man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Le Rug - Dipshit @ Birth Control
Natural de Brooklyn, Nova Iorque, o guitarrista e cantor Ray Weiss é um dos destaques da Fleeting Youth Records, um nome importante do cenário indie punk local e que integrou projetos tão importantes como os Butter the Children, Red Dwarf ou Medics. A banda Le Rug é a sua nova aposta e Press Start (The Collection) uma coleção de canções que apresentou ao mundo, no passado dia dezassete de junho, por intermédio dessa etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Apesar deste novo projeto chamado Le Rug, Weiss tem tido um ano de 2014 complicado; Os Butter the Children separaram-se, o músico viu-se igualmente confrontado com o fim de uma relação amorosa, a luta permanente contra os sintomas de bipolaridade que sofre, contra algumas tendências suicidas e agora a solidão.
Todos estes contratempos não afetaram a enorme veia criativa do músico que passou uma temporada por Bangecoque, na Tailândia, onde acabou por compôr algumas canções. Por isso, os Le Rug, que também vão terminar a carreira em breve, segundo o que afirma Weiss, já têm pronto o seu segundo e último disco, o sucessor de Press Start (The Collection).
O novo trabalho dos Le Rug chama-se Swelling (My Own Worst Anime) e será editado em formato digital e cassete a dois de dezembro, podendo ser já encomendado através da editora. Este parece ser um álbum que gira em redor de conceitos tão sombrios como a morte, o cinismo e as separações amorosas. Dudley foi o primeiro avanço divulgado do disco, tendo sido também tornado público o respetivo video, que foi gravado em Banguecoque e realizado por Gary Boyle. Agora, a pouco mais de uma semana do lançamento do álbum, Le Rug apresenta mais duas canções do alinhamento, Dipshit e Birth Control.
Se a frenética Dipshit é mais uma clara demonstração da capacidade poética de Weiss, especialmente quando a perca, o sentimento de derrota e frustração são o assunto dominante, já Birth Control dá vida ao tal desejo do músico de dizer adeus a uma vida que ultimanente lhe tem sido madrastra (I believe in birth control because the world is already full and everyone wants to die).
Em breve voltarei aos Le Rug para uma análise mais aprofundada de Swelling (My Own Worst Anime). Para já, confere mais estes dois avanços do disco, com Dipshit disponível para download gratuito.
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Joan As Police Woman - The Classic
Joan Wasser, que o mundo conhece como Joan As Police Woman e como a eterna namorada de Jeff Buckley, está de regresso aos discos com The Classic, um trabalho produzido pela própria Joan Wasser e por Tyler Wood, editado através da PIAS Recordings e que contou com a participação especial de um vasto leque de músicos, dos quais se destacam Joseph Arthur, Steve Bernstein, Oren Bloedow, Doug Wieselman e Reggie Watts, entre outros. Todas estas aparições enriquecem imenso Classic, quer ao nível instrumental, quer da voz, mas não posso deixar de destacar a presença de Reggie Watts no tema homónimo do disco, pelo modo como confere uma toada gospel incrível à canção.
Incubado na mente criativa de uma artista que já fez parte dos projetos Dambuilders, Those Bastard Souls e Mind Science Of The Mind e de ter cantado com Lou Reed, Antony & The Johnsons ou Rufus Wainwright, The Classic conquista-nos logo no início com Witness, Holy City e The Classic, três canções que nos colocam bem no centro do que melhor se pode encontrar na música negra norte americana e atestam definitivamente que Joan As Police Woman é uma das mais talentosas, vibrantes, originais e carismáticas escritoras de canções da atualidade e que a sua música pede e merece um ambiente especial e muito próprio para ser devidamente disfrutada.
Gravado quase na totalidade ao vivo, este trabalho que mistura então o indie rock, com alguns dos detalhes mais importantes do jazz, do funk, do R&B e da soul, prossegue sempre de forma sofisticada e com um esplendor e uma luminosidade incomuns, de algum modo expressas no artwork de um disco que vale ouro, como o tom dessa imagem.
