man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Radiator Hospital - Torch Song
Lançado no passado dia um de setembro via Salinas e disponível no bandcamp com possibilidade de doares um valor pelo mesmo, Torch Song é o novo trabalho dos Radiator Hospital, um quarteto norte americano sedeado em Filadélfia e liderado por Sam Cook-Parrott, um músico que começou este projeto a solo e com gravações caseiras. Depois de ter editado Something Wild, um disco que contou com a participação especial de Allison Crutchfield, Sam convidou novamente esta voz feminina, mas também a sua irmã, Katie Crutchfield dos Waxahatchee e Maryn Jones dos All Dogs, para fazerem parte do alinhamento que gravou este seu novo trabalho.
Ouvir Torch Song é acompanhar esta trupe norte americana numa espécie de viagem orbitral, mas a uma altitude ainda não muito considerável, numa curiosa posição limbo, já que a maior parte das canções, apesar de uma implícita e pouco assumida componente etérea, são simples, concisa, curtas e diretas. Num alinhamento de quinze temas que se esfumam em pouco mais de meia hora, domina aquela sonoridade ligeira e descomprometida feita com o rock ligeiro e extrovertido que nos recorda as cassetes antigas que temos lá em casa, empoeiradas, cheias de gravações caseiras e lo fi do que ouvíamos à cerca de vinte a vinte e cinco anos atrás. É pois, uma sonoridade crua, rápida e típica da que tomou conta do tal cenário lo fi inaugurado há mais de três décadas.
À medida que os temas escorrem e se sucedem com uma sofreguidão que, no entanto, não se torna nunca sufocante, estes quatro músicos apresentam-nos uma sucessão incrível de canções que são potenciais sucessos e singles, temas que parecem ter viajado no tempo e amadurecido até se tornarem naquilo que são. É, pois, um disco rápido, concentrado no uso das guitarras, o grande ponto de acerto e movimento das diferentes composições. Elas dominam o processo de composição melódica, mas não há uma lineariedade no som emanado pelas mesmas, que tanto se pode aproximar perigosamente do blues (Fireworks), do rock clássico (Just May Be The One), do chamado rock de garagem (Bedtime Story), como alinhar por outro espetro ainda mais alternativo e invadir terrenos típicos da surf pop algo clássica (Venus Of The Venue), daquele fuzz que faz uma revisão da psicadelia (181935, Honeymoon Phase), ou ainda ir ao encontro de terrenos assumidamente experimentais, com Sleeping House a ser a única canção que não tem a guitarra no topo do arsenal instrumental que a sustenta, mas a contar com ela para alguns dos arranjos decisivos. Seja qual for a abordagem, esse instrumento replica sons que fluem livres de compromissos com uma estética própria, apenas com o louvável intuíto de nos fazerem regressar a outros tempos e entregar-nos canções caseiras e perfumadas pelo passado, a navegarem numa espécie de meio termo entre o rock clássico e a pop mais psicadélica.
As vocalizações de Sam, afinadas mas com aquele charme aspero e lo fi, fundem-se frequentemente com a natural abordagem mais melódica e harmoniosa da dupla feminina, algo que The Eye plasma com clareza. Quando canta sozinho, o líder do projeto mistura sempre bem a sua voz com as letras e os arranjos das melodias, o que faz com que o próprio som da banda ganhe em harmonia e delicadeza, com Fireworks (Reprise) a ser o clímax desta relação íntima entre as dimensões vocal e instrumental. Mesmo quando o red line de guitarras mais desenfreadas, ou com arranjos mais sujos, atinge um nível que possa colocar em causa o saudável encanto pop, vintage, relaxante e atmosférico que carateriza estes Radiator Hospital, Sam não permite que as mesmas coloquem em causa a harmoniosa sonoridade geral do conjunto, através de um trabalho de produção irreprensível e que manteve sempre intacto o cariz de acessibilidade tipicamente pop que parece caraterizar este projeto.
Nostálgico e ao mesmo tempo carregado de referências recentes, Torch Song rompe com várias propostas de outros registos similares, porque usa letras simples e guitarras aditivas, sendo claro o compromisso assumido dos Radiator Hospital de não produzirem algo demasiado sério, acertado e maduro, mas canções que querem brincar com os nossos ouvidos, deliciá-los com o ruído que fielmente espelha alguns dos preciosos detalhes do melhor rock alternativo e assim, espelhando com precisão o manto de transição e incerteza que tem invadido o cenário da pop de cariz mais independente, proporcionarem uma audição leve e divertida. Espero que aprecies a sugestão...
1. Leather & Lace
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Cherry Glazerr – Had Ten Dollaz
Vindos diretamente de Los Angeles, os norte americanos Cherry Glazerr começaram quando a guitarrista, compositora e vocalista Clementine Creevy começou a gravar umas demos caseiras a solo com o pseudónimo Clembutt. Encorajada por Lucy Miyaki, da banda conterrânea Tashaki Miyaki e já a gravar com o engenheiro de som Joel Jerome, Clementine passou a contar com a companhia do baixista Sean Redman e da baterista Hannah Uribe e assim nasceram estes Cherry Glazerr.
Had Ten Dollaz é o novo tema do trio e vai ser editado em formato single a vinte e oito de outubro, através da Suicide Squeeze e terá como lado b a canção Nurse Ratched. Had Ten Dollaz é um precioso instante de indie rock de garagem sem concessões e artifícios desnecessários, uma canção que foi escolhida por Yves Saint-Laurent para fazer parte dos seus desfiles, no início deste ano e que poderá fazer com que finalmente os holofotes olhem com um pouco mais de atenção para este novo projeto, quanto a mim merecedor de maior projeção. Confere...