man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
HOO HAs - Yankee
Mark (guitarra), Jack (baixo), Adam (bateria) e Jamie (voz) são os HOO HAs, uma banda de punk rock com raízes em Kent, nos subúrbios de Londres e que acaba de ser adicionada ao cardápio da Lost In The Manor.
Os HOO HAs começaram a carreira como tantas outras bandas do género, através de jam sessions improvisadas nos locais mais improváveis, mas este quarteto parece apostado em levar longe o projeto, começando com a edição do single Yankee, já a trinta de outubro, em formato digital.
Yankee são pouco mais de dois minutos de puro dinamite, uma canção explosiva e com uma intensidade algo incomum, tendo em conta o acerto melódico da mesma. Além disso, o vigor das guitarras e o frenesim da percussão não conseguem esconder uma letra particularmente inspirada e incisiva. Confere...
Stop drowning discontent with all that wine, Try to get to bed one night at nine, Surprise yourself by stopping at a line.
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Space Daze – Capture A Thing
Space Daze é o projeto a solo de Danny Rowland, guitarrista ecompositor dos consagrados Seapony e Capture A Thing o segundo disco desta aventura musical de um músico oriundo de Seattle. Disponível para audição no bandcamp do projeto, este trabalho encontra nas cordas de uma viola um veículo privilegiado de transmissão dos sentimentos e emoções que impressionam, uma sensação curiosa e reconfortante, que transforma-se, em alguns instantes, numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia.
Em nove canções que se esgotam em menos de meia hora, Danny oferece-nos um disco curto, mas incisivo no modo como replica uma dream pop luminosa, jovial e vibrante e que atira certeiro ao puro experimentalismo, à medida que as cordas vão passeando por diferentes nuances sonoras, sempre com o denominador comum acima referido.
Se Far Away levita em redor de uma névoa lo fi com um ligeiro travo acústico à mistura, já Sunlight Waves e Wasn't Anyone são duas peças sonoras eminentemente acústicas, com quase dois pés na folk e que oferecem-nos uma espécie de monumentalidade comovente. Refiro-me a dois extraordinários tratados sonoros que resgatam e incendeiam o mais frio e empedrenido coração, enquanto plasmam, além do vasto espetro instrumental presente no disco, a capacidade que Danny possui para compôr peças sonoras melancólicas, com elevado sentido melódico e uma vincada estética pop. Depois, o esplendor de cor e delicadeza que exala das cordas de Was Never, ou a distorção algo pueril da guitarra que conduz Everyone Knows, prendem-nos definitivamente a um álbum com um tempero muito próprio e um pulsar particularmente emotivo e rico em sentimento, eficaz na materialização concreta de melodias que vivem à sombra de uma herança natural claramente definida e que, na minha opinião, atingem à boleia deste músico um estado superior de consciência e profundidade.
Capture A Thing é a afirmação clara de um músico que prova ser um compositor pop de topo, capaz de soar leve e arejado, mesmo durante as baladas de cariz mais sombrio e nostálgico. Danny tem a capacidade inata de conseguir fazer-nos sorrir sem razão aparente, com isenção de excesso e com um belíssimo acabamento açucarado, que acaba por se tornar na banda sonora perfeita para um fim de tarde quente e prolongado, enquanto se prepara mais um churrasco e salta a tampa das primeiras garrafas daquela caixa de cerveja que vai animar mais um feliz serão entre aqueles amigos de ontem, de hoje e de sempre. Espero que aprecies a sugestão...
01. Intro
02. Far Away
03. Sunlight Waves
04. Wasn’t Anyone
05. Was Never
06. Everyone Knows
07. How It Is
08. Alone In The Shadows
09. By The Road
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Editors – In Dream
Os Editors de Tom Smith estão de regresso aos discos com In Dream, o quinto álbum de estúdio desta banda britânica oriunda de Birmingham e que nunca tendo conseguido ser consensual no universo sonoro alternativo, apesar de The Back Room, o disco de estreia, ser, quanto a mim, um marco no género pós punk, parece apostada em se assumir definitivamente como um grupo de massas e deixar de vez o universo mainstream para fazer parte da primeira liga do campeonato mundial do indie rock.
