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Beirut - No No No

Segunda-feira, 14.09.15

Gravado em Nova Iorque, em pouco mais de um mês, durante um período do último inverno particularmente frio, No No No é o novo compêdio de canções dos Beirut de Zach Condon, ao qual se juntam Nick Petree, Paul Collins, Ben Lanz e Kyle Resnick, um trabalho que viu a luz do dia a onze de setembro através da etiqueta 4AD.

Os portugueses têm uma relação muito especial com Zach Condon e este quatro disco da carreira dos Beirut era aguardado por cá com uma expetativa que o conteúdo, na minha modesta opinião, não defrauda minimamente. A verdade é que as nove canções de No No No reforçam a impressão forte e emotiva que qualquer amante de boa música terá de ter relativamente a este projeto liderado por um músico norte americano que fala a nossa língua e que em tempos abandonou os estudos para viajar pela Europa onde bebeu alguns dos aspetos fundamentais da sua sonoridade típica e que tem influências tão diversas quanto as canções fúnebres sicilianas, cantores franceses como Jacques Brel e Serge Gainsbourg ou os ritmos tradicionais dos balcãs.

No No No abre com a pop clássica, charmosa e com uma pitada de tropicália de Gibraltar, um título feliz para uma canção que sabe ao nosso sol e irradia a típica luz mediterrânica e nela embarcamos numa viagem otimista e solarenga pelo universo muito particular de um músico que plasma neste disco a nova fase positiva da sua vida, já que reencontrou novamente o amor e ultrapassou definitivamente o colapso físico e mental que sofreu em 2013, na Austrália, devido ao seu processo de divórcio. Aliás, o modo sofrido como Condon canta no tema homónimo do disco que tem o seu coração novamente pronto para viver intensamente o amor, é uma metáfora feliz desta nova realidade e do modo como a sua vida pessoal evoluiu nos últimos anos. Podemos chamar então a No No No um álbum de redenção? Certamente que sim, mas este é também um trabalho de exorcização definitiva de alguns fantasmas, vivido com um certo travo de espontaneidade e um sentido de urgência que transborda não só do piano, o instrumento de eleição dos Beirut para o extravasar de emoções simples, mas profundas, mas também no caos inédito que os metais, os intensos trompetes, esplendorosos na canção homónima, a postura jazzística da bateria e o registo vocal de Condon, no caso dessa mesma música, ampliam.

Há aqui um desejo claro de mudança que se saúda, numa roupagem mais pop e sofisticada, com o piano a ser, como referi, a grande força motriz deste caldeirão feliz e ligeiro em que No No No foi cozinhado. At Once e August Holland acabam por mostrar o modo abrangente como as teclas dão generosamente vida aos pensamentos bonitos com que os Beirut nos contagiam, havendo uma postura mais melancólica e introspetiva no primeiro caso e, no segundo, uma luminosidade que irradia da cortina sonora em que esse piano, mas também a bateria, a flauta e a viola subsistem, numa fanfarra agridoce, porque é o tom nostálgico da voz de Condon que coloca um certo travão na desmesurada euforia das teclas. Quase no ocaso do disco, em Fener, as variações rítmicas das teclas além de personificarem a diversidade de sentimentos que a componente lírica do tema contém, ao deixarem-se rodear de arranjos com metais, dão cor a algumas pinceladas de jazz contemporâneo que poucos igualam e replicam com a mesma profundidade, alegria e vivacidade.

E já que falámos de cordas, há que realçar que as mesmas também procuram ser protagonistas e interlocutoras privilegiadas das sensações quentes que as melodias de No No No transmitem com argúcia e intensidade. O abraço fraterno que a viola e o contrabaixo dão na introdução de As Needed e, pouco depois, ainda nesse instrumental, a postura planante do violino em redor do piano e da bateria e o efeito robusto mas charmoso que conduz Perth e Pachecosão dois exemplos que nos oferecem o enorme consolo que é estarmos certos que os Beirut permanecem nutridos com a melhor bagagem que a pop lhes pode oferecer na hora de compor, sem nunca perderem o norte nem a capacidade de nos emocionar mesmo que o arsenal instrumental seja diverso e potencialmente antagónico e difícil de articular.

Ao quarto tomo da carreira os Beirut mantêm ileso o seu charme inconfundível e renovam-se guiados por uma mente fortemente criativa, única no modo como mescla o brilho literário que cria, com a destreza melódica e a agilidade estilística dos arranjos que inventa. No No No reforça a mestria genética deste projeto único e delicioso na hora de sobrepor não só diferentes camadas de instrumentos e arranjos, mas também variações rítmicas e, consequentemente, sentimentais, que muitas das suas composições exalam, desta vez com uma justificada euforia, que nunca perde a lucidez, sendo essa é uma das principais ideias que este disco invulgar, fortemente contemporâneo e intenso nos permite disfrutar. Espero que aprecies a sugestão...

Beirut - No No No

01. Gibraltar
02. No No No
03. At Once
04. August Holland
05. As Needed
06. Perth
07. Pacheco
08. Fener
09. So Allowed

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publicado por stipe07 às 21:50

Silversun Pickups – Circadian Rhythm (Last Dance)

Segunda-feira, 14.09.15

Silversun Pickups - Circadian Rhythm (Last Dance)

Os californianos Silversun Pickups de Brian Aubert, Nikki Monninger, Christopher Guanlao e Joe Lester estão de regresso aos discos com Better Nature, um trabalho que irá ver a luz do dia no final deste mês de setembro, através da New Machine Records, a própria editora da banda.

Nightlight, o primeiro avanço divulgado desse álbum, era um tema onde o habitual shoegaze dos Silversun Pickups estava dominado por uma guitarra com efeitos que criavam uma sonoridade vigorosa e visceral particularmente épica. Agora chegou a vez de conhecermos Circadian Rhythm (Last Dance), uma canção com uma toada mais pop, onde não falta a predominância das cordas eletrificadas, mas com os teclados e a própria bateria, com as suas variações de ritmo, cadência e andamento, a contribuirem decisivamente para o cariz contemplativo e contemporâneo da mesma. Confere...

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publicado por stipe07 às 12:48






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