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Beirut - Gibraltar

Sábado, 22.08.15

Beirut - Gibraltar

Gravado em Nova Iorque, em pouco mais de um mês, durante um período do último inverno particularmente frio, No No No é o novo compêdio de canções dos Beirut de Zach Condon, ao qual se juntam Nick Petree, Paul Collins, Ben Lanz e Kyle Resnick, um trabalho que irá ver a luz do dia a onze de setembro através da etiqueta 4AD.

O primeiro tema divulgado de No No No foi o homónimo, uma canção evidencia a nova fase positiva da vida pessoal de Condon, que reencontrou novamente o amor e ultrapassou definitivamente o colapso físico e mental que o músico sofreu em 2013, na Austrália, devido aos seu processo de divórcio. Agora, algumas semanas depois, chegou a vez de nos deslumbrarmos com a pop clássica, charmosa e com uma pitada de tropicália de Gibraltar, um título feliz para uma canção que sabe ao nosso sol e irradia a típica luz mediterrânica. Para apresentar este novo trabalho, os Beirut vão estar em digressão pela América do Norte e pela Europa. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:20

Mile Me Deaf - Eerie Bits of Future Trips

Sexta-feira, 21.08.15

Oriundos de Viena, os austríacos Mile Me Deaf já têm sucessor para Holography, um trabalho que viu a luz do dia no início de maio  de 2014. Agora, passado um ano, a nova coleção de canções deste quarteto intitula-se Eerie Bits of Future Trips e podes escutá-la no bandcamp do grupo, onde está igualmente disponível toda a sua discografia, podendo ser adquirido através da Siluh Records.

Um músico chamado Wolfgang Möstl é o lider destes Mile Me Deaf, sendo ele quem escreve e compôe a maioria das canções. No entanto, não se trata propriamente de um projeto a solo até porque ao vivo os Mile Me Deaf apresentam-se como um conjunto coeso, com vários músicos e que não sofre grandes alterações desde 2008, ano em que se estrearam nos lançamentos.

Quanto à música e a este disco em particular, os Mile Me Deaf são exemplares no modo como deambulam entre dois pólos aparentemente opostos já que, se sugerem um rock de garagem, cru, progressivo e lo fi, exemplarmente replicado em canções como Off the Core, também nos oferecem uma pop mais adoçicada, como comprova a divertida e luminosa Digital Memory File e o sensual travo a cabaret de Extended Fraud. Seja como for, a tónica é colocada, primordialmente, em sonoridades mais densas e encorpadas, com a percussão vibrante e a relação frutuosa que se estabelece entre um curioso da guitarra e o reverb da voz em Capable Ride e, principalemtne, na pulsante Seekers, a remeter os Mile Me Deaf para um salutar experimentalismo lisérgico, que se estende no abraço entre o sintetizador e a bateria em Trips. O fuzz psicadélico também não falta à chamada a ficar palsmado na longa Headnote#1, tema que impressiona pela relação progressiva que, neste caso, se estabelece entre o baixo e a bateria.

Mas, como já referi, os Mile Me Deaf também não descuram paisagens sonoras mais amenas, com a indie pop descomprometida que temas como Living In A Shrinking Hell ou a divertida Pose and Move claramente comprovam. A primeira é um dos grandes destaques de Eerie Bits of Future Trips, uma canção com uma tonalidade muito vincada e onde Wolfgang consegue, através da voz, envolver-nos numa elevada toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar e que provoca um cocktail delicioso de boas sensações.

Trabalho mais negro e sombrio que o antecessor mas, de certa forma, sonoramente mais intrincado e trabalhado, Eerie Bits of future Trips são dez canções escritas quase na sua totalidade em estradas, com excertos que foram inicialmente gravados com recurso a smartphones e outros recursos tecnológicos portáteis onde a herança dos anos oitenta e do rock alternativo da década seguinte estão bastante presente e com o processo de construção melódica a não descurar uma forte vertente experimental nas guitarras e uma certa soul na secção rítmica, o que só abona a favor deste projeto austríaco que contém uma forte componente nostálgica, mas também algo descomprometida. Espero que aprecies a sugestão...