Gravado na Escócia, In Dream é um disco bastante homogéneo, coeso e sofisticado e que contém alguns dos melhores detalhes estilísticos que os Editors foram fazendo escorrer pelo seu cardápio sonoro. Assim, além da já típica intensidade emocional da escrita de Tom Smith e do seu carisma pode-se escutar o seu tímbre vocal grave único (além de Ian Curtis, Nick Cave e Neil Diamond são referências evidentes), perceber a sua postura confiante e conferir as habituais guitarras angulares, os sintetizadores progressivos e um baixo geralmente imponente, as principais matrizes identitárias deste grupo. Em In Dream, além de serem transversais a todo o alinhamento, recebem, em algumas canções, outras nuances que importa de algum modo destacar. Sendo assim, as teclas sintetizadas de No Harm, a imponência orquestral do edifício melódico que envolve Salvation, canção com um refrão avassalador, a cadência única da percussão e da batida de Our Love, a toada pop e o charme luminoso de All The Kings e o piano cintilante de Ocean Of Night, são alguns desses detalhes inéditos presentes em In Dream e que, tomando como ponto de partida o já referido referencial sonoro que tipifica os Editors, acrescentam e ampliam o adn que passa a sustentar o historial da banda, além de reforçarem a referida pretensão de obtenção de uma posição de maior relevo, reconhecimento e abrangência junto do público em geral.
Com um resultado final mais nostálgico e polido, que a capa de algum modo contraria já que vai mais ao encontro do conteúdo de trabalhos anteriores, In Dream não é também aquilo que se pode chamar de um disco colorido ou particularmente intenso. Seja como for, não deixando de navegar nas habituais águas lúgubres em que os Editors se sentem como peixes, exala uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...
01. No Harm
02. Ocean Of Night
03. Forgiveness
04. Salvation
05. Life Is A Fear
06. The Law (Feat. Rachel Goswell)
07. Our Love
08. All The Kings
09. At All Cost
10. Marching Orders
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The 1975 - Love Me
Depois do sucesso de The 1975, o disco homónimo de estreia dos The 1975 de Matt Healy, um trabalho editado em 2013, já há no horizonte um sucessor para esse compêndio que catapultou este quarteto britânico para uma saudável visibilidade no universo indie rock.
Na passada quinta-feira, dia oito de outubro, o grupo passou pelos estúdios da rádio BBC onde tocou Love Me, um novo single que irá fazer parte do próximo álbum dos The 1975 intitulado I Like It When You Sleep For You Are So Beautiful Yet So Unaware of It. Matt referiu entretanto que esse trabalho, com previsão de lançamento para fevereiro, irá ter dezassete canções, todas bastante diferentes umas das outras. Confere...
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Wavves - V
Poucas semanas após o lançamento de No Life For Me, um disco que resultou de uma parceria com os Cloud Nothings de Dylan Baldi, Nathan Williams está de regresso com o seu projeto Wavves. Assim, Afraid of Heights (2013), o último registo de originais da banda, tem finalmente sucessor, um trabalho intitulado V, o quinto deste grupo californiano e que viu a luz do dia à boleia da Warner Brothers.
Produzido por Woody Jackson, V resgata, sem grandes segredos, truques intrincados ou artifícios desnecessários, um som nostálgico que, como seria de esperar, contém aquela mescla entre surf music e punk rock que bandas como os The Replacements, os Green Day a até os Blink-182, cultivaram e semearam aos sete ventos, exaustivamente no final do século passado. E convém também esclarecer, desde já, que é um indie rock incubado na mente de um músico que não tem, claramente, firmes intenções comerciais, nem uma obsessiva preocupação em vir a fazer parte dos compêndios futuros que compilarem nomes e bandas que serviram de referência essencial ao desenvolvimento da pop e do rock alternativo desta década.
A grande preocupação dos Wavves é, simultaneamente, o seu maior gozo; Oferecer ao ouvinte e ao próprio grupo, canções rápidas e incisivas, de acordes simples e facilmente digeriveis, com refrões orelhudos e intensidade melódica suficiente para divertir uma juventude despreocupada, que vive o imediato e que olha para o amanhã como algo longínquo e que merecerá toda a atenção quando se fizer presente. Até lá, o que importa é curtir ao máximo e este V é uma banda sonora pensada para esse propósito com canções como Way Too Much e Pony, entre outras, a obedecerem a essa fórmula tão legitima como outra qualquer. Se a música faz parte da indústria do entretenimento, V é uma seta apontada diretamente ao centro do alvo desse conceito de animação e que atinge de modo certeiro esse objetivo em All The Same.
