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Suno Deko - Throw Color EP

Domingo, 31.08.14

Suno-Deko

Lançado no passado dia vinte e dois de julho através da conceituada Stratosfear, Throw Color é o novo EP de Suno Deko, aka David Courtright, um músico de Atlanta, na Georgia, que aposta numa pop experimental.

Com este EP, Courtright oferece-nos uma perspetiva bastante criativa e única de como o indie rock actual pode abarcar várias influências e diferentes estilos, desde que a conjugação entre as cordas e a percussão com os sintetizadores abriu uma verdadeira caixa de pandora.

Jovial, hiperativo e barulhento na dose certa, Throw Color tem uma toada lo fi, crua e pujante. Está cheio de quebras e mudanças de ritmos, com uma certa e, quanto a mim, feliz dose de improviso, em quatro canções com uma energia ímpar que debita ao longo de seus mais de quinze minutos de duração, sons que se atropelam durante o percurso e que sustentam temas cheios de personalidade, alegria e cor.

Será certamente compensador experimentar sucessivas audições para destrinçar os detalhes precisos e a produção impecável e intrincada que distingue os vários e que, por acréscimo, sustenta o conteúdo de Throw Color. Mas o jogo que se estabelece entre as cordas e a bateria em Bluets, uma canção sóbria, calma, limpa e tranquila, é o meu tema preferido do EP, um viciante momento de pop melosa e introspetiva. No entanto, Deliver também tem algo de especial e fortemente emotivo, proporcionado por uma melodia sintetizada fortemente nostálgica e uma letra bastante emotiva, capaz de despedaçar qualquer coração menos habituado e disponível a deixar-se confundir por sentimentos particularmente profundos (I would tear the stars down for your love).

Throw Color foi idealizado e composto com base na emoção e na intuição de um artista que sabe que territórios deve pisar e esta liberdade é algo que nem todos conseguem com semelhante qualidade. Masterizado por Warren Hildebrand dos Foxes In Fiction, provoca um forte impacto lisérgico em quem se predispõe a ouvir atentamente o seu conteúdo e destaca-se pelo manancial de de detalhes e nuances instrumentais, excelentes para explorar e descobrir uma perspetiva diferente e peculiar do que pode ser proposto no cenário indie atual, enquanto se flutua num universo de composições etéreas e sentimentalmente atrativas. Espero que aprecies a sugestão... 

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publicado por stipe07 às 22:50

Eastern Hollows – Eastern Hollows

Sábado, 30.08.14

Lançado pela etiqueta Club AC30, Eastern Hollows é o homónimo disco de estreia dos norte americanos Eastern Hollows, mais uma banda oriunda de Brooklyn, um dos bairros mais efervescentes de Nova Iorque. Formados por Travis deVries (voz, guitarra, percurssão), Martin Glazier (voz, guitarra), Sean Gibbons (guitarra), Brian Brennan (baixo) e Jeremy Sampson (bateria, percurssão), os Eastern Hollows apontam sonoramente para as influências nostálgicas dos anos noventa e apresentam na estreia um álbum bem interessante, com dez canções de nível semelhante, que vão do rock progressivo ao fuzz, passando pela britpop.

Grandes admiradores dos The Stone Roses, este quinteto não esconde as suas influências e o próprio registo vocal de Travis DeVries recorda-nos Ian Brown. Logo em Space Spirits, o tema de abertura, percebe-se que há, na conjugação do baixo com a voz em eco e com a melodia da guitarra, um cariz lo fi profundamente nostálgico e que o conjunto criado assenta numa espécie de mistura da psicadelia típica dos anos sessenta com a britpop mais contemporânea. A percussão acelerada de The Way That You've Gone e uma guitarra adornada com leves pitadas de shoegaze e pós rock, dá vida a um turbilhão encorpado e calcado num som garageiro e psicadélico e que evoca grandes épocas do rock n’roll.

As guitarras são, portanto, o elemento catalizador e unificador das canções, mas não o único destaque; Temas como Days Ahead ou Summer's Dead também usam as tradicionais linhas de baixo para amplificar a sonoridade climática da obra. E noutros temas a fórmula replica-se e soma-se sempre às guitarras, ao baixo e aos sintetizadores, que debitam uma constante carga de ruídos pensados de forma cuidada, como um imenso curto circuito que passeia por Eastern Hollows.