1. Digital Memory File

2. Extended Fraud

3. Capable Ride

4. Living In A Shrinking Hell

5. Trips

6. Off The Core

7. Zodiacs

8. Seekers

9. Pose And Move

10. Headnote#1

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publicado por stipe07 às 21:56

Deerhunter – Snakeskin

Sexta-feira, 21.08.15

Deerhunter - Snakeskin

Após um hiato de dois anos, os Deerhunter de Bradford Cox já têm sucessor para os muito aclamados Halcyon Digest e Monomania. É já em outubro que vai ver a luz do dia, à boleia da insuspeita 4AD, Fading Frontier, o sexto e próximo disco desta banda nova iorquina, um trabalho poroduzido por Ben H. Allen III (Animal Collective, Washed Out) e que será mais um agregado de canções que irão certamente contar com transições entre o harmonioso e o caótico, sempre com um pano de fundo sonoro cru e pujante.

As guitarras sujas e o som assertivamente rugoso de Snakeskin constituem o primeiro avanço divulgado de Fading Frontier, tema que transporta consigo, além da sonoridade rock setentista, um funk psicadélico particularmente alegre e bastante dançável, com as distorções e os ruídos de fundo constantes, que já são uma imagem de marca dos Deerhunter, testada desde o versátil Microcastle (2008), a conduzirem a canção por um ambiente claramente festivo. Confere...

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publicado por stipe07 às 09:12

Teen Daze - Morning World

Quinta-feira, 20.08.15

Depois de em 2013 o canadiano Teen Daze ter lançado Glacier, o seu terceiro registo de originais, por intermédio da Lefse Records, um disco cheio de ambientes etéreos e texturas sonoras minimalistas, com um cariz um pouco gélido, uma espécie de álbum conceptual que pretendia ser a banda sonora de uma viagem a alguns dos locais mais inóspitos e selvagens do nosso planeta e de alguns meses depois ter editado um novo EP intitulado Paradiso, agora, em pleno verão de 2015, está de regresso com uma proposta completamente diferente intitulada Morning World, o novo álbum do músico, editado por estes dias à sombra da Paper Bag Records.

Produzido por John Vanderslice, percebe-se logo nos violinos e restantes cordas de Valley Of Gardens que este novo disco marca uma relativa inflexão do cariz sonoro de Daze, que embarca agora numa toada um pouco mais pop, heterogénea e luminosa, a cargo de um músico que sempre mostrou um enorme talento para a conceção de composições sonoras bem estruturadas. Esta conclusão torna-se ainda mais evidente quando a guitarra elétrica toma conta da melodia de Pink e já não deixa qualquer margem para dúvidas à passagem dos efeitos luxuriantes e da paisagem emotiva e resplandescente que o sintetizador e a bateria criam no tema homónimo. Já Along, uma composiçãoque nos embala não só com a voz doce e nostálgica e um efeito de guitarra envolvente, mas também com alguns efeitos sintetizados atmosféricos, que são a cereja no topo do bolo de uma canção perfeita para estes dias de verão mais relaxantes e reluzentes, além de ser mais uma acha para esta nova fogueira que aquece e ilumina a mente de Daze na hora de compôr, coloca a nú mais alguns dos seus atributos artistícos, principalmente no que diz respeito à capacidade que possui de nos oferecer canções capazes de serem aquela pausa melancólica e introspetiva, que todos precisamos frequentemente, num convite direto à reflexão pessoal e ao desarme, que não tem de ser necesssariamente triste e depressivo, já que esta é uma melodia luminosa e implicitamente otimista.

Disco recheado de versos confessionais, Morning World é uma espécie de tela em branco que o autor nos oferece ao acordar, para que a levemos nos ouvidos enquanto o sol sobe até ao seu zénite e à medida que contemplamos e usufruimos deste alinhamento de onze canções, pintemos no nosso âmago todas as emoções e sentimentos que as rotinas e as surpresas que surgem no nosso caminho, já que este é, nitidamente, um album que dá azo a múltiplas interpretações e que convida cada um de nós a olhar para ele da perspetiva que melhor nos souber. Tal sucede porque nele, e de acordo com o que se exige a uma coleção de canções eminentemente pop, sobressai um ambiente fortemente climático e que impressiona pela criatividade com que os diferentes arranjos vão surgindo à tona, evidencia-se, por exemplo, no modo como a guitarra complementa o refrão em Life In The Sea e na forma como a toada épica e altiva de Infinity emociona e trai quem insiste em residir num universo algo sombrio e fortemente entalhado numa forte teia emocional amargurada.

