man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Blank Tapes – Hwy. 9
Vieram da Califórnia numa máquina do tempo diretamente da década de sessenta e aterraram no universo indie pela mão da Antenna Farm Records. Chamam-se The Blank Tapes e depois de em maio de 2014 me terem chamado a atenção com Vacation, um disco gravado por Carlos Arredondo nos estúdios New, Improved Recording, em Oakland, agora, pouco antes do ocaso do último ano, divulgaram mais uma coleção de canções, nada mais nada menos que quarenta e três, intitulada Hwy. 9.
Matt, o líder do grupo, que é, basicamente, um projeto a solo, é apaixonado pela sonoridade pop e psicadélica dos anos sessenta e setenta, dois períodos localizados no tempo e que semearam grandes ideias e nos deram canções inesquecíveis, lançaram carreiras e ainda hoje são matéria prima de reflexão. Ele toca todos os instrumentos neste projeto e lançou o primeiro disco, Home Away From Home, em 2010. O sucesso foi tanto que os The Blank Tapes andaram pelo Brasil, pelo Japão e pela Europa, com os Thee Oh Sees. De regresso a casa foram para o estúdio e compuseram Vacation, e, pelos vistos, não esgotaram aí a sua veia criativa, já que este novo trabalho, apesar de conter algumas demos e temas ao vivo, é constituído, quase integralmente, por novos originais que nos levam de volta à pop luminosa dos anos sessenta, aquela pop tão solarenga como o estado norte americano onde Matt reside.
E vamos com ele enquanto nos cruzamos com os veraneantes cor de salmão e de arca frigorífica na mão, que lutam interiormente ao chegar ao carro, sem saberem se a limpeza das chinelas deve ser exaustiva, ou se os inúmeros grãos de areia que se vão acumular no tapete junto aos pedais do Mégane justificam um avanço de algumas centenas de metros na fila de veículos que regressam à metrópole. A praia dos The Blank Tapes, na costa oeste, começa com o pôr do sol e uma fogueira e continua noite dentro até o vidrão ficar cheio e a areia se confundir com as beatas que proliferam, numa festa feita de cor, movimento e muita letargia.
Quem acha que ainda não havia um rock n' roll tresmalhado e robotizado nos anos sessenta ou que a composição psicotrópica dos substantivos aditivos que famigeravam à época pelos estúdios de gravação, ficará certamente impressionado com a contemporaneidade vintage nada contraditória dos acordes sujos e do groove do banjo folk e da harmónica de Long The Way, My Ladybug e Hallelujah, ou do experimentalismo instrumental de Rabbit Hole, que se aproxima do blues marcado pela guitarra acústica em Kazoo Song, além da percussão orgânica e de alguns ruídos, vozes e metais que assentam muito bem na canção. Makebelievin’ e Trinocular mantêm a toada revivalista, com um certo travo folk, em canções que fundem Lou Reed e Jimmy Hendrix, numa sonoridade grandiosa e controlada, ao mesmo tempo.
Até ao epílogo escuta-se um trabalho de referências bem estabelecidas, uma arquitetura musical que garante a Matt a impressão firme da sua sonoridade típica e que lhes deu margem de manobra para várias experimentações transversais e diferentes subgéneros que da surf pop, ao indie rock psicadélico, passando pela típica folk norte americana, não descuraram um sentimento identitário e de herança que o músico guarda certamente dentro de si e que procura ser coerente com vários discos que têm revivido os sons outrora desgastados das décadas de sessenta e setenta.
Hwy. 9 é, portanto, uma viagem ao passado sem se desligar das novidades e marcas do presente. É um ensaio de assimilação de heranças, como se da soma que faz o seu alinhamento nascesse um mapa genético que define o universo que motiva os The Blank Tapes. É um apanhado sonoro vintage, fruto do psicadelismo que, geração após geração, conquista e seduz, com as suas visões de uma pop caleidoscópia e o seu sentido de liberdade e prazer juvenil e suficientemente atual, exatamente por experimentar tantas referências do passado. Seis canções deste disco tiveram direito a um vídeo oficial e podes conferi-los a todos já a seguir, além de poderes escutar Hwy. 9 na íntegra. Espero que aprecies a sugestão...
01. A Little A Lot Of The Time
02. You Tube
03. Along The Way
04. Rabbit Hole
05. Shmaltz Waltz
06. Hwy. 9
07. Rabid Rabbi
08. Hallelujah
09. Mad Scientist
10. Cheese
11. Kazoo Song
12. Indian Hwy.
13. Enipucrop
14. Little One
15. Makebelievin’
16. Ivy Hill
17. My Ladybug
18. Glass Cloud
19. Sperman
20. Trinocular
21. Milky Way
22. Potato Pancake
23. Blood And Brains
24. Renaissance Seance
25. Humming Bird
26. End Of The Road
27. The Giving Gift
28. Chill Pill
29. Ommmmm
30. O, Distractions
31. Starry Skies
32. Mini Van
33. Down To The Wire
34. The Only One
35. Woodshedding
36. Descending Ending
37. June Gloom
38. Smokey Road
39. Hwy. 9 (Revisited)
40. Frontal Robotomy
41. Sperman [Demo]
42. PTC
43. Hallelujah [Demo]
44. Untitled Comedy Podcast Theme Song (Live In Memphis, TN)
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Ýours Are The Only Ears - Fire In My Eyes
Yours Are The Only Ears é o projeto musical a solo da nova iorquina Susannah Cutler, um dos elementos da banda Epoch e também com um interessante trabalho já desenvolvido no campo artístico visual, tendo-se destacado ultimamente com o artwork de Wendy, o mais recente lançamento do também nova iorquino Small Wonder, tendo também contribuido com o seu desempenho vocal em alguns temas desse disco.
Fire In My Eyes é o tema mais recente divulgado por Susannah, um belíssimo instante acústico gravado com a ajuda de David Benton, dos LVL UP e com um conteúdo lírico absolutamente extraordinário (Do you want to smoke on your roof, And stare at the pavement?, I imagine my body on the ground, Am I a good person?)
Tal como o aspecto predominante do seu artwork, a música de Susannah Cutler é simples, mas plena de expressividade e vida e ela mostra-se exímia em compôr telas sonoras com uma tonalidade algo cinza, mas plenas de sentimentos e emoções. Fire In My Eyes está disponível gratuitamente no bandcamp da autora, ou com a possibilidade de doares um valor pelo tema. Confere...
i'm sitting inside
the room that is now mine
it comes in waves
i want to take care of you somedays
do you want to sit in my room
and listen to music?
i had something to tell you
but i forgot it
will you try not to lie?
ignore the sword between your thighs
the women that you've compromised
ignore the fire in my eyes
do you want to smoke on your roof
and stare at the pavement?
i imagine my body on the ground
am i a good person?
i recall my hands around your throat
in the darkness of our hole
the colors are all muddy now
my angry footprint on your mouth
do you want to sit on a hill
and fall down with me?
we could make more coffee
or just fall back asleep