man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Flaming Lips – With A Little Help From My Fwends
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.
Com o virar do século este coletivo ampliou a sua dose de arrojo e passou a rejeitar todas as referências normais do que compreendemos por música, um pouco em contra ciclo com uma imensidão de projetos que com a massificação das formas de divulgação e audição, puseram sempre a vertente mais comercial na ordem do dia. É um fato assumido várias vezes pelo próprio Wayne Coyne que não existe uma lógica sonora nos discos mais recentes dos The Flaming Lips, mas a verdade é que, na minha opinião, ninguém pode colocar em causa a excelência de álbuns como Embryonic (2009) e The Terror (2013), principalmente no modo como conseguiram criar algo simultaneamente estranho e genuíno. Mas, no fundo, um conhecedor profundo dos The Flaming Lips, não terá dificuldade em afirmar que The Terror foi mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e que With A Little Help From My Fwends, o novo registo do coletivo, é uma consequência lógica de todo este asservo único e peculiar, que resulta geralmente da consciência que Coyne tem das transformações que abastecem a música psicadélica atual e que também inclui lançamentos limitados de parcerias completamente aleatórias, não só com o seu sobrinho, o líder dos Stardeath And White Dwarfs, mas também já com Kesha, Nick Cave, Tame Impala ou Neon Indian, entre tantos outros. Finalmente, há também uma lógica de continuidade clara pela sequência do que já tinham feito com o clássico The Dark Side Of The Moon dos Pink Floyd, em 2009.
Com o propósito de servir a obtenção de donativos para The Bella Foundation, uma organização em Oklahoma que fornece tratamento veterinários a animais de pessoas que não os podem pagar, este novo trabalho dos The Flaming Lips mantém, naturalmente, a habitual estratégia da banda de construir um alinhamento de vários temas, mas que funcionam como uma espécie de tratado de natureza hermética, onde esse bloco de composições não é mais do partes de uma só canção de enormes proporções.
Os The Flaming Lips não se cansam de quebrar todas as regras e até de desafiar as mais elementares do bom senso que, no campo musical, quase exigem que se mantenha intocável a excelência. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o clássico dos Fab Four de sessenta e sete, é um marco incontornável da história não só da música como da própria cultura popular e, procurando fazer uma espécie de paralelo que talvez ajude a explicar o impacto deste passo do coletivo de Oklahoma, With A Little Help From My Fwends é quase como um Carl Sagan ou um Franz Kafka convidarem meia dúzia de amigos e resolverem reescrever todos juntos os livros da Bíblia de acordo com a sua própria imaginação, mesmo que sem descurar, pelo menos, alguma da essência dos mesmos.
Com as participações especiais de nomes tão controversos e díspares no género de música que é usual replicarem, como My Morning Jacket, Moby, Miley Cyrus, Electric Wurms ou Phantogram, With A Little Help From My Fwends é composto, principamente, por composições atmosféricas com marcas sonoras relacionadas com vozes convertidas em sons e letras que praticamente atuam de forma instrumental e tudo é dissolvido de forma tão aproximada e homogénea que estas treze canções, como todos os discos deste grupo, estão longe de revelar todos os seus segredos logo na primeira audição.
Quem estiver à espera de escutar covers e versões parecidas com os originais dos Fab Four, desengane-se, porque o objetivo foi homenagear o clássico e não reproduzi-lo. O conceito andou mais em redor de uma ideário teatral, como se a ideia fosse recriar uma espécie de ópera espacial que, à medida que avança, vai competindo consigo própria, de modo a soar ainda menos natural e convencional. No entanto, há que realçar que os diferentes convidados preservaram algum do ADN intrínseco à carreira de cada projeto e artista, tendo todos aceite alinhar nesta parada psicotrópica de forma explicitamente aberta ao experimentalismo tão caro aos The Flaming Lips, mas sem colocarem em causa a sua própria integridade sonora ou descurar a sua essência. Temas como Getting Better (com Dr Dog, Morgan Delt e Chuck Inglish), Within You Without You (com Birdflower e Morgan Delt) e o reprise do tema homónimo (com os Foxygen e Ben Goldwasser dos MGMT), foram os que melhor conseguiram o intuíto de alterar radicalmente a percepção da canção original e permitir desde logo a identificação dos autores das versões, enquanto tudo soa de um modo particularmente assertivo.
