man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
VLMA - VLMA
Os VLMA (pronuncia-se Velma) são uma dupla norte americana oriunda de Ellicot City, no estado de Maryland, formada por Travis Kuncl (voz e baixo) e Alex Velle (guitarra). Apostam num indie rock lo fi de garagem, com fortes ligações ao grunge, com os Nirvana, por exemplo, a serem uma influência assumida, mas também os Fidlar ou os Mudhoney. VLMA é o trabalho mais recente da dupla, um disco homónimo editado a vinte e oito de outubro, em formato digital e em cassete, através da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
VLMA são oito canções cheias de guitarras carregadas de riffs poderosos, cheios de fuzz e distorção, mesmo na balada Flies. É um trabalho que tem todos os ingredientes que um disco deve conter para não passar despercebido e fazer mossa em todos aqueles que apreciam o rock que começou a surgir na década de sessenta e o grunge, que para uns é um género próprio e para outros uma derivação mais crua e alternativa do rock e que fez escola no início da última década do século passado. Mas além do rock clássico e do grunge, o punk também é aqui um elemento essencial, não só no cariz lo fi e cru da produção, como na voz, sempre intensa e visceral, de Travis.
Num alinhamento enérgico e gravado e produzido de modo totalmente analógico, sem recurso a computadores, apenas com a ajuda de uma máquina caseira de reverbs e um gravador de cassetes Otari mx5050, com cerca de trinta anos, além dos instrumentos, os VLMA não complicam e incorporam acordes e ditorções e ritmos rápidos, detalhes sonoros que entram facimente na nossa mente, arrepiam a espinha e que dão vontade de gritar, dançar e deitar cá para fora toda a energia acumulada.
Thumb Bucket e Slime são os dois maiores destaques de VLMA, principalmente o primeiro tema, que sobrevive numa espécie de mistura entre grunge e blues, mas os restantes temas não se afastam da toada. Aliás, todo o disco parece ter sido gravado de uma só vez, como se tivesse resultado de uma longa e ininterrupta jam session; As próprias interrupções que se escutam, as pausas e quebras de ritmos, dão uma maior ideia de autenticidade ao trabalho e a perceção que estamos perante o próprio grupo a tocar enquanto escutamos o álbum. Frequentemente o ritmo acelera, o amplificador bate facilmente o red line e uma vontade compulsiva de mochar invade-nos instantaneamente. No entanto, impressiona o virtuosismo dos músicos e nota-se que, além de serem excelentes intérpretes, existe uma enorme empatia e sincronização no seio dos VLMA.
Em VLMA e nos VLMA há atitude e talento. Estamos na presença de dois músicos exímios e capazes de nos levar numa viagem sonora enérgica e que nos permite perceber e sentir o que de melhor se faz atualmente no campo do rock. Espero que aprecies a sugestão...
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I Love You But I’ve Chosen Darkness – Dust
Em 2006, os I Love You But I've Chosen Darkness, uma banda norte americana oriunda de Austin, no Texas, estreou-se nos discos com Fear Is On Our Side, um compêndio de rock sombrio e com um elevado pendor gótico. Depois disso nunca mais deram notícias nem lançaram qualquer trabalho. Agora, oito anos depois, estão de regresso com Dust, uma coleção de dez canções que viu a luz do dia no passado mês de outubro através da Secretly Canadian, produzida por Paul Barker.
Banda com um dos nomes mais curiosos de sempre, os I Love You But I've Chosen Darkness criam um clima sonoro que nos leva numa viagem espiritual, convidando-nos a usufruir de instantes que não deixando de ser ruidosos, assentam num excelente registo introspetivo que mostra muito do código genético de um projeto que tem colado a si, como seria de esperar, o indie rock de cariz mais alternativo e que aposta no revivalismo de outras épocas, nomeadamente os primórdios do punk rock mais sombrio que fez furor nos finais da década de setenta e início da seguinte, com nomes como os Joy Division, os The Chameleons, ou os Cure à cabeça. O single Faust, a canção que abre o disco com notável vigor e convicção, mostra uns I Love you But I've Chosen Darkness entalhados numa forte teia emocional amargurada, mas também dançável e luminosa, não faltando outros exemplos de canções que muitas vezes crescem em emoção, arrojo e amplitude sonora, casos da melancólica Stay Awake ou de The Sun Burns Out, temas que transportam consigo uma considerável carga emocional, à qual é difícil ficar indiferente.