Sendo assim, guitarras afundadas em elevadas doses de reverb, com destaque para o desempenho em Flamezsz, um registo vocal animado e uma bateria sempre frenética, exemplarmente acompanhada por um baixo que se esmera em Redlead e que cumpre sempre à risca a função de acomodar quer o ritmo quer a melodia, constitui a receita instrumental de que os Wavves se serviram para transmitir sensações e ideias tipicamente juvenis enquanto exploram o vasto leque de possibilidades que o punk rock oferece a quem se predispõe, como é o caso, a não colocar entraves e limites na sua exploração.
Disco de audição obrigatória para os apreciadores do género, mas que contém essa limitação de não ser particularmente abrangente, V é uma coleção de canções que obedecem à tradição dos Wavves de oferecerem sempre instantes sonoros capazes de agradar no imediato, enquanto tocam aquilo que realmente gostam e lhes dá prazer. E só por essa faceta genuína e de manutenção de uma integridade que se saúda, é um compêndio sonoro que merece uma audição que deverá ser sempre experimentada de modo divertido e festivo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Heavy Metal Detox
02. Way Too Much
03. Pony
04. All The Same
05. My Head Hurts
06. Redlead
07. Heart Attack
08. Flamezsz
09. Wait
10. Tarantula
11. Cry Baby
12. Fast Ice
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New Order - Music Complete
Após um hiato de quase uma década, os New Order estão de regresso aos lançamentos discográficos com Music Complete, um álbum que chegou às lojas a vinte e cinco de setembro, à boleia da Mute Records e que sucede a Waiting for The Siren's Call. Primeiro disco desta banda fundamental e pioneira na mistura de indie rock com a eletrónica sem o baixista Peter Hook, em compensação Music Complete contou com a teclista Gillian Gilbert, esposa do baterista Stephen Morris, de regresso à banda, de onde tinha saído em 2001 para cuidar dos filhos do casal.
Criado por uma banda que não sabe fazer discos que não sejam no mínimo essenciais, este novo álbum dos New Order, produzido pela própria banda e por Stuart Price e que conta com colaborações e participações especiais de nomes tão importantes como Elly Jackson dos La Roux, Brandon Flowers e Iggy Pop, é o seu melhor trabalho nas últimas duas décadas. Logo no baixo e nas cordas de Restless, mas também no teclado de Gillian, cujo regresso se saúda e logo neste tema se percebe porquê, está impresso todo o adn de um grupo com elevado sentido melódico no modo como cruza o rock alternativo com a eletrónica, com uma transversalidade muito própria e que começa a já a piscar o olho a uma terceira geração de ouvintes. Na verdade, Music Complete arrebata netos de avôs e avós que em 1981 lamberam definitivamente as lágrimas carpidas pela morte precoce de Ian Curtis e dançaram ao som de Truth ou Senses, dois clássicos de Movement, o disco de estreia dos New Order.
Depois deste arranque promissor intitulado Restless, o baixo encorpado e os teclados voltam a ser protagonistas em Singularity, canção que mostra uns New Order em perfeita sintonia consigo próprios e com o tempo em que vivem, não virando costas a alguns detalhes sonoros que se escutam atualmente no espetro sonoro em que seenquadrame a herança do seu cardápio. Modernidade e nostalgia confundem-se para deleite do ouvinte e Plastic, um edifício sonoro de pop eletrónica sintetizada deslumbrante, que conta com a participação especial de Elly Jackson, dos La Roux, mas também a guitarra de Academic e de Nothing But A Fool e a frenética People On The High Line, canção cujo riff insinuante nos remete para um período aúreo da banda, na altura a viver à sombra dos louros de Technique, são outros exemplos extraordinários deste vai e vem temporal que Music Complete nos oferece, enquanto nos estende as mãos rumo à pista de dança mais próxima.