De certa forma e à semelhança de outros projetos apresentados por cá ultimamente, os Eastern Hollows seguem pisadas vintage, mas buscam, em simultâneo e sem falsos pudores, uma sonoridade também comercial, mesmo quando mergulhada num oceano de ruídos, ou com um certo toque de psicadelia. Deste modo, acabam por atestar a vitalidade atual do lo fi e do reencontro com sons que fluem livres de compromissos com uma estética própria, através de uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop. Este é mais um disco em que tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do projeto tivesse um motivo para se posicionar dessa forma. Ao mesmo tempo em que é possível absorver a obra como um todo, entregar-se aos pequenos detalhes que preenchem o trabalho é outro resultado da mais pura satisfação e asseguro-vos que em Eastern Hollows ainda é possível encontrar novidade dentro de um som já dissecado de inúmeras formas.

Considero já estes Eastern Hollows como uma das bandas americanas mais inglesas do momento, até porque além de terem conseguido encontrar um equilíbrio muito interessante entre os principais universos sonoros que os orientam, a audição do disco leva-nos a sentir desde logo um forte sentimento de nostalgia. Ao mesmo tempo que seguram com vigor as amarras do passado, a forma como abordam as influências, nomeadamente através das guitarras, faz-nos perceber que há aqui algo de genuíno e de forte cariz identitário, difícil de ouvir noutro projeto. Espero que aprecies a sugestão...

Eastern Hollows - Eastern Hollows

01. Space Spirits
02. The Way That You’ve Gone
03. Days Ahead
04. Still Smile
05. Mickey Galaxy
06. Summer’s Dead
07. Northern Lad
08. I Have the Past
09. Somewhere In My World
10. One Less Heart

 

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publicado por stipe07 às 14:36

Hooray For Earth – Racy

Quinta-feira, 28.08.14

Oriundos de Broolyn, Nova Iorque, os Hooray For Earth são um projeto emanado do génio de Noel Heroux, um músico que começou a carreira a criar música de forma caseira e que se estreou em 2011 com True Loves. Rapidamente percebeu que para conseguir misturar com coerência e maior esplendor a pop com o rock alternativo deveria criar uma banda e assim surgiram os Hooray For Earth, um grupo que aposta num indie rock com uma forte componente sintética. Desde Never, um single que lançaram em 2012, que os Hooray For Earth não davam notícias, mas a vinte e nove de julho, voltaram aos escaparates com Racy, por intermédio da Dovecote Records.

Produzido pelo próprio Noel Heroux e por Chris Coady (TV On The Radio, Yeah, Yeah, Yeahs), Racy é um conjunto de nove canções assentes em riffs assimétricos, conjugados com uma panóplia considerável de ruídos sintetizados com uma apreciável toada pop e que além de serem um bom exemplo do que de melhor vai surgindo atualmente que revive todo o assertivo clima do garage rock, também apostam na replicação de um ambiente sonoro grandioso e não necessariamente caseiro e lo fi, mostrando uns Hooray For Earth festivos e em busca de grandes multidões, artilhados com acordes e linhas melódicas particularmente acessíveis.

Depois da introdução com Hey, um tema que pretende prender a nossa atenção para o que aí vem, o primeiro grande momento do disco chega com a sonoridade épica e intensa de Keys, uma canção que ao acrescentar guitarras sujas a um sintetizador cheio de loopings e detalhes cósmicos e a uma melodia vocal pulsante e inspirada, espanca-nos com uma extraordinária sequência de ruídos estrondosos.

O punk rock dos anos oitenta, concertado com a pop eletrónica da mesma época chega com Say Enough e um baixo particularmente esplendoroso e completamente ligado à corrente, acaba por ser um belo aperitivo para outro momento alto de Racy, a rápida e efervescente Somewhere Else; Esta canção tem uma toada algo lo fi, com a distorção de uma guitarra particularmente melódica, mas eleva-se para um patamar elevado quando mostra todo aquele mel que nos remete para indie pop nórdica de há trinta anos atrás, através de um efeito sintetizado futurista a suportar uma voz refinada, vigorosa, intensa e intrincada. Esta canção, o tema homónimo e o excelente momento experimental plasmado na balada Last, First, provam que as guitarras barulhentas e os sons melancólicos de outras décadas, assim como todo o clima sentimental do passado e as letras consistentes, que confortavam e destruiam o coração num mesmo verso, continuam, vinte ou trinta anos depois, a fazer escola.

