man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Vagary – Salute
Lançado no passado dia vinte e dois de agosto com a chancela da PIAS, Salute é o registo discográfico de estreia dos holandeses The Vagary, um grupo formado por Thijs Havens, Julien Staartjes, Lukas Verburgt e Bowie Verschuuren. Salute foi misturado por Shai Solan e masterizado por Darius van Helfteren, estando disponível para audição no bandcamp do projeto.
Sustentados pela habitual melancolia que muitas vezes só os grupos do norte da Europa sabem transmitir e donos de um som épico e eloquente, mas que exige dedicação, os The Vagary estream-se nos álbuns com um trabalho que, no entanto, tem as suas raízes no outro lado do Canal da Mancha e do Atlântico. Manchester e Nova Iorque, dois pontos do globo artisticamente muito criativos, são, em momentos diferentes, verdadeiras escolas do universo sonoro algo sombrio e fortemente entalhado numa forte teia emocional amargurada, com Joy Division, no reino de sua Majestade e, duas décadas depois, os Interpol, a darem cartas, mas, com os Gang of Four e, os mais contemporâneos The Strokes e Franz Ferdinand, a serem também, de uma forma mais ligeira, dançável e luminosa, outros nomes a reter de cada um dos dois lados da barricada.
Estes The Vagary parecem apostar nestes importantes faróis no seu processo de criação musical, já que ssentam a sua sonoridade numa mistura de indie pop e indie rock com o punk e o post rock e sem descurar também alguns detalhes da eletrónica, em canções que muitas vezes crescem em emoção, arrojo e amplitude sonora, sempre de forma progressiva, algo que o sintetizador e os efeitos de temas como Mirage ou Young Turks, a versão do clássico de Rod Stewart, claramente comprovam e onde até não falta um piano, bastante inspirado no tema homónimo do disco. Com estas referências como pano de fundo é com naturalidade que se confere em Salute boas letras e belíssimos arranjos, assentes num baixo vibrante adornado por uma guitarra jovial e pulsante e com alguns efeitos e detalhes típicos do rock alternativo e do punk dos anos oitenta.
Come Back, o tema de abertura e single já extraído de Salute, coloca de imediato a nú a zona de conforto sonora estabelecida e pregada pelos The Vagary, que prima por uma composição melódica que procura dar vida a um conjunto volumoso de versos sofridos e sons acinzentados, como se fosse a banda sonora de um desmoronamento pessoal que nos arrasta sem dó nem piedade para o tal ambiente sombrio e nostálgico, mas onde também cabem os jeans coçados escondidos no guarda fatos, as t-shirts coloridas e um congelador a bombar com cerveja e a churrasqueira a arder porque é hora de festa.
Com o registo vocal de Thijs Havens a soar a uma aproximação perfeita a alguns dos nomes de maior relevo do universo indie e muitas vezes a ecoar de forma algo lo fi, Salute carimba uma certa ideia de maturidade de um coletivo que parece caminhar confortavelmente por cenários que descrevem dores pessoais e escombros sociais, com uma toada simultaneamente épica e aberta, fazendo-o demonstrando a capacidade eclética de compôr, em simultâneo, temas com algum teor introspetivo, como Creatures, mas, acima de tudo, verdadeiros hinos de estádio; Além de They Say She's Still Asleep e de Time Machine, duas canções verdadeiramente arrebatadoras, a já referida versão de Young Turks é uma excelente canção para domar multidões sedentas de festa e diversão, fazendo jus ao original, uma das canções mais animadas e festivas da carreira de Stewart.
Salute exige tempo porque se revela a pouco e pouco e só será devidamente entendido após várias e dedicadas audições. É um álbum muito bem produzido e sem lacunas, transversal a várias épocas e espetros sonoros, contém um alinhamento com elevada coerência e sequencialidade, mas é sobretudo um exercício de audição individual das canções. Com ele os The Vagary firmam a sua posição na classe dos artistas que merecem logo na estreia um crédito imenso. Espero que aprecies a sugestão...
01. Come Back
02. Palm Tree Shadow
03. Mirage
04. Whispers
05. They Say She’s Still Asleep
06. Salute
07. Time Machine
08. Creatures
09. Young Turks
10. Tigerstripes
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Orange Cassettes - Go In The Light
Anton Harmony dos Radio 4 e Mod, dos Elefant são a dupla que dá vida aos Orange Cassettes, um projeto que se move com particular mestria na herança do indie rock que fez escola no início deste século quando, em Nova Iorque, as guitarras e o baixo começaram a dar as mãos aos sintetizadores e à eletrónica e a invadir as pistas de dança do mundo inteiro.
Hot Chip, Cut Copy, !!! (chk chk chk), Radio 4, Fischerspooner e LCD Soundsystem são apenas alguns dos nomes mais importantes desse espetro sonoro que tanto sucesso teve há cerca de uma década e que ultimamente vive um pouco na penumbra. No entanto, estes Orange Cassettes parecem dispostos a levar o garage rock novamente nessa direção com assinalável mestria e a dançável e psicadélica Go In The Light é a primeira canção que apresentam com esse firme propósito. Com o lado b intitulado Kids Start To Move, o single é editado hoje através da Ring The Alarm. Confere...