man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
dEUS – Selected Songs 1994 – 2014
Oriundos de Antuérpia, os dEUS de Tom Barman fazem parte da minha existência há duas décadas e este é, se calhar, o momento certo de ambos fazermos o balanço dos laços que nos unem e do nível de afinidade que persiste entre grupo e fã convicto e dedicado, como acho que sou relativamente a este coletivo belga. Selected Songs 1994 - 2014, a coletânea que o grupo lançou no passado dia vinte e quatro deste mês é, claramente, a melhor forma de saldar contas, reavivar memórias e paixões e de voltar a incendiar o peito ao som de algumas das canções mais memoráveis que escutei e que são indissociáveis de alguns dos acontecimentos e instantes mais significativas das minhas últimas duas décadas.
Há muitas bandas em relação às quais, devido à consistência e linearidade sonora da sua carreira, merecem todos os elogios que possam ser dispensados e os dEUS, mesmo não tendo estado particularmente dispostos, ao longo da carreira, a grandes inflexões sonoras, também devido à forte liderança de Tom Barman, apesar de algumas mudanças no plantel, sempre agradaram e contam no seu cardápio com alguns verdadeiros clássicos e referências do indie rock alternativo contemporâeno.
A caminho dos cinquenta anos, Tom Barman continua a ser o principal compositor e a escrever letras impressionantes, descritas sonoramente com extrema devoção, que começa calma e amiúde transfigura-se numa viagem mais tensa e raivosa, quase sempre através da avidez vocal de uma personagem incontornável do universo indie. Instrumentalmente, estes belgas sabem fazer músicas climáticas, estruturalmente bem arranjadas, com pianos e violinos e frequentemente provam que no seu som nem tudo depende apenas do baixo, da guitarra e da bateria. É verdade que a guitarra tem, geralmente, o assento vip nas pistas da mesa de mistura, amiúde com uma certa fúria centrada em riffs e distorções que produzem acertos musicais, mas depois combinam frequentemente com detalhes tão preciosos como buzinas, teclas de um piano, o sintetizador, o xilofone e o violino, arranjos que dão impulso às músicas e emitem em algumas delas um forte sentimento orquestral.
Selected Songs 1994-2014 é, como se diz na gíria futebolísatica, uma convocatória feita por um treinador altamente experimentado, que deixa pouca margem para contestação, mesmo no seio do seu grupo e que agradará certamente aqueles que sempre se sentiram atraídos por dEUS devido à forma como distorceram as guitarras para a criação de tratados sonoros capazes de pôr a dançar e fazer vibrar grandes multidões, assim como também é certeira no modo como contém temas com uma elevada carga melancólica e introspetiva, capazes de derreter o coração mais conformado.
Em dois volumes, com o primeiro a conter os temas mais épicos e ruidosos e o segundo com as composições mais delicadas e comtemplativas, dos hinos 7 Days, 7 Weeks e Instant Street, a última uma música muito fácil de se gostar, bastante alegre e de uma simplicidade verdadeiramente apaixonante, que se esborracha num final extasiante e verdadeiramente caótico, a The Magic Hour, um instante contemplativo verdadeiramente delicioso, passando pelas épicas Dream Sequence #1 ou Disappointed In The Sun, e as viscerais e monumentais Roses, Suds And Soda, The Architect ou Via, vão a jogo todos os trunfos e o melhor plantel que os dEUS têm para nos oferecer, com uma tática amadurecida com vinte anos de estrada e oito extraordinários discos, exemplarmente documentados na capa da coletânea. Espero que aprecies a sugestão...
CD 1
01. Instant Street
02. The Architect
03. Little Arithmetics
04. Constant Now
05. Hotellounge (Be The Death Of Me)
06. Slow
07. Roses
08. Via
09. Quatre Mains
10. Fell Off The Floor, Man
11. Sun Ra (Live At A38 Budapest, 03.03.2012)
12. Suds And Soda
13. Theme From Turnpike
14. Ghost
15. Bad Timing
CD 2
01. The Real Sugar
02. Nothing Really Ends
03. Serpentine
04. Magic Hour
05. Eternal Woman
06. Right As Rain
07. Include Me out
08. 7 Days, 7 Weeks
09. Nothings
10. Wake Me Up Before I Sleep
11. Smokers Reflect
12. Secret Hell
13. Magdalena
14. Disappointed In The Sun
15. Twice (We survive)
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Star Wars: The Force Awakens Trailer #1
Terminou a espera... Finalmente foram divulgadas as primeiras imagens de Star Wars Episode VII - The Force Awakens, filme realizado por J.J. Abrams e que tem como data prevista de estreia, dezembro de 2015.