Apesar das guitarras e do baixo estarem sempre presentes, a eletrónica é o fio condutor de Racy, uma eletrónica quase sempre envolvida numa embalagem frenética, embrulhada com vozes e sintetizadores num registo predominantemente grave e ligeiramente distorcido, que dá ao disco uma atmosfera sombria e visceral. No fundo, há uma apenas aparente amálgama de caraterísticas sonoras que tanto se encaixam no indie rock progressivo, que aponta baterias aos estádios, como na pop eletrónica vintage e marcadamente experimental e nostálgica, que uma produção cuidada e límpida potenciou e que deixa para o futuro algumas pistas interessantes que os Hooray For Earth poderão aproveitar para conseguirem ser ainda mais grandiosos, sem descurarem uma sempre recomendável componente psicadélica. Espero que aprecies a sugestão...

Hooray For Earth - Racy

01. Hey
02. Keys
03. Say Enough
04. Somewhere Else
05. Racy
06. Last, First
07. Airs
08. Happening
09. Pass

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publicado por stipe07 às 15:35

Cloud Castle Lake - Sync

Quinta-feira, 28.08.14

Cloud Castle Lake - Dandelion

 

Para quem aprecia aquela simbiose já clássica entre o post rock amiúde visceral e quase sempre etéreo dos islandeses Sigur Rós, com o indie rock progressivo dos Radiohead, irá certamente apreciar Sync, o novo tema dos Cloud Castle Lake, uma banda irlandesa, natural de Dublin e formada por Brendan William Jenkinson, Rory O'Connor e Daniel McAuley.

Com um falsete celestial a abrir, que é depois acompanhado por uma percurssão claramente orgânica, um sintetizador bastante inspirado e por uma secção de sopros magistral, Sync é uma canção vibrante e pulsante, que sabe a triunfalismo e celebração, cinco minutos de incontrolada euforia, que merecem a nossa mais sincera devoção. A canção é o single de avanço para Dandelion, o EP do trio, que chegará aos escaparates a dezanove de setembro, por intermédio da Happy Valley. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:00

Lost Boy? - Graves

Quinta-feira, 28.08.14

Lost Boy ? - "Graves"

Oriundos do convidativo bairro de Brooklyn, em Nova Iorque, os Lost Boy? são liderados por Davey Jones, ao qual se juntam Ryan, Matt e R.J., um grupo que aposta claramente naquela receita simples mas claramente aditiva que suporta os fundamentos básicos do indie punk rock. Enérgica, animada e bastante divertida, mas com uma abordagem temática algo sombria, como canta Davey no refrão (We hold each other’s hands in our graves), Graves é um dos avanços de Canned, o álbum de estreia do grupo, que verá a sua edição física sair para às lojas lá para março do próximo ano, via Double Double Whammy/Old Flame Records. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:22

The Raveonettes – Pe’ahi

Quarta-feira, 27.08.14

Os dinamarqueses The Raveonettes de Sune Rose Wagner e Sharin Foo, estão de regresso aos lançamentos discográficos com o sétimo álbum da carreira da dupla. Pe’ahi sucede a Observator (2012), foi produzido por Justin Meldal-Johnsen e chegou às lojas no passado dia vinte e um de julho, através da Beat Dies Records.


Admiradores confessos de sonoridades esplendorosas e que os façam tocar a guitarra sempre completamente ligados à corrente, os The Raveonettes abrem este disco com a roqueira e dançante Endless Sleeper e percebe-se logo que há, simultaneamente, com a ajuda de uma bateria a recordar detalhes da bossa nova e um piano inspirado, uma tentativa de estabelecer pontes entre o indie rock, com alguns detalhes mais sensíveis da pop, bem estruturados e devidamente adocicados com arranjos bem conseguidos. Sisters, o primeiro single retirado do disco, e Wake Me Up, duas canções doces, mas com muita distorção e instantes bem noisy, ajudam a reforçar essa fusão que, nos quase quarenta minutos que duram este disco, é particularmente consistente e carregado de referências assertivas.

