man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Craft Spells - Nausea
Oriundos de São Francisco, na Califórnia e formados por Justin Paul Vallesteros, Jack Doyle Smith, Javier Suarez e Andy Lum, os norte americanos Craft Spells estão de regresso aos discos Nausea, um trabalho que viu a luz do dia a dez de junho por intermédio da Captured Tracks e que sucede a Idle Labor, o disco de estreia dos Craft Spells, lançado em 2011 e ao EP Gallery, editado no ano seguinte.
Os Craft Spells são mais um daqueles projetos que aposta numa indie pop com um cariz tipicamente lo fi e shoegaze, plasmada em composições recheadas com aquele encanto vintage, relaxante e atmosférico. Os anos oitenta e a psicadelia de décadas anteriores preenchem o disco e ao longo da audição de Nausea percebemos que o álbum reforça a capacidade de Vallesteros e seus parceiros em promover novos conceitos dentro da mesma composição acolhedora da estreia, à medida que entregamos os ouvidos a um disco fresco e hipnótico e assente numa chillwave simples, bonita e dançável, nem que o façamos no nosso íntimo e para nós mesmos.
Nausea é, portanto, um compêndio de onze canções construídas em redor de uma bateria eletrónica, guitarras e sintetizadores às vezes pouco percetíveis mas que dão o tempero ideal às composições, algumas delas verdadeiros tratados de dream pop, carregadas de detalhes deliciosos, principalmente na forma como as guitarras ocupam todas as lacunas do disco, um esforço que sobressai em alguns temas de maior duração, nomeadamente a apaixonante Komorebi e a lisérgica Changing Faces, mas com a luminosa e divertida Twirl ou mesmo a espiral sonora de Laughing for My Life a serem bons exemplos da mestria com que os Craft Spells tocam para criar uma obra equilibrada e assertiva.
Disponibilizado para download gratuito no soundcloud da editora, Breaking The Angle Against The Tide é o primeiro single divulgado de Nausea, um grandioso tratado musical de indie rock e outro destaque de um trabalho que teve uma difícil gestação e que ganhou vida depois de Vallesteros ter confessado estar a atravessar um período difícil em termos criativos, que fez com que o próprio se tivesse isolado do mundo, de modo a reencontrar-se, apenas acompanhado pela música de Haroumi Hosono e Yukihiro Takahashi, a dupla dos Yellow Magic Orchestra e que acabaram por ser uma influência decisiva em Nausea.
Liricamente mais direto e incisivo e menos inocente e idealista que o disco de estreia, Nausea fala sobre o amor e fá-lo já de forma madura e consciente e que nos conquista, por se servir de uma sonoridade envolvente e sedutora e mesmo nas instrumentais Instrumental e Still Fields (October 10, 1987) percebe-se que o amor está lá e que as melodias foram criadas tendo em conta esse sentimento único. No entanto, Komorebi é, talvez, a canção onde esta temática vibra de forma mais vincada e apaixonada, com o cruzamento entre uma melodia hipnótica e cativante com uma letra profunda e consistente, a ganhar contornos verdadeiramente únicos.
Ouvir Nausea é acompanhar os Craft Spells numa curiosa viagem orbitral, mas a uma altitude ainda não muito considerável, numa espécie de posição limbo, já que a maior parte das canções, apesar da forte componente etérea, são simples, concisas e diretas, mas sentidas na forma como resgatam as confissões amorosas de Vallesteros e as nossas, caso partilhemos da mesma compreensão sentimental. Espero que aprecies a sugestão...
01. Nausea
02. Komorebi
03. Changing Faces
04. Instrumental
05. Dwindle
06. Twirl
07. Laughing For My Life
08. First Snow
09. If I Could
10. Breaking The Angle Against The Tide
11. Still Fields (October 10, 1987)