Depois de um arranque de carreira em grande forma, com Real Life (2006) e To Survive (2008), nem em Cover (um disco de covers, como o nome indica, lançado em 2009), ou The Deep Field (2011) ela deu sequência a essa mestria inicial. Mas agora, em 2014 está de regresso a Joan As Police Woman intensa e apaixonante, que tanto expôe tristezas e receios e até ideias relacionadas com a própria morte (What Would You Do), como nos indica caminhos mais ou menos diretos para a felicidade (Stay), que pode até ser a carnal, fazendo tudo isso sempre de mãos dadas com aquela soul que vai buscar inspiração à motown. E, mesmo tendo em conta que a intimista Get Direct é uma das melhores canções do disco, fá-lo com aquela exuberância que antes o uso quase exclusivo do piano, como suporte do processo de construção melódica, de algum modo restringia, para agora, tendo optado por uma vasta miríade de instrumentos e coros, conseguir mostrar-se mais positivista, emotiva e até interessante, principalmente porque mostra ser capaz de se mover com à vontade por territórios sonoros mais diversificados, mantendo uma elevada bitola qualitativa nas suas composições. Esse tal piano, agora é muitas vezes subsituido por um orgão sintetizado, que dá ao som de Joan As Police Woman um travo mais masculino, alternativo e até psicadélico.
The Classic termina com a reggae Ask Me e damos por nós a lamentar porque, infelizmente e por razões do foro pessoal, Joan As Police Woman teve de cancelar alguns concertos que iria dar no nosso país durante este mês de novembro. Seja como for, isso não retira brilho a um disco que nos faz recuar musicalmente algumas décadas, de um modo cativante e tão intenso que é possivel imaginarmos que estamos num daqueles ambientes smokey dos bares de música ao vivo, enquanto escutamos este The Classic, que também não fica nada mal como banda sonora para usufruirmos de uma boa companhia de serão. Espero que aprecies a sugestão...
Witness
Holy City
The Classic
Good Together
Get Direct
What Would You Do
New Year’s Day
Shame
Stay
Ask Me
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American Wrestlers - I Can Do No Wrong
American Wrestlers é um projeto liderado por um escocês de identidade desconhecida e que vive atualmente nos Estados Unidos, no estado do Missouri. Tendo crescido em Glasgow, no país natal, mudou-se há alguns anos para Manchester, na vizinha Inglaterra, onde conheceu a sua futura esposa, com quem se mudou entretanto para o outro lado do Atlântico.
Nos Estados unidos começou a compôr e a gravar numa mesa Tascam de oito pistas e assim nasceram os American Wrestlers. Recentemente o projeto deu um grande passo em frente, ao assinar pela insuspeita Fat Possum. Esta etiqueta vai editar o single I Can Do No Wrong, a vinte e sete de janeiro do próximo ano, mas o mesmo encontra-se disponivel no bandcamp da banda, com a opção de o obteres gratuitamente ou doares um valor pelo mesmo.
A canção é uma peça sonora magnífica, principalmente por ser difícil de descrever. O ambiente sonoro que cria tem um teor lo fi algo futurista, devido à distorção e à orgânica do ruído em que assenta. Depois, alguns arranjos claramente jazzísticos e uma voz num registo em falsete com um certo reverb, acentuam o charme rugoso da mesma. Confere...
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heklAa - My Name Is John Murdoch
Alsaciano de nascimento, mas inspirado sonoramente por latitudes mais a norte, Sébastien Touraton é um francês apaixonado pela islândia, além de um músico talentoso que adora post rock. Líder do projeto heklAa, o nome de um vulcão islandês, tem um novo álbum intitulado My Name Is John Murdoch, um trabalho inspirado em Dark City, um dos filmes preferidos de Sébastien, mas com referências a outras fitas, nomeadamente o Batman de Tim Burton.