Acaba por ser com a maior naturalidade que se confere em Dust boas letras e belíssimos arranjos, assentes numa guitarra jovial, pulsante e disponível a criar diferentes efeitos, um baixo vigoroso e uma percussão diversificada e sempre pronta a dar o andamento certo ao clima e à mensagem que cada tema exala. Escuta-se a bateria em 69th Street Bridge e procura-se estabelecer uma comporação com a sua performance no single do álbum ou em The Sun Burns Out e fica claro a ampla capacidade das baquetas em abarcar diferentes ritmos e abraçar uma postura interpretativa diversificada.
Estes I Love You But I've Chosen Darkness são um coletivo que parece caminhar confortavelmente por cenários que descrevem dores pessoais e escombros sociais, com uma toada simultaneamente épica e aberta, fazendo-o demonstrando a capacidade eclética de compôr, em simultâneo, temas com algum teor introspetivo, como Heat And Up ou Safely, ou a experimental You Are Dead To Me, mas também verdadeiros hinos de estádio, como são Come Undone e Walk Out, esta uma canção onde a guitarra melhor transmite a sua forte personalidade e a capacidade altíssima que esta banda possui de conduzir e projetar melodicamente diferentes arranjos e distorções.
Dust é um álbum pleno de sentimento, com uma carga emotiva muito específica. Instrumentalmente faz uma verdadeira ode às cordas eletrificadas, com variações, ruídos e efeitos variados e, desse modo, ao indie rock expressivo e anguloso, neste caso muito bem produzido e sem lacunas, transversal a várias épocas e espetros sonoros e que ganha vida através de um alinhamento concebido com elevada coerência e sequencialidade. É de saudar o regresso à vida deste coletivo texano, principalmente quando o fazem embarcando numa demanda pelo verdadeiro som épico, luminoso e expansivo que só o indie rock esmerado e paciente que debitam consegue replicar. Espero que aprecies a sugestão...
01. Faust
02. Stay Awake
03. Heat Hand Up
04. Safely
05. Come Undone
06. Walk Out
07. You Are Dead To Me
08. 69th Street Bridge
09. The Sun Burns Out
10. WAYSD
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dEUS – Selected Songs 1994 – 2014
Oriundos de Antuérpia, os dEUS de Tom Barman fazem parte da minha existência há duas décadas e este é, se calhar, o momento certo de ambos fazermos o balanço dos laços que nos unem e do nível de afinidade que persiste entre grupo e fã convicto e dedicado, como acho que sou relativamente a este coletivo belga. Selected Songs 1994 - 2014, a coletânea que o grupo lançou no passado dia vinte e quatro deste mês é, claramente, a melhor forma de saldar contas, reavivar memórias e paixões e de voltar a incendiar o peito ao som de algumas das canções mais memoráveis que escutei e que são indissociáveis de alguns dos acontecimentos e instantes mais significativas das minhas últimas duas décadas.
Há muitas bandas em relação às quais, devido à consistência e linearidade sonora da sua carreira, merecem todos os elogios que possam ser dispensados e os dEUS, mesmo não tendo estado particularmente dispostos, ao longo da carreira, a grandes inflexões sonoras, também devido à forte liderança de Tom Barman, apesar de algumas mudanças no plantel, sempre agradaram e contam no seu cardápio com alguns verdadeiros clássicos e referências do indie rock alternativo contemporâeno.
A caminho dos cinquenta anos, Tom Barman continua a ser o principal compositor e a escrever letras impressionantes, descritas sonoramente com extrema devoção, que começa calma e amiúde transfigura-se numa viagem mais tensa e raivosa, quase sempre através da avidez vocal de uma personagem incontornável do universo indie. Instrumentalmente, estes belgas sabem fazer músicas climáticas, estruturalmente bem arranjadas, com pianos e violinos e frequentemente provam que no seu som nem tudo depende apenas do baixo, da guitarra e da bateria. É verdade que a guitarra tem, geralmente, o assento vip nas pistas da mesa de mistura, amiúde com uma certa fúria centrada em riffs e distorções que produzem acertos musicais, mas depois combinam frequentemente com detalhes tão preciosos como buzinas, teclas de um piano, o sintetizador, o xilofone e o violino, arranjos que dão impulso às músicas e emitem em algumas delas um forte sentimento orquestral.
