man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Grandchildren – Zuni
Oriundos de Filadélfia, os norte americanos Grandchildren trazem na sua bagagem uma já assinalável reputação, principalmente pelo modo como agregam e depois misturam alguns elementos essenciais da folk, da pop e da eletrónica para criar canções animadas, positivas e com uma vibração única. Formados em 2008 por Aleks Martray e tendo já sofrido algumas transformações na constituição da equipa, os Grandchildren têm conseguido revitalizar constantemente as suas propostas sonoras, à custa de uma discografia iniciada em dois mil e dez com Everlasting. O sempre difícil segundo disco, intitulado Golden Age, viu a luz do dia em maio de 2013 e agora, pouco mais de dois anos depois, chegou a vez de ser editado Zuni, mais um compêndio de temas enérgicos e cheios de arranjos intrincados e assertivos.
O ecletismo sonoro destes Grandchildren explica-se, em parte, pelo espírito nómada de Martray, que tendo viajado pela Europa e a América Latina, além do seu próprio país, foi bebendo muita música e assimilando detalhes instrumentais e melódicos que suportam e adornam as composições criadas pelos Grandchildren. Esta jornada sónica definiu imenso o conteúdo dos dois primeiros trabalhos do grupo e mantem-se em Zuni, nove canções que mostram a habilidade enorme que este coletivo possui para criar um balanço poético entre o íntimo e o épico.
A grandiosidade percussiva de Make It, ampliada por alguns efeitos flamejantes curiosos, a complexidade inspiradora e luminosa de Nothing, um tema que nos oferece distorções de guitarra incríveis e algo inéditas, o piscar de olhos à pop sessentista californiana em The War e, de um ângulo algo distinto, o groove tribal de The Answer, canção por onde deambulam alguns isntrumentos de sopro quase sem controle, são exemplos que celebram esta batalha intensa e sedutora entre beleza e escuridão, plasmada no confronto simbiótico entre uma sonoridade geralmente explosiva, majestosa e impulsiva e uma escrita algo sombria que se debruça sobre os sentimentos, muitas vezes algo surreais, que nos invadem a todos em alguns instantes da nossa vida em que parece que fomos colocado de lado pela fortuna.
Inspiração por um lado e desespero por outro, ou então apenas e só um modo mais lúcido e racional que os Grandchildren nos oferecem para analisar a existência humana, Zuni suporta uma exploração exaustiva de narrativas que nos mostram com detalhe o que pode suceder em momentos de dor, por muito inconveniente que a perceção lúcida da realidade às vezes possa ser. A escrita de temas como Things They Buried ou Turn Away está impregnada com este ideário de certo modo desconfortável, mas isso não impede que Zuni esteja repleto de paisagens feitas com ritmos complexos e melodias intrincadas, cobertas por um vasto arsenal instrumental, sintetizadores, guitarras precisas e batidas que moldam melodias cujo clima soturno apela claramente a uma pop que se acomoda num ambiente repleto de luzes coloridas e projeções frenéticas que, curiosamente, servem para ampliar o tom sombrio do álbum. Espero que aprecies a sugestão...
01. Nothing
02. The War
03. Things They Buried
04. Make It
05. Walking Dead
06. The Answer
07. Turn Away
08. The Roads
09. You Know It All