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Filho da Mãe - Cabeça

Quarta-feira, 12.02.14

Gravado e masterizado por Guilherme Gonçalves no Coro Alto do Convento da Saudação - O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, Cabeça é o novo álbum do projeto Filho da Mãe, o projeto musical que o guitarrista Rui Carvalho utiliza para exorcizar alguns fantasmas e que sucede ao EP Palácio, o trabalho de estreia de Filho da Mãe, datado de 2011 e disponível para download gratuito no seu bandcamp.

Rui Carvalho é Filho da Mãe, mas também a extensão física de um guitarra portuguesa, tal é a mestria simbiótica e única com que a dedilha. De acordo com o próprio, Cabeça é a Porra de sítio em que os monstros se encontram e discutem as imitações uns dos outros. Parecem contrafeitos e aborrecidos enquanto raspam os cornos nas paredes e se fingem incomodados com as razias dos insectos. Não se apercebem da enorme sombra que projectam em tudo, do monte gigante de lixo e dejectos que acumulam, do sopro constante a que obrigam os ouvidos. Mas, na minha opinião, Cabeça é, também, o local onde projetamos, artilhamos, desenvolvemos e controlamos as nossas maiores obsessões e aquela que mais absorve o Filho da Mãe é, sem dúvida, a música em todo o seu esplendor, sendo o nome artístico selecionado pelo músico, a nomenclatura perfeita para descrever a inquietação que todo o seu corpo lateja e expressa quando transfere todas as suas energias para as cordas de uma guitarra.

De acordo com a entrevista que Rui me concedeu e que está transcrita abaixo, o músico não vê como pode interagir com as pessoas fazendo música, se algo desse tipo não acontecer. Pensa primeiro no que a música o faz sentir a si, mas a verdade é que o exercício de audição de Cabeça é simultaneamente tão inquietante e tão belo e excitante como será interpretar e tocar todos os temas do seu alinhamento.

O diálogo intrigante que Filho da Mãe e a guitarra têm entre si, é perfeitamente entendível por todos nós. A linguagem é clara, mesmo que não saibamos identificar uma só nota ou acorde do que ele executa. E, o melhor, ambos convidam-nos a entrar nesse diálogo, a apropriarmo-nos desses sons que nos intrigam e usá-los para nosso próprio proveito e usufruto catártico. Mas não nos atrevemos... Eu, pelo menos, não consigo entrar nesse diálogo. A relação de intimidade entre ambos é tal que importa preservar, acima de tudo, a forma genuína como interagem e deixar, de alguma forma, as prováveis dores físicas desta conversação, apenas e só para o Filho da Mãe, que se atreve a extrair e a colocar a nú todas as virtudes e qualidades da guitarra, deixando-a completamente desprovida, desarmada e sem mais trunfos luminosos para apresentar.

Da complexidade de Cerca de Abelhas, à nobre delicadez do tema homónimo, passando pelas admiráveis variações de ritmo em Improviso De Naperon, ou a toada notavelmente orgânica e viva de Um Mali Provisório e Um Bipolar, Cabeça é um disco cheio de vida, uma parte concreta, palpável e bem definida de um corpo que se mexe, respira, fala, pensa e vive chamado Rui e, por isso, um dos trabalhos mais humanos, pessoais, genuínos e distintos da música portuguesa nos últimos anos. Convido-te a leres, como já referi, a entrevista que o autor do álbum me concedeu com o inestimável apoio da Let's Start A Fire e espero que aprecies a sugestão... 

Terra Feita

Não Te Mexas

Cerca De Abelhas

Caminho De Pregos

Um Bipolar

Um Bipolar Dois

Mali Provisório

Cabeça

Improviso de Naperon

Um Monge Às Costas

Quadro Branco

Sem Demónios

Chamas-te Rui Carvalho mas assinas com Filho da Mãe. Podes explicar aos leitores de Man On The Moon a razão da escolha deste pseudónimo ou alter-ego?

Não sei se pretende ser um alter-ego. Gostava de ter um nome tal e qual como uma banda e não assinar o meu nome mesmo. Não sei muito bem porque razão...não há muito mais a dissecar acerca da escolha do nome. Parece ter algo de provocante mas não o pretendo assim tanto. É algo que duma maneira ou outra parece ligar bem comigo, sinto-lhe algo mais amigável do que agressivo, mas também pode ter essa qualidade.

 

Depois de uma outra vida musical nos If Lucy Fell e noutros projetos nacionais, agora desligou-se a distorção e os teus dedos tocam uma guitarra clássica de seis cordas, que noutras vidas foi eléctrica. É como Filho Da Mãe que te sentes mais realizado?

É difícil de responder. Ultimamente é das coisas que me tem dado mais gozo sim...mas isso pode ser mais fruto do contexto do que de uma preferência. Não costumo hierarquizar bandas ou projectos de música, quando é feito com vontade e sai bom resultado tudo me faz sentir realizado.

 

Cabeça foi gravado dentro das paredes do Convento da Saudação, em Montemor-o-Novo. Como surgiu essa possibilidade?

Surgiu um bocado por acaso, não estava planeado à partida, mas assim que se pôs a possibilidade senti logo que ia ser um sítio perfeito para gravar (ou tentar gravar) o disco.

 

Falando um pouco do conteúdo do álbum, li algures que Cabeça são os ossos a mover-se ao som de uma música que, ao longo de um álbum, vence pelo poder catártico de provocar reações extremas. Pessoalmente confesso que Cabeça teve em mim um forte efeito persuasivo, que me fez sentir algo muito visceral e rugoso, mas simultaneamente aditivo. Achas que este teu disco e uma simples guitarra de seis cordas terão o poder de provocar reações nas pessoas, quer sejam físicas ou mentais?