Selected Songs 1994-2014 é, como se diz na gíria futebolísatica, uma convocatória feita por um treinador altamente experimentado, que deixa pouca margem para contestação, mesmo no seio do seu grupo e que agradará certamente aqueles que sempre se sentiram atraídos por dEUS devido à forma como distorceram as guitarras para a criação de tratados sonoros capazes de pôr a dançar e fazer vibrar grandes multidões, assim como também é certeira no modo como contém temas com uma elevada carga melancólica e introspetiva, capazes de derreter o coração mais conformado.
Em dois volumes, com o primeiro a conter os temas mais épicos e ruidosos e o segundo com as composições mais delicadas e comtemplativas, dos hinos 7 Days, 7 Weeks e Instant Street, a última uma música muito fácil de se gostar, bastante alegre e de uma simplicidade verdadeiramente apaixonante, que se esborracha num final extasiante e verdadeiramente caótico, a The Magic Hour, um instante contemplativo verdadeiramente delicioso, passando pelas épicas Dream Sequence #1 ou Disappointed In The Sun, e as viscerais e monumentais Roses, Suds And Soda, The Architect ou Via, vão a jogo todos os trunfos e o melhor plantel que os dEUS têm para nos oferecer, com uma tática amadurecida com vinte anos de estrada e oito extraordinários discos, exemplarmente documentados na capa da coletânea. Espero que aprecies a sugestão...
CD 1
01. Instant Street
02. The Architect
03. Little Arithmetics
04. Constant Now
05. Hotellounge (Be The Death Of Me)
06. Slow
07. Roses
08. Via
09. Quatre Mains
10. Fell Off The Floor, Man
11. Sun Ra (Live At A38 Budapest, 03.03.2012)
12. Suds And Soda
13. Theme From Turnpike
14. Ghost
15. Bad Timing
CD 2
01. The Real Sugar
02. Nothing Really Ends
03. Serpentine
04. Magic Hour
05. Eternal Woman
06. Right As Rain
07. Include Me out
08. 7 Days, 7 Weeks
09. Nothings
10. Wake Me Up Before I Sleep
11. Smokers Reflect
12. Secret Hell
13. Magdalena
14. Disappointed In The Sun
15. Twice (We survive)
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Star Wars: The Force Awakens Trailer #1
Terminou a espera... Finalmente foram divulgadas as primeiras imagens de Star Wars Episode VII - The Force Awakens, filme realizado por J.J. Abrams e que tem como data prevista de estreia, dezembro de 2015.
Em cerca de minuto e meio podemos deliciar-nos com os novos X-wings, as novas fardas e equipamento dos stormtroopers e uma sequência em que o Millennium Falcon combate TIE fighters enquanto sobrevoam um deserto.
A sequência começa com a personagem interpretada por John Boyega, possivelmente um dos novos heróis do filme, vestido de stormtrooper e depois surge um pequeno droide numa espécie de parque de material aoeronaútico desativado.
De seguida, os novos stormtroopers, completamente equipados, são largados em local desconhecido por uma nave de transporte e a personagem interpretada por Daisy Ridley surge em cima de um veículo inédito, deslocando-se em pleno deserto.
Finalmente, um piloto interpretado por Oscar Isaac surge no cockpit de um X-wing Starfighter e depois uma esquadrilha completa sobrevoa, a baixa altitude, um lago. De seguida, o dramatismo aumenta com a sequência de combate entre o Milleniun Falcon e os TIE Fighters e o trailer termina com uma figura sombria, no meio de uma floresta gelada, possivelmente Luke Skywalker, que murmura The dark side... and the light, empunhando um sabre de luz idêntico a uma espada medieval.
