man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Capitão Fausto - Pesar O Sol (Análise do disco e entrevista)
Os portugueses Capitão Fausto regressaram aos discos no passado dia vinte e sete de janeiro de janeiro com Pesar O Sol, o segundo longa duração desta banda lisboeta formada por Domingos, Francisco, Manuel, Salvador e Tomás. Pesar o Sol foi gravado na Adega da Quinta de Santo Amaro e misturado por Nuno Roque e masterizado por Greg Calbi, que já trabalhou com nomes tão importantes como os MGMT, Tame Impala e Kurt Vile, entre outros.
Pesar o Sol sucede a Gazela, o disco de estreia dos Capitão Fausto, editado pela Chifre em novembro de 2011 e a banda espera anunciar várias datas e concertos para promover o trabalho. Para já, estão marcados dois espetáculos; Dia seis de Fevereiro, no Lux, e dia vinte e dois de Fevereiro no Hardclub. Já agora, para estes dois espectáculos há um disco-bilhete com apoio da Fnac, onde a compra do mesmo traz o disco e possibilitará acesso aos concertos. Este disco-bilhete pode ser adquirido pelo preço de 9,99€, em pré-venda em exclusivo em fnac.pt e nas lojas Fnac. A banda privilegia concertos em pequenos clubes espalhados pelo país e o principal objectivo é poder tocar canções do álbum Gazela e também do Pesar o Sol em ambientes mais fechados e próximos do seu público.
A audição de Pesar O Sol transporta-nos para o indie rock psicadélico dos anos sessenta e setenta que hoje está muito em voga, com os Tame Impala à cabeça, mas com outros nomes como os Pond e agora os Temples, na linha da frente. No entanto, um dos maiores atributos dos Capitão Fausto neste trabalho, foi terem sabido pegar em possíveis influências que admiram e dar-lhes um cunho muito próprio, uma marca deles, única e distinta. É, como já disse, um indie rock clássico, com fortes reminiscências nos anos setenta, luminoso e vibrante, cheio de fuzz nas guitarras, mas que também não dispensa uma sonoridade urbana e clássica. Fazendo uma comparação entre este novo trabalho e Gazela, e de acordo com os próprios Capitão Fausto, se no Gazela as canções eram mais directas e frenéticas, no Pesar o Sol são mais energéticas e contemplativas.
Gravado, como já referi numa adega, Pesar O Sol é como o vinho bom que enche as pipas do espaço onde foi concebido; São dez temas que se bebem de um trago só e que, se devidamente apreciados, poderão ter também ter o mesmo efeito saboroso e inebriante, potenciados por repetidas audições que permitem que determinados detalhes e arranjos se tornem cada vez mais nítidos e possam, assim, ser plenamente apreciados.
Maneiras Más é o primeiro avanço divulgado para Pesar O Sol, uma canção rápida, incisiva e direta, com a habitual toada rock, algo experimental, crua e psicadélica, a que os Capitão Fausto já nos habituaram. O single tem um vídeo realizado por Ricardo Oliveira e foi filmado em Évora, na Herdade da Pimenta, na praia do Guincho, e na quinta de Santo Amaro em Cadima. Mas depois também há o rock espacial de Litoral, a psicadelia inebriante de Tui, o banquete festivo com guitarras carregadas de fuzz no cardápio de A Batalha de Formariz, canção redentora de um episódio algo burlesco, mas só possível neste nosso Portugal tão bom e às vezes tão genuíno e tão profundo e também Lameira, o tema mais consensual no seio do grupo e a balada que transpira uma profunda sensação de conforto coletivo por tudo aquilo que Pesar O Sol certamente ofereceu aos seus criadores
Pesar O Sol é o contributo nacional de peso para a equipa formada por aquelas bandas que ajudam a contrariar quem, já por milhares de vezes, anunciou a morte do rock. Podendo, no futuro, abrir novas possibilidades de reinvenção do seu som, atravessando terrenos ainda mais experimentais, etéreos e com alguma dose de eletrónica, os Capitão Fausto são já, atualmente, o expoente máximo do melhor indie rock alternativo que ilumina o nosso país e o sol à volta do qual deverão gravitar outros projetos que tenham interesse em apostar neste tipo de sonoridade que, pessoalmente, considero bastante apelativa. Convido à leitura da entrevista que os Capitão Fausto me concederam com o inestimável apoio da Let's Start A Fire e espero que apreciem a sugestão...