O alinhamento avança e as supresas não abrandam e ajudam, uma após outra, a a carimbar a impressão inicial de deslumbramento perante esta obra; Se Elly Jackson volta a fazer a sua aparição no eletro funk divertido que conduz Tutti-Frutti, já nos teclados planantes e no jogo espetral entre a bateria sintetizada e o baixo, na estupenda Stray Dog, podemos apreciar a voz de Iggy Pop a dar à composição uma faceta orgânica particularmente sedutora. Depois, se os The Chemical Brothers oferecem a Unlearn This Hatred a habitual rugosidade e imponência das suas batidas, cabe a Brandon Flowers o privilégio de encerrar o alinhamento de Music Complete, no meio de Superheated, tema conduzido por aquela epicidade melódica sobre a qual ele tanto aprecia deitar a voz, para depois expandi-la até aos limites, quase sempre de modo reluzente e cuidadosamente burilado, enquanto amplia a sua constante busca por adrenalina.
Disco desafiante e onde os New Order apostaram todas as fichas dpois de uma ausência proongada e da saída da banda do baixista de sempre, Music Complete é, sem grandes rodeios, um dos discos obrigatórios e mais relevantes da carreira desta banda extraordinária. Espero que aprecies a sugestão...
01. Restless
02. Singularity
03. Plastic
04. Tutti Frutti
05. People On The High Line
06. Stray Dog
07. Academic
08. Nothing But A Foo
09. Unlearn This Hatred
10. The Game
11. Superheated
12. Restless (Extended Bonus Mix)
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Doubting Thomas Cruise Control - Remember Me John Lydon Forever
Bobby Cardos, Sean Kelly, Chris Sprindis e Joe McCarthy são os Doubting Thomas Cruise Control, um coletivo norte americano oirundo de Brooklyn, Nova Iorque e que orienta a sua sonoridade por um vasto espetro que vai do rock alternativo mais clássico até ao punk. Remember Me John Lydon Forever é o mais recente registo de originais da banda, um trabalho que viu a luz do dia a catorze de agosto através da Duckbill Records, a própria etiqueta da banda e a insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma editora essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Remember Me John Lydon Forever é um portento de autenticidade no modo como explora os fundamentos básicos do típico rock alternativo, que encontra a sua essência em distorções oferecidas por guitarras que buscam sempre um ponto de equilíbrio muitas vezes ténue entre o rugoso e o melódico e que, no caso destes Doubting Thomas Cruise Control, consegue ir num só tema, como é o caso de Nice Guy, do punk ao grunge, passando também por sonoridades mais progressivas. Depois, além das guitarras, o baixo e a bateria precisam igualmente de fazer notar a sua presença e neste trabalho são outros dois instrumentos essenciais na construção do edifício instrumental de grande parte das canções.
Este é um álbum em que, paralelamente a esta filosofia sonora, está presente um forte sabor a juventude e jovialidade, evidência que amplia claramente a excelente impressão que este compêndio de nove canções causa ao ouvinte e crítico experimentado, também, já agora, pelo modo impecável como o disco está produzido e pelos instantes mais melancólicos que contém, como Shed ou Lazlo's, 3A.M. e que nunca colocam em causa a crueza identitária dos seu conteúdo. O próprio tema Soft Focus, o último single divulgado de Remember Me John Lydon Forever, é um festim inebriante, feito com guitarras distorcidas, uma voz que ruge sem desafinar e exala esse espírito jovem e bastante beliçoso.
Num trabalho de elevado teor qualitativo e com uma matriz identitária vincada que evoca alguma da melhor herança que o grunge e o punk rock nos deixaram nos instantes finais do século passado, os Doubting Thomas Cruise Control não caem na tentação de complicar e não se deixam levar por experimentalismos e arranjos desnecessários, conseguindo partir em busca de alguns detalhes do rock sem descurar um salutar sentido mais brando ou melancólico e sempre com uma componente melódica particularmente assertiva. Espero que aprecies a sugestão...
