man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Wave Pictures - City Forgiveness
O trio londrino The Wave Pictures formado por David Tattersall, Franic Rozycki e Johnny 'Huddersfield' Helm, lançou no passado dia vinte e um de outubro City Forgiveness, o sucessor de Long Black Cars, álbum editado em abril de 2012 e que na altura divulguei. City Forgiveness foi editado pela Moshi Moshi Records e os The Wave Pictures estrearam-se nestas andanças em 2011 com Beer In The Breakers.
Em 2012 os The Wave Pictures andaram seis semanas, numa carrinha, em digressão pelos Estados Unidos, acompanhados pelos Allo Darlin'. City Frogiveness é o resultado dessas viagens, com canções escritas e compostas nesse período. Essa viagem terá sido verdadeiramente inspiradora já que este terceiro disco deste trio de Leicester é um duplo álbum, com um total de vinte canções, tocadas em cerca de hora e meia.
O cardápio sonoro que nos é apresentado desta vez pelos The Wave Pictures, assenta, acima de tudo, na mente criativa de Dave Tatterstall e na sua guitarra, o eixo orientador do processo melódico e rítmico de todas as canções deste álbum. Dave não é um portento técnico a tocar guitarra e qualquer leigo na matéria, como eu, percebe isso facilmente; Às vezes até opta por seguir demasiadas vezes pelo caminho mais simples e minimal no processo de criação melódica. No entanto, essa aparente ligeireza com que toca, acaba por dar um ar bastante animado e ligeiro às canções, o que faz com que o disco flua com enorme prazer.
Do blues sulista, típico da América, aos conterrâneos Beatles, de Nick Cave (All My Friends) a Paul Simon (Before This Day) e até de Van Halen a Jimmy Page, há uma intensa rede de influências que sobressai numa banda que não gosta muito de obedecer a convenções e que acima da perfeição procura colocar o seu talento tipicamente indie ao serviço do gozo que lhes dará criarem extensos solos de guitarra e tocarem em conjunto, com uma química bastante percetível, estas músicas tão animadas e luminosas. A longa The Yellow Roses é um excelente exemplo da facilidade com que os The Wave Pictures modelam canções que, pela sua duração poderiam ser aborrecidas, mas que, devido neste caso à toada blues que a sustenta, tornam-se em instantes de elevado prazer.
O disco terá nascido com processos eminentemente analógicos já que soa a algo que parece ter sido gravado num pequeno estúdio caseiro, com um ambiente bastante intimista; Este toque algo vintage acaba por conferir ao trabalho um certo charme algo indisfarçável. E ao longo das vinte canções Tattersall revela-se, mais uma vez, um brilhante escritor de canções, nas quais escreve imensas vezes na primeira pessoa e referindo-se certamente a ele próprio. Mas o que mais impressiona na sua escrita é a combinação recorrente entre a sinceridade e o sarcasmo (All of my friends are going to be strangers, all of my friends are going to get strange) e o detalhe com que pinta determinados cenários que quase conseguimos visualizar na perfeição. Há várias canções onde essa virtude fica plasmada, mas é em New Skin que ela melhor se revela (I am a whippet now, I am alarmingly thin. I was born on the head of a pin, but I think I just grew another layer of skin).
City Forgiveness é, no fundo, não só e apenas o relato de uma viagem pelo el dorado que fica no outro lado do atlântico, mas a materialização do desempenho apaixonado de um trio de músicos com uma sonoridade muito caseira e bastante intimista. O disco tem momentos muito interessantes e períodos em que até espanta a naturalidade com que tocam uma pop alegre, que poderá parecer um pouco antiquada e vintage, mas, como acontece hoje com a moda, está mais atual que nunca. Não há grandes floreados nem limites sonoros demasiado expostos, a sonoridade é direta, básica, descontraída e, pelo que percebi, o culto já está implementado na esfera alternativa mais atenta. E às vezes são os prazeres mais simples, aqueles que melhor nos recompensam. Agradeço publicamente à banda o exemplar físico que me enviaram e espero que aprecies a sugestão...
CD 1
01. All My Friends
02. Before This Day
03. Chestnut
04. Better To Have Loved
05. Missoula
06. Lisbon
07. Red Cloud Road (Part 2)
08. The Woods
09. Whisky Bay
10. The Yellow Roses
CD 2
01. Tropic
02. The Inattentive Reader
03. Shell
04. The Ropes
05. Narrow Lane
06. Atlanta
07. New Skin
08. A Crack In The Plans
09. Golden Syrup
10. Like Smoke
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Pontiak - Innocence
Os Pontiak são os The Carney Brothers Lain, Van & Jennings Carney, três irmãos oriundos da Virginia rural e que têm no rock cru e experimental a pedra de toque das suas criações sonoras. Em Janeiro vão regressar aos discos e já é conhecido Innocence, o tema homónimo desse trabalho, disponibilizado gratuitamente pela Thrill Jockey Records, a etiqueta da banda.
Innocence são pouco mais de dois minutos do rock clássico feito com guitarras carregadas de fuzz e distorção e uma percurssão vibrante e musculada, algures entre os MC5 e os Black Sabbath. É aquela canção inspirada no rock puro sangue, aditivo e psicadélico, com reminiscências na década de setenta e que, neste caso concreto, dispensa o uso de artifícios eletrónicos. Os Pontiak gravaram este novo disco nos seus estúdios na Virgina, os Studio A e dispensaram a presença de computadores.
As primeiras quinhentas reservas antecipadas do disco em vinil permitem receberes em casa, gratuitamente, Heat Leisure, um CD bónus com cerca de quarenta e quatro minutos, gravado no verão de 2012. Esse trabalho resultou de uma colaboração dos Pontiak com Greg Fox (Guardian Alien, Zs) e Steve Strohmeier (Arbouretum, Beach House), que decorreu na quinta que a banda possui na Virginia. A música desse trabalho foi condensada e gravado um vídeo, que deu origem a uma curta metragem com quase dezoito minutos e que fez parte da seleção oficial da edição recente do Chicago International Music and Movies Festival. Confere...
Pontiak Heat Leisure Film from Thrill Jockey Records on Vimeo.