man on the moon

Lançado no passado dia dezassete de setembro, MGMT é o homónimo dos MGMT e o terceiro álbum da dupla norte-americana Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser, já veteranos do indie rock psicadélico. MGMT foi produzido por David Fridmann, um habitual colaborador de Wayne Coyne, dos The Flaming Lips, um profissional que tem tudo para perceber como funcionam as mentes lisérgicas de Andrew e Ben e foi lançado por intermédio da Columbia Records.

Ao terceiro disco os MGMT mostram-se cada vez mais distante da pop acessível de Oracular Spectacular, o disco de estreia, um percurso divergente que já se tinha iniciado em Congratulations, o segundo disco, um trabalho que foi baseado nos sintetizadores e cheio de temas bastante ambientais e que agora se aprofunda ainda mais. A propósito convém referir que na última década é difícil encontar um grupo que tenha articulado tão bem tantas ideias no espaço de dois álbuns.

O rock psicadélico é, definitivamente, uma importante bitola dos MGMT, algures entre os Pink Floyd das décadas de sessenta e setenta e uns mais contemporâneos Flaming Lips (An Orphan Fortune), mas também com os olhos e ouvidos postos em projetos mais atuais e até, de algum modo, concorrentes, nomeadamente os Tame Impala (Mystery Disease) ou os Animal Collective (A Good Sadness).

Canções como Your Life Is A Lie, Alien Days ou Astro-Mancy poderiam ser clássicos intemporais e, por isso, saúda-se a opção pelo encosto a tão importantes referências, apesar de, na minha opinião, isso também fazer com que seja cada vez menos percetivel a evidente capacidade que esta dupla possui de criar algo únio e genuíno com a suadiscografia, algo que foi muito prometido na estreia.

Seja como for, outro bom sintoma que este MGMT transpira é o cardápio instrumental bastante diversificado que possui e que prova que os MGMT continuam a chegar ao estúdio de mente aberta e dispostos a servir-se de tudo aquilo que é colocado ao seu dispôr para criar músca, sejam instrumentos eletrónicos ou acústicos, para assim fazerem canções cheias de sons poderosos e tortuosos, sintetizadores flutuantes e vozes abafadas.

Para amadurecer não é preciso parecer demasiado complicado e criar sons e melodias intrincadas. Consegui-lo é ser agraciado pelo dom de se fazer a música que se quer e ser-se ouvido com particular devoção. Para que isso suceda a fórmula correcta é feita com uma quase pueril simplicidade, a melhor receita para demonstrar essa formatação adulta, assim como a capacidade de reinventar, reformular ou simplesmente replicar o que de melhor têm alguns projetos bem sucedidos na área sonora em que uma banda se insere. Assim, MGMT é um trabalho que faz uma espécie de simbiose entre a pop e o experimentalismo, temperado com variadas referências típicas do shoegaze e da psicadelia e carregadas de ácidos. No fundo, é uma espécie de caldeirão sonoro feito por uma dupla que sabe melhor do que ninguém como recortar, picotar e colar o que de melhor existe no chamado electropsicadelismo. Espero que aprecies a sugestão...

01. Alien Days
02. Cool Song No. 2
03. Mystery Disease
04. Introspection
05. Your Life Is A Lie
06. A Good Sadness
07. Astro-Mancy
08. I Love You Too, Death
09. Plenty Of Girls In The Sea
10. An Orphan Of Fortune