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To The Wedding - Silver Currents

Quarta-feira, 19.11.14

Silver Currents é o trabalho de estreia do projeto To The Wedding, encabeçado por Lauren Grubb, um multi-instrumentista norte americano, natural de São Francisco, na Califórnia e que já tinha em 2010 editado um EP intitulado Taken, disponível no bandcamp, assim como este seu disco de estreia.

Com todas as canções a serem escritas e interpretadas por Lauren Grubb, houve, no entanto, algumas participações especiais no disco que importa salientar, nomeadamente Evan Orfanos, que tocou baixo em Set Fire e Time Pilot, Neil Gong, que pegou na guitarra em Come On e Martin Newman, que tocou esse instrumento em Set Fire e Time Pilot, ele que é presença assídua neste blogue, não só por causa dos Plumerai, mas também, mais recentemente, devido aos DRLNG.

As cinco canções de Silver Currents estão afogadas numa encantadora melancolia, com Come On desde logo a deixar-nos o convite para embarcarmos numa pequena viagem, confortavelmente instalados numa nuvem de algodão quente e fofa, enquanto sobrevoamos um trabalho capaz de resgatar o lado mais pueril e introspetivo dos nossos pensamentos. Essa canção assenta numa melodia feita com um efeito de guitarra que recuou no tempo uns trinta anos e ao qual vão sendo adicionados vários detalhes e elementos, incluindo uma bateria suave, mas que impõe o ritmo adequado para que a descolagem ocorra sem sobressaltos. Em Silver Currents, o tema homónimo, os Mojave 3 são de imediato chamados à linha da frente das influências, não só no falsete em eco do registo vocal delicado, como no efeito da guitarra que vai pairando ao longo da canção, enquanto uma viola espreita o momento certo para ganhar um protagonismo, que acontece com a chegada da bateria, que conduz o resto da canção através de uma pop com traços de shoegaze e uma certa psicadelia.

Nos temas iniciais do disco percebe-se que há uma forte vertente experimental nas guitarras e uma certa soul na secção rítmica, com o restante cardápio instrumental assertivo a fundamentar-se na relação progressiva que o baixo e a bateria constroem, dois excelentes tónicos para  potenciar a capacidade de Lauren em soprar na nossa mente e envolvê-la com uma elevada toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar e que provoca um cocktail delicioso de boas sensações. Essa viola acústica acaba por ter o merecido momento de protagonismo e fulgor na lindíssima Set Fire, uma canção que espreita perigosamente a fronteira do rock progressivo, porque contém os riffs mais assertivos e ruidosos que as guitarras tocam no alinhamento, mas que não sobreviveria sem a delicadeza das cordas que conduzem o edifício melódico. Este tema é um dos meus destaques deste trabalho, um cenário idílico para quem, como eu, aprecia alguns dos detalhes básicos do melhor rock psicadélico.

Silver Currents chega ao ocaso com o baixo pulsante de Time Pilot e com a voz de Lauren a atingir um nível de delicadeza tal que quase se consegue vê-lo a planar diante de nós, enquanto, confortavelmente instalados na nuvem que nos coloca na primeira fila dos nossos desejos mais profundos, nos deixamos envolver pelo assomo de elegância contida e pela sapiência melódica da sua interpretaçao, que nos embala e seduz implacavelmente.

Silver Currents é uma coleção de excelentes composições que, quase sem se dar por isso, apostam numa fusão do indie rock mais melancólico e sombrio com alguns detalhes da folk americana e da pop. A voz pura de Lauren é um trunfo explorado positivamente e ganha um realce ainda maior quando as guitarras algo turvas conjugadas com efeitos sonoros que na instrumental 86velocity parecem de outro mundo, têm a capacidade de proporcionar uma aúrea algo mística e ampliada à mensagem das canções. Ouvir este disco é uma experiência diferente e revigorante e a oportunidade de contatar com um conjunto de canções reproduzidas por um músico que sabe como criar paisagens sonoras que transparecem calma e serenidade, de forma pura e bastante original. Espero que aprecies a sugestão...

Come On

Silver Currents

86velocity

Set Fire

Time Pilot

 

 

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publicado por stipe07 às 20:42

Noiserv - Everything should be perfect even if no one's there

Quarta-feira, 19.11.14

Quase dez anos depois do primeiro concerto em Março de 2005, noiserv acaba de editar Everything should be perfect even if no one's there, o seu primeiro DVD, que acaba por ser uma excelente forma de assistirmos no conforto do nosso lar a um concerto de um dos músicos fundamentais do universo musical nacional. Com um alinhamento de nove canções, onde se escutam vinte e quatro instrumentos tocados por apenas um músico em palco, noiserv pretende comunicar conosco de um modo próximo, expondo sem receios toda a energia e emoção que coloca nos seus espetáculos, ao mesmo tempo que nos questiona sobre aquilo que nos move e faz procurar a perfeição.

Produzido pelo CANAL180 e também possível devido a uma parceria com a Filmesdamente e o Município de Ponte de Lima, o concerto documentado neste DVD foi filmado em março no lindíssimo Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima e regista fielmente o ambiente intimista e caloroso dos concertos da digressão de Almost Visible Orchestra e nos quais noiserv revisitou também algumas das músicas mais conhecidas dos discos anteriores.

 It's easy to be a marathoner even if you are a carpenter foi a canção escolhida para single deste registo ao vivo, gravado com seis câmaras e que foi ao encontro da vontade de noiserv em ter as pessoas mais perto num concerto, tentar encurtar a distância que existe sempre num auditório e registar todos os momentos importantes na sua forma de tocar estas músicas ao vivo.