O autor do disco nega que My Name Is John Murdoch seja uma banda sonora alternativa de Dark City mas, na verdade, tendo o filme na mente e escutado estas canções, é possivel fazer um paralelismo entre as duas obras, até porque o alinhamento de nove canções procura recriar o filme, com cada tema a servir como banda sonora de um capítulo da trama, descrita abaixo pelo próprio autor do disco.
heklAa começou a trabalhar no álbum há cerca de dois anos e ideias e sentimentos como a nostalgia, o fim precoce da inocência e a auto-descoberta estão muito presentes nas canções que trespassam esses conceitos para algumas personagens do filme, à medida que a história se desenrola.
Com uma forte componente instrumental e com a voz a servir esencialmente como suporte narrativo, My Name Is John Murdoch tem momentos coloridos e cheios de emoção e, ao mesmo tempo, instantes que se tornam profundamente pensativos, nostálgicos e melancólicos. No entanto, é nos instantes em que o autor pretende recriar uma aúrea mais sombria e dramática que sobressai a sua capacidade de composição e a grandiosidade instrumental que não descura praticamente nenhuma secção ou classe de instrumentos. Das cordas, acústicas e eletrificadas, à percussão, passando pelos instrumentos de sopro, arranjos com metais e efeitos sintetizados que replicam sons de diversas proveniências, Sébastien conseguiu atingir o pleno orquestral e com isso fazer com que My Name Is john Murdoch criasse uma impressionante sensação de beleza e de efeitos contrastantes dentro de nós, além da possibilidade de podermos visualizar a trama.
Claramente apaixonado pela música erudita, heklAa foi corajoso na ideia e no modo como a colocou em prática, apropriando-se de uma forma de experimentação sonora e musical algo inédita, o que atesta a sua enorme capacidade para pintar verdadeiras telas sonoras cheias de vida e cor, utilizando uma fórmula básica que serve de combustível a nuances variadas e harmonias magistrais, onde tudo se orienta de forma controlada, em nove canções avassaladoras e marcantes, claramente à altura do enredo que procuram musicar. Espero que aprecies a sugestão...
The Story.
The movie tells the story of John Murdoch, a music journalist, expert of Miles Davis’ work. After years, he comes back in sirenZ, the big city where he grew up, to cover a set of jazz concerts. As he is walking along the main street, he has the strange feeling that nothing is like it used to be. Did the city change so much? Did he change so much? Did time just go by?
(Episode 1: The Dark City of sirenZ) A whole series of events is going to intensify his conviction that something is wrong: that beautiful woman he meets in the “Hopper’s bar”; he does not know any Selina Kyle, but he could swear that he knows that woman, like a reminiscence from yesteryears, he knows that he had dinner once with her, that they have spent the night after that together, too. (Episode 2: L’Inconnue ) There is also this original recording of Miles Davis’ soundtrack for “Elevator of the Gallows” that he finds in an old music store; as an expert, he knows full well that this milestone in jazz was celebrated in 1958. “Générique”, the perfection of music according to John, this permanent catchy tune in his head could not be just a creation of his own mind. But, the calendar in the store still indicates that John is living in the year 1946… Last but not least, in place of Miles Davis’ music, John discovers a recording made by a Louis Malville who introduces himself as a French movie director. Louis reveals that sirenZ is a shameless lie, a Dark City like many others, where nothing is real. (Générique)
Nothing? What about Shell Beach, this sunny happy place of his childhood, where he used to fly a kite or go sailing and fishing with his father? So many memories of brighter times… (Episode 5: Remembering Shell Beach)
After days of investigating, at last, John finds out the truth, as he is walking by a souvenir shop. Behind the window, a glass snow ball representing sirenZ. He understands, terrified, that this is not just a trinket for tourists, but reality: The city is lying in the depths of the sea, under a giant bell. (Episode 3: The Dome) Shell Beach does exist, but only in his head, nothing more than pretty pictures in a photo album. Why? When? How? John will never get the answer. (Episode 4: Dance with the Shadows)
John’s world has collapsed. (Ep 7: Say hurray! ‘cause it’s the End of the World!). Now that he knows the whole truth, what comes next? Should he tell everything and run the risk of becoming a curse, an incurable decease for everyone in the city? Should he just live a normal, quiet life by the woman he loves? No, he will not be a tragic hero. He knows who he is. (Episode 6: My name is John Murdoch). Selina is waiting for him. (Epilogue).
