man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Crystal Stilts – Nature Noir
Os Crystal Stilts de Brad Hargett estão de regresso com Nature Noir, um dos discos que mais tenho ouvido nas últimas semanas e o terceiro registo de originais do grupo. Os Crystal Stilts são de Nova Iorque e, à semelhança de várias bandas conterrâneas, vivem muito de referências do passado, nomeadamente o garage rock dos anos sessenta e a psicadelia da década seguinte.
Nature Noir é uma espécie de epílogo num processo de maturação, o encerrar de uma triologia que começou no excelente Alight Of Night (2008) e que teve sucessor consistente em 2011 com In Love With Oblivion. O clássico punk rock sombrio e visceral, misturado com opunk e o surf rock mais obscuro, mantém-se como o grande referencial sonoro do grupo, mas os Crystal Stilts chegaram a um momento em que a ânsia, a rispidez e a pura e simples crueza foram subsituidas por um maior cuidado na produção e nos arranjos, principalmente nas cordas e por uma utilização mais assertiva do sintetizador.
Temas como Star Crawl e Memory Room plasmam um superior cuidado não só na procura de uma maior diversidade melódica e até instrumental, mas também na demonstração de um maior controle das operações, mas sem deixar de ter o habitual universo cinzento e nublado a cobrir a mente criativa de Brad Hargett.
O auge desta superior dimensão criativa dos Crystal Stilts e de uma evidente subida de patamar do grupo para uma liga musical superior fica comprovada com Future Folklore, canção que nos leva até aos anos sessenta, com os Velvet Underground e até o Elvis a servirem de importante referência.
O grande segredo que faz de Nature Noir um trabalho de elevada qualidade acaba por ser a fidelidade que demonstram relativamente ao seu passado, conseguindo apresentar, em simultâneo, algo inovador e diferente. O futuro dos Crystal Stilts é difícl de prever e o mais provável é que a experimentação nunca deixe de ser um fator decisivo no processo de composição melódica da banda. A pop mais branda de Sticks And Stones, Electron Rising e Phases Forever poderá ser um bom indicativo de que o amanhã deste grupo norte americano assentará em bases sonoras cada vez mais ambientais, mas sempre ampliadas com o potencial psicadélico das guitarras de JB Townsend e com a voz flutuante de Brad, para que nunca se perca o charme que é intrínseco ao cardápio sonoro deste grupo.
Mestres em dissecar uma já clássica relação estreita entre o rock de garagem e o punk psicadélico e exímios na forma como colocam na voz aquele cariz algo sombrio que tão bem os carateriza, em Nature Noir, os Crystal Stilts apresentam-nos dez canções viscerais e cheias de estilo, tão enevoadas como a penumbra que rodeia o próprio grupo, mas também tão luminosas como só as bandas que sabem ser eficazes à sombra das suas próprias regras conseguem ser. Espero que aprecies a sugestão...
01. Spirit In Front Of Me
02. Star Crawl
03. Future Folklore
04. Sticks And Stones
05. Memory Room
06. Worlds Gone Weird
07. Darken The Door
08. Electrons Rising
09. Nature Noir
10. Phases Forever
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Curtas... CXXX
Para celebrar os dez anos de carreira, a onze de novembro os The Killers vão lançar a sua primeira compilação; A rodela vai chamar-se Direct Hits e irá conter alguns dos maiores sucessos dos quatro álbuns de estúdio da banda e algumas novas canções. Uma delas é uma colaboração com o projeto M83, também conhecido como Anthony Gonzalez, uma balada chamada Shot At the Night. Confere...
Os mais atentos ao blogue repararam que Beck Hansen tem nos últimos tempos dado alguns sinais de vida e que estará para breve a edição de um disco com uma forte toada acústica. Assim depois de Defriended e I Won’t Be Long, Beck divulgou há alguns dias Gimme, uma nova canção conduzida pela voz de Beck ligeiramente manipulada e por um xilofone sintetizado e que tem uma fantástica toada groove. Confere...
