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Destroyer – Poison Season

Terça-feira, 01.09.15

O clássico Kaputt (2011) e o extraordinário EP Five Spanish Songs (2013), as duas últimas obras discográficas de Destroyer, já têm finalmente sucessor. O novo disco deste projeto que emana da mente criativa de Dan Bejar chama-se Poison Season e foi lançado a vinte e oito de agosto pelos selos Marge e Dead Oceans.

Bejar não gosta de lutar contra o tempo e não aprecia estipular prazos, preferindo que a música escorra na sua mente e depois nas partituras e nos instrumentos de modo fluído, no devido timing e com a pressa que merece. No entanto, Poison Season parece querer afirmar-se em sentido contrário a esse travo de espontaneidade, com Dream Lover, o tema escolhido para apresentar o disco um trimestre antes da sua audição, a viver à boleia do elevado sentido de urgência que exala no frenesim das guitarras, agora menos sedutoras e mais ríspidas, estabelecendo um caos inédito que os metais, os intensos trompetes, as batidas e a postura vocal de Destroyer, no caso desta música, ampliam.

Há aqui um desejo claro de mudança que se saúda, numa roupagem menos pop, mas sofisticada, como sempre e mais orgânica, com o rock vintage a afastar Dan Bejar da sua zona de conforto canadiana e de uma certa inércia artística em que se encontrava enclausurado. No entanto, não se julgue que Destroyer perdeu o seu charme inconfundível ou colocou de lado a sua mestria genética na hora de sobrepor não só diferentes camadas de instrumentos e arranjos, mas também variações rítmicas e, consequentemente, sentimentais, que muitas das suas composições exalam e Poison Season amplia. Basta escutar Solace’s Bride para se ter a certeza que Bejar permanece nutrido com a melhor bagagem que a pop lhe pode oferecer na hora de compor, sem nunca percer o norte nem a capacidade de nos emocionar mesmo que o arsenal instrumental seja diverso e potencialmente antagónico e difícil de articular.

Times Square, Poison Season I, o tema que abre o disco, oferece-nos um cenário biblíco imponente, com Bejar a apresentar-nos Jesus, Jacob, Judy e Jack, algumas personagens centrais que serão depois transversais à componente lírica do alinhamento, através de uma cortina sonora em que piano, xilofone e violinos subsistem numa fanfarra agridoce, bastante emotiva. Esta canção dá o mote para o ambiente claramente clássico, moderno e límpido do disco, que o desfile eletrificado e exuberante do tema seguinte, acima descrito, não coloca em causa, até porque traz para Poison Season um sol bastante luminoso e inspirado que depois vai guiar e iluminar, numa parada de cor e jovialidade, as restantes canções. Aliás, pouco depois, em Midnight Meet The Rain, numa toada mais groove e até tropical, Bejar volta a oferecer um som mais ruidoso, acelerado e épico, mas sem que isso deturpe a essência claramente contemplativa e relaxante de Poison Season.

Com a pop e o indie rock como referências máximas, Bejar tem demonstrado um instinto camaleónico para a mudança, com os seus registos a mostrarem sempre novas nuances naquele que é o referencial típico do seu som, mas conseguindo sempre manter a integridade do seu adn sonoro. Os violinos e as marimbas de Forces From Above dão as mãos com sucesso porque são guiados por esta mente fortemente criativa, única no modo como mescla o brilho literário que cria, com a destreza melódica e a agilidade estilística dos arranjos que inventa. Sun In The Sky, por exemplo, coloca em primeiro plano essa invulgar e enigmática capacidade de escrita, que o piano reforça, o saxofone emoldura e a flexibilidade ritmíca da guitarra impõe. Mas antes, em Archers On The Beach, esse mesmo arsenal sonoro, ao ter recebido a visita e o apoio de um baixo vigoroso, já nos tinha dado o privilégio de nos fazer perceber como não há Destroyer sem aquelas pinceladas de jazz contemporâneo que poucos igualam e replicam com a mesma profundidade, alegria e vivacidade.

É impossível ouvir Destroyer sem se presentir, mesmo que à distância, uma certa melancolia triste, que Bangkok clarifica com arrojo e profundidade. Mas, mesmo nessa canção aparentemente amargurada, há uma luz que brilha e nos faz sorrir, sem percebermos muito bem de onde vem essa peredisposição. Talvez seja o piano de Poison Season que faz com que essa sensação aparentemente menos positiva fique camuflada e só se revele a espaços para que a euforia não nos faça perder a lucidez, pois essa é uma das principais ideias que este disco invulgar, fortemente contemporâneo e intenso nos permite disfrutar. Espero que aprecies a sugestão...

Destroyer - Poyson Season

01. Times Square, Poison Season
02. Dream Lover
03. Forces from Above
04. Hell
05. The River
06. Girl In A Sling
07. Times Square
08. Archer On The Beach
09. Midnight Meet The Rain
10. Solace’s Bride
11. Bangkok
12. Sun In The Sky
13. Times Square, Poison Season II

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publicado por stipe07 às 17:40






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