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Hamilton Leithauser – Room For Forgiveness
Hamilton Leithauser, vocalista dos The Walkmen, estreou-se recentemente nos discos em nome próprio com Black Hours, um álbum editado através da Ribbon Music e que divulguei oportunamente. Esse trabalho não deixava de aclarar, em alguns momentos, a relação de Hamilton com a sua banda, mas também evidenciava o assumir de novos rumos, menos soturnos e mais expansivos, à custa de emoções fortes embrulhadas em temas simples, adornados com enorme versatilidade e um elevado pendor pop.
Alguns meses depois Hamilton Leithauser volta a surpreender com uma nova canção intitulada Room For Forgiveness, disponibilizada gratuitamente pela editora. O excelente tema tem uma toada marcadamente emotiva, é dominado por um desempenho vocal irrepreensivel e reforça o brilho raro que tem acompanhado a carreira artística deste músico, assente na simplicidade do seu trabalho e que esta nova fase a solo parece querer reforçar. Confere...
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Mozes And The Firstborn - Mozes And The Firstborn
Numa esplendorosa embalagem de discos que me chegou hoje à redação, enviada pelo simpático pessoal da Siluh Records e que inclui rodelas de nomes tão fantásticos como os Dust Covered Carpet, Mile Me Deaf, M185, Francis International Airport ou Scarlet Chives, entre outros, começo por destacar o disco de estreia de uma banda holandesa chamada Mozes And the Firstborn. Foi entre Eindhoven e Antuérpia que nasceram em 2010 os Mozes And The Firstborn e o disco homónimo que vos sugiro foi lançado em feveriero deste ano. A edição está disponivel no bandcamp, com a possibilidade de doares um valor pela mesma ou de a obteres gratuitamente. O lançamento do álbum tinha sido antecedido de um ep intitulado I Got Skills, o mesmo nome do principal single do disco, trabalho esse também disponível para download gratuito no bandcamp deste grupo formado por Raven Aartsen, Corto Blommaert, Melle Dielesen e Ernst-Jan van Doorn.
Os Mozes And The Firstborn estão atrasados ou adiantados quase meio século, depende da perspetiva que se possa ter acerca do conteúdo sonoro que replicam. Se na década de sessenta seriam certamente considerados como uma banda vanguardista, na linha da frente e um exemplo a seguir, na segunda década do século XXI conseguem exatamente os mesmos pressupostos porque, estando novamente o indie rock lo fi e de cariz mais psicotrópico na ordem do dia, são, na minha modesta opinião, um dos projetos europeus que melhor o replica, assim como o garage rock dos anos sessenta e a psicadelia da década seguinte.
Nesta estreia bastante feliz, estes quatro holandeses convidam-nos a embarcar numa viagem aos período aúreo do rock e conseguem apresentar, em simultâneo, algo inovador e diferente, através de uma sonoridade muito fresca e luminosa, assente numa guitarra vintage, que de Creedance Clearwater Revival a Velvet Underground, passando pelos Lynyrd Skynyrd, faz ainda alguns desvios pelo blues dos primórdios da carreira dos The Rolling Stones e pela irremediável crueza dos The Kinks.
Começa-se a escutar Bloodsucker e seguimos a caminho da praia ao som dos Mozes And The Firstborn e de volta ao surf rock luminoso dos anos sessenta, aquele rock solarengo que nos impressiona com a contemporaneidade vintage nada contraditória, que se sente depois nos acordes sujos de What's Wrong Momma e no groove da guitarra e de uma voz que parece planar sobre o tal single I Got Skills e Peter Jr., dois dos melhores temas do disco.