Espero bem que sim. Sinceramente não vejo como posso interagir com as pessoas fazendo música, se algo desse tipo não acontecer. Mas penso primeiro no que a música me faz sentir a mim...e sinceramente não sei se penso muito, acho que vou sendo bem mais intuitivo do que racional. Depois só espero que essas sensações se reproduzam nas pessoas que o ouvem claro, mesmo que as interpretem de maneiras diferentes.

 

Descreve um pouco essa relação tão íntima, apaixonada e física que partilhas com a guitarra clássica. Funciona quase como uma extensão do teu próprio eu, parece-me… Concordas?

Creio que sim, concordo.

 

Depois da excelente estreia que foi Palácio, quais são as tuas expectativas para Cabeça? Queres que o disco te leve até onde?

Não acumulo muitas expectativas. Para já queria que as pessoas gostassem, pelo que tenho ouvido e lido, parece-me que sim, o que é óptimo. Não quero que o disco me leve a lado nenhum, mas gostava de o conseguir levar a muita gente em salas de concerto, neste país e noutros.

 

Adorei o artwork de Cabeça. A quem se devem os créditos da ilustração e que significa?

O artwork foi desenvolvido pela Cláudia Guerreiro e por muitas conversas que fomos tendo ao longo de um ano. Há muito dentro do Cabeça que está ligado a essas conversas não só o artwork. A música acaba por ser a expressão de tudo isso também. O artwork foi primeiro pensado para Vinyl e acabou por ser adaptado a CD. Trata-se de uma gravura feita pela Cláudia. A fotografia (tirada por Paulo Segadães) da chapa (matriz) constitui a capa e contra-capa. Uma cópia da gravura encontra-se no interior e foi feita uma tiragem limitada de gravuras que se podem adquirir separadamente. O Sérgio França encarregou-se do design. É difícil dizer o que significa. É uma Cabeça, uma expressão física do que se encontra lá dentro.

 

Estou viciado no tema Não Te Mexas que, por acaso, estás a oferecer no teu bandcamp. E o Rui, tem um tema preferido em Cabeça?

Não tenho preferidos. Há alguns que com tempo se vão perdendo, mas por enquanto ainda não. Neste momento tocar o Não Te Mexas e o Cerca de Abelhas dão-me muito gozo, mas ao vivo o Improviso tornou-se uma surpresa.

 

O que te move é apenas esta espécie de indie folk acústica e experimental, com raízes no próprio ideário tradicional musical português, ou gostarias no futuro de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico do Filho da Mãe?

Não faço ideia ainda. Nenhuma ideia. Podem-se esperar mais discos isso de certeza.

 

Tens andado em digressão a promover o álbum. Como tem corrido?

Tem sido óptimo poder tocar este disco ao vivo. Diferente do Palácio mas igualmente com uma boa reacção das pessoas. Ainda o estou a conhecer ao vivo...Disco e Concerto são dois bichos diferentes.

 

Apenas em jeito de curiosidade… Quais são as três bandas ou projetos atuais que mais admiras?

Nunca consigo responder a isso. Há bandas das quais me sinto muito próximo, mas colocar isso em três é para mim complicado.

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publicado por stipe07 às 22:23

Woods - Leaves Like Glass / Moving To The Left

Quarta-feira, 12.02.14

Woods, featuring (from left) Jarvis Taveniere, Kevin Morby, G. Lucas Crane and Jeremy Earl. Photo: Nick Haggard

Os Woods são de Warwick, nos arredores de Nova Iorque e uma banda formada por Jeremy Earl, Jarvis Taveniere, Kevin Morby, Aaron Neveu. Lançaram o álbum Bend Beyond em dezoito de setembro de 2012 e em julho de 2013 voltaram com novidades, um single limitado a 1000 cópias com dois temas, Be All Be Easy e God's Children.

Em 2014 o regresso dos Woods aos lançamentos discográficos está marcado para dia quinze de abril com With Light And With Love, um álbum que verá a luz do dia por intermédio da Woodsist. Leaves Like Glass e Moving To The Left são as duas amostras já conhecidas do disco. Confere...

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publicado por stipe07 às 22:09

Wild Beasts - Sweet Spot

Quarta-feira, 12.02.14

Depois de Wanderlust, o quarteto britânico Wild Beasts continua a apresentar novos temas de Present Tense, o álbum que a banda vai lançar no próximo dia vinte e quatro de fevereiro. Depois de trabalharem com Richard Formby nos três primeiros álbuns, este novo trabalho foi gravado com Lexxx, um engenheiro de som parceiro de Mike Stent e que já trabalhou em álbuns de Björk, Madonna e Goldfrapp.

A nova canção divulgada chama-se Sweet Spot, mais uma excelente música do quarteto, com o clima contido de sempre e pontuado pela vocalização etérea de Hayden Thorpe e por sintetizadores que nos envolvem até ao final da canção. Confere...

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publicado por stipe07 às 12:56

Beverly - Honey Do

Quarta-feira, 12.02.14

Beverly

Membro dos Vivian Girls, Crystal Stilts e Dum Dum Girls, Frankie Rose também editou, a solo, nos últimos anos, alguns discos que são verdadeiras pérolas de indie pop e agora é, também, uma das metades de uma dupla chamada Beverly. A outra metade deste projeto chama-se Drew Citron, que também toca numa banda de Nova Iorque chamada Avan Lava.

Nas Beverly, Citron é a grande responsável pela escrita e cabe a Rose o processo de composição, quase sempre assente em arranjos delicados e muito melódicos. Honey Do, o mais recente tema divulgado das Beverly, é um bom exemplo disso, uma canção que fará parte da compilação que a Kanine Records prepara para o próximo Record Store Day. Confere...

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publicado por stipe07 às 11:04






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