01 – Nunca Faço Nem Metade
02 – Litoral
03 – Tui
04 – Flores do Mal
05 – Pesar o Sol
06 – Célebre Batalha do Formariz
07 – Ideias
08 – Prefiro Que Não Concordem
09 – Maneiras Más
10 – Lameira
Pesar O Sol foi gravado no verão de 2012 mas só agora é lançado. Ano e meio não é demasiado tempo? Se fosse gravado hoje têm aquela sensação que fariam algo diferente?
Não é demasiado tempo, felizmente tivemos um ano seguinte com bastantes concertos e muitas coisas para fazer. O disco foi gravado nem um ano depois do lançamento do Gazela simplesmente porque nos apeteceu ir gravar outro. Foi um disco que nos deu algum trabalho e por isso tentámos retirar o melhor dele para ficar tudo como queríamos. Nem sempre é fácil lançar um disco e por vezes pode ser um processo longo. É uma fotografia daquilo que éramos naquela altura, e provavelmente se fosse gravado hoje seria diferente mas encaramos isso de forma positiva, o mais importante é ainda não ter envelhecido nos nossos ouvidos.
Como deverão compreender, é natural escutar-se este fantástico álbum e sermos transportados para o indie rock psicadélico dos anos sessenta e setenta que hoje está muito em voga, com os Tame Impala à cabeça, mas com outros nomes como os Pond e agora os Temples, na linha da frente. No entanto, eu acho que um dos vossos maiores atributos foi ter sabido pegar em possíveis influências que admiram e dar-lhes um cunho muito próprio, uma marca vossa e distinta. Como descrevem, em traços muito gerais, o conteúdo sonoro de Pesar O Sol?
Tame Impala, Pond e Temples são sem dúvida influências. Mas antes desta vaga de revivalismo da música dos anos 60 e 70 sempre fomos fascinados por essa época, desde o tempo em que os discos de Pink Floyd, Beatles ou Beach Boys tocavam nos carros dos nossos pais. Com este disco fomos mais capazes de expressar as nossas referências mas não pensamos nelas quando compomos, o processo de composição geralmente é alheio a isto ou aquilo, estamos mais preocupados em dar à canção o que ela merece sem pensar muito em terceiros. Talvez o cunho próprio venha daí, só depois de gravadas as músicas é que íamos à procura desta ou daquela referência mais óbvia.
Pesar o Sol é um disco viajante, com canções longas mas energéticas. É também um disco de Rock, não somos unicamente influenciados pela música que já se fez mas também pela música que se faz hoje em dia.
Este indie rock clássico, com fortes reminiscências nos anos setenta, luminoso e vibrante, cheio de fuzz nas guitarras, mas que também não dispensa uma sonoridade urbana e clássica, é mesmo o género de música que mais apreciam?
Depende. Na altura foram essas as principais referências e temos obviamente especial gosto por elas mas todos ouvimos diferentes bandas e artistas e a cada semana que passa vão entrando mais na lista. Somos mais do tipo de gostar de bandas por o que elas são e não pelo género em que se inserem.
Quais são as maiores diferenças entre Gazela e Pesar O Sol?
Da nossa parte sentimos que no Gazela as canções eram mais directas e frenéticas. No Pesar o Sol são mais energéticas e contemplativas.
Quais são as vossas expectativas para Pesar o Sol? Querem que este trabalho vos leve até onde?
As expectativas são de fazer chegar a nossa música a quem goste dela, e de preferência conseguir que ela chegue a mais e mais pessoas, seja ouvindo o disco ou assistindo a um concerto. Queremos que o Pesar o Sol nos dê a possibilidade de no futuro gravar mais um, dois, três ou vinte e cinco discos. Acreditamos que em Portugal as bandas não se fazem apenas por um disco mas por uma carreira.
Penso que a vossa sonoridade poderia ser bem sucedida nos países que abrem os braços ao chamado indie rock psicadélico. Os Capitão Fausto estão, de algum modo, a pensar numa internacionalização, ou é apenas Portugal importante para o futuro da vossa carreira?
Para nós é simples, não pensamos numa internacionalização e gostamos muito de estar em Portugal e ainda há muito para fazer por cá. Se nos convidarem para tocar no estrangeiro vamos porque no fundo o que gostamos é de tocar para pessoas, onde quer que estejam. Era óptimo e temos esse desejo como provavelmente muitas bandas o têm, mas estamos bem aqui.