Uma das composições mais curiosas de Mozes And The Firstborn é Seasons, uma canção que inicia com um teclado, ao qual se junta depois uma guitarra que repete uma distorção hipnótica contínua, exemplarmente acompanhada pela bateria, a fazer recordar alguns dos melhores momentos do período aúreo dos britânicos Kasabian. Depois, Time's A Headache e Heaven são rock sujo e cru, com um experimentalismo instrumental que se aproxima do blues marcado pela pujança das guitarras, além dos metais e de alguns ruídos que assentam muito bem nas canções. Skinny Girl obedece integralmente à toada surf revivalista e plena de luz, uma canção com uma sonoridade simultaneamente grandiosa e controlada. Já as cordas de Gimme Some e o efeito que as acompanham, assim como a percussão groove do tema, sustentam uma das mais belas melodias de um disco que até abraça a folk e o country sulista americano em Down With The Band, uma das peças mais psicadélicas e com um jogo de vozes inédito.
Disco feito de referências bem estabelecidas e com uma arquitetura musical carregada de emoção, cor e rebeldia, Mozes And The Firstborn garante a esta banda holandesa a impressão firme da sua sonoridade típica e ainda permite terem margem de manobra para futuras experimentações. Há neste carápio sonoro uma intemporalidade que se expressa na forma como o quarteto plasma com elevada dose de criatividade o que de melhor recria atualmente o vintage, mas também no esforço evidente como expressam uma demanda por algo genuíno e que depois sirva de modelo e de referencial sonoro.
Em suma, Mozes And The Firstborn é, como de algum modo já referi, coerente com vários discos que têm revivido os sons outrora desgastados das décadas de sessenta e setenta e é uma viagem ao passado sem se desligar das novidades e marcas do presente. É um ensaio de assimilação de heranças, plasmado na soma do seu alinhamento, fruto do psicadelismo que, geração após geração, conquista e seduz, com visões de liberdade e prazer juvenil e suficientemente atual, exatamente por experimentar tantas referências antigas. Espero que aprecies a sugestão...
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CITYSPARK - Sun Will Shine
Formados a 1 de Dezembro de 2008 entre Castelo de Paiva e Cinfães, os CITYSPARK abraçaram, de acordo com a banda, o desafio a novas sonoridades que passam pelo rock, a pop e o indie. Começaram por gravar, em 2009, o EP Made In Cityspark e um ano depois regressaram ao estúdio para gravar um novo tema intitulado Butterfly.
Agora, alguns anos depois e após muitas dores de cabeça de persistência, de concertos realizados mas acima de tudo muita vontade de cumprir um dever realizado, vai chegar aos escaparates Violet, o primeiro longa duração da banda.
Violet foi gravado nos estúdios Replay Studios, produzido por Mário de Sá e a própria banda e tem previsto o lançamento para treze de dezembro, altura em que haverá também, em Castelo de Paiva, um concerto de apresentação, que contará com a presença de diversos convidados especiais.
O primeiro single retirado de Violet chama-se Sun Will Shine e o vídeo da canção já pode ser visto e partilhado por todos no You Tube e Facebook da banda. A canção impressiona pelo pendor rock, festivo e solarengo, mas onde a eletrónica tem também uma palavra importante a dizer, já que os sintetizadores conduzem o processo melódico, de modo a replicar uma sonoridade que impressiona pelo charme vintage. O resultado final é uma belíssima composição envolvida numa psicadelia luminosa, fortemente urbana, mística, mas igualmente descontraída e jovial. Confere...
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Nothing – Guilty Of Everything
Editado a quatro de março pela Relapse Records, uma editora importante para várias bandas que ainda procuram chegar a um lugar de relevo no universo sonoro alternativo e já com um catálogo bastante interessante, Guilty of Everything é o trabalho de estreia dos Nothing, uma banda de Filadélfia, que logo em Hymn To The Pillory, o primeiro tema deste disco, clarifica que deambula entre a dream pop nostálgica e o rock progressivo amplo e visceral.
Guilty Of Everything é o culminar de dois anos de intensa atividade do coletivo, que durante este período andou em digressão pela América do Norte, impressionando audiências com um som cativante e explosivo, sempre com fuzz nas guitarras e o nível de distorção no red line. Produzido por Jeff Zeigler, um profissional de nomeada que já trabalhou com Kurt Vile e os War On Drugs, entre outros, Guilty Of Everything traz até nós o melhor da herança do rock alternativo de finais do século passado, suportada por nomes tão fundamentais como os My Bloody Valentine ou os Smashing Pumpkins, só para citar algumas das influências mais declaradas do grupo.
