man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Michael A Grammar - Michael A Grammar
Inicialmente formados por Frankie Mockett e Joel Sayers, uma dupla de amigos de infância que cresceu a ouvir discos dos Radiohead e dos Joy Division, os Michael A Grammar aumentaram o número de elementos da banda e Clémentine Blue e John Davies passaram, entretanto, também a fazer parte do alinhamento do projeto. Este grupo britânico de Brighton, surpreendeu no início do ano com o EP Random Vision e agora chegou finalmente o primeiro longa duração, um espetacular trabalho homónimo, editado através da Melodic Records.
Com algumas histórias estranhas e acontecimentos bizarros a marcar a atualidade da banda, já que um dos membros esteve quase a ser deportado para o país africano de origem e o disco tinha sido dado como perdido quando desapareceu o computador onde estava alojado, os Michael A Grammar lá conseguiram fazer com que estas canções vissem a luz do dia e com elas cerca de uma hora de música magnífica, distribuída por doze temas que nos permitem aceder a uma outra dimensão musical, com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e onde tudo soa utopicamente perfeito.
Gravado em Manchester e produzido pela própria banda, com Frank a tratar do processo de mistura e Joel, Daniel e John a opinarem frequentemente, Michael A Grammar é um trabalho subtil e melodicamente atrativo, já que aposta num som espacial, experimental, psicadélico, barulhento e melódico, que deambula pela pop mais requintada e o rock progressivo cheio de distorções inebriantes, feitas com pedais carregados de reverb e arranjos captados com microfones que foram espalhados pelo estúdio e gravaram alguns sons estranhos, que temas com The Way You Move claramente mostram. Existiu, sem dúvida, um aturado trabalho de produção, nenhum detalhe foi deixado ao acaso e houve sempre a intenção de dar um sentido épico e grandioso às canções, arriscando-se o máximo até à fronteira entre o indie mais comercial e o teste de outras sonoridades, uma receita levada à prática com o firme propósito de criar ambientes sonoros amplos, luminosos e onde a banda projeta inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte em cada canção.
Olhando para o alinhamento de Michael A Grammar, ouve-se canções fáceis e ao mesmo tempo complexas, mas existiu sempre um enquandramento sequencial como se o disco funcionasse como um todo, já que há uma constância dinâmica relativamente ao som que preenche o trabalho. No entanto, isso não impede que existam pontos divergentes entre algumas canções; Se a bateria, o baixo e a voz sintetizada de Suzanna dão à canção um groove peculiar e depois de receber a distorção da guiatrra ela ganha aquela toada que procura uma revisão da psicadelia quando busca pontos de encontro com o rock clássico, já em Upstairs Downstairs percebe-se que o red line nas guitarras é um detalhe importante e que essa opção alinhada com uma percurssão vibrante, é decisiva na demanda pelo verdadeiro som épico, luminoso e expansivo que só o indie rock de cariz mais progressivo consegue replicar e que o longo festim sonoro que é The Way You Move claramente reforça. Se Nature's Child e You Make Me são exemplos clássicos de como o indie rock clássico pode ser hoje animado e dançável e se All Night Afloat e Mondays têm uma especificidade ainda maior quando piscam o olho ao punk rock nova iorquino, já a persistência nos constantes encaixes instrumentais durante a construção melódica, no almofadado conjunto de vozes em eco e nas guitarras mágicas que se manifestam em Upside Down e The Day I Come Alive, olham deliberadamente para o som que foi produzido há umas três décadas e procuram retratá-lo com novidade, mas com os pés bem fixos no presente.
Para o ocaso de Michael A Grammar estava guardado um dos melhores momentos do disco; Na verdade, Don't Wake Me é uma imensa exaltação que talvez de forma inconsciente homenageia os grandes mestres do cenário indie britânico da década de noventa; Os Oasis, os Blur, os Spritualized, os Supergrass, The Verve, The Stones Roses ou os Primal Scream que, entre tantos outros, marcaram uma geração e deixaram uma herança que os Michael A Grammar não descuraram e souberam sabiamente aproveitar, cabem todos no ambiente deste tema.
Michael A Grammar é um portento de grandiosidade, um álbum imenso no modo como se abre para o ouvinte e o presenteia com uma manancial de cores que projetam inúmeras possibilidades sonoras. Incubado por um quarteto que servindo-se de um universo sonoro recheado de várias experimentações e renovações, pretende, acima de tudo, soar poderoso, jovial e inventivo, este disco prova que o indie rock de cariz mais sinfónico e potente ainda tem razão de ser e um elevado potencial criativo ainda por explorar, desde que se torne na pedra de toque primordial da cartilha sonora de quem o pretender replicar e aprofundar. Os Michael A Grammar fizeram-no de um modo tão assertivo que arriscam-se a ter conseguido criar um dos discos essenciais de 2014. Espero que aprecies a sugestão....
01. Upside Down
02. All Night, Afloat
03. Light Of A Darkness
04. King And Barnes
05. The Day I Come Alive
06. Suzanna
07. Upstairs Downstairs
08. The Way You Move
09. Mondays
10. You Make Me
11. Nature’s Child
12. Don’t Wake Me