmente, pela voz do músico e pelas cordas, cabendo à abundante secção de metais e a várias aparições de instrumentos de sopro um protagonismo também relevante. Toda esta conjugação de factores acaba por conferir pompa e imponência a The Boombox Ballads, ainda mais quando alguns arranjos algo kitsch resolvem aparecer, quase sempre sem aviso prévio, como sucede no curto tema homónimo.
Imbuído por uma intensa e indisfarçável sensualidade pop e sempre num evidente clima de ingenuidade e boa disposição, The Boombox Ballads contém uma coleção irrepreensível de sons inteligentes e solidamente construídos, que nos emergem em ambientes carregados de batidas e ritmos, numa verdadeira festa, certamente organizada com muito amor e que merece ser elogiada pela sinceridade e pelo charme cativante com que se atreve a desafiar todos os nossos sentidos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sometimes
02. Got To Hang Onto You
03. You Are Gentle
04. Two Lucky Magpies
05. The Boombox Ballads
06. You Got Me Time Keeping
07. Walking In The Rain
08. I Just Want To Be Good
09. Tonight You Are A Tiger
10. Over And Out
Autoria e outros dados (tags, etc)
Superhumanoids – Do You Feel OK?
Editado no passado dia onze de setembro através da Innovative Leisure, Do You Feel Ok? é o novo disco dos Superhumanoids de Sarah Chernoff, Cameron Parkins, Max St. John e Evan Weinerman, um projeto oriundo de Los Angeles e que ao segundo disco de originais nos oferece um fluxo de canções muito agradável, relaxante e até algo sensual, com exemplares como Anxious In Venice ou Touch Me a possuirem além de uma energia sexual latente, que a própria capa do disco acentua, um inegável charme, festivo e viciante.
Com um olhar assertivo às pistas de dança, mesmo quando em temas como Dull Boy ou Oh Me se confere uma sonoridade mais atmosférica e melancólica, os Superhumanoids não se entregam por completo à tristeza e também criam canções que apesar de poderem ser fortemente emotivas e se debruçarem em sonhos por realizar, também servem para dançar.
Assim, estes Superhumanoids exploram em Do You Feel Ok? as diversas intersecções que é posssível estabelecer entre a indie, o rock progressivo e a electrónica, numa mistura absolutamente sedutora, como já referi. É uma receita dominada por sintetizadores que revivem o que de melhor se podia escutar há uns bons trinta anos e de braço dado com um baixo sempre vigoroso, várias camadas de efeitos sobrepostos com particular minúcia e coerência e guitarras exuberantes.
Em Do You Feel Ok?, os Superhumanoids não querem só resgatar os sentimentos dos anos oitenta mas também converter a sonoridade dessa época para algo atual, familiar e inovador, ao mesmo tempo. As canções deste disco prendem-se aos nossos ouvidos com a mistura lo fi e os sintetizadores que definiam a magia da pop de há trinta anos atrás, num disco que navega entre a luz e a escuridão e o sintético e o orgânico, em onze canções onde a eletrónica é um elemento preponderante e a presença de outros instrumentos serve apenas para ampliar o contraste e acrescentar novas cores a estes temas, que são, quase todos, muito cativantes. É uma eletrónica simples e intrigante, feita de intimismo romântico que integra uma espantosa solidez de estruturas, num misto de euforia e contemplação. Espero que aprecies a sugestão...
01. Anxious In Venice
02. Oh Me I
03. Norwegian Black Metal
04. Touch Me
05. Dull Boy
06. Death Rattle
07. Dada
08. Do You Feel OK?
09. 12 Fingers
10. I Want To Believe
11. Blinking Screens
Autoria e outros dados (tags, etc)
Low - Ones And Sixes
Desde a última década do século passado que os Low de Alan Sparhawk e Mimi Parker, aos quais se juntou o baixista Steve Garrington desde 2008, têm vindo a impressionar-nos com a sua pop emotiva e sedutora e Ones And Sixes, o décimo primeiro e último disco deste grupo norte americano oriundo de Duluth, é mais um marco significativo na sua carreira. Gravado no estúdio do Justin Vernon (Bon Iver), em Wisconsin, o álbum chegou aos escaparates a onze de setembro através da Sub Pop e esconde no seu seio mais uma pancada seca e certeira numa pop paciente e charmosa, nas asas de uma fidelidade quase canónica à lentidão melódica, ao charme da guitarra e à capacidade que o uso assertivo de agudos e falsetes na voz têm de colocar em causa todos os cânones e normas que definem alguns dos pilares fundamentais da nossa interioridade.
Disco que exige audição dedicada e que dificilmente agrada a todos os estados de alma e obra de um projeto onde luz e positivismo não encontram muitas vezes forma de se mostrar, Ones And Sixes desfila emoções e jorra sentimentos por todos os seus acordes, podendo-se mesmo falar em poros, porque esta é uma música que transmite sensações físicas tácteis, nem sempre passíveis de apurado controle pelo nosso lado mais racional.
O alinhamento deste compêndio absolutamente delicado abre-se perante os nossos ouvidos com um simples agregado de distorçoes e batidas sujdas, entrelaçadas com sons cristalinos. A receita fica desde logo apresentada com intensidade e minúcia, e logo sentimos o chão tremer nos nossos pés porque é incontornável a certeza de que daí em diante há algo de grandioso e único à nossa espera. Na verdade, o minimalismo sintético e delicado das teclas e a percussão insinuante de canções como Spanish Translation ou No Comprendre, enquanto abordam implicitamente o fenómeno da migração latina nos Estados Unidos, baralham e confundem com delicada mestria tudo o que julgamos conhecer e conseguir dominar e levantam a nossa mente para um voo estratosférico com uma quase impercetível serenidade. Depois, numa abordagem mais taciturna e enevoada, mas que não deixa de ser aconchegante, composições do calibre de Landslide, What Part of Me e Lies, contêm uma dose de dramatismo invulgarmente clara, com todos os elementos e arranjos cuidadosamente sobrepostos, com a última, por exemplo, a impressionar pelo modo como as vozes de Sparhawk e Parker se entrelaçam, à boleia de uma melodia etérea, melancólica e bastante contemplativa, que dá vontade de colocar em modo repeat e usufruir, relaxadamente e vezes sem conta.
Ones And Sixes é tudo menos um disco igual a tantos outros ou um compêndio sonoro comum. Nele viajamos bastante acima do solo que pisamos, numa pop com traços de shoegaze e embrulhada, como já referi, numa elevada toada emotiva e delicada, uma receita que faz o nosso espírito facilmente levitar e que muitas vezes confunde e dispersa enquanto nos dá as mãos para calcorrearmos um caminho que nunca sabemos muito bem para onde nos leva, mas no qual confiamos sem hesitar e sem olhar para trás. A recompensa é certa e no final da tímida batida, da candura das vozes e da guitarra suplicante e emocionada de DJ sentimo-nos iluminados e fortalecidos por este excelente disco que atesta a maturidade e a capacidade que estes Low possuem de replicar a sua sonoridade típica e genuína sem colocar em causa um alto nível de excelência, conseguindo também mutar-se, disco após disco, e adaptar-se a um público ávido de novidades, que procura constantemente algo de novo e refrescante e que alimente o seu gosto pela música alternativa. Espero que aprecies a sugestão...
01. Gentle
02. No Comprende
03. Spanish Translation
04. Congregation
05. No End
06. Into You
07. What Part Of Me
08. The Innocents
09. Kid In The Corner
10. Lies
11. Landslide
12. DJ