Em cerca de minuto e meio podemos deliciar-nos com os novos X-wings, as novas fardas e equipamento dos stormtroopers e uma sequência em que o Millennium Falcon combate TIE fighters enquanto sobrevoam um deserto.
A sequência começa com a personagem interpretada por John Boyega, possivelmente um dos novos heróis do filme, vestido de stormtrooper e depois surge um pequeno droide numa espécie de parque de material aoeronaútico desativado.
De seguida, os novos stormtroopers, completamente equipados, são largados em local desconhecido por uma nave de transporte e a personagem interpretada por Daisy Ridley surge em cima de um veículo inédito, deslocando-se em pleno deserto.
Finalmente, um piloto interpretado por Oscar Isaac surge no cockpit de um X-wing Starfighter e depois uma esquadrilha completa sobrevoa, a baixa altitude, um lago. De seguida, o dramatismo aumenta com a sequência de combate entre o Milleniun Falcon e os TIE Fighters e o trailer termina com uma figura sombria, no meio de uma floresta gelada, possivelmente Luke Skywalker, que murmura The dark side... and the light, empunhando um sabre de luz idêntico a uma espada medieval.
É possível fazer várias conjeturas acerca do enredo a partir deste trailer e a mais sombria é imaginar Luke no lado negro da força. Será? Que achas do trailer e que hipóteses colocas para a história?
- Ficha Técnica:
- Realizador: J.J. Abrams
- Produtores: Kathleen Kennedy, J.J. Abrams e Bryan Burk
- Argumento: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams
- Atores: John Boyega, Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, Andy Serkis, Lupita Nyong’o, Gwendoline Christie, Domhnall Gleeson, Max von Sydow, Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Anthony Daniels, Peter Mayhew, Kenny Baker
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Walter Benjamim - We might never fall in love
Luis Nunes é português, viveu em Londres mas atualmente instalou-se algures no Alentejo e é também Walter Benjamim, nome de um filósofo alemão do início do século passado e o alibi perfeito para Luis escrever sobre o que intencionalmente quiser e poder assim, como já li algures, criar um mundo imaginário onde tudo é perfeito, o amor não dói e o coração não se parte.
No entanto, parece que esse mundo chegou ao ocaso já que Walter Benjamin anunciou recentemente que vai dar o tiro final na sua carreira cantada em inglês, fazendo-o com a edição de um single, disponivel exclusivamente para download na página de bandcamp do músico. Drive Anyway e We might never fall in love são os dois temas do single e estava previsto que o primeiro fizesse parte de Robots, um disco em que Luis trabalhava com o amigo Jakob Bazora e o segundo, o tema principal, é uma nova versão de uma canção originalmente lançada em 2008 no álbum The National Crisis, editado pela extinta netlabel Merzbau. Esta nova roupagem do tema conta com convidados de luxo, nomeadamente todos os membros dos You Can't Win Charlie Brown, colegas de editora Pataca, Afonso Cabral, Salvador Meneses, Tomás Franco Sousa, João Gil, Raquel Lains, Luís Costa (e a namorada Carina Costa) e David Santos (também conhecido como Noiserv), além da presença da banda de sempre: João Correia (bateria) e Nuno Lucas (baixo). É, como não podia deixar de ser, uma celebração entre amigos.
Os temas são dois belíssimos momentos sonoros assentes numa sonoridade melancólica e que nunca azeda, que naturalmente nos faz sorrir, mesmo que a tristeza nos trespasse por significarem o epílogo de um projeto que teve como momento alto a edição do fantástico disco The Imaginary Life Of Rosemary And Me.
No próximo dia doze de Dezembro será o encerramento oficial das hostilidades de Walter Benjamim com um concerto no Lux, em mais uma noite Black Baloon, um espetáculo que começa às 23:00 e acaba quando o Lux fechar as portas com um DJ set de Pedro Ramos, Quem és tu Laura Santos? e do próprio Walter.
