01. Come On Give Up
02. Elastic
03. Drop Outs
04. Lowtalkin
05. Blue Eye
06. Dig It Up
07. Tennis Court
08. Ratworld
09. Tastes Like Medicine
10. Pick Out The Pieces
11. Infinite Donut
12. Fortune Teller
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Menace Beach - Ratworld
Ryan Needlham e Liza Violet são os Menace Beach, uma dupla britânica oriunda de Leeds, que estreou-se nos discos a dezanove de janeiro com Ratworld, um trabalho com um dos artworks mais insólitos que vi ultimamente e que chegou aos escaparates através da Memphis Industries.
Apesar de serem britânicos, os Menace Beach puseram os ouvidos no outro lado do atlântico, visto a sua sonoridade ser fortemente influenciada pelo rock alternativo americano dos anos noventa. Ratworld é, portanto, uma porta aberta para um mundo paralelo feito de guitarras distorcidas e governado pela nostalgia do grunge e do punk rock impregnado daquela visceral despreocupação juvenil relativamente ao ruído e à crueza melódica e à temática das canções, com os problemas típicos da juventude a fazerem parte da lírica de grande parte do compêndio.
A receita é simples e ganha vida em canções simples e diretas, sem artifícios desnecessários e que se esfumam mais depressa do que um cigarro, com os principais ingredientes típicos do tal grunge e do punk rock direto e preciso, a misturarem-se com um travo de shoegaze e alguma psicadelia lo fi, num resultado final que não é tão pesado e visceral como o grunge, mas que também não é apenas delírio e pura experimentação e que, como bónus, ainda tem a própria surfpop na mira. Esta apenas parente amálgama prova que os Menace Beach estão bem documentados e têm gostos musicais muito ecléticos.
As vocalizações de Liza, de cariz aspero e lo fi, com um ligeiro efeito reverberado noa voz, encantam pelo modo como ela consegue salvaguardar aquela delicadeza tipicamente feminina, sem ser ofuscada pela distorção das guitarras, quase sempre aceleradas e empoeiradas e que fluem livres de compromissos e com uma estética muito própria.
Logo em Come On Give Up, o single que antecipou Ratworld, e em Elastic, somos sugados para o ambiente mais direto do punk rock, que tem também no baixo de Dropout e no fuzz de Lowtalkin, dois instantes que clarificam o que vem adiante e onde é possível vislumbrar um cuidado melódico e etéreo que permite às canções espreitar e ir um pouco além das zonas de influência sonora inicialmente previstas. O disco prossegue quase sem darmos por isso e, de seguida, chega-nos Blue Eye, uma canção inicialmente mais introspetiva e lo fi e onde os Sonic Youth se fazem sentir com uma certa intensidade, até que chega o potente refrão de Dig It Up e instala-se novamente um caldeirão sonoro onde também está o clima mais pop e acessivel de Tennis Court, outro single já retirado do trabalho, e o tema homnónimo, impregnado com mudanças de ritmo constantes e de guitarras em looping e que disparam em todas as direções, acompanhadas por uma bateria que não desarma nem dá descanso.
Até ao ocaso, não podemos deixar de salientar o reverb algo tóxico da guitarra de Tastes Like Medicine e o groove de Infinite Donut, uma das canções mais interessantes de Ratworld e que nos remete para uma espécie de fuzz rock, que se mantém em Pick Out The Pieces, talvez o tema mais psicadélico e etéreo da rodela.
Ratworld é um exercício festivo e ligeiro, mas bastante inspirado, de uma dupla que quer ser apreciada pela sua visão atual do que realmente foi o rock alternativo, feito com as guitarras barulhentas e os sons melancólicos do início dos anos noventa, assim como todo o clima sentimental dessa época e as letras consistentes, que confortavam e destruiam o coração num mesmo verso. E o grande brilho de Ratworld é, ao ouvi-lo, ter-se a perceção das bandas que foram usadas como inspiração, não como plágio, mas em forma de homenagem. Uma homenagem tão bem feita que apreciá-la é tão gratificante como ouvir uma inovação musical da semana passada, feita com canções caseiras e perfumadas pelo passado, a navegarem numa espécie de meio termo entre o rock clássico, o shoegaze e a psicadelia. Espero que aprecies a sugestão...
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Passenger Peru - The Best Way To Drown
Oriunda de Brooklyn, Nova Iorque, a dupla norte americana Passenger Peru editou o seu trabalho de estreia no início de 2014, uma edição apenas em cassete e em formato digital, através da Fleeting Youth Records e que foi dissecada já por cá. Formados por Justin Stivers (baixista dos The Antlers no álbum Hospice) e pelo virtuoso multi-instrumentista Justin Gonzales, estão de regresso em 2015 com Light Places, um compêndio de doze novas canções da dupla, que irá ver a luz do dia a vinte e quatro de fevereiro e que já podes encomendar.
The Best Way To Drown é o primeiro single retirado de Light Places, um tema cheio de arranjos e detalhes que facilmente nos deslumbram e que plasma as virtudes técnicas que os Passenger Peru possuem para criar música e a forma como conseguem abarcar vários géneros e estilos do universo sonoro indie e alternativo e comprimi-los em algo genuíno e com uma identidade muito própria. Esta é uma excelente opção para quem aprecia aquela sonoridade pop rock, algo cósmica, mas ligeiramente lo fi, cheia de arranjos detalhados, que nomes tão influentes como os Yo La Tengo, Neutral Milk Hotel, Early Animal Collective, entre outros, tão bem replicam sonoramente. Como é habitual neste projeto, o single está disponivel para download gratuito. Confere...