man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Belle And Sebastian – Girls In Peacetime Want To Dance
Os escoceses Belle & Sebastian estão de regresso aos discos com um novo álbum intitulado Girls In Peacetime Want To Dance, um trabalho que viu a luz do dia a vinte de janeiro através da Matador Records, sendo o primeiro da banda em quatro anos, desde Write About Love e produzido por Ben H. Allen (Animal Collective, Washed Out).
Nono disco de uma banda ativa desde 1996 e que já foi simbolo do indie pop e que, de certa forma, ainda tem um lugar reservado, de pleno direito, no pedestal do universo sonoro alternativo, Girls In Peacetime Want to Dance é, de acordo com o vocalista Stuart Murdock, sobre o que as pessoas fazem depois de desistirem da vida e do romance, um trabalho aguardado com enorme expetativa pelos fãs, já que quebra um hiato de cinco anos sem lançamentos por parte deste coletivo escocês, apesar da compilação The Third Eye Centre lançada em 2013.
Logo na abertura do disco fica, de algum modo, explícita a intenção concetual confessada por Stuart; Nobody's Empire, já um dos single retirados do trabalho, está recheado de versos confessionais que falam da infância do vocalista e da necessidade que muitas vezes sentimos de regressar às origens para dar um novo impulso à nossa existência. A canção conduz-nos de volta ao indie pop mais orelhudo, com aquele requinte vintage que revive os gloriosos anos oitenta e, por isso, é uma excelente porta de entrada para um alinhamento instrumentalmente irreprrensível, sem atropelos ou agressividade desnecessária. Já Allie, funcionando como complemento, agarra-nos pela mão e coloca-nos na pista de dança, numa sequência ampliada pelos detalhes sintéticos de The Party Line e pela pop contagiante, cheia de belos arranjos de The Power Of Three?.
The Cat With The Cream permite fazer uma pausa melancólica e introspetiva, sendo mais um convite direto à reflexão pessoal e ao desarme, que não tem de ser necesssariamente triste e depressivo, já que a melodia é luminosa e implicitamente otimista. Este ambiente mais climático e que impressiona pela criatividade com que os diferentes arranjos vão surgindo à tona, evidencia-se no modo como a guitarra complementa o refrão em The Book Of You e no modo como Today (This Army's For Peace) emociona e trai quem insiste em residir num universo algo sombrio e fortemente entalhado numa forte teia emocional amargurada.
Os quase sete minutos de Enter Sylvia Plath são o auge da agitação de Girls In Peacetime Wnt To Dance, aquele momento da festa em que tudo fica ao rubro e a pop folk, de travo balcânico, de The Everything Muse e as influências africanas de Perfect Couples, mais duas provas do grau de maturidade dos Belle And Sebastian e do modo como são bem sucedidos em fugir de uma possível queda na redundância convencional ou na repetição aborrecida.
Com a pop simples, delicada e feminina de Ever Had A Little Faith? e a teia sonora convidativa, rica e trabalhada da épica Play For Today, Girls In Peacetime Want To Dance aproxima-se do ocaso e torna-se clara a tomada de consciência de um meritório retorno, feito de melodias complexas e simples e letras românticas e densas, de uma banda que já funcionou em algum momento das nossas vidas como uma espécie de rede de segurança e que insiste em ser preponderante e firmar uma posição na classe daquelas que basicamente só melhoram com o tempo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Nobody’s Empire
02. Allie
03. The Party Line
04. The Power Of Three
05. The Cat With The Cream
06. Enter Sylvia Plath
07. The Everlasting Muse
08. Perfect Couples
09. Ever Had A Little Faith?
10. Play For Today
11. The Book Of You
12. Today (This Army’s For Peace)