Os norte americanos SETH são uma dupla formada pelo produtor Gobby e a cantora James K. O single Don’t Open Your Make, é o primeiro tema conhecido do grupo, uma canção com um ritmo lento, cheia de sobreposições de sons e que nos remete para o trip hop dos anos noventa. O tema fará parte do EP Chick on the Moon, trabalho que será lançado dia oito de outubro pelo selo UNO.
Shoegaze e um tempero de batidas eletrônicas, essa é a base para o trabalho da dupla canadense No Joy em Wait To Pleasure é o disco mais recente dos canadianos Joy, um trabalho que mistura com mestria a eletrónica com alguns detalhes do shoegaze. Os Joy são uma dupla formada por Jasamine White-Gluz e Laura Lloyd e um dos grandes destaques desse disco é Blue Neck Riviera, um filme dirigido por Jason Harvey e com cores e pequenos efeitos visuais com uma forte estética psicadélica.
Cass McCombs está de regresso aos discos em 2013 com Big Wheel and Others, mas nos últimos dias destacou-se por ter divulgado Brighter!, uma canção que conta com a participação especial da atriz e cantora Karen Black, recentemente falecida e que representa uma homenagem sentidado múico a Karen. Confere...
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In A Lonely Place - Diverse EP
Lançado já no passado dia vinte e três de maio, Diverse é um EP da autoria dos In A Lonely Place, uma banda russa natural de Moscovo e um trabalho que contém em quatro canções pouco mais de doze minutos de algum do melhor punk rock que descobri neste ano de 2013. Diverse está disponível para download gratuito no bandcamp da banda.
Algures entre Bauhaus e Black Rebel Motorcycle Club, o EP começa a toda a velocidade e em ritmo acelerado com Run e com as guitarras a assumirem desde logo a linha da frente. Stay Outside pisca ao olho ao rock mais industrial e eletrónico e funciona como uma espécie de homenagem a Trent Reznor e aos NIN, certamente uma importante influência do grupo. A melodia da guitarra de Fire dispara em vários sentidos e a conjugação da distorção com uma bateria descontinuada faz deste tema o mais etéreo e melódico do EP. O melhor estava guardado para o fim com No Disappearing, uma canção que contém todos os ingredientes daquele rock negro e sombrio, mas cheio de pulso, aditivo e visceral, que agrada a todos os apreciadores do rock psicadélico dos anos setenta e oitenta.
Entretanto, há alguns dias, os In A Lonely Place divulgaram uma nova canção no seu bandcamp, um tema chamado Pray e que mantém a típica sonoridade do grupo. Espero que aprecies a sugestão...
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Sugiro... XXXVI
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Arctic Monkeys – AM
Editado no passado dia nove de setembro pela Domino Records, AM é o mais recente disco dos britânicos Arctic Monkeys, um grupo liderado por Alex Turner, ao qual se juntam Matt Helders, Jamie Cook e Nick O'Malley. AM foi produzido por James Ford e Ross Orton e a sua frequência emitida a partir dos estúdios Rancho de la Luna, algures nos Estados Unidos da América.
Desde que em 2009 Josh Homme participou ativamente em Humbug, tornou-se evidente que os Arctic Monkeys, não deixando de ser fiéis à sua sonoridade típica, tornaram-se cada vez mais influenciados pela cultura pop do outro lado do atlântico. Essa influência direta foi recentemente assumida pelo próprio Alex Turner em declaraçoes à NME, onde falou de Ike turner, Outkast, Dr. Dre e dos próprios Velvet Undergound (em termos de imagem), deixando claro que são artistas e projetos que admira. Assim, AM não varia muito dos quatro álbuns que o antecederam, mantém a fórmula habitual, mas a apresentação do conteúdo sonoro contém detalhes típicos da terra do Tio Sam.