Pe'ahi é bastante inspirado na morte do pai de Sharin Fooe da mudança da artista para o sul da Califórnia, onde absorveu o clima veraneante das praias, particularmente audível nos arranjos de The Rains Of May. Aí idealizou fazer um álbum que fosse instrumental mais amplo e heterogéneo  que os antecessores, com novos instrumentos e diferentes efeitos, que a produção de Justin Meldal-Johnsen, um nome consagrado que já trabalhou com Beck e os Garbage, entre outros, ajudou, de forma preciosa, a salientar.

Assim, aparentemente presos a uma sonoridade vintage, que fez escola há umas três décadas, os The Raveonettes conseguiram dar vida ao que idealizaram, não abusando instrumentalmente, nem exagerando na forma como utilizaram o sintetizador e manipularam a própria voz, conseguindo assim um equilíbrio interessante entre a busca de uma toada lo fi expressiva e sintética e um som que não dispensa a vertente orgânica conferida pelas cordas e pela percussão. E a cereja no topo do bolo foi terem tido a capacidade de encontrar este ponto açucarado envolto numa pulsão rítmica, que nem as guitarras carregadas de fuzz e os teclados e as vozes processadas conseguem disfarçar e que os tiques de hip hop percetíveis nas batidas que constroem os alicerces de Kill e Killer In The Streets ajudam a realçar.

Este sétimo álbum da dupla pode significar uma mudança na direção sonora, uma abertura para um universo mais amplo ou, quem sabe, é apenas uma fotografia musical de um momento bem específico. É possível, porém, comprovar que os tempos recentes e difíceis experimentados por Sune e Sharin contribuíram para seu trabalho ganhar mais corpo e versatilidade. Pe'Ahi só não ultrapassa o teor adolescente pervertido da estreia, The Chain Gang Of Love, de 2003.

Apesar de os The Raveonettes nunca terem atingido uma performance de vendas espetacular, mantiveram-se fieis à sua bitola sonora, assente, quase sempre, numa vertente instrumental fortemente elétrica, densa mas melodiosa, uma percussão vincada e uma voz apaixonada, que nunca deixou de escrever letras fortemente reflexivas sobre algumas questões importantes da sociedade ociental contemporânea. Pe'ahi pode fazer-nos acreditar na ilusão de que há aqui uma inflexão sonora com reflexos no futuro discográfico da dupla e que uma vertente experimental cada vez mais vincada e versátil fará parte do cardápio sonoro que vier a seguir a este álbum. Suposições à parte, o que importa reter é que Pe'ahi é mais um exemplo concreto de que os The Raveonettes são uma daquelas bandas em quem se pode confiar verdadeiramente e que nunca defraudam, já que sabem como juntar com talento todas as peças do indie rock para formar um tratado sonoro cheio de sons modulados e camadas sonoras sintetizadas, com um inspirado clima espetral. Espero que aprecies a sugestão...

The Raveonettes - Pe'ahi

01. Endless Sleeper
02. Sisters
03. Killers In The Streets
04. Wake Me Up
05. Z-Boys
06. A Hell Below
07. The Rains Of May
08. Kill
09. When Night Is Almost Done
10. Summer Ends

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publicado por stipe07 às 21:03

Real Estate – Had To Hear

Quarta-feira, 27.08.14

Editado a quatro de março por intermédio da Domino Records, Atlas é o terceiro álbum dos Real Estate, uma banda norte americana formada por Martin Courtney, Matt Mondanile, Alex Bleeker, Jackson Pollis e Matthew Kallman. Agora, quase meio ano depois, editam em formato single, Had To Hear, o tema de abertura desse disco.

Had To Hear tem Paper Dolls como lado b e aposta num  indie-folk-surf-suburbano, feito, neste caso, por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme e que parecem não se importar de transmitir uma óbvia sensação de despreocupação. Estes são alguns dos traços identitários que abundam no cardápio sonoro deste grupo que olha cada vez mais e com maior atenção, para o rock alternativo dos anos oitenta e que, servindo-se de uma mais vincada vertente sintética, mostram um cariz particularmente urbano e atual. Confere...

