Já há sucessor anunciado para Holy Fire, o aclamado último disco dos britânicos Foals. What Went Down, o single homónimo do quarto álbum da banda, é o primeiro avanço de um trabalho que chega aos escaparates no final de agosto, tendo sido gravado em França com a colaboração do produtor James Ford, que já trabalhou com artistas como Arctic Monkeys, Florence and the Machine ou Jessie Ware. Confere...
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
PINS - Wild Nights
Holgate, Lois McDonald, Anna Donigan e Sophie Galphin são as PINS, um quarteto britânico oriundo de Manchester, que editou no passado dia nove de junho Wild Nights, onze canções com a chancela da insuspeita Bella Union e que, não mudando o curso da história do indie rock, devem chegar rapidamente aos teus ouvidos e com uma certa devoção, porque fazem parte de um disco que irá catapultar definitivamente este projeto para o merecido estrelato. Se estás virada para o guarda-fatos a escolher o vestido com que irás sair esta noite, se o trabalho entrou num impasse e precisas de ouvir algo que funcione um desbloqueador criativo e animado ou se conduzes numa estrada junto ao oceano num dia solarengo mas falta a banda sonora perfeita que irá completar esse cenário onírico, então as PINS são a escolha certa porque respirar ao som deste disco é saborear automaticamente um clima festivo sem paralelo e dar de caras com um compêndio sonoro que prende hermeticamente os nossos ouvidos, no modo como cria um universo familiar e cativante que facilmente nos enclausura.
Gravado no Rancho De La Luna, em Joshua Tree, nos Estados Unidos, por Dave Catching, Wild Nights encontra ecos na pop sessentista e no garage rock que começou a brotar nessa mesma década, sendo essa apenas a base de uma sonorisade que depois se materializa numa consistência e corpulência superiores a qualquer exemplo sonoro atual que se guie apenas por estas destas bitolas. Assim, numa banda britânica, mas que soa muito mais ao outro lado do atlântico, The Cramps, Velvet Undergorund, The Dandy Warhols e as mais contemporâneas Dum Dum Girls, parecem ser influências assumidas, que foram reveladas logo em Girls Like Us, o disco de estreia. esse trabalho, editado o ano passado, colocou alguma crítica imeditamente de olho nestas quatro rockers assumidas e Wild Nights confirma o elevado apetite para a destruição de uma banda quem traz fogo na venta, mas com estilo, classe e glamour.
A abrir com um portentoso fuzz de guitarra, um baixo vigoroso e uma percussão marcada, numa melodia épica por onde navega uma voz feminina invulgarmente grave e sensualmente abrasiva, Wild Nights tem em Baby Banghs um excelente exemplo desta raiva que condensada nesta amálgama de quatro rostos rock que espreitam em cada esquina de canções que sustentam a sua génese em guitarras que navegam entre os turtuosos sistemas circulatórios do psicadelismo e do noise mais post-punk. A toada aprimora-se em Young Girls, uma ode ao feminismo e um exemplo do modo hábil como as PINS expôem certos detalhes da vida comum e os transformam, na sua escrita, em eventos magnificientes e plenos de substância (What will we do when our dreams come true, young girls?).
A escrita das PINS tem essa faceta simultaneamente confidente e epifânica até porque, da exaltação do ócio criativo do negrume visceral que palpita em House Of Love e Molly até à apologia do amor em Dazed By You, são vários os exemplos do modo como estas miúdas exaltam romanticamente e com um charme algo displiscente mas feliz, a postura que têm em relação à vida, feita, geralmente, de dois pólos opostos. A pop animada e luminosa desta Dazed By You, tema onde salta ao ouvido o excelente improviso da guitarra e, em oposição, o clima mais sombrio e crú da experimental e psicadélica Oh Lord, expressam, sintomaticamente, este constante plasmar de paradoxos, um delicado balanço e uma contínua tensão oscilante entre o tédio, a raiva e a festa, o doce e o amargo e, enfim, entre o meramente quotidiano e aquilo que é naturalmente poético. Seja como for, caso subsistam dúvidas sobre o nosso campo preferido desta deriva sonora ou a faceta em que as PINS se mostram mais confortáveis, basta escutar-se o limbo existencial e meditativo que escorre do volumoso indie rock de Too Little Too Late para sermos agarrados pelos colarinhos e rapidamente integrados num disco com onze canções que podem tornar-se futuramente em clássicos intemporais, à boleia de uma verdadeira explosão de cores e ritmos que contam sentimentos reais e que podem atingir o outro ou qualquer um de nós. Espero que aprecies a sugestão...