Em AM não há a dose de psicadelia de Humbug nem o espalhafato sonoro que sustentava Suck It And See (2011), os dois antecessores. Há sim uma maior preponderância da guitarra e um som mais ruidoso em detrimento do baixo, que agora é mais discreto e menos importante no processo de criação melódica. Escutam-se as mesmas distorções de Humbug, bem patentes em R U Mine e Arabella, dois temas que abusam dos décibeis e que apelam às pistas de dança. Mas depois AM torna-se mais introspetivo, nomeadamente em Mad Sounds e I Wanna Be Yours. Podemos também ouvir a voz de Josh Homme em Knee Socks, uma canção que, para além contar com um interlúdio digno de qualquer artista da Motown, transpira toda a vertente sexy e sedutora que identifica os Queens of The Stone Age.
Em suma, AM está cheio de canções que falam do amor e de outros vícios, com o álcool à cabeça e a mistura explosiva que essas duas temáticas costumam ser e fala das mesmas vidas e personagens de outrora, ma agora num estilo mais beliçoso, swingado e algo irónico.
Num ano em que nomes como os The Strokes, os Yeah Yeah Yeahs, os Franz Ferdinand e os próprios Bloc Party deram sinais de vida com novos trabalhos que rejuvenesceram o cardápio sonoro destes projetos fundamentais do universo alternativo, os Arctic Monkeys também deram um importante sinal e, apesar de não terem abandonado a zona de conforto onde se posicionam há algum tempo, firmaram ainda mais a posição de relevo que já ocupavam no panorama musical internacional. Espero que aprecies a sugestão...
01. Do I Wanna Know?
02. R U Mine?
03. One For The Road
04. Arabella
05. I Want It All
06. No. 1 Party Anthem
07. Mad Sounds
08. Fireside
09. Why’d You Only Call Me When You’re High?
10. Snap Out Of It
11. Knee Socks
12. I Wanna Be Yours
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The 1975 - The 1975
Prometido já desde o final de 2012, chegou finalmente aos escaparates The 1975, o disco homónimo de estreia dos The 1975, um quarteto britânico que começa a dar cartas no universo indie rock. O trabalho chegou às lojas no passado dia nove de setembro e contou com a produção de Mike Crossey, que já trabalhou com os Arctic Monkeys, entre outros. The 1975 foi precedido de dois EPs, Sex e Facedown, trabalhos que deram a conhecer a sonoridade única da banda e que deixaram imensos radares sonoros ansiosos por este longa duração, lançado por intermédio da Dirty Hit em parceria com a Polydor.
Os The 1975 seguem uma tendência muito em voga no universo sonoro britânico, já que fundem o rock com sonoridades típicas dos anos oitenta, nomeadamente o eletropop e a chamada synth pop. Procuram assumir-se através de canções feitas em redor de refrões aditivos e melodias de fácil assimilação, com a vertente comercial a ser um fator importante do processo de composição, ou seja, procuram chegar já às massas sem passar por um processo de maturação que se calhar lhes seria favorável.
The 1975 não é necessariamente um mau disco, mas é facilmente percetível que estamos na presença de um daqueles casos de um grupo que quis, como se diz na gíria, dar um passo maior que a perna. A guitarra assume o papel principal, mas as temáticas relacionadas com o sexo, dinheiro e as questões fundamentais da adolescência acabam por reduzir um pouco o cardápio de canções a um conjunto de clichés que ofuscam uma superior capacidade inventiva que eu acrredito que estes quatro rapazes têm, em prol da transmissão de uma imagem de ecletismo e personalidade que talvez ainda não possuam.
The City, Sex e Chocolate são excelentes canções, apostas firmes para singles de promoção do disco, mas a sua elevada extensão (dezasseis músicas em cerca de cinquenta minutos) acaba por fazer com que o efeito positivo que elas têm se dilua um pouco no conjunto final, carregado com as tais referencias pop dos anos oitenta e uma forte tendência radiofónica. Tendo implicitamente as pistas de dança na mira, os The 1975 atiram um pouco em todas as direções, mas mostram que têm a capacidade de, sendo mais concisos e objetivos, poderem ampliar a sua qualidade futura. Apesar de ter desiludido um pouco, The 1975 não deixa de ser um interessante cartão de visita de um grupo que aposta num nicho sonoro já um pouco saturado, mas que denota poder vir a fazer muito melhor, desde que, provavelmente, lhes seja dada maior independência e liberdade criativa. Espero que aprecies a sugestão...
