man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
EL VY – Return To The Moon
Com o ocaso da digressão de promoção de Trouble Will Find Me (2013), o último disco dos norte americanos The National, os membros da banda resolveram virar agulhas para alguns projetos paralelos. Recordo, por exemplo, o projeto Pfarmers que se estreou com o espetacular disco Gunnera, para mim já um dos marcos discográficos deste ano, da autoria de um super grupo do qual fazem parte Danny Seim (Menomena e Lackthereof), mas também Bryan Devendorf, o baterista dos The National e Dave Nelson (David Byrne, St. Vincent, Sufjan Stevens).
Matt Berninger, o vocalista da banda nova iorquina, também resolveu apostar em algo diferente e juntou-se a Brent Knopf (Menomena, Ramona Falls) para produzirem juntos o disco de estreia de um projeto intitulado EL VY. Esse álbum intitula-se Return To The Moon (2015), chegou recentemente às lojas através da 4AD e logo pela amostra do single homónimo, o primeiro tema divulgado, percebeu-se que estes EL VY apostam as fichas todas na voz grave de Berninger, mas os arranjos melódicos, o refrão simples e os versos acessiveis indicam uma explícita toada mais pop e luminosa do que o habitualmente escutado nos The National, ampliada também por boas guitarras e alguma sintetização.
Ainda mal se estrearam, mas a verdade é que estes EL VY carregam já uma aúrea intensa, que faz deles foco de atenção, devido à carreira longa e qualitativamente elevada dos seus membros com ambos, e em especial Berninger, a serem um dos nomes fundamentais da cultura musical do novo século. Na verdade, este Return to The Moon é uma verdadeira jornada sentimental e realística pelos meandros de uma américa cada vez mais cosmopolita e absorvida pelas suas próprias encruzilhadas, uma odisseia heterogénea e multicultural oferecida por um projeto visionário que encarna atualmente um desejo claro de renovação, explorando habituais referências dentro de um universo sonoro muito peculiar e que aposta na fusão de rock, com a pop, o jazz e a folk, de uma forma direta e luminosa, mas também, em alguns instantes, densa e marcadamente experimental.
É evidente a sensação de prazer que qualquer conhecedor profundo da carreira dos músicos dos EL VY sente ao escutar este trabalho e acaba por ser natural expressarmos aquilo que sentimos acerca de Return To The Moon, exalando uma excitante sensação de alívio, porque se mantém intocável a vontade e a capacidade criativa destes autores para a renovação constante do seu ambiente particular, sem colocar em causa algumas permissas essenciais que identificam e tipificam o som específico dos seus projetos de origens. Se o tema tema homónimo deslumbra pelo esplendor das guitarras e o acerto dos teclados, a rugosidade algo jazzística de I’m The Man To Be e o dedilhar das cordas de Paul Is Alive, conjugado com os arranjos percussivos inéditos e outros recursos sonoros de cariz geralmente sintético, exprimem o modo asseado e inspirado como esta nova banda olha para as tendências atuais mais bem aceites pelo público. Need A Friend e Happiness, Missouri acabam por ser o auge desta evidencia, pela forma como os EL VY exploram nessas canções uma ligação estreita entre a psicadelia, o rock alternativo e a pop, através de uma certa ironia pouco comum, mas com resultados práticos extraordinários.
Depois, no restante alinhamento de Return to The Moon, são outros os exemplos do modo como os EL VY em vez de se fecharem no seu próprio casulo, parecem estar muito atentos à realidade atual, enquanto se mostram particularmente inspirados e num elevado nível qualitativo na visão caleidoscópica que plasmam nesta estreia. O cariz boémio e nublado que dá vida à alegoria funk pop Silent Ivy Hotel, um tema que não receia abusar dos detalhes eletrónicos e de outros detalhes metálicos é outro sinal claro desse avanço, que a riqueza dos arranjos das cordas da reflexiva It's A Game, o ambiente nostálgico de No Time To Crank The Sun, ou as guitarras e o xilofone de Sleepin’ Light, tema que conta com a participação espeical de Ural Thomas, também evidenciam.
Tentativa bem sucedida de oferecer algo inovador, empolgante e orquestralmente rico, Return To The Moon é um álbum heterógeneo onde se cruzam diversos espetros sonoros com impressionante bom gosto e onde se escuta um certo caos, sempre controlado e claramente ponderado, rico, exuberante e impecavelmente produzido. Nele, estes EL VY oferecem-nos onze canções que borbulham um forte sinal de esperança e de renascimento, sementes que vão provavelmente conquistar para o grupo públicos diferentes daqueles que acompanham os projetos de onde os músicos são originários. Espero que aprecies a sugestão...
01. Return To The Moon (Political Song For Didi Bloome To Sing, With Crescendo)
02. I’m The Man To Be
03. Paul Is Alive
04. Need A Friend
05. Silent Ivy Hotel
06. No Time To Crank The Sun
07. It’s A Game
08. Sleepin’ Light (Feat. Ural Thomas)
09. Sad Case
10. Happiness, Missouri
11. Careless
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Zaflon - Blink
Uma das novas apostas da etiqueta londrina Lost In The Manor é o produtor local Zaflon, que começou a ganhar alguma notoriedade graças a parceiras proveitosas com Jamie Woon and Royce Wood Junior, mas que está decidido a mostrar ao mundo as suas próprias criações sonoras. E foi no passado dia nove de outubro que nos ofereceu a primeira, um tema intitulado Blink e que conta com a participação especial da cantora Mina Fedora.
Com uma sonoridade invulgar devido a modo como mescla detalhes tipicamente urbanos com outros mais exóticos, nomeadamente o uso de um sample de sons naturais capatado por músico oriundo da Papua, Nova Guiné, Blink plasma uma eletrónica inspirada e de forte pendor psicadélico, que irá certamente encher as medidas de quem aprecia algo de verdadeiramente invulgar e inovador e que coloca Zaflon sob os radares mais atentos. Confere...