É possível fazer várias conjeturas acerca do enredo a partir deste trailer e a mais sombria é imaginar Luke no lado negro da força. Será? Que achas do trailer e que hipóteses colocas para a história?
- Ficha Técnica:
- Realizador: J.J. Abrams
- Produtores: Kathleen Kennedy, J.J. Abrams e Bryan Burk
- Argumento: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams
- Atores: John Boyega, Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, Andy Serkis, Lupita Nyong’o, Gwendoline Christie, Domhnall Gleeson, Max von Sydow, Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Anthony Daniels, Peter Mayhew, Kenny Baker
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Walter Benjamim - We might never fall in love
Luis Nunes é português, viveu em Londres mas atualmente instalou-se algures no Alentejo e é também Walter Benjamim, nome de um filósofo alemão do início do século passado e o alibi perfeito para Luis escrever sobre o que intencionalmente quiser e poder assim, como já li algures, criar um mundo imaginário onde tudo é perfeito, o amor não dói e o coração não se parte.
No entanto, parece que esse mundo chegou ao ocaso já que Walter Benjamin anunciou recentemente que vai dar o tiro final na sua carreira cantada em inglês, fazendo-o com a edição de um single, disponivel exclusivamente para download na página de bandcamp do músico. Drive Anyway e We might never fall in love são os dois temas do single e estava previsto que o primeiro fizesse parte de Robots, um disco em que Luis trabalhava com o amigo Jakob Bazora e o segundo, o tema principal, é uma nova versão de uma canção originalmente lançada em 2008 no álbum The National Crisis, editado pela extinta netlabel Merzbau. Esta nova roupagem do tema conta com convidados de luxo, nomeadamente todos os membros dos You Can't Win Charlie Brown, colegas de editora Pataca, Afonso Cabral, Salvador Meneses, Tomás Franco Sousa, João Gil, Raquel Lains, Luís Costa (e a namorada Carina Costa) e David Santos (também conhecido como Noiserv), além da presença da banda de sempre: João Correia (bateria) e Nuno Lucas (baixo). É, como não podia deixar de ser, uma celebração entre amigos.
Os temas são dois belíssimos momentos sonoros assentes numa sonoridade melancólica e que nunca azeda, que naturalmente nos faz sorrir, mesmo que a tristeza nos trespasse por significarem o epílogo de um projeto que teve como momento alto a edição do fantástico disco The Imaginary Life Of Rosemary And Me.
No próximo dia doze de Dezembro será o encerramento oficial das hostilidades de Walter Benjamim com um concerto no Lux, em mais uma noite Black Baloon, um espetáculo que começa às 23:00 e acaba quando o Lux fechar as portas com um DJ set de Pedro Ramos, Quem és tu Laura Santos? e do próprio Walter.
Luis Nunes tem trabalhado recentemente em discos de músicos e bandas como Éme, TAPE JUNk ou Pedro Lucas. Em breve irá anunciar um novo projecto, com outro nome e numa língua mais materna. Confere os dois temas que marcam a despedida de Luis Nunes do projeto Walter Benjamim e a entrevista que o músico me concedeu acerca deste momento marcante da sua carreira artística.
Depois de te ter entrevistado há já mais de dois anos devido a The Imaginary Life Of Rosemary And Me, o que mudou tanto na vida de Luis Nunes para ele resolver colocar um ponto final no alter ego Walter Benjamim?
Aconteceram tantas coisas. Mudei-me de Londres para a vila de Alvito, no meio do Alentejo. Acho que essa foi a mudança mais radical que fiz na vida, agora vivo no campo e vou de vez em quando a Lisboa aos fins-de-semana ou quando vou tocar. Eu já sabia que isso implicaria acabar com o Walter. Já estou cansado de escrever em inglês, fez sentido enquanto vivia noutro país. Agora quero escrever sobre o que me rodeia, sobre a nossa realidade específica, sobre as pessoas que vejo todos os dias e os sítios que vou descobrindo. Só posso fazer isso de maneira plena na minha língua. É difícil porque a música é obrigatoriamente diferente e exige pôr-me à prova. É voltar a aprender a escrever canções, é como nascer outra vez. Essa é a razão, vou acabar com o nome porque não faz sentido ter um nome em inglês e cantar em português. Continuo a ser a mesma pessoa, só a atravessar uma nova fase.