Real Estate - Had To Hear

 

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publicado por stipe07 às 16:06

Bear In Heaven – Time Is Over One Day Old

Terça-feira, 26.08.14

Os Bear In Heaven, um grupo norte americano natural de Brooklyn, na big apple e encabeçado por Jon Philpot desde a sua fundação, em 2003, lançaram há pouco mais de dois anos I Love You, It’s Cool, o sucessor de Beast Rest Forth Mouth, um trabalho lançado em 2009. Este trio tem alcançado um distinto resultado, depois de uma série de experiências e um variado jogo de referências acumuladas, que se esperava ter sequência em Time Is Over One Day Old, o novo trabalho do grupo, editado no passado dia cinco de agosto, através da Dead Oceans.


Time Between, o primeiro avanço do álbum, plasmou logo as mais diversificadas escolas musicais formadas ao longo das últimas décadas, que têm inspirado os Bear In Heaven, numa canção com referências diretas ao movimento krautrock, doses imoderadas de psicadelia e um acerto com a música eletrônica que suporta toda uma estrutura melódica. E, na verdade, em Time Is Over One Day Old, este grupo continua a transpirar o género criado na década de sessenta e que composições estruturalmente similares como esse single, Autumn ou The Sun And The Moon And The Stars, ajudam a comprovar.

É interessante escutar este disco e, conhecendo o trabalho anterior do grupo, perceber que o cenário sonoro retratado não é propriamente genuíno, mas acaba por soar como sendo verdadeiramente próprio desta banda, que tem uma forma muito própria de combinar o rock psicadélico com elementos eletrónicos, de modo a crair algo simultaneamente épico e intenso. You Don't Need The World e They Dream são duas canções intensas, exposivas e que nos deixam na dúvida se poderão ser devidamente assimiladas quando escutadas num raro momento de lucidez ou como banda sonora de alguns dos nossos melhores sonhoe e devaneios.

Esse aparente incómodo sobre qual o melhor estado de espírito para a absorção devida do conteúdo de Time Is Over One Day Old, obtém-se precocemente já que, assim que carregamos no play, em poucos minutos, os teclados mágicos, as guitarras que se derretem e os versos fáceis prendem-nos a atenção e convidam-nos, sem retorno possível, para uma sucessão de experimentações complexas que nos vão surpreendendo, numa viagem a bordo de um krautrock psicadélico, particularmente lisérgico e até algo lunático. Basta escutar a guitarra da já citada The Sun And The Moon And The Stars, para se perceber que os Bear In Heaven têm a capacidade de nos levar com eles para lugares distantes e grandiosos, onde o som se propaga de forma crscente e onde também cabe a melancolia (Present Tense) e a sensualidade (If I Were To Lie), num cocktail contagiante, detalhado e complexo de um disco que carece de tempo e da tal predisposição adequada, para ser compreendido como um todo, já que revela também lentamente toda a sua natureza.

Time Is Over One Day Old é um disco ambientado no mesmo cenário do registo de estreia do grupo, uma sucessão de dez canções onde a psicadelia pretende hipnotizar, com a firme proposta de olhar para o som que foi produzido no passado e retratá-lo com novidade, com os pés bem fixos no presente. Simultaneamente criativos e coerentes, os Bear In Heaven mostram-se particularmente experimentais na forma como deram vida a um trabalho tipicamente rock, onde persiste uma vincada relação entre o vintage e o contemporâneo, mas que será melhor compreendido no futuro próximo, à medida que for mais dissecado. Enquanto tal não sucede, resta-nos começar viajar e a delirar, quanto antes, ao som das suas canções. Espero que aprecies a sugestão... 

Bear In Heaven - Time Is Over One Day Old

01. Autumn

02. Time Between
03. If I Were To Lie
04. They Dream
05. The Sun and The Moon And The Stars
06. Memory Heart
07. Demon
08. Way Off
09. Dissolve The Walls
10. You Don’t Need The World

 

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publicado por stipe07 às 20:55

Mumblr - Roach

Terça-feira, 26.08.14

Após vários EPs, os norte americanos Mumblr de Nick Morrison, Ian Amidon, Sean Reilly e Scott Stitzer, preparam-se para, finalmente, estrear-se nos discos. Full of Snakes é o nome do primeiro longa duração dos Mumblr e chegará aos escaparates a dezasseis de setembro, através da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas..

