man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Astronauts - Four Songs EP
Astronauts é um projeto musical encabeçado pelo londrino Dan Carney. um músico e compositor que fez carreira nos lendários Dark Captain e que divulguei recentemente por causa de Hollow Ponds o extraordinário disco de estreia desta nova vida musical de um homem que guarda no seu universo sonoro teclas, cordas e baquetas mas, acima de tudo, um tremendo bom gosto e uma capacidade ímpar para compôr canções que só poderão ser devidamente apreciadas se estivermos dispostos a fazê-lo equipados com um fato hermético que nos permita captar a simultaneamente implacável e sedutora sensação de introspeção e melancolia mitológica que elas possuem e transmitem.
Já a preparar o sucessor de Hollw Ponds, Four Songs EP acontece numa lógica de querer encerrar um capítulo extenso e intenso da vida de Carney, que se inspirou em algumas experiências traumáticas pessoais recentes para compôr esse álbum, nomeadamente uma fratura grave de uma perna que o fez sofrer bastante e o prendeu a uma cama de hospital durtante um longo período. As quatro canções deste EP são como que sobras dessa obra maior, mas não ficam a dever nada em termos qualitativos ao alinhamento do disco. Comprovam a efervescência com que Astronauts se serve do krautrock e da dream pop e ampliam ainda mais a sensação de bom gosto que experimentamos ao escutá-las, criadas por um compositor que, com um pé na folk e outro na pop e com a mente também a convergir para um certo experimentalismo, tem o comportamento típico de quem não acredita em qualquer regra na busca pela perfeição.
Only Son, o tema que abre o EP, é um fantástico instante sonoro e o último tema divulgado pelo músico que aborda diretamente a fratura do pé que o apoquentou. simultaneamente claustrufóbica e épica e fortemente melódica, é uma música inspiradora e vibrante, com arranjos deslumbrantes e que não poupa na materialização dos melhores atributos que Carney guarda na sua bagagem sonora, tornando-nos cúmplices das suas angústias e incertezas.
Lion Tamer é um pouco mais introspetiva e melancólica e conta com um dedilhar de guitarra que casa na perfeição com uns lindíssimos arranjos de metais, algo que confere à canção um clima particularmente charmoso e contemplativo. A voz em coro dá mais corpo à canção e à medida que a mesma cresce, com o aumento da distorção e do ritmo da percurssão, que replicam uma melodia repetitiva, parece que levantamos voo com ela sem qualquer receio de olhar para trás e de nos deixarmos levar pelo cariz fortemente hipnótico da mesma.
Os dois últimos temas do EP mostram um Carney ainda mais resguardado, mas a potenciar ao máximo a capacidade que possui de nos deslumbrar e, de modo algo inédito, a provar que também há uma elevada dose de sensualidade e suavidade na tonalidade das canções que interpreta. Se a planante e eterea Think On (2003) faz, um elogio sincro a Elliot Smith, um dos seus heróis, Death From The Stars é um pequeno instrumental onde acorda de uma viola se entrelaça com alguns efeitos edepois nos transporta numa viagem rumo ao revivalismo dos anos oitenta que nos traz brisas bastante aprazíveis.
Four Songs é um EP rico e arrojado, que aponta em diferentes direções sonoras, apesar de haver um estilo vincado que pode catalogar o cardápio sonoro apresentado. O trabalho tem um fio condutor óbvio, assente em alguma da melhor indie pop contemporânea, mas uma das suas particularidades é conseguir, sem fugir muito desta bitola, englobar diferentes aspetos e detalhes de outras raízes musicais, num pacote cheio de paisagens sonoras que contam histórias que a voz de Dan sabe, melhor do que ninguém, como encaixar. Espero que aprecies a sugestão...
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Twin Hidden – Join Hands
Divididos entre Londres e Manchester os Twin Hidden são Matthew Shribman e Sam Lea, dois amigos de infância que com dez anos já faziam música juntos, tendo-se estrado nos lançamentos em 2001 com um disco cujo rasto é desconhecido (This album is now where it belongs, at the bottom of the sea, where it will never be found).
A separação física de ambos deu-se com a entrada na universidade, quando Matthew foi estudar para Oxford e Sam para Manchester. Acabou por haver um breve hiato no grupo, mas os Twin Hidden parecem estar apostados em regressar novamente à ribalta, desde que no ano passado resolveram voltar a compôr juntos, tendo o piano como instrumento privilegiado destas novas experências sonoras conjuntas.
Join Hands, o novo single da dupla, será editado em dezembro, mas já chegou à redação de Man On The Moon, enviado pela própria banda. Pelos vistos, está a captar a atenção das pessoas certas, porque o tema está a fazer enorme furor junto da crítica especializada e basta escutar a canção para se perceber porquê. Join Hands é uma peça musical magistral, uma pop futurista com o ritmo e cadência certas, conduzida por teclas inebriantes e arranjos sintetizados verdadeiramente genuínos e criativos, capazes de nos enredar numa teia de emoções que nos prende e desarma sem apelo nem agravo. A forma como os falsetes da dupla se entrelaçam entre si, enquanto metais, bombos, cordas e teclas desfilam orgulhosas e altivas, mais parece uma parada de cor, festa e alegria, onde todos comungam o privilégio de estarem juntos, do que propriamente um agregado de sons no formato canção. Ficarei muito atento a este projeto, nomeadamente ao possível lançamento de um disco. Confere...