man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Talk In Tongues – Alone With A Friend
O indie rock psicadélico está na ordem do dia e não há volta a dar. Falo de um espetro sonoro que floresce por estes dias da Austrália ao sol da Califórnia, com pujança e a reboque não só de alguns consagrados, mas também de novos nomes que merecem relevo e uma atenção particular. Oriundos de Los Angeles, os norte americanos Talk In Tongues são a nova aposta da Fairfax Recordings devido a Alone With A Friend, o disco de estreia deste grupo, editado no passado mês de maio.
Em 2014 os elementos dos Talk In Tongues deambulavam por outras bandas e projetos e assistiam aos concertos uns dos outros até que um dia resolveram ensaiar juntos, tendo havido desde logo uma enorme química, a única reazão plausível para ganhar vida um disco de tão elevada qualidade em tão pouco tempo, que encarna aquilo que legitimamente se pode considerar como uma estreia bastante auspiciosa.
Na verdade, Alone With A Friend é não só um tiro certeiro e um rumo exato na direção sonora que os membros da banda procuravam individualmente, mas também um marco importante no cenário indie da cidade dos anjos, este ano. E uma das principais razões que desde logo faz deste disco de estreia uma referência obrigatória no espetro sonoro em que se insere é o modo como ao longo do seu alinhamento o reverb e a distorção das guitarras e os efeitos sintetizados replicam com enorme naturalidade uma pop psicadélica que não defraúda a herança que a cimenta, ao mesmo tempo que se encontra imbuída com uma contemporaneidade desarmante e até algo futurista.
Se o riff da guitarra de Time’s Still (For No One Yet) contém aquele ambiente algo místico e espiritual que serve de base ao código genético do indie rock de cariz mais psicadélico, independentemente das diferentes nuances que depois adopta, já o groove do baixo de While Everyone Was Waiting e a sensualidade galopante deste tema é um passo em frente rumo a uma psicadelia funk algo inédita e que oferece a estes Talk In Tongues uma identidade rica e um carimbo particularmente impressivo.
Se os dois temas iniciais de Alone With A Friend constituem, por si só, instantes sonoros que justificam, logo à partida, uma audição atenta e dedicada de todo o alinhamento, a verdade é que o restante conteúdo tem outros momentos que deixarão certamente uma extraordinária impressão relativamente à banda e, melhor que isso, proporcionam momentos de puro prazer e diversão sonoras, capazes de nos elevar a um patamar superior de emoção, movimento e lisergia. E isso sucede quando os Talk In Tongues colocam um pouco de lado os tiques estereotipados que sustentam a arquitetura sonora da pop psicadélica e arriscam na busca pelo tal inedetismo que asfalta um caminho que é só deles e diferente de todos os outros que nos podem levar rumo ao mesmo espetro sonoro. A toada soul repleta de charme de Mas Doper (Love Me Probably), canção envolvida por um efeito ecoante estratosférico, o caldeirão inebriante que resulta da amálgama de sons que escorrem dos sintetizadores de Still Don’t Seem To Care, as flautas e a percussão tribal que nos hipnotiza em Call Fo No One Else, o frenesim visceral mas luminoso e até algo lascivo do surf punk de She Lives In My House ou a sensibilidade melódica, apesar da toada eminentemente sintética e contemplativa de Always All The Time, são composições que nos oferecem um ambiente envolvente, quente, épico, mas também intimista e acolhedor.
Verdadeiro tratado de pop psicadélica, pleno de fuzz e reverb, como já foi referido, mas também muito mais rico e abrangente que estas duas permissas, até porque não se confunde com a miríade de propostas semelhantes que atualmente vão surgindo neste género sonoro, Alone With A Friend só poderia ter germinado num universo muito próprio e certamente acolhedor de uma banda que logo na grelha de partida assume uma posição cimeira à custa de uma sensibilidade pop invulgar e que sabe muito bem o caminho que quer continuar a trilhar no futuro. Espero que aprecies a sugestão...
01. Time’s Still (For No One Yet)
02. While Everyone Was Waiting
03. Mas Doper (Love Me Probably)
04. Still Don’t Seem To Care
05. After Tonight
06. Always Fade
07. Call For No One Else
08. She Lives In My House
09. Who Would Have Guessed
10. Always All The Time
11. Something Always Changes
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Joana Barra Vaz - Tanto Faz (feat. Selma Uamusse)
Tanto Faz é o primeiro single de Mergulho Em Loba, o novo disco de Joana Barra Vaz, que deverá chegar já no outono e que será analisado por cá e mais um capítulo da trilogia f l u m e iniciada com Passeio Pelo Trilho (Ed. Azáfama 2012). A canção está disponível gratuitamente na página oficial desta cantora e compositora e conta com a participação especial de Selma Uamusse na voz, a meias com Joana, uma colaboração que surgiu de uma estreita afinidade entre ambas.
Tanto Faz é um lindíssimo tema, que se destaca pelo ambiente quente e uma instrumentalidade exuberante, impregnada de sopros e cordas e fortemente percussiva, cheia de raízes africanas. Este tema, assim como o restante disco, foi gravado por Bernardo Barata, que foi assistido por Diogo Rodrigues nos Estudios Iá, Luís Nunes e Joana Barra Vaz na SMUP e conta com a participação dos músicos David Pires (Bateria, Arranjos ritmo e sopros, coro), Ricardo Jacinto (Violoncelo), David Santos (Baixo eléctrico), Ana Nagy (Coros), Mário Amândio (Trombone) e Gabriel Correia (Trompa), tendo sido composto, arranjado, e produzido por Joana Barra Vaz, co-produzido por Luís Nunes e misturado por Tiago Sousa.
O vídeo de Tanto Faz conta com a participação de Alexandre Lopes e André Freitas, elementos ativos da equipa de Parkour Line Team e da coreógrafa Valeria Caboi que trabalhou com o grupo da Oficina de Criação de Dança Contemporânea da SMUP — MUR MUR, formado por Leonor Pêgo, Xana Lisboa, Susana Contino, Ana Pêgo, Ana Paula Teixeira, Ana Maló, Lorena Querol, Joana Barra Vaz. Os origamis são da autoria de Juca e no filme aparecem os músicos Selma Uamusse, Ricardo Jacinto, e David Santos, tendo sido realizado pela dupla Maria João Marques e Joana Barra Vaz, e parcialmente filmado no local que possibilitou o encontro entre todos os seus participantes, a Sociedade Musical União Paredense, e também na zona costeira onde Joana Barra Vaz cresceu e ainda reside e mergulha. Confere...