man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Kyle Cox - The Plan, The Mess
Natural de Orlando, na Flórida, o norte americano Kyle Cox é um músico que gosta de enfatizar a importância de uma interligação clara e objetiva entre a componente melódica e a escrita das letras das canções, considerando que deve haver uma correspondência entre a luminosidade das canções e o grau de positividade da mensagem que pretendem transmitir. Um pouco na linha identitária de nomes como Bob Dylan ou o Bruce "Boss" Springsteen, Cox vai beber à indie folk e ao típico indie rock clássico nativo, alternando gitarras acústicas e elétricas com um baixo encorpado, uma bateria com um registo predominantemente ritmado e grave e, adornando o pacote com arranjos particularmente deslumbrantes e cheios de luz.
Editado no início do outono de 2014 e gravado com as participações especiais do produtor e baterista Mike Marsh (Avett Brothers, Dashboard Confessional), The Plan, The Mess é o seu mais recente registo, um trabalho disponível para audição no bandcamp do autor e que plasma a sua dedicação efetiva a um género sonoro que diz muito aos seus conterrâneos e onde o foco é colocado, de modo enfático, no cariz acessivel e das canções. Na sequência feita com o rock clássico alegre e incisivo de You Got That Something ou na balada folk Never Looking Back, um tema que transborda uma luminosa e majestosa melancolia, num belíssimo tratado de folk acústica onde a simplicidade melódica coexiste com uma densidade sonora suave que deslumbra e corrói, mesmo os corações mais empenedridos e também no suave e encantador instante pop chamado I Found Love, encontramos três temas que sintetizam com exatidão o modo de pensar a música por Cox, abundam neste disco as imagens deslumbrantes, feitas com uma linda e mágica paleta sonora de cores, com uma edição inspirada e delicada.
Em instantes como I Ain't Been Lonely, Until I Meet You ou Old City Train, o contraste que o artista consegue propôr e que resulta, principalmente, da conjugação entre uma instrumentação eminentemente acústica e clássica, com a contemporaneidade da guitarra elétrica, num resultado final sempre vibrante e com uma energia bastante particular, que o pormenor da harmónica, um instrumento que serve, frequentemente, de ponto de encontro entre diferentes canções amplia, demonstra que estamos na presença de um artista inspirado capaz de empolgar uma pequena multidão que o escuta numa sala de estar, ou uma grande e efusiva audiência num amplo espaço aberto, sempre com o mesmo graude emoção e dedicação.
O efeito na voz em Honey, Let's Run Away e o modo como a pandeireta acompanha a viola, são um dos instantes mais curiosos de um disco obrigatório para os apreciadores deste tipo de sonoridade, criado por um artista que demonstra enorme capacidade para escrever canções que tocam fundo e que transmitem mensagens profundas e particularmente bonitas, com uma energia intensa e uma versatilidade imensa.
Kyle Cox gosta de nos deixar no limbo entre o sonho feito com a interiorização da cor e da alegria sincera das suas canções e esta realidade às vezes tão crua e que ele também sabe tão bem descrever, enquanto embala os nossos ouvidos com simples acordes, várias vezes dispostos em várias camadas sonoras, é mostrada com uma naturalidade que impressiona os mais incautos, à semelhança da naturalidade com que a nossa realidade encaixa na melodia destas canções. Espero que aprecies a sugestão...