1. Baby Bhangs
2. Young Girls
3. Curse These Dreams
4. Oh Lord
5. Dazed by You
6. Got It Bad
7. Too Little Too Late
8. House of Love
9. If Only
10. Molly
11. Everyone Says
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Editors - Marching Orders
Os Editors de Tom Smith estarão de regresso aos discos ainda este ano, mas Marching Orders, o novo tema divulgado pela banda, não fará parte do alinhamento desse trabalho. Esta balada cheia de sentimento e emoção e já com direito a um video realizado po Rahi Rezvani, tem objetivos de beneficiência. As vendas em formato digital e a edição física em vinil de 12", limitada a trezentos exemplares, reverterão para a Oxfam, uma organização internacional não governamental sedeada em Inglaterra e que apoia causas sociais, além de lutar contra a pobreza.
Marching Orders é mais um exemplo claro de um propósito dos Editors de se assumirem definitivamente como uma banda de massas e deixar de vez o universo mainstream para fazer parte da primeira liga do campeonato mundial do indie rock. Confere...
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Kid Wave – Wonderlust
Harry Deacon Lea Emmery Serra Petale Mattias Bhatt são os Kid Wave, uma banda feita de musicos suecos mas oriunda de Londres e que se estreou recentemente nos discos com Wonderlust, um trabalho que viu a luz do dia um de junho, através da Heavenly Recordings.
Escuta-se Wonderlust e não se adivinha que estas onze canções foram gravados no auge dos rigores do mais recente inverno londrino, tal é a luminosidade e a cor com que exploram alguns dos melhores detalhes da dream pop, do shoegaze e do rock alternativo dos anos noventa. Quer a distorção das guitarras e o ritmo frenético, quer a toada épica e vibrante de All I Want, são apenas dois exemplos de rumos e ritmos diferentes explorados em Wonderlust, mas que convergem para a mesma espiral de grandiosidade e vibração que conduz toda obra.
Em Honey, com a percussão e os arranjos metálicos a explorarem vertentes mais progressivas, de mãos dadas com uma distorção de guitarra magnânima, os Kid Wave condensam, com enorme mestria, a sua receita sonora e, quer nesse tema, quer em Best Friend, servem-se da melancolia para ampliarem a expressividade que colocam nas suas letras, que exprimem, geralmente, as típicas dores e dilemas do início da vida adulta. Desse modo familiar de escrever e cantar sobre assuntos que nos são caros já que tocam em alguns dos nossos dilemas existenciais, os Kid Wave conseguem captar definitivamente toda a nossa atenção, enquanto sonoramente explodem, quase sempre, em elevadas doses de distorção. Mesmo quando em Walk On Fire, o quarteto avança por territórios mais contemplativos e etéreos, não abranda na firmeza e na profundidade do sentimento que a sua música transporta, balizando firmemente a abrangência da sua orientação sonora. Esta roça quase sempre a genialidade a nível instrumental, seja qual for o poder e a robustez dos timbres da guitarra e a ênfase dada aos vários arranjos, lindíssimos na mais folk Freeride; Escuta-se o fuzz experimental, sombrio e progressivo de Baby Tiger e o arranque rugoso e explosivo de Gloom, que se repete no refrão e depois o andamento açucarado da guitarra desta última e, quer num caso quer noutro, é plena a sensação de controle, inclusive quando a própria temática das canções até convidaria a um maior manifestação, através da sonoridade, de uma superior raiva ou descontrole emocional.