Acho curioso o artwork do disco e muito bem conseguido. Aposto que tem uma relação próxima com o facto de terem gravado numa adega e a leitura que faço dele é que aquelas pipas estão cheias com as canções de Pesar O sol e, tal como o vinho bom que as costuma encher, vocês acreditam que estes dez temas, se devidamente apreciados, poderão ter também ter o mesmo efeito saboroso e inebriante. Faz algum sentido esta minha leitura do artwork? Gostam de vinho? Qual é a vossa explicação, caso exista alguma racional, para a capa do disco?
O artwork foi feito pelo Francisco, teclista, e é uma representação da banda na altura da gravação. O disco foi gravado numa Adega, fora de Lisboa. A sala e o ambiente dessa altura foram uma influência para o próprio som das músicas, não existiram qualquer tipo de pressões citadinas e fizemos aquilo que queríamos. Achámos por bem ter isso representado. Mesmo ao pé das pipas estivemos 10 dias seguidos a gravar o Pesar o Sol. Mais do que as pipas é a própria sala que se tornou especial para nós, porque é muito bonita e merecia uma fotografia. O vinho vem por acréscimo!
Adorei a Célebre Batalha de Romariz; E a banda, tem um tema preferido em Pesar O Sol?
Cada um tem a que gosta mais e a que gosta menos. Mas a mais consensual será a Lameira, porque foi a última a ser gravada e é a música que encerra o disco.
Ainda em relação a esse tema, parece que foi inspirado numa célebre ocorrência provocada por vocês numa festa de verão na localidade de Formariz. Querem contar, de forma muito breve, obviamente, essa história?
Quando estávamos a compor o disco perto de Paredes de Coura fomos a uma festa em Formariz, uma aldeia próxima, e acabámos expulsos por todos os locais. Não houve sangue mas foi uma derrota, cómica até, e no dia seguinte escrevemos a canção. Entretanto fizemos as pazes com os habitantes de Formariz.
Não sou um purista e acho que há imensos projectos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem também em inglês. Mas admiro a forma inteligente e matreira como usam a nossa língua; Há alguma razão especial para cantarem apenas em português e a opção será para se manter?
Nunca pensámos em cantar em Inglês. O Rock hoje em dia é universal e sempre nos pareceu natural cantar na nossa lingua que conhecemos bem melhor do que qualquer outra. Cantaremos sempre em Português.
Imagino que entretanto já tenham temas novos compostos. Será preciso esperar mais três anos para saborear um novo trabalho dos Capitão Fausto?
Temas não, mas muitas ideias a ganharem forma. E não, já temos uma ideia mais clara daquilo que queremos fazer de agora em diante e estamos a aprender a ser cada vez mais pragmáticos. Se tudo correr bem a distância entre discos irá diminuir.
O que vos move é apenas indie rock psicadélico ou gostariam no futuro de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Capitão Fausto?
Nem nós sabemos, mas somos abertos a tudo e não renegamos qualquer tipo de música. Jamais faremos um disco igual a outro, e a cada dia que passa ouvimos mais e mais música e somos naturalmente influenciados por ela. Estamos sempre a experimentar novas sonoridades porque gostamos de refrescar a própria música que fazemos.
Como vai decorrer a promoção de Pesar O Sol? Onde poderemos ver os Capitão Fausto a tocar num futuro próximo?
Os concertos de lançamento serão dia 6 de Fevereiro, no Lux, e dia 22 de Fevereiro no Hardclub. A seu tempo temos mais datas para anunciar e esperamos fazer uma digressão pelo país.
Para terminar, está previsto mais algum concerto na A1, depois daquela experiência espontânea em janeiro de 2013?
Sim, mas desta vez na A5.
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Damaged Bug - Photograph
Com o projeto Thee Oh Sees a viver uma espécie de período sabático, que não se coaduna particularmente com a forte veia criativa do líder da banda, John Dwyer resolveu arregaçar as mangas e ocupar-se com um novo projeto a solo intitulado Damaged Bug.
O disco de estreia de Damaged Bug irá chamar-se Hubba Bubba e chegará aos escaparates a vinte e cinco de fevereiro por intermédio da Castle Face, etiqueta do próprio Dwyer.
Photograph é um dos temas já revelado desse trabalho, uma canção com fortes aproximações aos Devo, com os sintetizadores a tomarem conta do processo de construção do tema e da própria voz, o que fez com que Photograph seguisse por caminhos mais eletrónicos e experimentais, distantes da sonoridade rock dos Thee Oh Sees. O tema foi disponibilizado para download. Confere Aqui...