man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
FUZZ - FUZZ
Fuzz é o nome do novo universo sonoro criado pelo genial Ty Segall, um verdadeiro workaholic e músico responsável por outros projetos que vou divulgando e que me têm agradado imenso. Em Fuzz, Ty Segall larga a guitarra e pega na bateria e no microfone, junta-se a Charlie Moothart e Roland Casio e volta às origens da psicadelia, através de temas cheios de riffs poderosos, como comprova Loose Sutres, o primeiro single divulgado de Fuzz, o disco homónimo de estreia do projeto e que foi editado a um de outubro, via In The Red.
Fuzz tem todos os ingredientes que um disco deve conter para não passar despercebido e fazer mossa em todos aqueles que apreciam o rock que começou a surgir na década de sessenta. Em oito canções cheias de energia, Ty Segall incorpora acordes e ditorções e ritmos rápidos, detalhes sonoros que entram facimente na nossa mente, arrepiam a espinha e que dão vontade de gritar, dançar e deitar cá para fora toda a energia acumulada.
Em Fuzz, o grunge, para um uns género próprio, para outros uma derivação mais crua e alternativa do rock, também tem um papel preponderante em Fuzz, o que faz deste disco uma espécie de compêndio de garage rock que mistura Jimmy Hendrix e Kurt Cobain, o que faz com que seja um disco mais típico de Seattle e não tanto de São Francisco, a cidade dos Fuzz. Mas além do rock clássico e do grunge, o punk também é um elemento essencial, não só no cariz lo fi e cru da produção, como na voz, sempre intensa e visceral, de Segall, muito à semelhança de um Johnny Rotten dos Sex Pistols.
Todo o disco parece ter sido gravado de uma só vez, como se tivesse resultado de uma longa e ininterrupta jam session; As próprias interrupções que se escutam, as pausas e quebras de ritmos, dão uma maior ideia de autenticidade ao trabalho e a perceção que estamos perante o próprio grupo a tocar enquanto escutamos o álbum. Logo no início do disco, Earthen Gates expressa bem toda esta mistura. A introdução cheia de distorção escancara-nos as portas para o universo dos Fuzz e abre espaço para uma linha de guitarra com uma sonoridade particularmente vintage. Daí em diante, o ritmo acelera, o amplificador bate facilmente o red line e uma vontade compulsiva de mochar invade-nos instantaneamente. No entanto, impressiona o virtuosismo dos músicos e nota-se que, além de serem excelentes intérpretes, existe uma enorme empatia e sincronização no seio dos Fuzz.
Sleigh Ride impressiona pela harmonia instrumental, com a bateria a confundir-se com a guitarra e um baixo musculado a ampliar o efeito da canção e Rais, com a vibração que transmite e o solo de guitarra que contém, recorda alguns dos melhores momentos de Hendrix na guitarra. No entanto, o meu destaque de Fuzz vai para o uma espécie de mistura entre grunge e blues que se escuta em What’s My Head?, canção que tem na voz de Segall o seu grande trunfo; com uma toada inicial calma, a voz amplia-se no refrão enquanto os instrumentos seguem a mesma tendência.
Também fiquei muito impressionado com o solo de baixo, a bateria e o amplificador de Loose Sutres, um tema que ecoou ainda mais por cá quando percebi que havia uma guitarra cheia de energia a sustentar toda a estrutura da canção.
Fuzz termina com One, um instrumental que faz uma síntese da sonoridade dos Fuzz; Acaba por ser uma espécie de Bohemian Rapsody sem voz doz Fuzz, com diferentes linhas melódicas em simultâneo, como se escutássemos várias canções dentro de uma só, uma canção que foi gravada de uma vez só, sem recurso a meios auxiliares, com o som que se escuta no disco a ser o que genuinamente resultou do que foi tocado em estúdio, como deve ser com o verdadeiro rock.
Em Fuzz e nos Fuzz há atitude e talento e músicos exímios e capazes de nos levar numa viagem sonora enérgica e que nos permite perceber e sentir o que de melhor se faz atualmente no campo do rock. Espero que aprecies a sugestão...
1. "Earthen Gates"
2. "Sleigh Ride"
3. "What's In My Head"
4. "Hazemaze"
5. "Loose Sutures"
6. "Preacher"
7. "Raise"
8. "One"