man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Pompeii – Loom
Os norte americanos Pompeii são Dean Stafford, Colin Butler, Rob Davidson e Erik Johnson, um grupo de Austin, no Texas, com já dez anos de carreira e uma reputação importante no cenário indie local. Lançado no passado dia através da Red Eye Transit, Loom é o novo compêndio sonoro dos Pompeii, um trabalho misturado por Erik Wofford (Explosions In The Sky, Okkervil River, My Morning Jacket) em Austin, masterizado por Jeff Lipton (Arcade Fire, Bon Iver, The Magnetic Fields) e que contou com a participação espeical do coletivo Tosca String Quartet em alguns instrumentais do disco.
Com uma escrita maravilhosa e impregnado com soberbos arranjos orquestrais, Loom são pouco mais de quarenta minutos de puro deleite sonoro. Da pop mística e graciosa com um forte cariz sentimental (Celtic Mist), ao indie rock que fez escola em finais do século passado (Frozen Planet), ao mais progresssivo (Blueprint), passando pela típica intimidade da folk americana (Frozen Reprise), escutam-se dez canções envolventes, festivas e grandiosas e que nos permitem aceder a uma outra dimensão musical com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e onde tudo soa utopicamente perfeito.
Loom denota esmero e paciência por parte dos Pompeii, principalmente na forma como acertam nos mínimos detalhes. Das guitarras que escorrem ao longo de todo o trabalho, passando pelos arranjos de cordas, uma percurssão eminentemene orgânica e envolvida por ricos teclados e arranjos majestosos, até à poderosa voz de Dean, simultaneamente dolorosa e magistral, rica e envolvente, belíssima em Sleeper e quase sempre assente numa generosidade criativa, tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do que escutamos tivesse um motivo para se posicionar dessa forma.
O som dos Pompeii é espacial, experimental, psicadélico, barulhento e melódico e há alguns momentos neste disco que comprovam todas estas facetas por si só o que acrescenta à bagagem sonora dos Pompeii novas e belíssimas texturas, que não se desviam do cariz marcadamente experimental que faz parte do ADN do grupo. É fabuloso o modo como Sleeper cresce e se desenvolve, com uma percurssão que à medida que surge da penumbra, vinda de diferente fontes, vai chamando para junto de si um verdadeiro arsenal instrumental orgânico e sintético que explode num final sónico e verdadeiramente emocionante e grandioso. A bateria e o efeito da guitarra em Rescue também permitem esta absorção de diferentes sensações e o contato direto com uma multiplicidade de planos sonoros ganha neste tema uma dimensão superior. E outro instante que merece amplo destaque e audições repetidas devido à forma como plasma o cariz épico, melancólico e grandioso e o alargado leque sonoro destes Pompeii é a batida ácida e cadente de Ekspedition e as cordas em formato acústico de uma viola e um violino que se entrelaçam entre si e com uma linha de guitarra eletrificada, num tema cantado com uma voz em coro, diversos detalhes que conferem à canção um enigmático e sedutor cariz vintage.
Não é preciso chegar ao final do disco para perceber que Loom gira em redor de um sentimento muito específico, mas a voz emocionalmente forte de Dean em Drift, acompanhada por uma guitarra algo dolorosa, é o melhor exemplo que comprova que este é, acima de tudo, um disco de e sobre o amor, onde o orgânico dedilhar das cordas e das teclas foi a pedra de toque para expor sentimentos com genuína entrega e sensibilidade extrema. Esta canção encerra da melhor forma um disco que transporta uma beleza e uma complexidade que merecem ser apreciadas com particular devoção e faze-nos sentir vontade de carregar novamente no play e voltar ao inicio. Espero que aprecies a sugestão...
01. Loom
02. Celtic Mist
03. So Close
04. Frozen Planet
05. Frozen Reprise
06. Blueprint
07. Rescue
08. Ekspedition
09. Sleeper
10. Drift
Autoria e outros dados (tags, etc)
In Tall Buildings - Flare Gun
Natural de Chicago, Erik Hall é o músico e compositor por detrás do projeto In Tall Buildings, que, de acordo com o próprio, compõe inspirado por duas dicas filosóficas, uma de Allen Ginsburg (First thought, best thought) e a outra da autoria de Kurt Vonnegut (Edit yourself, mercilessly). Se a teoria de Ginsburg apela à primazia do instintivo e da naturalidade e da crueza, acima de tudo, já as palavras de Vonnegut parecem instar à constante insatisfação e à busca permanente da perfeição, considerando-se cada criação como algo inacabado e que pode ser alvo de melhorias e alterações.
A música de Erik Hall vive um pouco desta aparente dicotomia, já que quando assina In Tall Buildings propôe e cria paisagens sonoras simples e amenas, de algum modo descomplicadas e acessíveis, mas que não descuram a beleza dos arranjos e um enorme e intrincado bom gosto na forma como constrói as melodias, deixando sempre margem de manobra para que nos possamos apropriar das suas canções e dar-lhes o nosso próprio sentido.
Disponível para audição no soundcloud de In Tall Buildings, assim como outros temas do projeto, Flare Gun é o primeiro avanço divulgado de Driver, o próximo disco do músico, um trabalho que irá ver a luz do dia a dezassete de fevereiro através da Western Vinyl. Este tema está já na minha lista das melhores do ano e isso deve-se à forma particular como as cordas deambulam alegremente pela melodia e dão à canção uma sensação intrincada e fortemente espiritual, um ideal de leveza e cor constantes, como se ela transmitisse todas as sensações positivas e os raios de luz que fazem falta aos nosso dias, agora algo frios e sombrios. Confere...