Há algo de profundamente nostálgico e acolhedor no som destes Kid Wave, principalmente para quem, como eu, cresceu escutando a par e passo e com particular devoção, o desenvolvimento do indie rock alternativo na última década do século passado. De certo modo, o que eles propôem em Wonderlust é um verão que dura o ano inteiro e, se for necessário, estão dispostos a funcionar na nossa mente como um verdadeiro psicoativo sentimental, guiado pela nostalgia e pelas emoções que pretendem transmitir, de modo algo subtil e surpreendentemente apelativo, oferecendo-nos um certo transe libidinoso num disco de rock que tanto pode ser escutado nos jardins de infância após o almoço, como além das paredes do nosso refúgio mais secreto, com a mesma exuberância e dedicação. Espero que aprecies a sugestão...
01. Wonderlust
02. Gloom
03. Honey
04. Best Friend
05. Walk On Fire
06. Baby Tiger
07. All I Want
08. Sway
09. Freeride
10. I’m Trying To Break Your Heart
11. Dreaming On
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Dutch Uncles - O Shudder
Lançado no passado dia vinte e três de fevereiro através da insuspeita Memphis Industries, O Shudder é o mais recente trabalho dos Dutch Uncles, uma banda de indie pop britânica, sedeada em Marple e atualmente formada por Duncan Wallis, Andy Proudfoot, Robin Richards e Peter Broadhead. O Shudder é já o quatro álbum da carreira de um projeto que deu o ponto de partida em 2009 com um homónimo editado pela Tapete Records, mas foi com Cadenza e Out Of Touch In The Wild, já na Memphis Industries, que os Dutch Uncles começaram a ser olhados pela crítica com particular devoção, apesar de ainda serem um dos melhores segredos od universo sonoro indie e alternativo.
O Shudder não defrauda quem estava à espera de uma proposta sonora ambiciosa e sofisticada, como já é paanágio deste quarteto, que conhece os melhores atalhos para aprimorar uma queda acentuada para a vertente experimental, mas sem decurar a oferta de canções acessíveis à maioria dos ouvidos, como comprova Babymaking, o primeiro tema do alinhamento deste trabalho e o já apreciável catálogo de singles retirados do disco. Logo nos violinos, no sintetizador e na toada épica desse tema, ficams esclarecidos quanto à toada geral amena das canções, com a vertente instrumental a centrar-se primordialmente no campo sintético. Em Upsilon, apesar da distorção das guitarras ser esplendorosa, a batida abriga-se claramente na herança da synthpop típica dos anos oitenta, mas de forma equilibrada e não demasiado vintage, sucedendo algo similar no piscar de olhos ao discosound na animada Decided Knowledge e com o piano de I Should Have Read a acertar um pouco as contas e a ser decisivo para o equilíbrio final.
Essa década de oitenta está, como se percebe, fortemente representada na vertente instrumental, com In N Out a prová-lo também em relação à percussão, mas não se sobrepõe à habitual estética dos Dutch Uncles que têm abraçado a pop contemporânea e ajudado imenso ao seu enriquecimento, pelo modo inédito como olham para o passado sem se deixarem seduzir demasiado por ele.
Given Thing é, talvez, o melhor exemplo de O Shudder deste balanço temporal equilibrado, uma canção que apresenta uma mescla de referências que ganham vida de mãos dadas com a ponte entre o presente e o passado, quer pelo modo curioso como a voz é reproduzida, mas também pela disposição das cordas na melodia e o uso do reverb. No entanto, Don’t Sit Back (Frankie Said) e a hipnótica e belíssima Tidal Weight, são também claros exemplos que ampliam o cardápio de referências e a herança inspiradora que serve de base ao quarteto.
Com imensas canções que abrem de par em par uma enorme janela de luz chamada O Shudder, espreita-se para dentro e torna-se firme a evidência da firmeza sonora identitária dos Dutch Uncles, que apreciam abordar a pop indo um pouco além dos padrões comuns. Assim, exuberância e cor são sensações transversais ao ambiente de toda a obra, impecavelmente produzida, rica em detalhes curiosos e a exalar um charme que deve também imenso ao registo vocal em falsete de Duncan, que ajuda à aproximação entre a banda e o ouvinte, ao mesmo tempo que confere a densidade correta às letras, ajudando a que o conjunto final de muitas canções tenha vida e um pulsar que não nos passa despercebido. Espero que aprecies a sugestão...