01. The 1975
02. The City
03. M.O.N.EY.
04. Chocolate
05. Sex
06. Talk!
07. An Encounter
08. Heart Out
09. Settle Down
10. Robbers
11. Girls
12. 12
13. She Way Out
14. Menswear
15. Pressure
16. Is There Somebody Who Can Watch You
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Peixe : Avião - Peixe : Avião (Inclui entrevista)
Depois de 40.02 (2008) e Madrugada (2010), os bracarenses Peixe : Avião de André Covas, José Figueiredo, Luís Fernandes, Pedro Oliveira e Ronaldo Fonseca, estão de regresso com um homónimo, lançado a por intermédio da PAD, uma editora de artistas independente criada em 2010 e que, desde então, tem mantido elevados níveis de actividade e editado trabalhos de algumas das mais proeminentes bandas nacionais. Peixe : Avião foi gravado pelos próprios Peixe : Avião na sua sala de ensaios e posteriormente trabalhado por Nélson Carvalho nos Estúdios Valentim de Carvalho, misturado também por Nélson Carvalho e masterizado por Andy Vandette.
A opção por darem o nome da banda ao título do disco talvez signifique que Peixe : Avião é o trabalho onde este colectivo bracarense se sente mais confortável e realizado não só com o resultado final, mas também com todo o processo de composição e gravação. A esse propósito, na entrevista que os Peixe : Avião me concederam e que podes conferir abaixo eles afirmam que este álbum traduz melhor a sua identidade, ou a identidade que procuram. Sendo que foram assumidas novas fórmulas de composição, de arranjos, concluiu num resultado em certa medida mais honesto que os anteriores, exactamente por mais despido e directo. Por ser um LP mais cru, menos maquilhado, mais instintivo, cremos que nomeá-lo com título homónimo, vai de encontro a essas premissas. Se normalmente um álbum homónimo coincide com uma estreia, então julgamos que por nos temos reinventado em certa medida, faz sentido ir de encontro a esse refrescar de identidade.
Seja como for e tendo em conta, por exemplo, o contéudo de Avesso e Ecos, os meus dois grandes destaques deste trabalho, em Peixe : Avião os Peixe : Avião soltaram as amarras, tornaram-se mais diretos e arrojados e viraram agulhas, sem perder o norte. Agora eles exploram novos territórios sonoros, olham o sol radioso de frente e enfrentam-no com o baixo e a guitarra sempre no limite do vermelho, com essa vertente experimental, onde o rock e a eletrónica se cruzam, a ser dedilhada e eletrificada com particular mestria.
Uma das ideias que me assaltaram logo à mente e ao ouvido assim que escutei pela primeira vez o trabalho teve a ver com a noção de crueza e de ter achado muito direto, como já disse, não só o som mas também a própria mensagem de cada uma das músicas. Para os Peixe :Avião já não há limites nem tabús, ou melhor, nunca houveram, mas desta vez colocaram de lado uma certa timidez conceptual que não os deixava sair da zona de conforto onde habitavam e agora estão dispostos a enfrentar de frente todos aqueles que estiverem dispostos a verem abandonadas as suas fundações mais tradicinalistas.
Em suma, em Peixe : Avião há abertura, arrojo, disposição para o choque e não há momentos de desnecessária complexidade. Desse modo o resultado final soa de forma muito consistente e bem definida e que confere aos Peixe : Avião uma identidade sonora com um cunho muito próprio.
O ambiente sonoro que eles criaram neste seu terceiro trabalho está carregado de de riffs de guitarra que conseguem falar sobre a melancolia e obrigam-nos a descolar para um universo que pode muito bem ser só nosso, já que a universalidade melódica destas canções permite-nos encaixar nelas determinados instantes do nosso percurso pessoal. Peixe : Avião impressiona pela grandiosidade instrumental das canções e, acima de tudo, pela capacidade que elas têm de comunicar connosco.