Cada vez mais orgânico e menos sintético e com um olhar mais lancinante para as guitarras, Teen Daze encontrou em Morning World um novo receituário, mais aberto, criativo e harmonioso, assumindo-se neste disco como um músico que criando melodias complexas ou simples, mas sempre adornadas por letras românticas e densas, pretende funcionar em algum momento das nossas vidas como uma espécie de rede de segurança, enquanto insiste também em ser preponderante na indie pop de cariz mais chillwave, com o claro intuíto de firmar uma posição na classe dos músicos e compositores que basicamente só melhoram com o tempo. Espero que aprecies a sugestão...

Teen Daze - Morning World

01. Valley Of Gardens
02. Pink
03. Morning World
04. It Starts At The Water
05. Post Storm
06. Life In The Sea
07. You Said
08. Garden Grove
09. Along
10. Infinity
11. Good Night

 

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publicado por stipe07 às 17:00

The KVB – Mirror Being

Quarta-feira, 19.08.15

Nicholas Wood e Kat Day são o núcleo duro dos londrinos The KVB, mais uma banda a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Mirror Being é o mais recente registo de originais da dupla, um álbum com dez canções lançado há algumas semanas pela Invada Records e que sucede ao aclamado EP Out Of Body, editado o ano passado.

Escritos e gravados entre Londres e Berlim no ano passado, logo após as sessões de Out Of Body, os dez temas de Mirror Being são instrumentais e experimentações analógicas que foram sendo captadas pela dupla ao longo desta etapa inicial da carreira, iniciada em 2012 com Always Then, ao qual se seguiu os trabalhos Immaterial Visions e Minus One, antes do já referido EP. Já agora, a banda encontra-se a gravar em Bristol o próximo registo de originais que deverá ver a luz do dia lá para o final do ano. 

Este compêndio algo abstrato deve ser escutado e entendido como apenas uma aparente junção de vários sons dispersos que os The KVB foram criando ao longo do tempo e que fizeram-nos o favor de não deixarem que se perdessem. E ao apreciar este alinhamento percebe-se que a dupla esmera-se na construção de canções volumosas e que se deixam conduzir por um som denso, atmosférico e sujo, que encontra o seu principal sustento nas guitarras, na bateria e nos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de canções que espreitam perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura psicadelia.

Com vários instantes sonoros relevantes instrumentalmente, Dys-Appearance e, principalmente, Obsession, são os momentos altos deste agregado, canções conduzidas pelos sintetizadores, mas onde não falta um baixo vibrante e que recorda-nos a importância que este instrumento tem para o punk rock mais sombrio, com a diferença que os The KVB conseguem aliar às cordas desse instrumento, cuja gravidade exala ânsia, rispidez e crueza, uma produção cuidada, arranjos subtis e uma utilização bastante assertiva da componente maquinal. Pouco depois, Fields inflete um pouco as pisadas deixadas pelos temas anteriormente referidos, já que além de conter uma guitarra carregada de fuzz e distorção, insinua os nosso ouvidos com alguns samples vocais impercetíveis mas que conferem ao tema uma toada orgânica inédita em Mirror Being, além da abundância de arranjos delicados feitos com metais minimalistas.

Enquanto muitas bandas procuram a inovação na adição de uma vasta miríade de influências e tiques sonoros, que muitas vezes os confundem e dispersam enquanto calcorreiam um caminho que ainda não sabem muito bem para onde os leva, os The KVB parecem ter balizado com notável exatidão o farol que querem para o seu percurso musical, atirando-nos para ambientes eletrónicos onde os teclados têm o maior destaque, construindo diversas camadas sonoras, quase sempre entregue a um espírito desolado e que nos remete para os sons de fundo de uma típica cidade do mundo moderno. Também por isso, Mirror Being é um excelente documento sonoro como ponte da primeira etapa da carreira da dupla e com algumas dicas que nos permitem teorizar com alguma exatidão o que aí vem já nos próximos meses. Espero que aprecies a sugestão...