Babymaking
Upsilon
Drips
Decided Knowledge
I Should Have Read
In n Out
Given Thing
Don’t Sit Back (Frankie Said)
Accelerate
Tidal Weight
Be Right Back
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Kissing Party -Trash
Deirdre (voz), Gregg (voz e guitarra), Joe (guitarra), Lee (baixo) e Shane (bateria) são os Kissing Party, uma banda norte-americana oriunda de Denver, no Colorado e que faz já parte da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Trash, um extraordinário instante sonoro, com guitarras que misturam um travo de rock de garagem com efeitos que piscam o olho à refrescante luminosidade que habitualmente se encontra em algumas referências óbvias da dream pop, é o primeiro single divulgado do disco de estreia destes Kissing Party, que vai ver a luz do dia no final deste mês de junho. Looking Back It Was Romantic But At The Time I Was Suffocating é o nome desse trabalho, um compêndio sonoro de quinze canções que será certamente analisado por cá na altura. Confere...
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La Garçonne - As Days Go By
La Garçonne é o projeto a solo de Ranya Dube uma cantora, compositora e produtora canadiana, natural de Whistler e que se estreou nos discos a vinte e seis de maio com As Days Go By. Este trabalho viu a luz dia em formato digital e cassete através da True Horror Music de Jason Sheppard.
Com um Macbook Pro debaixo do braço e uma mente particularmente inventiva e criativa, Ranya cria música em redor de um eletropop que se cruza com o post punk e a new wave, uma sonoridade predominantemente sintética, muito à imagem do que propôem atualmente nomes tão fundamentais no género, como os Chromatics, Glass Candy ou Zola Jesus.
I'm On Punch foi o primeiro avanço divulgado de As Days Go By, mais de quatro minutos disponibilizados para download gratuíto e que plasmavam o enorme charme e bom gosto deste diamante sonoro ainda em bruto, que viu o ano passado um tema seu inserido na banda sonora do aclamado filme independente de terror Starry Eyes e que foi já o principal motivo para a criação da True Horror Music. Mas, da climática e envolvente Zebra Kids, tema com uma batida grave bastante aditiva, à etérea e contemplativa Social Misfits, canção com um baixo implícito a conduzir a melodia, passando pela amplitude luminosa particularmente sedutora de Crimson Bolt, são vários os instantes sonoros deste trabalho que contém uma natureza contagiante e que revivem o que de melhor se podia escutar há uns bons trinta anos, propostos por uma autora bastante criativa e vocalmente inspirada.
Em suma, As Days Go By vive afundado num colchão de sons eletrónicos que satirizam uma eletrónica retro, feita com VHS. Escutar o seu alinhamento é participar num passeio divertido e, ao mesmo tempo, introspetivo, cheio de charme e bom gosto, por um percurso sonoro que replica o que de melhor foi feito numa época em que era proporcional o abuso da cópula entre os sintetizadores e o spray para o cabelo, servindo também para mostrar o futuro próximo de parte da eletrónica. Espero que aprecies a sugestão...
1. Intro
2. I'm On Punch
3. Geeks After Dark
4. Crimson Bolt
5. Social Misfits view
6. Super Hero view
7. Zebra Kids
8. Vestibule
9. As Days Go By
10. As Days Go By (Alternate Mix) (bonus)
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Foals – What Went Down
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The Mountain Goats – Beat The Champ
Lançado a sete de abril pela Merge Records e produzido por Brandon Eggleston, Beat The Champ é o décimo quinto álbum dos míticos The Mountain Goats, uma banda norte-americana liderada por John Darnielle e ao qual se juntam atualmente Peter Hughes (baixo) e Jon Wurster (bateria), oriunda de Claremont na Califórnia. Beat The Champ é um disco conceptual, que se debruça sobre a vida ímpar de um lutador de wrestling, apesar de Darnielle, um excelente criador de narrativas, considerar que a temática da morte acaba por se relacionar um pouco mais com os poemas destas canções do que propriamente o desporto referido.
Falar dos The Mountain Goats é quase como fazer referência a uma hipotética carreira a solo de John Darnielle já que é ele a principal mente criativa e grande sonoro e lírico deste grupo. Também ewcritor, o ano passado, em Wolf In The Van, Danielle publicou um livro sobre a história de um recluso de rosto desfigurado e criador de jogos informáticos e que poderia também ter dado origem a uma obra sonora do calibre de Beat The Champ.
