man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Beverly – Careers
Lançado pela Kanine Records no passado dia um de julho, Careers é o disco de estreia das Beverly, uma dupla formada por Frankie Rose, uma artista que fez parte dos projetos Vivian Girls, Crystal Stilts e Dum Dum Girls e Drew Citron, cabendo à primeira liderar o processo de composição, quase sempre assente em arranjos delicados e muito melódicos e à segunda escrever as letras. A elas junta-se o músico convidado Scott Rosenthal no baixo.
Em dez canções que não chegam a ultrapassar a meia hora, as Beverly estreiam-se nestas andanças com um indie rock com forte cariz lo fi, numa sucessão incrível de canções que são potenciais sucessos e singles, temas que parecem ter viajado no tempo e amadurecido até se tornarem naquilo que são. É, pois, um disco rápido, concentrado no uso das guitarras, o grande ponto de acerto e movimento das diferentes composições.
No fundo, Careers acaba por não andar muito longe do estilo reproduzido por Frankie nos seus projetos anteriores, com a ausência do sintetizador a ser talvez aquela fronteira que separa as Beverly desse seu passado. O facto de ela ser baterista de formação, instrumento que assume nas Beverly, enquanto Citron canta e toca guitarra e a opção por ser restringirem à básica tríade baixo, guitarra e bateria, faz com Careers tenha de ser analisado, no que concerne à apresentação de algo de novo e excitante, não propriamente pela componente instrumental, mas antes pelas opções melódicas e dos arranjos que sustentam o seu conteúdo.
Quando se escuta o baixo encorpado e a batida hipnótica de Planet Birthday, ou a partir do momento em que somos invadidos pela surf pop de Honey Do, o noise de Ambular ou a nostalgia de Hong Kong Hotel, Careers coloca todos os seus trunfos na mesa e nos nossos ouvidos e torna-se num disco divertido e muito convidativo, um trabalho dinâmico e que se escuta com particular fluidez, sem deixar de haver coesão entre as canções, apesar das várias facetas e estilos sonoros que as duas belas miúdas exploram, numa variedade estilistica que nao descura a apenas aparente contradição entre o groove e o lo fi.
As Beverly acabam por ser mais uma visão atual da herança deixada pelas guitarras barulhentas e os sons analógicos e rugosos que pontuaram a alvorada do rock alternativo em finais dos anos setenta, assim como todo o clima sentimental dessa época e as letras consistentes, que confortavam e destruiam o coração num mesmo verso. E o grande brilho de Careers é, ao ouvir-se o disco, ter-se a perceção que essa época foi usada não como plágio, mas em forma de uma inspirada homenagem. Uma homenagem tão bem feita que apreciá-la é tão gratificante como ouvir anteriores trabalhos de grupos onde Rosie fez carreira ou uma inovação musical da semana passada. Espero que aprecies a sugestão.
01. Madora
02. Honey Do
03. Planet Birthday
04. All The Things
05. Yale’s Life
06. Ambular
07. Out On A Ride
08. Hong Kong Hotel
09. You Can’t Get It Right
10. Black And Grey