The KVB - Mirror Being

01. Atlas
02. A Tenuous Grasp
03. Dys-Appearance
04. Obsession
05. As They Must
06. Fields
07. Poetics Of Space
08. Chapter
09. Mirror Being
10. Descent

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publicado por stipe07 às 22:17

Low - Lies

Quarta-feira, 19.08.15

Desde a última década do século passado que os Low de Alan Sparhawk, Mimi Parker e Steve Garrington têm vindo a impressionar-nos com a sua pop emotiva e sedutora e Ones And Sixes, o próximo disco deste grupo norte americano oriundo de Duluth, promete ser mais um marco significativo na sua carreira.

Ones And Sixes chegará aos escaparates a onze de setembro através da Sub Pop e Lies, o mais recente tema divulgado do trabalho, impressiona pelo modo como as vozes de Sparhawk e Parker se entrelaçam, à boleia de uma melodia etérea, melancólica e bastante contemplativa. Esta é uma daquelas canções que dá vontade de colocar em modo repeat e usufruir, relaxadamente e vezes sem conta. Confere...

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publicado por stipe07 às 12:04

Seapony – A Vision

Terça-feira, 18.08.15

Depois de Go With Me (2011) e Falling (2012), os Seapony de Danny Rowland, Jen Weidl e Ian Brewer estão de regresso aos discos com A Vision, um trabalho que conta com a participação especial do percussionista Aaron Voros. A Vision é o terceiro compêndio de originais desta banda de Seattle e chegou aos escaparates, como é hábito nos Seapony, pela mão da insuspeita da Hardly Art Records.

Oriundos de uma cidade onde a água é um dos elementos predominantes da paisagem, a sensação de expansão, grandiosidade e de vida que tal evidência provoca, como sabem todos aqueles que residem em locais banhados por este liquido, influencia certamente a música destes Seapony. A Vision, o novo disco do grupo, é um verdadeiro oceano de indie pop melancólica, fabricada por um sintetizador vintage, linhas de guitarra com efeitos deslumbrantes, um baixo insinuante e uma percussão quase sempre acelerada e cheia de vigor.

A luminosidade dançante e aconchegante de Saw The Light, além de nos confortar com a cândura da voz de Weidl, mostra-nos todos aqueles tiques etéreos, nos quais os Seapony são mestres e depois, à boleia de temas como Bad Dream, assente numa guitarra nostálgica, ou das cordas acústicas de Everyday All Done, New Circle e, principalmente, Go Nowhere, planamos em redor de um surf indie pop, lo fi e, que desta vez olha com uma perspetiva mais cuidada para aquele ambiente acústico, impregnado de cândura e que lembra a melancolia do final do verão, como se esta estação quisesse prolongar-se pelo outono fora.

Os Seapony vivem, acima de tudo, desta relação intima e sedutora entre a voz doce de Weidl e as cordas de Rowland, dois músicos que contrastam e complementam-se de modo intuitivo espontâneo, enquanto se debruçam sobre temas comuns como o amor, memórias, promessas quebradas, sonhos e anseios. Na verdade, a abordagem poética e contemplativa que este grupo tem da existência humana, dos dias e das noites, exala sempre um enorme romantismo, seja qual for o ponto de observação e o quadrante abordado, mostrando-nos o sabor doce e amargo da vida tal como a conhecemos, com a mesma intensidade e emoção, à boleia de melodias simples, mas fortemente aditivas. São composições eficazes no modo como nos fazem navegar num mar de sensações e enquanto as escutamos e elas escorrem pelos nossos ouvidos, quase se pode sentir o sal que delas palpita e que vai servir depois para temperar os nossos dias, confortados agora por estas canções com um cariz sonoro e instrumental melódico e que às vezes sendo um pouco lo fi e shoegaze, dá-lhes aquele encanto vintage, relaxante e atmosférico. Espero que aprecies a sugestão...

Seapony - A Vision

01. Saw The Light
02. Bad Dream
03. Couldn’t Be
04. Everyday All Alone
05. Hollow Moon
06. Let Go
07. A Place We Can Go
08. Go Nowhere
09. In Heaven
10. New Circle
11. A Vision

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publicado por stipe07 às 22:01

Paper Beat Scissors - Go On

Segunda-feira, 17.08.15

Vocalista, compositor e instrumentista, Tim Crabtree é o lider dos Paper Beat Scissors, um projeto que chega de Halifax, no Canadá e que lançou no passado dia catorze um novo registo de originais intitulado Go On. Esse álbum foi editado através da Forward Music Group/Ferryhouse e sucede ao disco de estreia, um homónimo lançado em 2012, que foi dissecado por cá.