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Beach House - Thank Your Lucky Stars (preview)
Ainda há poucas semanas chegou às lojas, através da Sub Pop, Depression Cherry, o quinto álbum da dupla Beach House, um projeto sedeado em Baltimore, no Maryland, formado pela francesa Victoria Legrand e pelo norte americano Alex Scally e a dupla já tem outro longa duração na forja e prestes a ver a luz do dia. Thank Your Lucky Stars é o novo álbum dos Beach House, será editado já a dezasseis de outubro e, de acordo com a banda, não é uma compilação de b sides de Depression Cherry ou uma espécie de segundo capítulo do mesmo, mas uma coleção de canções com uma filosofia e uma sonoridade totalmente diferentes, estando ambos muito satisfeitos com o resultado final.
Confere o artwork e o alinhamento deste Thank Your Lucky Stars, um trabalho que será certamente alvo de crítica neste espaço muito em breve e um pequeno filme sobre os Beach House intitulado Forever Still...
We are very excited, it's an album being released the way we want," the band wrote onTwitter. "It's not a companion to Depression Cherry or a surprise or b-sides." (We beg to differ: It very much IS a surprise.
01 Majorette
02 She's So Lovely
03 All Your Yeahs
04 One Thing
05 Common Girl
06 The Traveller
07 Elegy to the Void
08 Rough Song
09 Somewhere Tonight
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Stereophonics - Keep The Village Alive
Os Stereophonics estão de regresso aos discos em 2015 com Keep The Village Alive, um trabalho com um alinhamento de dez canções e que viu a luz do dia a onze de setembro, sucedendo a Graffitti On The Wall (2013). Este é já o nono capítulo sonoro da carreira deste projeto galês liderado por Kelly Jones, que, já agora, foi também o produtor do álbum.
Com uma carreira consolidada no universo sonoro indie, esta banda nunca teve o destaque merecido, apesar de alguns singles bem sucedidos on início do século, nomeadamente Mr. Writer e Have A Nice Day, canções retiradas de Just Enough Education To Perform (2001), ou Dakota, um dos singles de Language. Sex. Violence. Other? (2005), entre outros, mas que nunca retiraram os Stereophonics de uma estranha penumbra, que Keep The Village Alive quer, pelo menos, tentar contrariar.
O alinhamento deste trabalho abre em grande estilo com C'est La Vie, uma das melhores canções da carreira dos Stereophonics e que contém todos os ingredientes que garantem a autenticidade de uma banda que encontra o seu ponto de rebuçado em canções que, como esta, se alinham pelo esplendor de guitarras luminosas, um baixo e uma percussão sempre assertivas e, principalmente, uma tremenda sensibilidade pop, capaz de nos oferecer melodias verdadeiramente encantadoras e aditivas. No tema seguinte, em White Lies, mantendo-se a superior sapiência melódica descrita anteriormente, é exposta uma faceta mais épica e melancólica que este grupo também sempre soube explorar, com a delicada voz de Kelly a ser um aditivo sofisticado e harmonioso à receita, numa canção que sendo acessível, contraria qualquer cruzamento infeliz que possa suceder entre aquela fina fronteira que tantas vezes separa o bom gosto da lamechice ou vulgaridade como acontece muitas vezes a uma canção deste género. Mais adiante, Into The World volta a afundar-nos num universo mais intimista e acústico, com uma ainda superior introspeção e sensibilidade.
Até ao ocaso de Kep The Village Alive, não pode passar ao lado dos nossos ouvidos o groove boémio e revigorante que exala de Graffiti In The Rain, tema para escutar de punhos cerrados e com um enorme sorriso no rosto e a enorme e sentida declaração de amor expressa na intensa I Wanna Get Lost With You, assim como a intensidade e exuberância rock de Mr. And Mrs. Smith, mais alguns instantes sonoros de um disco que mostra uns Stereophonics no papel de verdadeiros trabalhadores árduos, sérios, responsáveis e criativos. Na verdade, se muitas bandas rock podem ser justamente acusadas de deturpar a sua essência quando procuram encetar por uma sonoridade mais pop, estes Stereophonics, quando o fazem, utilizando, por exemplo, também o piano e violinos, como sucede neste disco em Sunny, seguem apenas o instinto que os conduz naturalmente para um caminho onde a rugosidade das guitarras e uma elevada capacidade melódica coexsitem na perfeição e até se complementam. Esta é uma possibilidade de livre escolha, que para muitas bandas devia ser quase uma permissa obrigatória e que, no caso desta, resultou num trabalho diversificado, mas acessível, com melodias orelhudas, que foi alvo de uma produção aberta e notoriamente inspirada e que, mesmo ao nono disco da carreira, alargou bastante o espetro sonoro dos autores, sem trair a identidade de um projeto que não falseia o desejo de se manter no seio das grandes bandas que atualmente mantêm vivo o indie rock alternativo britânico. Espero que aprecies a sugestão...
