man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Vinyl Williams - Into
Lionel Williams, neto do aclamado compositor John Williams, é um músico e artista plástico natural de Los Angeles que assina a sua música como Vinyl Williams, tendo-se estreado nos disco em 2012 com Lemniscate, um trabalho com uma pop de forte índole lo fi, mas com interessante aceitação no seio da crítica. Três anos depois, Vinyl Williams está de regresso com Into, um álbum que viu a luz do dia a vinte e quatro de julho por intermédio da Company Records, a editora de Chazwick Bundick, também conhecido como Toro Y Moi.
Depois do ideário concetual que conduziu Lemniscate a um universo essencialmente lo fi, três anos depois Vinyl Williams dá um enorme e consistente passo em frente rumo aos meandros mais distintivos e aconselhados da pop, com este Into, uma coleção de canções bastante mais acessíveis, não só no que diz respeito à amplitude das mesmas, mas, e acima de tudo, no que concerne à cor e ao charme, num artista fascinado pela antiguidade, com particular destaque para a cultura egípcia.
Servindo-se, essencialmente, de sintetizadores, mas também das cordas, o músico criou, neste seu segundo álbum, uma paleta colorida, onde não falta emoção e drama, num alinhamento com instantes mais etéreos e introspetivos e outros também extrovertidos e comunicativos, sempre com o experimentalismo e a agregação de diferentes estilos e influências a balizarem a estutura das canções. Aliás, esta noção de arquétipo acaba por ser transversal a todo o conceito artístico de Williams, conforme se percebe no próprio artwork do álbum e na visita à sua página oficial com um conteúdo que vai muito além da música. As composições de Into têm, então, na sequência desta forma de pensar e ver o mundo, uma geometria muito calculada, com os diferentes sons, efeitos e arranjos a serem sempre colocados com particular minúcia e cálculo.
Logo na guitarra de Gold Lodge e no modo como ela se cruza com os efeitos, o teclado e o reverb da voz torna-se claro todo este ideário que conduz Into, com a percussão apelativa e os flashes abrasivos de Space Age Utopia a alargarem ainda mais a sensação submersiva que o disco nos oferece rumo a um universo sonoro muito particular e que deslumbra pelo charme e pela capacidade que tem de apelar ao nosso íntimo. Mas é a pop lisérgica de World Soul que melhor demonstra o o modo como Vinyl Williams, um homem de crenças, se deixa absorver pelas relações nem sempre harmoniosas entre cultura e religião e o conflito interior que a crença, a fé e a constante atração por tudo aquilo que é metafísico tantas vezes provoca no ser humano.
O krautrock e a psicadelia acabam também por andar um pouco em redor dos conceitos sonoros de Vinyl Williams, mas sem descurar o tal cuidado na montagem dos temas, como se percebe, por exemplo, nos quase dez minutos de Xol Rumi. Esta canção é um verdadeiro tratado sonoro que expira toda aquela filosofia algo rigida e maquinal de uns Neu! ou uns Kraftwerk, mas as variações rítmicas e a orgânica das guitarras dão ao tema o agregado sentimental indispensável para que o espiritualismo do autor se manifeste, como se percebe também no emocionado instrumental The Tears Of an Inanimate Object, no space funk de Allaz ou na nuvem sintetizada de sons etéreos em que se acomoda a celestial Greatest Lives.
Criado para ser escutado sem interrupções e repetidamente, Into é um retato impressionista e barroco intenso e de forte cariz ambiental, feito com uma míriade imensa de instrumentos e elaboradas cenografias sonoras, que transcendem as noções de género e fronteira, sem nunca se perder de vista a ideia da canção, um álbum que recompensa quem se atreve a descobrir os seus recantos mais profundos e a procurar desbravar os territórios sonoros que decalca. Espero que aprecies a sugestão...
Gold Lodge
Space Age Utopia
Ring
World Soul
Hall Of Records
The Tears Of An Inanimate Object
Iguana City
Greatest Lives
Zero Wonder
Axiomatic Mind
Eter-Wave-Agreement
Plinth Of Uncanny Design
Allaz
Xol Rumi