A despedida do Walter é feita com a edição de um single com dois temas. Não haveria mais material para editar pelo menos um EP? E a que se deveu a escolha destas duas canções?
Tenho canções gravadas para um álbum inteiro. O problema é que teria que misturar tudo, regravar coisas, cantar tudo outra vez. Não me apetece nada, não faz sentido dedicar mais dois meses da minha vida a algo que já não vai acontecer. Escolhi estas duas canções porque eram representativas de algo importante. Não havia uma boa versão gravada da We Might Never Fall In Love, que é uma das músicas mais emblemáticas do Walter. A outra é uma canção que gravei em Londres com um amigo meu muito especial, o Moritz Kerschbaumer, com quem estava a gravar um disco no nosso estúdio, que era no meu quarto. Nunca foi acabado e achei que era importante incluir essa fase na minha vida na despedida, teria pena se esse período não tivesse ficado representado.
Pessoalmente, por ter gostado tanto do teu disco de estreia, confesso um certo desapontamento por saber que não vai haver sucessor. Robots era esse segundo disco da vida de Walter Benjamim? Porque não foi concluído?
Esse disco (da qual foi tirado Drive Anyway) era uma experiência constante. Eu e o Moritz passámos um ano a gravar coisas praticamente todos os dias, era um monstro. Um dia eu disse-lhe que ia para Lisboa e foi um choque para todos, deixei o disco pendurado. Não houve tempo para o acabar, infelizmente.
A despedida oficial de Walter Benjamim é no mítico Lux, já a doze de dezembro. Além dos convidados, há mais alguma surpresa na manga? Quais são as tuas expetativas para essa noite de celebração?
Eu estou a encarar todos os músicos que vão tocar como membros de uma banda definitiva. O Moritz vem de propósito de Londres, o que, como calculas, me deixou extremamente feliz. Eu quero fazer este ponto final rodeado de amigos, essa é a surpresa na manga. Quero que as pessoas se deixem levar pelas canções e dançar a noite toda.
Tens trabalhado recentemente em discos de músicos e bandas como Éme, TAPE JUNk ou Pedro Lucas e em breve irás anunciar um novo projecto, com outro nome e numa língua mais materna. Já podes adiantar algo mais? Como vai ser a tua vida profissional depois de acordares no próximo dia treze de dezembro?
Vou acordar violentamente ressacado, espero eu. A vida profissional não muda muito, o Walter Benjamin não é propriamente algo que gere uma fortuna. Eu tento fazer várias coisas que me entusiasmam, tento equilibrar tudo. Estou a fazer um disco em português, estou a escrever canções, estou entusiasmado. Mesmo que o disco seja uma merda, estou entusiasmado como não estava há muito tempo.
Obrigado pela entrevista e, principalmente, pela tua música!
Obrigado eu. Abraço.
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Cold War Kids – Hold My Home
Os norte americanos Cold War Kids regressaram recentemente aos discos com Hold My Home, um trabalho que viu a luz do dia no passado mês de outubro por intermédio do selo Downtown, em parceria com a Sony RED. Esta banda de Silverlake, na Califórnia, tinha-se destacado com Dear Miss Lonelyhearts, o registo discográfico anterior, e este sucessor, produzido por Lars Stalfors e os próprios Cold War Kids, era aguardado também por mim com enorme expetativa.
Disco alegre e expansivo, à custa de emoções fortes embrulhadas em temas simples, adornados com enorme versatilidade e um elevado pendor pop, Hold My Home está longe de se abrigar apenas à sombra de canções melódicas convencionais e reforça o brilho raro de uma banda enérgica e com enormes qualidades intrínsecas, que vêm logo à tona no primeiro single escolhido do trabalho. All This Could Be Yours é um luminoso tratado de indie rock, feito com uma percussão imponente e uma melodia contagiante e uma escolha feliz para uma banda que tem também no seu horizonte conseguir atingir um público vasto e cimentar uma forte base comercial, algo que esta canção poderá propiciar. Aliás, o video já divulgado do tema, onde se vê a modelo Polina Barbasova a passear à noite nas ruas de Londres, de forma apelativa e até hedonista, ao mesmo tempo que se cruza com detalhes físicos com uma simbologia apelativa, em imagens às vezes a preto e branco e de forte apelo sexual, diz tudo sobre o modo incisivo como os Cold War Kids querem conquistar o seu espaço num meio fortemente competitivo.