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Logo em Enough, o tema que abre o alinhamento de Go On, percebe-se a enorme sensibilidade e o intenso sentido melódico deste extraordinário músico e compositor. Detentor de um registo vocal também ímpar e capaz de reproduzir variados timbres e diferentes níveis de intensidade, Crabtree tem um dom que certamente já terá nascido consigo e que se define pela capacidade de emocionar com canções que carregam quase sempre uma indisfarçável emoção e uma saudável dose de melancolia, onde não falta, como se percebe em Lawless, uma dose de epicidade que faz todo o sentido quando o universo sonoro replicado procura replicar sentimentos fortes que exigem uma implacável e sedutora sensação de introspeção e melancolia mitológica.

As cordas e os sintetizadores, presentes neste disco com mais força, são os instrumentos que este músico canadiano utiliza para dar vida a poemas lindíssimos, através da inserção de diferentes texturas, orgânicas e sintéticas, muitas vezes em várias camadas de sons. When You Still é exímio no modo como nos oferece esse mosaico, num fundo dominado por uma bateria sintetizada hipnótica, que segura uma miríade de samples e sons, alguns deles particularmente rugosos, mas que não colocam em causa a estética delicada do projeto, graças também ao tal registo vocal doce e profundo.

Até ao final de Go On, se a folk etérea do tema homónimo é uma excelente rampa de lançamento para acedermos à dimensão superior onde os Paper Beat Scissors nos sentam, já o piano de Enfazed e a percurssão hipnótica e pulsante de Wouldn't fazem deste disco uma daquelas preciosidades que devemos guardar com carinho num cantinho especial do nosso coração.

Com um pé na folk e outro na pop e com a mente também a convergir para um certo experimentalismo, típico de quem não acredita em qualquer regra na busca pela perfeição, Tim Crabtree entregou-se à introspeção, sentiu necessidade de desabafar connosco e refletiu sobre si e o mundo moderno, não poupando na materialização dos melhores atributos que guarda na sua bagagem sonora, tornando-nos cúmplices das suas angústias e incertezas. Quase pedindo-nos conselhos, o autor deste disco único inicita à dança e à melancolia com texturas eletrónicas polvilhadas com um charme incomum e que nos embala e paralisa, em quase quarenta minutos de suster verdadeiramente a respiração.

Num disco equilibrado, que vai da introspeção à psicadelia mais extrovertida, Go On prima pela constante sobreposição de texturas, sopros e composições contemplativas, que criaram uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades. É um refúgio bucólico dentro da amálgama sonora que sustenta a música atual e que tem também como trunfo maior uma escrita maravilhosa. Quando o disco chega ao fim ficamos com a sensação que acabou-nos de passar pelos ouvidos algo muito bonito, denso e profundo e que, por tudo isso, deixou marcas muito positivas e sintomas claros de deslumbramento perante a obra, da autoria de projeto que vive da visão poética em que as tesouras representam a agressão e o papel algo suave e delicado mas, no caso destes Paper Beat Scissors, a delicadeza e a candura vencem a agressividade e a rispidez, se as canções do grupo servirem de banda sonora durante o combate fraticida entre estes dois opostos. Espero que aprecies a sugestão...

1. Enough
2. Lawless
3. When You Still
4. Wouldn't
5. Enfazed
6. Onwards
7. Altona
8. A Reprieve
9. Bundled
10. Go On

 

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publicado por stipe07 às 22:21

Kitty Finer - No-One Needs To Know

Segunda-feira, 17.08.15

Filha de Jem Finer dos The Pogues e com quem já teve a banda The Good, The Bad And The Ugly, juntamente com uma irmã, Ella Finer, Kitty Finer está a apostar definitivamente na sua carreira a solo com o lançamento de No-One Needs To Know, um single que a cantora escreveu e produziu juntamente com Noah Kelly e que se debruça sobre as atribulações e as dificuldades que as figuras públicas têm, nos idas de hoje, de passar despercebidas, já que basta serem identificadas para, à boleia das redes sociais, haver a possibilidade de nesse exato momento tornar-se massiva a informação do seu paradeiro e localização.