01. C’est La Vie
02. White Lies
03. Sing Little Sister
04. I Wanna Get Lost With You
05. Song For The Summer
06. Fight Or Flight
07. My Hero
08. Sunny
09. Into The World
10. Mr. And Mrs. Smith
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The Smoking Trees – TST
Oriundos de Los Angeles na Califórnia, os The Smoking Trees são Martin Nunez, aka Sir Psych e Al Rivera, aka L.A.AL. TST é o mais recente longa duração da dupla, um trabalho que viu a luz do dia a dez de julho através do consórcio Ample Play Records/Burger Records/Colour Tree Records e que encarna uma indie pop psicadélica particularmente luxuriante, espiritual e hipnótica.
Verdadeiramente desconcertante e com uma produção eminentemente caseira, TST é um disco que faz da sua audição um desafio constante, quer devido ao modo como coloca em causa, permanentemente e sem concessões, o típico formato canção, mas também pela amálgama heterogénea de arranjos, samples e sons que rodeiam e sustentam as suas composições.
Instrumentalmente, desde a bateria ao baixo, passando pelo orgão, o piano, guitarras, cítaras e um arsenal alargado de instrumentos de percussão, é extenso o rol de convidados para esta festa única e lisérgica, aos quais se juntam gravações de sons do nosso quotidiano e com os quais nos podemos identificar pessoalmente e um infinito arsenal de efeitos e sons originários das mais diversas fontes instrumentais, reais ou fictícias. A partir daí, abundam as sobreposições instrumentais em camadas, onde vale quase tudo, mas nunca é descurado um forte sentido melódico e uma certa essência pop, numa curiosa busca de acessibilidade, apesar do conteúdo de TST ser algo rugoso e com uma forte estética lo fi, havendo o propósito claro de aproximação ao ouvinte, cativando-o para uma audição dedicada.
Logo em Good Morning, a voz modificada sinteticamente, os sons da natureza que se escutam, feitos com o mar e aves e uma caixa de música e depois o espraiar lento de uma cítara, cimentam o combustível que inflama os raios flamejantes que cortam a direito e iluminam o colorido universo sonoro dos The Smoking Trees, feito de distorções inebriantes e plenas de fuzz e acidez. Depois a surf pop vintage de Home In The Morning, toda a herança pop aditiva e luminosa que o espírito barroco das cordas de Best Friend transportam, ou o puro rock psicadélico que baliza Awake In Your Dreams e num formato mais acústico Trips, são alguns dos instantes de TST que fazem destes The Smoking Trees uma banda obrigatória para todos aqueles que da psicadelia, à dream pop, passando pelo shoegaze e o chamado space rock, se deliciam com a mistura destas vertentes e influências sonoras, sempre em busca do puro experimentalismo e com liberdade plena para ir além de qualquer condicionalismo editorial que possa influenciar o processo criativo de um grupo.
Disco desconcertante, TST oferece-nos uma espécie de monumentalidade comovente através de extraordinários tratados sonoros que resgatam e incendeiam o mais frio e empedrenido coração, enquanto plasmam, além do vasto espetro instrumental presente no disco, a capacidade que estes The Smoking Trees possuem para compôr peças sonoras melancólicas e transformar o ruidoso em melodioso com elevada estética pop, não havendo escapatória possível desta ode imensa de celebração do lado mais estratosférico, descomplicado e animado da vida. Espero que aprecies a sugestão...
01. Good Morning
02. Home In The Morning
03. Best Friend
04. Trips
05. It’s Only Natural
06. Awake In Your Dreams
07. She Takes Flight With Me
08. Island Of Adventure
09. Rose Flower Lilac
10. California Air
11. Victoria’s Garden
12. Through Your Reflection
13. She Knows