Como extra, o DVD tem ainda o filme 53 minutes and a few seconds, que regista o processo de montagem de um concerto de noiserv. Dá uma vista de olhos ao sugestivo trailer de Everything should be perfect even if no one's there, adquire o DVD e no final confere a entrevista que o músico me concedeu a propósito deste lançamento fantástico!

 

Na entrevista que me concedeste na altura do lançamento de Almost Visible Orchestra, confessaste que não gostavas de criar expetativas, mas que desejavas muito que as músicas deste disco pudessem fazer parte da vida de algumas pessoas. Mais de um ano e vários concertos depois, estás feliz com tudo aquilo que Almost Visible Orchestra ofereceu à tua vida e à tua carreira e o sucesso do mesmo faz-te sentires realizado?

Sinto-me 100% realizado com este disco, é bom sentir, que mais de um ano depois, quando oiço o disco ainda sinto que não mudava nada, que é assim que faz sentido! Por outro lado o feedback das pessoas tem sido excecional, e se no fundo é para elas que as músicas existem, acho que era impossível ter corrido melhor.

Como acabou por surgir a ideia de editar um dos concertos da digressão de Almost Visible Orchestra em DVD? Foi algo espontâneo, ou já havia a vontade de um dia fazer algo do género?

Sempre tive a vontade de um dia ter um registo ao vivo das minhas canções, e senti que era agora ao fim de 3 discos a altura certa.

Houve algum cuidado especial em termos de produção nesse concerto em Ponte De Lima, ou quem assistiu a espetáculos teus, da mesma digressão, em salas semelhantes, sonoramente não irá notar a diferença?

Os concertos nunca são iguais, e dentro daquilo que os diferencia este é diferente de todos os outros.

Já agora, a que se deveu a escolha do Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima? As caraterísticas da sala pesaram na escolha, ou teve a ver com questões de promoção, nomeadamente o apoio da Câmara Municipal desse Concelho?

A escolha deste teatro deveu-se exclusivamente ao facto de ser para mim uma das salas mais bonitas que temos no País e eu achar que era aí que fazia sentido. Felizmente tive um grande apoio do Municipio o que logisticamente foi muito importante.

Nesse concerto tocas nove músicas, rodeado por vinte e quatro instrumentos, qual one man show. Acredito que já te tenham feito esta pergunta várias vezes, mas não resisto… Como consegues ter controlo absoluto sobre toda a situação e qual foi a fonte da criatividade onde bebeste para conseguires oferecer algo tão bonito e sonoramente tão diversificado e abrangente sozinho?

Conseguir ter controlo sobre tudo, vem de muitos ensaios e de tocar muitas vezes. A fonte de criatividade é uma resposta dificil, as coisas não surgiram de uma só vez, foi algo que foi crescendo ao longo dos tempos, fruto de muita dedicação e vontade, julgo eu.

Desses vinte e quatro instrumentos há assim algum mais curioso, ou que tenha uma história especial que queiras partilhar connosco?

Eu acho que todos eles são especiais, principalmente porque foram todos comprados em locais e alturas diferentes. Tenho por exemplo um pianinho vermelho, muito pequeno, que comprei a um senhor de idade nas ruas de Berlim, quando há uns anos lá fui tocar.

O DVD chama-se Everything should be perfect even if no one's there. Além de ser um título em tudo semelhante ao conceito do nome das canções do disco, há alguma explicação lógica para o mesmo?

Há uma explicação muito forte que se percebe depois de ver o DVD :P, mas não vou revelar para não tirar a surpresa :)!

Ainda sobre o título, procuraste sempre a perfeição nos teus concertos nesta digressão, mais em termos de replicares com exatidão as canções conforme se escutam na versão de estúdio, ou fazê-lo obedecendo ao que idealizaste quando as imaginaste tocadas ao vivo? Em suma, houve momentos em que sentiste necessidade de improvisar no momento, mesmo que o público não tenha notado, ou correu tudo de acordo com o plano pré-estabelecido?

Quando falo em perfeição, é mais na dedicação que quero sempre ter em cada música, posso improvisar um instrumento, ou mudar algo no momento, agora o que procuro sempre que seja perfeito, é a minha dedicação total a quem se deslocou para ir ver um concerto meu.

Admiro a necessidade que sentes de ter o público próximo de ti, o modo como te expões, o grau de proximidade e até o carinho com que nos tratas, não só nos concertos, como nas redes sociais ou diariamente, quando és reconhecido. Como tem sido lidar com a exposição que Almost Visible Orchestra te proporcionou, apesar de já seres, anteriormente, um músico conhecido e reconhecido?

Eu acho que serei eternamente agradecido a todos aqueles que por gostarem do que eu faço, me deixam continuar a fazê-lo. Por isso, dentro de certos limites, acho que as pessoas merecem o carinho que tenho por todas elas, porque na realidade é o que sinto, um enorme agradecimento.

E sucessor? Há planos para voltar ao estúdio? E quanto a isso, volto a encerrar esta entrevista com a mesma questão da anterior… O que te move é apenas o acústico e o experimental ou gostarias no futuro de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico de Noiserv?

O sucessor...pergunta dificil :P! Haverá certamente um sucessor, mas ainda não consigo ter uma previsão, por enquanto vou deixando apenas que as ideias comecem a surgir. O que podemos esperar, nem eu sei bem, só o tempo o dirá, também a mim.

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publicado por stipe07 às 13:16






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