Instrumentalmente muito rico, apesar da primazia das guitarras, este disco também conta com algumas sintetizações que conferem ao som dos Nothing uma toada muito rica e luminosa e um travo pop que ajuda a amenizar o cariz mais sombrio do rock que replicam e que em Bent Nail pisca o olho ao grunge e em Dig chega ao metal.
A voz é um dos detalhes mais assertivos do disco; Ela sopra na nossa mente e envolve-nos com uma toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar, provocando, apesar do ruido sombrio das guitarras, um cocktail delicioso de boas sensações. Geralmente em reverb, numa postura claramente lo fi, ela é uma consequência lógica das opções sonoras do grupo e um elemento importante para criar o ambiente soturno e melancólico pretendido. Na já citada Dig acaba por carregar toda a compoente nostálgica com que os Nothing pretendem impregnar o seu ADN e no restante alinhamento nunca deixa de ser um fator decisivo para que se instale um certo charme vintage que busca o feliz encontro entre sonoridades que surgiram há décadas e se foram aperfeiçoando ao longo do tempo e ditando regras que hoje consagram as tendências mais atuais em que assenta o indie rock com um cariz fortemente nostálgico e contemplativo, mas também feito com os punhos cerrados e a apelar ao nosso lado mais selvagem e cru. Em Get Well a voz atinge o auge açucarado qualitativo, uma canção que ilustra o quanto certeiros e incisivos os Nothing conseguiram ser na replicação do ambiente sonoro que escolheram. Esta canção, conduzida por um baixo vibrante e uma guitarra carregada de fuzz e distorção, é um cenário idílico para quem, como eu, aprecia alguns dos detalhes básicos da melhor psicadelia.
Percebe-se que os Nothing têm no tal ADN bem vincada a vontade de experimentar e Guilty Of Everything, apesar da escuridão introspetiva que contém, respira por todos os poros uma enorme vitalidade, com melodias que fazem levitar quem se deixar envolver pelo assomo de elegância contida e pela sapiência melódica do seu conteúdo. Canções como Sumersault ou Beat Around The Bush transbordam uma aúrea algo mística e espiritual, reproduzidas por um grupo que sabe como nos forçar ao isolamento de forma direta, pura e bastante original. Este disco não é para ser escutado com um grupo de amigos num momento de diversão, mas solitariamente e num momento de recolhimento pessoal.
Logo na estreia os Nothing parecem ter balizado com notável exatidão o farol que querem para o seu percurso musical. Guilty Of Everything é um trabalho que de algum modo impressiona pelo bom gosto com que se cruzam vários estilos e dinâmicas sonoras, com o indie rock a servir de elemento aglutinador, de cerca de quarenta minutos de pura adrenalina sonora, uma viagem que nos remete para a gloriosa época do rock independente que reinou na transição entre as duas últimas décadas do século passado, um rock sem rodeios, medos ou concessões, com um espírito aberto e criativo. Os Nothing são, por isso, um nome a ter em conta no universo musical onde se inserem e estão no ponto e prontos a contrariar quem acha que já não há bandas à moda antiga e a fazer música de qualidade. Espero que aprecies a sugestão...
01. Hymn To The Pillory
02. Dig
03. Bent Nail
04. Endlessly
05. Somersault
06. Get Well
07. Beat Around The Bush
08. B&E
09. Guilty Of Everything
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Ghastly Menace - Closing
Formados por Andy Schroeder (voz, bateria, teclado e guitarra), Chris Geick (voz, samples e sintetizador), Kody Nixon (baixo), Michael Heringhaus (guitarra e teclados) e Clint Weber (bateria), os norte americanos Ghastly Menace pretendem conquistar o universo sonoro alternativo com um indie rock orquestral, feito de uma dose extra de guitarras e versos simultaneamente épicos e acessíveis, com o acrescento de arranjos onde contrastam elementos acústicos e elétricos e que deitam por terra qualquer sintoma de monotonia e repetição ao longo da audição.