O wrestling é um desporto curioso e único e escrever e cantar sobre ele exige a criação de um clima enérgico, luminoso e particularmente frenético. O indie rock inebriante com pitadas de folk de Choked Out, mas também a riqueza detalhística das cordas e da percussão no single The Legend Of Chavo Guerrero, que nos apresenta o grande protagonista desta narrativa e a relação conturbada que este lutador mexicano viveu na infância com o padrasto, obedecem a essa permissa e fazem-nos imergir sem grande esforço num poeirento pavilhão onde se multiplicam os embates e se joga a vida de atletas que, tantas vezes, além de sangue, suor e lágrimas, também é feita de fama, ego e alguma violência. O proprio uso simbólico de uma máscara, como forma do lutador encarnar uma outra personagem, referida em Animal Mask, assim como a necessidade de dar um lado mais humano a estes protagonistas, mesmo que tal suceda com alguma dose de cinismo, fica expressa em Heel Turn 2, tema que toca na questão filosófica entre morte e vida ao usar a luta livre como pano de fundo e onde inocência e empatia são sentimentos que o ouvinte acaba por sentir quase sem dar por isso.
As referências ao wrestling escorrem por Beat The Champ praticamente até ao seu ocaso e se The Ballad Of Bull Ramos conta a história de um dos grandes nomes deste desporto, Stabbed to Death Outside San Juan relata, de modo quase teatral, a morte do lutador Bruiser Brody, com a letra ser cantada e declamada, muito à imagem de Lou Reed. Depois, merece ainda destaque o punk cigano que escorre das violas de Werewolf Gimmick, uma ode declarada à presença cada vez mais ativa do mundo latino neste desporto, a toada jazzística de Fire Editorial e o minimalismo indie rock, com um implicito travo a Radiohead, que escorre de Luna.
Com a nostalgia acústica de Hair Match termina um alinhamento impregnado de boas letras, com momentos bastante profundos, que parecem carregar uma sabedoria escondida algo paternal, que não compreendemos muito bem, mas que acreditamos que irá fazer sentido, até porque escorrem da suave boca de um excelente contador de histórias que se abriga à sombra de uma folk cheia de fórmulas e histórias maravilhosas e que desta vez utilizou teclados, trompetes e outros instrumentos em praticamente todas as canções, mas também experimentou diferentes estilos, enquanto nos ofereceu a sua visão sobre o mundo da luta livre e do modo como a entende, sem se preocupar com o julgamento do ouvinte sobre as suas opiniões acerca da singluridade do mesmo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Southwestern Territory
02. The Legend Of Chavo Guerrero
03. Foreign Object
04. Animal Mask
05. Choked Out
06. Heel Turn 2
07. Fire Editorial
08. Stabbed To Death Outside San Juan
09. Werewolf Gimmick
10. Luna
11. Unmasked!
12. The Ballad Of Bull Ramos
13. Hair Match
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My Morning Jacket – The Waterfall
Os norte americanos My Morning Jacket de Jim James já têm sucessor para o aclamado Circuital (2011) e regressaram aos discos a quatro de maio com The Waterfall, um trabalho produzido novamente por Tucker Martine (The Decemberists, Modest Mouse, Neko Case). Gravado maioritariamente em Stinson Beach, na Califórnia, mas também noutros locais como Portland ou a cidade natal da banda e com a luz do dia a ser possível com a chancela da insuspeita ATO Records, em parceria com a Capitol Records, The Waterfall é mais um marco obrigatório na carreira desta banda já veterana mas ainda fundamental no universo sonoro norte americano.
Os My Morning Jacket sempre impressionaram pela amplitude e grandiosidade do seu som e a camada sonora conduzida por teclas de Believe (Nobody Knows) é um notável resguardo que emoldura e carimba com precisão essa herança, não defraudando, logo à partida, os mais fiéis seguidores da banda. Sempre com a cartilha fundamental da melhor folk debaixo do braço e de mente aberta para se irem adaptando às novas tendências, estes já veteranos do indie rock demonstram em 2015 e à boleia desse tema que querem a continuar a ser uma referência e que o cérebro de Jim James se mantém particularmente inventivo e refrescante.
