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Paperhaus - Paperhaus

Quinta-feira, 23.04.15

Oriundos de Washington, os norte americanos Paperhaus são Alex Tebeleff, Eduardo Rivera, Johnny Fantastic e Brandon Moses, uma banda de indie rock bastante seguida e apreciada no cenário alternativo local, até porque gerem um espaço de diversão noturna onde costumam decorrer concertos, com o mesmo nome da banda. Ainda no ano passado decorreu um festival de bandas nesse local chamado In It Together, dinamizado pelo grupo, mas depois foi tempo de se concentrarem na sua música. E esta música, imponente, visionária e empolgante, assenta no típico indie rock atmosférico, que vai-se desenvolvendo e nos envolvendo, com vários elementos típicos do krautrock e do post punk a conferirem a estes Paperhaus uma dinâmica e um brilho psicadélico incomum.

Cairo, o primeiro single divulgado de Paperhaus, o novo disco homónimo deste projeto, editado a dez de fevereiro último e produzido por Peter Larkin e onde também participam os músicos Tarek Mohamed, Alexia Gabriella, Ben Schurr e Dave Klinger, além dos elementos da banda, é um exemplo corrosivo, hipnótico e contundente da cartilha sonora que os Paperhaus guardam na sua bagagem, com a guitarra a assumir, desde logo, um amplo plano de destaque no processo de condução melódica, eficazmente acompanhada por um baixo vigoroso e uma bateria entusiasmante e luminosa. As mudanças de ritmo com que a mesma abastece Untitled e o modo como as quebras e mudanças de ritmo acompanham as variações que ela produz, ampliam a perceção fortemente experimental, numa canção que ilustra o quanto certeiros e incisivos os Paperhaus conseguiram ser na replicação do ambiente sonoro que escolheram.

Em temas como a intrigante Surrender ou o fuzz pop de So Slow, o som destes Paperhaus é encorpado, decidido, seguro e luminoso e surpreende o modo como transformam uma hipotética rispidez visceral em algo de extremamente sedutor e apelativo, com uma naturalidade e espontaneidade curiosas. Depois, escuta-se I'll Send It To You e percebe-se não só o modo como a voz de Tebeleff é um trunfo declarado dos Paperhaus por causa do modo como transmite uma sensação de emotividade muito particular e genuína, mas também como determinados arranjos como aquele que, neste caso, é proporcionado pelo trompete, plasmam com precisão as virtudes técnicas do quarteto e o modo como conseguem abarcar vários géneros e estilos do universo sonoro indie e alternativo e comprimi-los em algo genuíno e com uma identidade muito própria.

Mas mesmo quando se apresentam mais sombrios e introspetivos, nomeadamente em 432, esses conceitos não se desvanecem por completo, porque se é impossível ficar indiferente à emotividade que transborda do efeito da guitarra e da linha de violino que abastecem essa canção, também nos atinge no âmago de modo contundente o modo como o tema progride e a bateria a guitarra se expandem quase sem limites. Já Misery surpreende pelo minimalismo inicial algo boémio, como se a banda estivesse dominada por uma aúrea psicotrópica lisérgica que lhe tolheu os sentidos, para deixarem os instrumentos se expressarem livremente, de modo quase anárquico, até que na reta final, quando os Paperhaus se libertam e tomam de novo as rédeas e conta da canção, desenvolve-se uma verdadeira espiral de fuzz rock, rugoso, visceral e psicadélico, cheio de efeitos e flashes, numa ordenada onda expressiva relacionada com o espaço sideral, que oscila entre o rock sinfónico e guitarras experimentais, com travos de krautrock.

Há nestes Paperhaus uma aúrea de grandiosidade indisfarçável e um notável nível de excelência no modo como conseguem ser nostálgicos reavivando no ouvinte outros projetos que foram preponderantes nas últimas décadas do século passado e na forma como mutam a sua música e adaptam-na a um público ávido de novidades refrescantes, mas que faça recordar os primórdios das primeiras audições musicais que alimentaram o nosso gosto pela música alternativa. Este projeto caminha sobre um trilho aventureiro calcetado com um experimentalismo ousado, que parece não conhecer tabús ou fronteiras e que nos guia propositadamente para um mundo onde reina uma certa megalomania e uma saudável monstruosidade agressiva, aliada a um curioso sentido de estética. Esta cuidada sujidade ruidosa que os Paperhaus produzem, concebida com justificado propósito e usando a distorção das guitarras como veículo para a catarse, é feita com uma química interessante e num ambiente simultaneamente denso e dançável, despida de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 22:56






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