Mas Hold My Home não é apenas e só All This Could Be Yours e há outras composições que merecem uma audição atenta. Temas como First ou Hot Coals acabam por se situar também na permissa sonora do single, feitos com a envolvência dos teclados a cruzar-se de modo sagaz com guitarras que mudam constantemente de sonoridade e distorção e com o ritmo sempre bem marcado da bateria a ser o complemento ideal destes dois edifícios sonoros enérgicos e intencionalmente meticulosos. Já a tensão que os coros e o solo de guitarra criam na melodia de Drive Desperate, comprovam que há espaço de manobra na capacidade inventiva da dupla para um futuro que tente outras nuances do indie rock de cariz mais experimental.
Além da aposta em melodias aditivas e pegajosas, feitas com uma coleção irrepreensível de sons inteligentes e solidamente construídos, que nos emergem em ambientes carregados de batidas e ritmos, outro trunfo que poderá levar os Cold War Kids a conseguirem os seus intentos é, sem dúvida, o excelente desempenho da voz de Nathan, cujo charme e irrequietismo constantes se posicionam sempre de modo irrepreensível perante os desafios que as melodias colocam. Go Quietly é a canção onde se sente melhor os tempos e o espaço em que a voz se posiciona, atingindo aí o topo qualitativo da performance neste disco, com especial ênfase nos momentos da canção em que acompanha os coros e deles sobressai com intensidade e elevada emotividade.
Disco sem cantos escuros, Hold My Home é um álbum poderoso e orquestral, proposto por uma dupla que certamente procura, através da música, fazer refletir aquela luz que não se dispersa, mas antes se refrata para inundar os corações mais carentes de uma luminosidade sonora que transmita energia. Sem serem demasiado complicados no momento de criar sons e melodias intrincadas, os Cold War Kids expoem de modo particularmente epxlosivo canções que fluem naturalmente e trazem, em alguns momentos, aquela felicidade incontrolável e contagiante que todos nós procuramos. Espero que aprecies a sugestão...
01. All This Could Be Yours
02. First
03. Hot Coals
04. Drive Desperate
05. Hotel Anywhere
06. Go Quietly
07. Nights And Weekends
08. Hold My Home
09. Flower Drum Song
10. Harold Bloom
11. Hear My Baby Call
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Warehouse - Omission
No passado mês de julho os Warehouse, uma banda indie de Atlanta, na Georgia, editaram, em nome próprio, Tesseract, o seu registo de estreia, que recordo ter feito parte da minha banda sonora de um determinado período do último verão. Entretanto, Dustin Payseur, dos Beach Fossils e Katie Garcia da Captured Tracks, anunciaram o lançamento de uma nova etiqueta chamada Bayonet Records e que Tesseract, dos Warehouse, será um dos primeiros álbuns do seu cardápio, estando previsto o próximo mês de março como data de novo lançamento do disco, mas agora com o novo selo. Já agora, os Red Sea e os Frankie Cosmos são outros dois projetos já confirmados na nova editora.
Omission é o primeiro single que será retirado deste novo lançamento de Tesseract, uma canção surpreedente, sustentada por várias camadas de ruídos, enquanto a voz rouca de Elaine Edenfield, vocalista dos Warehouse, grita e passeia livremente por uma melodia enérgica, rugosa e incisiva. Confere...
