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The Great Dictators – Killers

Segunda-feira, 27.04.15

Depois de Liars, disco editado na primavera de 2014, os dinamarqueses The Great Dictators, um coletivo natural de Copenhaga formado por Dragut Lugalzagosi, Jakob Lundorff e Mikkel Balle e que também conta ao vivo com Asker Bjørk, Christoffer Hein e Christian Ki, estão de regresso um ano depois com Killers, disco editado a treze de abril pela Royal Toad Records e o segundo trabalho de uma banda sustentada pela habitual melancolia que só os grupos escandinavos sabem transmitir e dona de um som épico e eloquente, mas que exige dedicação.

Killers prossegue a demanda sonora épica de Liars, com os The Great Dictators a manterem a firme aposta numa mistura de indie pop e indie rock com  o punk e o post rock e sem descurar também alguns detalhes da eletrónica, em canções que muitas vezes crescem em emoção, arrojo e amplitude sonora, sempre de forma progressiva, algo que temas como a épica We Don't Have Sound, um apelo sentido aos nossos sentidos para que se mantenham sempre atentos aquilo que a vida e a natureza têm para nos oferecer diariamente e que a pressa, o medo ou o simples desconforto, não deixam que ouçamos, ou Baby Skull Ring, uma lindíssima balada sobre os dois lados que possui o imenso poder do amor, claramente comprovam.

O baixo vigoroso e a voz empolgante de Strange Ways, o primeiro single retirado de Killers e animado por um curioso video onde surge Vladimir Putin e Dragut, o cantor e lider dos The Great Dictators, são já imagens de marca deste projeto, mas o banjo, a harpa, o bandolim o acordeão, o trompete e, principalmente, o piano, são outros instrumentos com várias aparições ao longo do alinhamento e que contribuem decisivamente para a sonoridade geral que estabelece firmemente uma zona de conforto que reside num universo algo sombrio e fortemente entalhado numa forte teia emocional amargurada. O protagonismo do piano é mesmo um dos mais bonitos e interessantes trunfos de Killers, sendo mesmo o condutor melódico por excelência de algumas canções, nomeadamente Rockets, In The Name Of The Father e We Will Survive, esta última um hino à vida e à necessidade de sermos felizes junto de alguém, chegando até a ser comovente o modo como nestas canções as teclas brancas e pretas se abraçam com o trompete para nos arrastar sem dó nem piedade para o profundo universo emocional que conforta estes The Great Dictators.

Tendo como pano de fundo, como já referi, o rock alternativo e o punk mais sombrio dos anos oitenta, verdadeiros faróis do processo de criação e duas bitolas na quais estes dinamarqueses se enredaram, lirica e sonoramente, é com naturalidade que se confere em Killers boas letras e belíssimos arranjos, assentes no tal baixo vibrante, na voz grave de Dragut e adornado por uma guitarra jovial e pulsante e com alguns efeitos e detalhes que carimbam uma certa ideia de maturidade de um coletivo que parece caminhar confortavelmente por cenários que descrevem dores pessoais e escombros sociais, com uma toada simultaneamente épica e aberta, fazendo-o demonstrando a capacidade eclética de compôr, em simultâneo, temas com um elevado teor introspetivo (In The Name Of The Father) e verdadeiros hinos de estádio (Strange Ways).

Para ser devidamente apreciada e entendida, a música destes The Great Dictators exige pulso firme e dedicação extrema, sem sacrifício e com disponibilidade total para se aceitar fazer concessões de modo a deixar que o poderoso edifício sentimental que a sustenta nos possa cobrir de fé e crença num amanhã melhor e diferente. Se houver essa abertura de espírito, eles fazem o resto porque será involuntário o erguer do queixo e o esboçar do nosso melhor sorriso no final da audição do disco. O amor, sempre o amor, está lá e a teia simultaneamente amargurada e esperançosa com que ele nos envolve todos os dias em que a chama se mantém acesa, claramente explícita em letras que tanto falam dos nossos maiores receios e fantasmas (We Will Survive), como nos ensinam a usufruir na plenitude do melhor sentimento que podemos albergar no nosso coração (Heathens).

Mesmo com cantos escuros e alguns buracos negros, que apenas servem para indicar o melhor caminho e fazer-nos perceber que só se pode olhar em frente quando não há nada bem resolvido que tenha ficado para trás a atormentar-nos continuamente, Killers, no seu todo e como documento sonoro único é um hino à felicidade, uma porta escancarada que nos ensina a darmos a devida importância aos problemas, ao sofrimento e à dor, que estarão sempre connosco, mesmo quando a maior constância de eventos felizes seja uma realidade concreta na nossa vida. Há, no seu seio, como que uma tomada de consciência de que a existência humana não deve apenas esforçar-se por ampliar intimamente o lado negro, porque ele será sempre uma realidade, mas antes focar-se no que de melhor nos sucede e explorar até à exaustão o usufruto das benesses com que o destino nos brinda, mesmo que as relações interpessoais nem sempre aconteçam como nos argumentos dos filmes. Espero que aprecies a sugestão...

The Great Dictators - Killers

01. Holy Creatures
02. Strange Ways
03. Heathens
04. We Don’t Have Sound
05. Baby Skull Ring
06. In The Name Of The Father
07. Shame
08. Vote For Me
09. We Will Survive
10. Rockets
11. Killers

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publicado por stipe07 às 18:51






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