Além deste clássico indie rock orquestral do tema de abertura, há outros géneros sonoros que são bastante caros a estes My Morning Jacket e que demonstram neste disco manter-se intocável a vontade e a capacidade criativa deste quinteto de Louisville, no Kentucky, para a renovação constante do seu ambiente particular, sem colocar em causa as permissas essenciais que identificam e tipificam o seu som específico. Por um lado, há a soul que se mostra inebriante nas guitarras de Compound Fracture e algo smbria na balada Only Memories Remain, mas também essa folk que lhes é tão querida, acústica introspetiva e pastoral em Like A River e a piscar o olho ao tipico blues sulista em Get The Point. Na verdade, quer a soul quer a folk são por aqui os subgéneros dominantes; Acabam por balizar os opostos em que os My Morning Jacket se movem e revelam-nos que The Waterfall jorra perante os nossos ouvidos uma verdadeira jornada sentimental e realística pelos meandros de uma américa cada vez mais cosmopolita e absorvida pelas suas próprias encruzilhadas, uma odisseia heterogénea e multicultural oferecida por um projeto visionário que encarna atualmente um desejo claro de renovação, explorando habituais referências dentro de um universo sonoro muito peculiar e que aposta na fusão de vários elementos de uma forma direta, mas também densa, sombria e marcadamente experimental. A própria psicadelia também faz a sua aparição e até com um certo esplendor, quer em Big Decisions e na pop setentista e lisérgica de Thin Line, mas também em Spring (Among The Living), canção onde o esplendor das cordas distorcidas e os arranjos de percussão inéditos e outros recursos sonoros de cariz orquestral, exprimem um renovado olhar no modo como a banda reflete as tendências atuais mais bem aceites pelo público.
Impecavelmente produzido, particularmente inspirado e situado num elevado nível qualitativo no que concerne à visão caleidoscópica que plasma em relação ao indie rock atual, The Waterfall é rico não só porque não receia abusar dos detalhes que salvaguardam alguns dos melhores aspetos da herança sonora do grupo que concebeu este disco, mas também porque se mostra poderoso no modo como cruza diversos espetros sonoros com impressionante bom gosto e segurança. Percebe-se claramente que os My Morning Jacket apreciam navegar em águas turvas, fazendo-o com impressionante mestria e que se sentem confortáveis ao deixar-se embrenhar num certo caos, sempre controlado e claramente ponderado, rico, exuberante, oferecendo-nos assim canções que borbulham um forte sinal de esperança e de renascimento, sementes que vão provavelmente conquistar para o grupo novos públicos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Believe (Nobody Knows)
02. Compound Fracture
03. Like A River
04. In Its Infancy (The Waterfall)
05. Get The Point
06. Spring (Among The Living)
07. Thin Line
08. Big Decisions
09. Tropics (Erase Traces)
10. Only Memories Remain
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Beck - Dreams
Depois de seis anos de solidão, o músico que no início da década de noventa atuava em clubes noturnos vestido de stormtrooper e que da aproximação lo-fi ao hip-hop de Mellow Gold e Odelay, passando pela melancolia de Sea Change e a psicadelia de Modern Guilt, nos habituou a frequentes e bem sucedidas inflexões sonoras, regressou em 2014 com dois discos, um deles chamado Morning Phase, o décimo segundo da sua carreira e que viu a luz do dia por intermédio da Capitol Records. Falo, obviamente, de Beck Hansen, uma referência icónica da música popular das últimas duas décadas, um cantor e compositor que tantas vezes já mudou de vida como de casaco e que agora, com a divulgação de um novo single intitulado Dreams, se prepara, com um novo fôlego na sua carreira, para mais um recomeço.
O lançamento de Dreams, canção que fará parte do alinhamento do próximo disco de Beck, coincide com o regresso do cantor aos palcos, com o próximo espetáculo a ser já na próxima quinta-feira, dia dezoito, em Londres, com os The Strokes. De acordo com Beck, o sucessor de Morning Phase será um trabalho completamente diferente e misturará garage rock com dance music. Confere...