O disco de estreia deste coletivo de Chicago irá chegar aos escaparates no início do próximo ano através da etiqueta The Record Machine e Closing é o primeiro avanço divulgado do álbum, uma canção sobre aquilo que se sente quando há uma decisão a tomar e, apesar de muitas vezes haver um caminho óbvio, há sempre outras opções que podem ser ponderadas. Confere...
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Little Arrow - Furious Finite
Formados por William Hughes, Dan Messore, Ben Sharpe, Callum Duggan e Rich Chitty, os galeses Little Arrow apresentaram ao mundo a sua folk de forte cariz etéreo e melancólico em 2011 com Mask and Poems, tendo o segundo disco, Wild Wishes, visto a luz do dias dois anos depois. Agora, quase no ocaso de 2014, regressam à carga com Furious Finite, mais uma coleção de canções que misturam o épico com o contemplativo e que parecem tão naturais e espontâneas como a enorme beleza da região de onde provêm e que os inspira, situada na extremidade noroeste das ilhas britânicas.
Conhecido há algumas semanas, o single Medicine Moon já apontava para o caminho certo de consolidação da sonoridade intrínseca desta banda. Essa canção é um exemplo feliz da capacidade dos Little Arrow em estabelecer uma fusão de elementos da indie, da pop, da folk e até da eletrónica, através de melodias luminosas feitas com linhas de guitarra delicadas e arranjos clássicos particularmente deslumbrantes e cheios de luz, amiúde dominados pelos instrumentos de sopro, samples, teclados e uma percurssão, elementos que criam paisagens sonoras bastante peculiares.
Assim que o disco começa somos rapidamente absorvidos pelo mundo caleidoscópico dos Little Arrow, um universo cheio de cores e sons que nos causam espanto, devido à impressionante quantidade de detalhes que o quinteto coloca a cirandar quase livremente por trás de cada uma das canções que transbordam do disco.
Após o single, a mais introspetiva e pastoral Pier Maountain é uma verdadeira tela sonora, com a textura barroca da harpa, a serenidade contemplativa da guitarra e a doce opulência do trompete a darem as mãos para mostrar um emaranhado de referências que têm como elemento agregador a busca de um clima sonoro com uma elevado cariz ambiental, mas que não deixa de ser acolhedor, animado e otimista. A percurssão de Loss Um, o sample inicial de Diamond Shy e a vila acústica que se segue, assim como o conjunto de sons e incontáveis referências e detalhes que borbulham enquanto estes temas se desenvolve e crescem, são mais duas janelas que os Little Arrow nos abrem para contemplarmos canções recheadas de versos intrigantes, instigadores e particularmente melódicos. Depois, há ainda Ha Ha Happiness, uma canção com uma energia contagiante e diferente das restantes, com um espírito mais rock e que demonstra a tal versatilidade que os Little Arrow demonstram possuir e Flat Earth, War Drones e Holding & Knowing, três temas que plasmam a enorme capacidade que este coletivo possui para escrever canções que tocam fundo e que transmitem mensagens profundas e particularmente bonitas.
Domina Furious Finite um som essencialmente bucólico, épico e melancólico, que pode servir de banda sonora para um mundo paralelo cheio de seres fantásticos e criaturas sobrenaturais, como ilustra a capa de um disco que sugere que encontremos no seu interior uma harmoniosa fonte de conhecimento e inspiração musical e espiritual de toda a espécie, de todos os tempos ou apenas de hoje. Ao encararmos o seu conteúdo com particular devoção, percebemos que essa suposição inicial terá alguma razão de ser já que o mesmo é a expressão prática de uma explosão de criatividade que nunca se descontrola nem perde o rumo, numa receita pouco clara e nada óbvia, mas com um resultado incrível e único. Espero que aprecies a sugestão...
01. Government Bodies
02. Medicine Moon
03. Pier Mountain
04. Lossum
05. Diamond Shy
06. Flat Earth
07. War Drones
08. Holding & Knowing
09. Ha Ha Happiness
10. Spider
11. Hedgerow