man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Villagers – Darling Arithmetic
Os irlandeses Villagers são, neste momento, praticamente monopólio da mente criativa de Conor O'Brien e estão já na linha da frente do universo indie folk europeu, pelo modo criativo e carregado com o típico sotaque irlandês, como replicam o género, ainda por cima oriundos de um país com fortes raízes e tradições neste género musical.
A treze de abril último chegou aos escaparates Darling Arithmetic, o novo álbum dos Villagers, através da Domino Records e produzido pelo próprio Conor. Hot Scary Summer, o primeiro avanço divulgado do disco, uma canção onde o autor canta emotivamente sobre o fim do amor e o lado mais destrutivo desse sentimento (all the pretty young homophobes looking out for a fight), plasma a temática de um disco que se debruça sobre a temática da sexualidade do grande mentor deste projeto e dos desafios emocionais que a questão da sua homossexualidade lhe tem colocado.
O amor e os conflitos que provoca, quando não é correspondido ou resvala para um ponto de ruptura provoca sentimentos e emoções transversais à orientação sexual. Serve isto para dizer que, independentemente da mesma, qualquer um de nós pode sentir-se identificado com o conteúdo destas canções que mostram como a energia destrutiva que esse sentimento muitas vezes liberta pode ter um enorme potencial artístico. Basta escutar a tensão sombria de Courage ou a luminosidade das cordas e do piano de Everything I Am Is Yours, para se perceber claramente esses dois lados de um mesmo sentimento, em canções onde Conor fala constantemente de modo autobiográfico e com a temática mais física da relação a ter destaque. Depois, a primazia da viola confere um cariz ainda mais intimista a Darling Arithmetic.
O modo como Villagers fala de si e das suas experiências e o ênfase que dá a determinadas emoções, ampliadas pela cândura do seu falsete, acabam por fazer com que certas canções, além de o despirem totalmente, exalem uma vincada veia erótica; Escuta-se Dawning On Me com atenção e torna-se fácil sentirmos que estamos abraçados ao músico, a partilhar o mesmo espaço físico do mesmo, completamente desprovidos de qualquer defesa, enquanto testemunhamos o modo como ele se entrega a uma aritmética amorosa, onde está em causa não só o modo como gere a sua relação com o amante, mas também consigo mesmo e os seus próprios conflitos emocionais.
Cheio de bonitos arranjos e resultado de um trabalho de composição elaborado e de elevada consistência técnica, Darling Arithmetic pode ser aquele disco que vai aguçar definitivamente o nosso gosto para o usufruto de sonoridades que são contemporâneas e que podem alargar o nosso panorama cénico e a ginástica linguística das canções que nos tocam profndamente. Temas como The Soul Serene, o já citado Hot Scary Summer, ou a ode ao amor intitulada Little Bigot podem colocar também a folk a tocar profundamente nas bases genéticas mais profundas da nossa identidade, à boleia de um género sonoro que, apesar da sua história, popularidade e raízes, que muitos puristas não gostam de ver quebradas, pode sempre atualizar-se e procurar novos caminhos, sem perder a sua génese. O modo como Conor consegue entrelaçar letras e melodias e adicionar ainda belos arranjos aliados, de forte teor sentimental, fazem já de Villagers uma referência essencial e obrigatório no género e um bom aconchego para alguns dos nossos instantes mais introspetivos e fisicamente intimistas.
Parafraseando o autor em Näive, descontando o facto de sermos woman, man, boy, girl e não importando como estes ítens se cruzam ou relacionam... este disco serve para todos aqueles que, independentemente das experiências vividas, estão sempre disponíveis a abrir as portas para o amor. (I believe I make part of something bigger). Espero que aprecies a sugestão...
01. Courage
02. Everything I Am Is Yours
03. Dawning On Me
04. Hot Scary Summer
05. The Soul Serene
06. Darling Arithmetic
07. Little Bigot
08. No One To Blame
09. So Naive