Baterista de formação, Kitty Finer aposta na soul de uma guitarra e na sua voz sedutora para propôr uma canção animada e bastante emotiva, que está disponível para download gratuito e que poderá antecipar um disco de estreia, já que a compositora encontra-se em estúdio a gravar. Confere...    

 

 

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publicado por stipe07 às 22:03

Albert Hammond Jr. - Momentary Masters

Domingo, 16.08.15

Guitarrista e teclista dos The Strokes, Albert Hammond Jr. está de regresso aos discos a solo com Momentary Masters, o terceiro tomo da sua dicografia oficial e que viu a luz do dia a trinta e um de julho por intermédio da Vagrant Records. Momentary Masters interrompe um hiato de sete anos, já que o último álbum do músico, ¿Cómo Te Llama?, tinha sido lançado em 2008.

Se a guitarra e o baixo de Born Slippy, o tema que abre o alinhamento deste disco, nos remete, no imediato e sem qualquer esforço e, já agora, preconceito, para a banda de Julian Casablancas, a verdade é que essa impressão inicial mantém-se ao longo do alinhamento, o que não admira já que falamos de um projeto essencial para o relato histórico do indie rock alternativo contemporâneo. Sendo assim, esta semelhança estilística deve ser, na minha opinião, realçada e até elogiada, porque se Casablancas é o grande compositor dos The Strokes, alguns dos melhores momentos melódicos da banda de Nova Iorque devem-se a Hammond.

A poderosa eletrificação da guitarra em Caught By My Shadow, assim como as variações rítmicas da mesma, o efeito abrasivo que desliza por Touché e, numa toada menos frenética e mais contemplativa, o modo como as cordas surgem e se escondem em Coming to Getcha, à medida que o teclado sintetizado que conduz a melodia comanda as operações, são alguns dos exemplos não só desta virtuosidade de Hammond, como esclarecem que o legado deixado pelo grupo a que pertence não se deve apenas ao vocalista, mas também, como já referimos, a este guitarrista bastante talentoso. Aliás o groove do baixo e o encadeamento com a guitarra em Power Hungry, ou o frenesim festivo e ruidoso de Razors Edge não enganam no modo como colocam a nú uma personalidade sonora com forte cariz identitário e que faz parte do nosso imaginário musical, caso tenhamos sido atentos observadores do cenário punk nova iorquino dos últimos quinze anos e provam o direito que Hammond tem de alimentar esta semelhança estilística entre o seu trabalho a solo e o grupo que ajudou a erigir, desde que continue a fazê-lo com a elevada bitola qualitativa que demonstra neste Momentary Masters.

Mas este disco não impressiona apenas pela faceta instrumental deslumbrante. Ao terceiro disco Albert Hammond Jr. assume-se, sem rodeios, como um verdadeiro compositor, letrista e entertainer, mostrando além dos atributos instrumentais que sempre lhe grangearam justos elogios, uma desenvoltura ao microfone que não fica a dever nada aos melhores intérpretes atuais no género sonoro em que se insere. Mesmo quando em Drunched In Crumbs, coloca de lado o efeito em reverb, a habitual tonalidade grave e arrisca num registo mais elevado e sentimental, consegue mostrar o seu valor como transmissor eloquente e decidido do agregado sentimental que suporta a canção.

Disco recheado de vários surpresas, entre as quais uma cover de Don't Think Twice, um original de Bob Dylan e com uma sonoridade geral bastante animada e festiva, Momentary Masters irá agradar claramente aos saudosistas do indie rock, até porque traz de regresso um eximio guitarrista que é também uma das lebres de uma geração que redescobriu, à chegada do novo século, o velho fulgor anguloso e elétrico do rock’n’roll. Espero que aprecies a sugestão... 

Albert Hammond Jr. - Momentary Masters

01. Born Slippy
02. Power Hungry
03. Caught By My Shadow
04. Coming To Getcha
05. Losing Touch
06. Don’t Think Twice
07. Razor’s Edge
08. Touché
09. Drunched In Crumbs
10. Side Boob

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publicado por stipe07 às 22:48







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