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YACHT - Where Does The Disco? EP
Compositores, escultores, filósofos, ativistas e músicos, os YACHT (Young Americans Challenging High Technology) são um projeto concetual sedeado em Los Angeles, mas consideram Marfa, no Texas, a sua casa espiritual. No entanto, o projeto nasceu em 2002, em Portland, sendo nesta espécie de utópico triângulo das Bermudas em pleno Oeste dos Estados Unidos da América que se move um grupo que começou por servir como um veículo para Jona Bechtolt, que escreve sobre ciência, cultura e tecnologia num blogue chamado Universe, divulgar o seu trabalho em diversas áreas, qe vão da pesquisa científica à música, obviamente. Em 2008 Claire L. Evans juntou-se a Jona e já foi juntos que gravaram e publicaram em 2009 o aclamado See The Mystery Lights, na tal localidade texana chamada Marfa, ao qual se seguiu, em 2011, Shangri-la, um disco sobre a utopia, a distopia e tudo o que fica no meio. Entretanto, Bobby Birdman e Jeffrey Brodsky, amigos de Jona e Claire, já se juntaram aos YACHT, compondo a banda nas atuações ao vivo.
Com cinco discos já lançados através de editoras tão proeminentes como a DFA Records, a Marriage Records, ou a States Rights Records, onde se estrearam, os YACHT são já considerados como uma das bandas norte americanas mais criativas, principalmente por causa dos concertos, tendo já tocado em lugares tão díspares como museus, galerias de arte, barcos, casas de banho e até numa zona rural da China e das remisturas inconfundíveis, tendo já desmantelado canções de Snoop Dogg, Kings of Leon, Phoenix, Neon Indian, Stereolab, RATATAT, Classixx e muitos outros.
Um Ep com quatro temas chamado Where Does The Disco? é a mais recente novidades dos YACHT, com a última canção do alinhamento a ser uma remistura da autoria de Jerome LOL do tema homónimo, que fala sobre o amor e os CDs (Compact Disc). Assente numa batida retro sintetizada, com efeitos que disparam em diferentes direções e com um timbre sintético na voz que lhe dá uma toada que tem tanto de sexy como de robótico, Where Does The Disco? parece ser a banda sonora perfeita para uma odisseia espacial, congeminada algures no início da década de oitenta e do período aúreo do disco sound. A viagem interestelar continua em Works Like Magic, que avança agora cerca de duas décadas, até aquele período em que no início deste século, em Nova Iorque, as guitarras e o baixo começaram a dar as mãos aos sintetizadores e à eletrónica e a invadir as pistas de dança do mundo inteiro. O tema fala do fascínio que a tecnologia e a realidade virtual provocam no ser humano e como existe uma ligação estreita entre sexo e a tecnologia; We argue that sex and technology coexist in our present: we touch, we push buttons, we seek intimacy in screens. When we connect, it works like magic, afirmou recentemente Jona sobre o tema.
Terminal Beach é uma canção diferente das antecessoras. Mantêm-se os flashes de efeitos vários, mas aqui é o indie rock quem mais ordena, feito com guitarras acomodadas em diversas camadas, uma melodia orelhuda, uma bateria bem marcada e uma postura vocal a fazer recordar divas dos anos setenta como Blondie ou Debbie Harry. O resultado final é um verdadeiro e imenso hino indie rock.
Quanto à remistura do tema homónimo do disco da autoria de Jerome Lol, o autor confere um ambiente mais negro e místico ao tema, quando amplia a percussão, dando-lhe uma tonalidade algo grave, acentuada por alguns elementos novos como o som de xilofones e da bateria.
Neste EP os YACHT continuam a dar vida à fusão única que alimentam entre o talento musical que possuem e o mundo tecnológico, propondo mais um punhado de canções que exploram a eletrónica e o indie rock de modo a serem simultaneamente abrangentes, versáteis e acessíveis ao grande público, sempre com as pistas de dança debaixo de olho. Where Does The Disco? está disponivel atualmente apenas no formato digital, através da Downtown Records, mas haverá uma edição especial física, à venda durante a próxima digressão da banda que se irá chamar Where Does This Disco? Tour. Confere...
Where Does This Disco
Works Like Magic
Terminal Beach
Where Does This Disco (Jerome LOL Remix)
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Grand Vapids - Kilns
Oriundos de Athens, na Georgia, localidade onde nasceram os incomparáveis R.E.M. e formados por Austin Harris, McKendrick Bearden, Chris Goggans e Paul Stevens, os norte americanos Grand Vapids preparam-se para se tornar numa das novas coqueluches do universo musical indie devido a Guarantees, o disco de estreia do projeto, que vai ver a luz do dia a vinte de janeiro atravé da Mumblecore e que é produzido por Drew Vandenberg.
