man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Low - Ones And Sixes
Desde a última década do século passado que os Low de Alan Sparhawk e Mimi Parker, aos quais se juntou o baixista Steve Garrington desde 2008, têm vindo a impressionar-nos com a sua pop emotiva e sedutora e Ones And Sixes, o décimo primeiro e último disco deste grupo norte americano oriundo de Duluth, é mais um marco significativo na sua carreira. Gravado no estúdio do Justin Vernon (Bon Iver), em Wisconsin, o álbum chegou aos escaparates a onze de setembro através da Sub Pop e esconde no seu seio mais uma pancada seca e certeira numa pop paciente e charmosa, nas asas de uma fidelidade quase canónica à lentidão melódica, ao charme da guitarra e à capacidade que o uso assertivo de agudos e falsetes na voz têm de colocar em causa todos os cânones e normas que definem alguns dos pilares fundamentais da nossa interioridade.
Disco que exige audição dedicada e que dificilmente agrada a todos os estados de alma e obra de um projeto onde luz e positivismo não encontram muitas vezes forma de se mostrar, Ones And Sixes desfila emoções e jorra sentimentos por todos os seus acordes, podendo-se mesmo falar em poros, porque esta é uma música que transmite sensações físicas tácteis, nem sempre passíveis de apurado controle pelo nosso lado mais racional.
O alinhamento deste compêndio absolutamente delicado abre-se perante os nossos ouvidos com um simples agregado de distorçoes e batidas sujdas, entrelaçadas com sons cristalinos. A receita fica desde logo apresentada com intensidade e minúcia, e logo sentimos o chão tremer nos nossos pés porque é incontornável a certeza de que daí em diante há algo de grandioso e único à nossa espera. Na verdade, o minimalismo sintético e delicado das teclas e a percussão insinuante de canções como Spanish Translation ou No Comprendre, enquanto abordam implicitamente o fenómeno da migração latina nos Estados Unidos, baralham e confundem com delicada mestria tudo o que julgamos conhecer e conseguir dominar e levantam a nossa mente para um voo estratosférico com uma quase impercetível serenidade. Depois, numa abordagem mais taciturna e enevoada, mas que não deixa de ser aconchegante, composições do calibre de Landslide, What Part of Me e Lies, contêm uma dose de dramatismo invulgarmente clara, com todos os elementos e arranjos cuidadosamente sobrepostos, com a última, por exemplo, a impressionar pelo modo como as vozes de Sparhawk e Parker se entrelaçam, à boleia de uma melodia etérea, melancólica e bastante contemplativa, que dá vontade de colocar em modo repeat e usufruir, relaxadamente e vezes sem conta.
Ones And Sixes é tudo menos um disco igual a tantos outros ou um compêndio sonoro comum. Nele viajamos bastante acima do solo que pisamos, numa pop com traços de shoegaze e embrulhada, como já referi, numa elevada toada emotiva e delicada, uma receita que faz o nosso espírito facilmente levitar e que muitas vezes confunde e dispersa enquanto nos dá as mãos para calcorrearmos um caminho que nunca sabemos muito bem para onde nos leva, mas no qual confiamos sem hesitar e sem olhar para trás. A recompensa é certa e no final da tímida batida, da candura das vozes e da guitarra suplicante e emocionada de DJ sentimo-nos iluminados e fortalecidos por este excelente disco que atesta a maturidade e a capacidade que estes Low possuem de replicar a sua sonoridade típica e genuína sem colocar em causa um alto nível de excelência, conseguindo também mutar-se, disco após disco, e adaptar-se a um público ávido de novidades, que procura constantemente algo de novo e refrescante e que alimente o seu gosto pela música alternativa. Espero que aprecies a sugestão...
01. Gentle
02. No Comprende
03. Spanish Translation
04. Congregation
05. No End
06. Into You
07. What Part Of Me
08. The Innocents
09. Kid In The Corner
10. Lies
11. Landslide
12. DJ