man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
a violet pine - Turtles
A vinte e três de setembro chegou aos escaparates, por intemédio da T.a. Rock Records, Turtles, o segundo disco dos italianos a violet pine, uma banda italiana que se divide entre Barletta, Bergamo e Milão e formada por Giuseppe Procida, Pasquale Ragnatela e Paolo Ormas e que aposta no post rock com pitadas de shoegaze no processo de composição melódica.
Nos a violet pine não existem limites, regras e concessões para o ruído, na mesma proporção da ausência de caos para a expansão do mesmo. Uma guitarra a desafiar permanentemente os limites do que é humanamente audível, mas sempre com um consistente entalhe melódico, um baixo cuja vibração das cordas parece ter sido captada no fundo da gruta mais escura e cavernosa a que a banda teve acesso, uma bateria tão crua como a força de um braço quando bate sem receio da dor e sintetizadores que nunca reclamam no instante de oferecer efeitos abrasivos, constituem a mistura instrumental nada anárquica, mas bastante heterogénea de que este trio se serve no momento de compôr. Estes são, claramente, todos os vetores sonoros que têm orientado a carreira dos a violet pine e Turtles sobrevive à luz dessa base sonora bastante peculiar e climática, com propostas ora banhadas por um doce toque de psicadelia a preto e branco, nomeadamente o espetacular single New Gloves, ora consumidas por um teor ambiental denso e complexo, como se confere no ranger metálico de New Game, ou no emaranhado de batidas e efeitos que sustentam o tema homónimo.
Independentemente da abordagem que é feita em cada canção e que varia imenso, com Have Fun, por exemplo, a piscar o olho a uma toada mais comercial e acessível, o que este disco nos oferece sem rodeios é um indie rock fulgurante, visceral infeccioso e incisivo, claramente marcado pela nostalgia dos anos oitenta, quase sempre envolvida numa embalagem frenética, embrulhada com vozes e sintetizadores num registo predominantemente grave, sombrio e ligeiramente distorcido.
Além de The Game, o tema de abertura, ser uma excelente porta de entrada para Turtles, porque contendo uma riqueza instrumental imensa, é também uma canção algo assustadora, friamente dividida em várias secções que, à medida que surgem, ampliam o cariz sombrio da canção e engrandecem o clima da mesma, Last Year é outra composição de audição imprescindível para se perceber como funcionam e se clarificam as transições sonoras em que os a violet pine apostam, notando-se a experimentação de diferentes estilos, com ecos bem audíveis de post punk e até uma faceta algo gótica, à qual não sera alheia a forte herança deixada por projetos como os Depeche Mode, se bem que estes italianos fazem-no com um forte carimbo experimental.
É evidente a mestria com que os a violet pine executam aquilo que pretenderam arquitetar em Turtles e impressiona a forma como enquadram todas estas referências num estilo muito próprio e inédito. Apreciar esta coleção algo invulgar de canções e todas as dinâmicas que propõe é um exercício auditivo simultâneamente complexo e recompensador, porque estamos na presença de uma amálgama sonora bastante calculada e muito bem construída. Espero que aprecies a sugestão...