Disponivel para download gratuito, Kilns, o primeiro avanço divulgado de Guarantees, é a afirmação concreta de um estilo sonoro muito próprio, com um irresistivel charme lo fi, feito com uma pop primorosa, mas imprevisível, cheia de sons que se atropelam durante o percurso. Confere...
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Mink Mussel Creek – Mink Mussel Manticore
Oriundos de Perth, na austrália, os Mink Mussel Creek são atualmente Nick Allbrook (voz), Shiny Joe Ryan (guitarra), Steve Summerlin (baixo), Richard Ingham (sintetizadores) e Kevin Parker (bateria), uma banda de rock psicadélico formada por um grupo de amigos que há quase dez anos começou a fazer música e que começou por se distinguir por causa dos concertos, tendo, por exemplo, em 2007, dado mais de cem espetáculos ao vivo. Com várias alterações na formação desde o início e vivendo desde sempre à sombra do sucesso dos Pond e dos Tame Impala, viram sempre adiado o lançamento do disco de estreia, um trabalho chamado Mink Mussel Manticore que viu finalmente a luz do dia este ano por intermédio da Spinning Top Records.
Mink Mussel Manticore é uma obra que conta um pouco da história do já famoso cenário psicadélico australiano, com os já citados Pond e Tame Impala a liderarem o pelotão das bandas mais influentes desse universo sonoro e alguns membros destes dois projetos a aparecerem no plantel destes Mink Mussel Creek. Kevin Parker, o líder do Tame Impala, toma aqui conta da bateria, Nick Allbrook, antigo membro dos Tame Impala e vocalista do Pond, assume a voz e Joe Ryan, dos Pond, toca guitarra.
A história de Mink Mussel Manticore começa 2007, o tal ano em que deram imensos concertos e quando gravaram grande parte destas sete canções, que foram novamente trabalhadas em estúdio em 2011 e só agora viram a luz do dia. Disco mais áspero e robusto que os trabalhos dos Pond e dos Tame Impala, nos cinquenta minutos que estas sete canções duram, Mink Mussel Manticore é uma colcha de retalhos de sons psicadélicos, que tanto abraçam uma toada mais blues, como o garage rock, através de inéditos timbres de guitarra, ritmos pouco usuais e um imenso arsenal de efeitos com pedais que nos levam numa viagem verdadeiramente lisérgica e hipnótica.
Logo no início, They Dated Steadily é uma verdadeira jam session que ultrapassa os treze minutos de duração e abraça todos os universos sonoros acima citados, com a banda a delirar livremente durante a parte instrumental e a não ter receio de bater à porta da ténue fronteira que separa a psicadelia do rock progressivo. Daí em diante, o resto do disco serve-se da mesma receita, variando apenas a dose. Promising Quintet Rise To Power (Macho Peachu) impressiona pelo groove, Makeout Party Girls tem um tom declaradamente explosivo e ruidoso e consente o predominio do garage rock californiano, típico de nomes tão infleuntes como Ty Segal ou os Thee Oh Sees e Doesn't The Moon Look Good Tonight traz consigo aquele teor mais experimental típico dos Pond.
Tão inusitado e abrangente quanto o ser mitológico que dá nome ao álbum, já que a manticora é uma espécie de junção entre leão, tubarão, dragão e homem, Mink Mussel Manticore é um belíssimo disco de estreia de uma banda que, pelos vistos, existe apenas como um passatempo de outras duas consideradas já fundamentais, mas que tem todas as condições para coexistir com as mesmas, além de ter como grande vantagem possiblitar aos seus músicos experimentar e explorar diferentes sonoroidades que as exigências comerciais a que os Pond e os Tame Impala já estão sujeitos dificilmente permitem. Espero que aprecies a sugestão...
01. They Dated Steadily
02. Meeting Waterboy
03. Cat Love Power
04. Promising Quintet Rise To Power (Macho Peachu)
05. Makeout Party Girls
06. Hands Off the Mannequin, Charlie
07. Doesn’t the Moon Look Good Tonight