Full Of Snakes é um disco que irá debruçar-se sobre algumas das temáticas mais comuns para quem começa a entrar na idade adulta, nomeadamente a questão da auto estima, a perca da inocência e as relações amorosas. Philadelphia, o nome da cidade de onde os Mumblr são oriundos, foi o primeiro avanço divulgado do álbum e agora chegou a vez de Roach, mais uma canção que numa simbiose entre garage rockpós punk e rock clássico, contém uma sonoridade crua, rápida e típica da que tomou conta do cenário lo fi inaugurado há mais de três décadas. Tal como sucedeu com Philadelphia, Roach também está disponível para download. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:52

The Rosebuds - Sand + Silence

Segunda-feira, 25.08.14

Oriundos de Raleigh e com o nome da banda insiprado no filme Citizen Kane de Orson Wells, os norte americanos The Rosebuds de Ivan Howard e Kelly Crisp estão de regresso aos discos com Sand + Silence, um trabalho que viu a luz do dia a cinco de agosto, por intermédio da Western Vinyl. Sand + Silence foi gravado nos estúdios de Justin Vernon. Além de ter recebido os The Rosebuds, aceitou tocar teclas em alguns temas do disco, que também conta com a participação especial de Nick Sanborn dos Sylvan Esso. 


Justin Vernin é um figura ímpar do universo indie contemporâneo e a sua simples presença nos créditos de um disco acaba por ser um selo de qualidade importante do mesmo. Com uma carreira única firmada em projetos tão relevantes como Bon Iver, Volcano Choir ou The Shouting Matches, Justin não hesitou em colaborar decisivamente no conteúdo do novo trabalhos destes The Rosebuds, de um modo tal que pode ser mesmo considerado como mais um elemento da banda, mesmo que essa colaboração não dê mais frutos futuramente. A própria carreira dos The Rosebuds é sempre uma enorme incógnita, uma banda que não é conhecida pela regularidade, mas que quando produz música fá-lo sempre de forma assertiva e com uma elevada bitola qualitativa.

Sand + Silence não foge a esta ideia, um disco que aposta numa surf pop bastante atual e que remetendo-nos facilmente para as areias da nossa praia preferida, convida-nos a fazê-lo com uma toada eminentemente comtemplativa, apesar de o conteúdo geral das onze canções do álbum não deixar de incluir também um interessante pendor festivo e divertido.

Se o disco é, como acabei de referir, um tratado indie pop moderno, apesar dos traços de folk rock que se escutam em canções como Death Of An Old Bike e Tiny Bones, naturalmente tem um vincado pendor vintage, não só no que se refere aos areanjos selecionados, onde as cordas luminosas e as teclas inspiradas têm a primazia, mas também quando se analisa a estrutura melódica das canções. Looking For é um exempo feliz de uma canção que nos consegue trasnportar com classe para os primórdiso da pop nos anos sessenta e Wait A Minute para duas décadas depois e há muitas outras que também parecem ter sido pensadas para o airplay de algumas rádios de outrora, com especial destaque para a deliciosa In My Teeth. Ao mesmo tempo, há temas pwerfeitos para incluir em algumas playlists dos apreciadores atuais deste género de música, mesmo que não vislumbrem diariamente o mar no seu horizonte, com a romântica Give Me A Reason a ser a companhia perfeita para queles dias em que nos sentimos mais assaltados pela introspeção melancólica.

Com um padrão bem vincado na hora de compôr, numa carreira com mais de uma década e cheia de grandes momentos, os The Rosebuds revelam em Sand +Silence um som apurado, além de mostrarem uma flexibilidade bastante adulta para cruzar o rock alternativo com alguns detalhes eletrónicos e assim, com a ajuda preciosa de Vernon, chegar à tal indie pop veraneante e refinada, harmoniosa e requintada, cheia de charme e sedução e que facilmente nos cativa. Espero que aprecies a sugestão...

The Rosebuds - Sand + Silence

01. In My Teeth
02. Sand + Silence
03. Give Me A Reason
04. Blue Eyes
05. Mine Mine
06. Wait A Minute
07. Esse Quam Videri
08. Death Of An Old Bike
09. Looking For
10. Walking
11. Tiny Bones

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