Miley Cyrus teve a oportunidade de participar em dois dos temas mais relevantes deste trabalho e, na verdade, a partir de hoje estas são as minhas duas canções preferidas desta artista, o que, por si só, mostra as virtudes da sua participação.
Bastante ambicioso, totalmente bizarro, em alguns momentos ridículo, objetivamente polémico e certamente controverso, With A Little Help From My Fwends é um disco que não pode nunca ser analisado isolado da restante discografia dos The Flaming Lips e do seu percurso mais recente. Nele, Coyne comportou-se como um elefante numa loja de porcelana e depois, ainda se sentou no meio dela e tentou juntar os cacos com a ajuda de vários amigos que trouxeram, cada um deles, a sua cola para voltar a juntar as várias peças. É um disco que vale pelo arrojo, incomoda em determinados instantes da audição, mas é genial no modo como consegue fazer aquilo que no fundo Wayne Coyne deseja; Chamar os holofotes para junto de si e arranjar alguns trocados para uma das várias fundações que têm a sorte de poderem contar com o seu lado mais filantropo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Feat. My Morning Jacket, Fever The Ghost, And J Mascis)
02. With A Little Help From My Friends (Feat. Black Pus, And The Autumn Defense)
03. Lucy In the Sky With Diamonds (Feat. Miley Cyrus And Moby)
04. Getting Better (Feat. Dr. Dog, Chuck Inglish And Morgan Delt)
05. Fixing A Hole (Feat. Electric Wurms)
06. She’s Leaving Home (Feat. Phantogram, Julianna Barwick And Spaceface)
07. Being For The Benefit Of Mr. Kite! (Feat. Maynard James Keenan, Puscifer And Sunbears!)
08. Within You Without You (Feat. Birdflower And Morgan Delt)
09. When I’m Sixty-Four (Feat. Def Rain And Pitchwafuzz)
10. Lovely Rita (Feat. Tegan And Sara And Stardeath And White Dwarfs)
11. Good Morning Good Morning (Feat. Zorch, Grace Potter And Treasure Mammal)
12. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club (Reprise) (Feat. Foxygen And Ben Goldwasser)
13. A Day In The Life (Feat. Miley Cyrus And New Fumes)
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The Medicine - 1975
O produtor Zane Lowe está a reescrever Drive, já um clássico do cinema de Hollywood, apesar de ter sido realizado recentemente, em 2011, pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn.
Os britânicos The 1975 acabam de revelar a sua contribuição para a banda sonora do filme, com o tema Medicine. Confere a canção e uma citação do líder da banda acerca do projeto.
After we stole him we made our way from Los Angeles through the Californian desert to Las Vegas. Drowning my sorrows and (narrowly) avoiding conflict from many directions..... I sat down with Jim (Zane Lowe's Producer) and he began to explain to me how he was in the process of re-scoring a movie and did we want to be involved. The film in question was the modern classic ‘Drive’. So of course my answer was ‘yes’. We wrote Medicine for our chosen scenes. Medicine, it’s title and sentiment, goes all the way back to the original The 1975 project that was based in my bedroom. It’s a new piece of music informed by the genesis of our band and our love for ‘Drive’ as a film. Having the opportunity to re-score a movie of which we were already so familiar provided us with a sense of knowing and allowed us to be slightly more introspective than we maybe would have been approaching something unknown. The movie itself plays with the duality of resignment and hope - and this is most obvious and stirring in the scenes we chose to score. The song is a testament to that same idea and has in turn become one of our most personal and best loved pieces of music to date. I won’t delve into what the song is about lyrically because frankly I want to put those ideas to bed; but being provided with the context in which Medicine came to be, it allowed the song to become a mausoleum for those ideas, captured, diverted and frozen forever. Which is pretty cool x
Matthew Healy