Luis Nunes tem trabalhado recentemente em discos de músicos e bandas como Éme, TAPE JUNk ou Pedro Lucas. Em breve irá anunciar um novo projecto, com outro nome e numa língua mais materna. Confere os dois temas que marcam a despedida de Luis Nunes do projeto Walter Benjamim e a entrevista que o músico me concedeu acerca deste momento marcante da sua carreira artística.
Depois de te ter entrevistado há já mais de dois anos devido a The Imaginary Life Of Rosemary And Me, o que mudou tanto na vida de Luis Nunes para ele resolver colocar um ponto final no alter ego Walter Benjamim?
Aconteceram tantas coisas. Mudei-me de Londres para a vila de Alvito, no meio do Alentejo. Acho que essa foi a mudança mais radical que fiz na vida, agora vivo no campo e vou de vez em quando a Lisboa aos fins-de-semana ou quando vou tocar. Eu já sabia que isso implicaria acabar com o Walter. Já estou cansado de escrever em inglês, fez sentido enquanto vivia noutro país. Agora quero escrever sobre o que me rodeia, sobre a nossa realidade específica, sobre as pessoas que vejo todos os dias e os sítios que vou descobrindo. Só posso fazer isso de maneira plena na minha língua. É difícil porque a música é obrigatoriamente diferente e exige pôr-me à prova. É voltar a aprender a escrever canções, é como nascer outra vez. Essa é a razão, vou acabar com o nome porque não faz sentido ter um nome em inglês e cantar em português. Continuo a ser a mesma pessoa, só a atravessar uma nova fase.
A despedida do Walter é feita com a edição de um single com dois temas. Não haveria mais material para editar pelo menos um EP? E a que se deveu a escolha destas duas canções?
Tenho canções gravadas para um álbum inteiro. O problema é que teria que misturar tudo, regravar coisas, cantar tudo outra vez. Não me apetece nada, não faz sentido dedicar mais dois meses da minha vida a algo que já não vai acontecer. Escolhi estas duas canções porque eram representativas de algo importante. Não havia uma boa versão gravada da We Might Never Fall In Love, que é uma das músicas mais emblemáticas do Walter. A outra é uma canção que gravei em Londres com um amigo meu muito especial, o Moritz Kerschbaumer, com quem estava a gravar um disco no nosso estúdio, que era no meu quarto. Nunca foi acabado e achei que era importante incluir essa fase na minha vida na despedida, teria pena se esse período não tivesse ficado representado.
Pessoalmente, por ter gostado tanto do teu disco de estreia, confesso um certo desapontamento por saber que não vai haver sucessor. Robots era esse segundo disco da vida de Walter Benjamim? Porque não foi concluído?
Esse disco (da qual foi tirado Drive Anyway) era uma experiência constante. Eu e o Moritz passámos um ano a gravar coisas praticamente todos os dias, era um monstro. Um dia eu disse-lhe que ia para Lisboa e foi um choque para todos, deixei o disco pendurado. Não houve tempo para o acabar, infelizmente.
A despedida oficial de Walter Benjamim é no mítico Lux, já a doze de dezembro. Além dos convidados, há mais alguma surpresa na manga? Quais são as tuas expetativas para essa noite de celebração?
Eu estou a encarar todos os músicos que vão tocar como membros de uma banda definitiva. O Moritz vem de propósito de Londres, o que, como calculas, me deixou extremamente feliz. Eu quero fazer este ponto final rodeado de amigos, essa é a surpresa na manga. Quero que as pessoas se deixem levar pelas canções e dançar a noite toda.
Tens trabalhado recentemente em discos de músicos e bandas como Éme, TAPE JUNk ou Pedro Lucas e em breve irás anunciar um novo projecto, com outro nome e numa língua mais materna. Já podes adiantar algo mais? Como vai ser a tua vida profissional depois de acordares no próximo dia treze de dezembro?
Vou acordar violentamente ressacado, espero eu. A vida profissional não muda muito, o Walter Benjamin não é propriamente algo que gere uma fortuna. Eu tento fazer várias coisas que me entusiasmam, tento equilibrar tudo. Estou a fazer um disco em português, estou a escrever canções, estou entusiasmado. Mesmo que o disco seja uma merda, estou entusiasmado como não estava há muito tempo.
Obrigado pela entrevista e, principalmente, pela tua música!
Obrigado eu. Abraço.