man on the moon

Os irmãos Followill e restante trupe estão de regresso com Mechanical Bull, um disco que viu a luz do dia a vinte e quatro de setembro último. Falo, obviamente, dos norte americanos Kings Of Leon, uma banda que se estreou extamente há uma década nestas lides com o excelente Youth & Young Manhood, para mim ainda o melhor disco desta banda natural de Nashville, no Tennessee.

Para quem conhece com algum rigor a discografia dos Kings Of Leon é interessante escutar Mechanical Bull e perceber que estamos na presença de um disco que faz uma espécie de súmula da carreira de uma banda que, na minha opinião, tem vindo a decrescer de qualidade disco após disco, ao mesmo tempo que, curiosamente, ganham maior relevância como banda de estádio. Mas isto é apenas uma mera questão de gosto pessoal e aceito perfeitamente que existam opiniões divergentes da minha. Agora, o que me parece unânime e fácil de aceitar por todos aqueles que, como eu, acompanham a carreira dos Kings Of Leon, é perceber que não há um fio condutor homógeneo e bem definido no cardápio musical do grupo, ou seja, Caleb e companhia, dentro do universo indie rock, já experimentaram de tudo um pouco para descobrir a fórmula perfeita que possa fazer deles uma das bandas mais importantes e influentes do mundo, musicalmente falando e sem olhar para a componente comercial.

Portanto, ao sexto disco, os Kings Of Leon começam por fazer-nos recordar, em Supersoaker, alguns instantes de Because of the Times (2007), para depois as guitarras acalmarem um pouco e vir à tona o divertido Aha Shake Heartbreak (2004). Nos momentos mais calmos e introspetivos, ou com um cariz de maior epicidade, é automático irmos confluir ao conteúdo de Only by the Night (2008). Assim, Mechanical Bull soa a uma espécie de best off dos Kings Of Leon, mas feito apenas com inéditos.

Ao contrário de algumas críticas que li e que consideram que os Kings Of Leon não trazem nada de novo e inovador à sua discografia com Mechanical Bull, penso que o grande mérito da banda neste novo trabalho foi terem voltado a pegar no chapeu de cowboy e nas camisas de padrão xadrez e conseguido apresentar uma coleção de onze temas novos que desafiam o que de melhor fizeram na carreira, sem usarem temas e sons reparoveitados, ou um simples verniz feito com arranjos em músicas já divulgada, para disfarçar algmas limitações que a banda sempre teve, nomeadamente no que diz respeito à capacidade de resistirem ao apelo da vertente comercial, que eu penso ter castrado a extraordinária capacidade criativa que o grupo demonstrou no início da carreira, em Youth & Young Manhood e Aha Shake Heartbreak.

Se os The Strokes e os Yeah Yeah Yeahs, entre tropeços e acertos, piscaram o olho aos anos oitenta, se os Franz Ferdinand abraçaram o krautrock e os sintetizadores, se os Arctic Monkeys foram em busca da soul e do R&B, se os Bloc Party resolveu namorar com a eletrónica e até os Coldplay buscaram novos ares em Viva la Vida or Death and All His Friends, fico a desejar ardentemente que Mechanical Bull seja realmente o fechar de uma porta e o epílogo de uma fase da carreira desta banda liderada por Caleb Followill e que no futuro eles revelem algo de inédito que os catapulte para uma posição de relevo no panorama musical alternativo, com um das bandas mais influentes no campo do indie rock. Espero que parecies a sugestão...

01. Supersoaker
02. Rock City
03. Don’t Matter
04. Beautiful War
05. Temple
06. Wait For Me
07. Family Tree
08. Comeback Story
09. Tonight
10. Coming Back Again
11. On The Chin
12. Work On Me (Bonus Track)
13. Last Mile Home (Bonus Track)