man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Beck – Morning Phase
Depois de seis anos de solidão, o músico que no início da década de noventa atuava em clubes noturnos vestido de stormtrooper e que da aproximação lo-fi ao hip-hop de Mellow Gold e Odelay, passando pela melancolia de Sea Change e a psicadelia de Modern Guilt, nos habituou a frequentes e bem sucedidas inflexões sonoras, está de regresso em 2014 com dois discos, um deles chamado Morning Phase, o décimo segundo da sua carreira e que viu a luz do dia a vinte e cinco de fevereiro por intermédio da Capitol Records. Falo, obviamente, de Beck Hansen, uma referência icónica da música popular das últimas duas décadas, um cantor e compositor com quase quarenta e quatro anos e que tantas vezes já mudou de vida como de casaco e que agora se prepara, com um novo fôlego na sua carreira, para mais um recomeço.
A introdução de Morning Phase, com os violinos de Cycle e uma melodia cinematográfica, prepara-nos para a entrada num universo muito peculiar, que ganha uma vida intensa e fica logo colocado a nú, sem truques, no dedilhar da viola de Morning e nos efeitos sintetizados borbulhantes e coloridos que a acompanham. Beck está, assim, de regresso a um universo que só faz sentido se pulsar em torno de uma expressão melancólica acústica que este músico norte americano herdou de Neil Young e que sabe hoje, na minha opinião, melhor que ninguém, como interpretar.
Morning Phase é uma benção caída do céu para todos aqueles que, como eu, têm alinhada na sua prateleira, cronologicamente, toda a vasta discografia de Beck e que acabam por, invariavelmente, ir desfolhar sempre aquele setor mais central, algures entre Mutations e, principalmente, Sea Change. No entanto, convém esclarecer os mais desatentos e menos familiarizados com o historial de Beck, que as semelhanças ficam por aqui; Apesar de Cycles iniciar com o mesmo acorde Mi da também introdutória Golden Age do disco de 2002, e se Morning mantém a toada, há doze anos Beck exorcizava os seus fantasmas após o final de um relacionamento com uma namorada de muitos anos, vendo-se assim refém de uma obra que representava o seu estado de profunda tristeza e melancolia, mas hoje Morning Phase é reflexo de uma fase muito mais feliz da sua vida, que tem aproveitado devidamente com a sua esposa, Marissa Ribisi e os dois filhos (Cosimo e Tuesday) e que os arranjos coloridos de Heart Is A Drum, um tema que ganha vida através de um blues da melhor qualidade, parecem claramente expressar. Esta canção cheia de efeitos na voz do músico que iluminam o ambiente e a música, é um dos meus destaques deste álbum.
Mas Morning Phase tem outros momentos cheios de esplendor e que importa realçar; Blackbird Chain é a banda sonora perfeita para uma declaração de amor sentida e Unforgiven salta ao ouvido por se afastar do formato mais acústico e servir-se dos sintetizadores e de uma orquestra de fundo para aguçar o nosso espírito. Já Wave impressiona pelas fantasticas linhas do mesmo violino que nos tinha deslumbrado na abertura; Os arranjos densos, orquestrados e quase góticos desta canção, dão-nos uma visão panorâmica de um Beck pequeno e isolado diante da imensidão ao seu redor, como se estivéssemos a contemplar uma figura distante, cada vez mais desfocada e misteriosa. De referir ainda o banjo ternurento de Say Goodbye, a inspiração romântica e a exuberância orquestral de Waking Light e a folk animada de Blue Moon, uma referência direta a Nick Drake, um dos grandes inspiradores deste músico nascido em 1970 em Los Angeles, filho de uma atriz e um compositor.
O Beck que antes brincava com o sexo (Sexx Laws) ou que gozava com o diabo (Devil's Haircut) faz agora uma espécie de ode à ideia romântica de uma vida sossegada, realizada e feliz usando a santa triologia da pop, da folk e da country. A receita é extremamente assertiva e eficaz; Com as participações especiais de músicos tão conceituados como o baterista Joey Waronker (Atoms For Peace) e o baixista Justin Meldal-Johnsen, Morning Phase reluz porque assenta num som leve e cativante e contém texturas psicadélicas que, simultanemente, nos alegram e nos conduzem à introspeção, com uma sobriedade distinta, focada numa instrumentação diversificada e impecavelmente produzida. Fica claro em Morning Phase que Beck ainda caminha, sofre, ama, decepciona-se, e chora, mas que vive numa fase favorável e tranquila. Espero que aprecies a sugestão...
01. Morning
02. Heart Is A Drum
03. Say Goodbye
04. Waking Light
05. Unforgiven
06. Wave
07. Don’t Let It Go
08. Blackbird Chain
09. Evil Things
10. Blue Moon
11. Turn Away
12. Country Down
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Coldplay - Magic
É oficial. Os Coldplay de Chris Martin regressam aos discos muito em breve, mais concretamente em maio e, como sempre, por intermédio da Parlophone. O sexto álbum de estúdio desta banda britânica vai chamar-se Ghost Stories e já é conhecido o seu alinhamento. Além disso, depois de na semana passada ter sido revelado Midnight, nas últimas horas chegou a vez de Magic, um tema a fazer recordar bastante o período Kid A / Amnesiac dos Radiohead, com um baixo vibrante e uma percussão bastante vincada, mas com alguns arranjos, nomeadamente do piano, a conferirem o habitual cariz pop, épico e melancólico. Confere Magic e o alinhamento de Ghost Stories...
02 “Magic”
03 “Ink”
04 “True Love”
05 “Midnight”
06 “Another’s Arms”
07 “Oceans”
08 “A Sky Full Of Stars”
09 “O”