Os Peixe : Avião apresentarão o seu novo trabalho em primeira mão no Theatro Circo em Braga, já a vinte e um de Setembro e no Centro Cultural de Belém em Lisboa, a cinco de Outubro. Confere a entrevista que o grupo me concedeu abaixo, só possível devido,mais uma vez,ao apoo inestimável da Raquel Lains da Let's Start A Fire e espero que aprecies a sugestão...
Os Peixe : Avião estrearam-se em 2007 com o EP Finjo A Fazer De Conta Feito Peixe : Avião, e em 2008 chegou 40:02. Mas só agora, ao terceiro trabalho, após Madrugada (2010), chega o homónimo. Geralmente, os homónimos costumam ser sempre os trabalhos de estreia. Há alguma razão especial para terem baptizado este novo trabalho com o nome da banda, ou acaba por ser só mais um título de um disco vosso? Será que, relativamente à vossa discografia, se identificam mais com o conteúdo de Peixe : Avião?
Sem dúvida que este álbum traduz melhor, pensamos nós, a nossa identidade, ou a identidade que procuramos. Sendo que foram assumidas novas fórmulas de composição, de arranjos, concluiu num resultado em certa medida mais honesto que os anteriores, exactamente por mais despido e directo. Por ser um LP mais cru, menos maquilhado, mais instintivo, cremos que nomeá-lo com título homónimo, vai de encontro a essas premissas. Se normalmente um álbum homónimo coincide com uma estreia, então julgamos que por nos temos reinventado em certa medida, faz sentido ir de encontro a esse refrescar de identidade.
Quais são as principais diferenças sonoras entre 40:02 e Peixe : Avião? Ou seja, como descrevem, de forma sucinta e no que diz respeito à vossa sonoridade, este percurso ainda tão curto (6 anos) mas já tão profícuo?
As diferenças vão desde a composição dos temas (desta vez apostámos muito na criação conjunta em ensaio), na adaptação dos temas ao contexto de os tocar ao vivo, sendo que tentámos que aquilo que fosse posto no disco não ficasse muito longe do que poremos nos concertos. Os dois discos anteriores eram muito densos, com muitas camadas sonoras e complexos na sua forma, o que poderia hermetizar a sua audição e compreensão. Fizemos por simplificar, deixar vingar sobretudo o essencial.
Quais são as vossas expectativas para Peixe : Avião? Querem que o disco vos leve até onde?
Temos boas expectativas para este álbum, no sentido em que poderá nos apresentar a mais e diferente tipo de público, de mostrar que temos dinamismo e novidade na nossa música, e que nos traga muitas e boas oportunidades para o tocarmos ao vivo.
Já agora, haverá algum tipo de distribuição no exterior do país? É uma ambição vossa serem mais ouvidos lá fora?
Seria óptimo termos ouvidos internacionais a escutar a nossa música, mas é uma ambição para já menor; preferimos crescer e enraizarmo-nos primeiro dentro de portas, e quem sabe um dia, experimentar atingir mercados externos.
Os vossos discos contaram sempre com participações especiais de relevo e foram objecto de excelentes críticas. Essa responsabilidade pesa-vos de algum modo na altura de compor ou deixam pura e simplesmente fluir a vossa criatividade sem se preocuparem com o que já leram e ouviram sobre os vossos anteriores trabalhos?
O facto de termos já contado com grandes nomes da música nacional, e de termos colecionado no geral boas críticas ao nosso trabalho, não terá particular influência na altura de compor e arranjar os temas. Apesar de sombreados por expectativas, como qualquer projecto que na sua génese reúna interesse e mediatismo, não será um factor que pese, no fim das contas. Se nos deixássemos permear pelas críticas e expectativas, de certo que o resultado final estaria em certa medida agrilhoado. Queremos fruir da maior liberdade criativa e de expressão possível.
Acompanho o universo musical indie e alternativo com interesse e percebi que as vossas influências musicais assentam muito em ambientes experimentais eléctricos, carregados de loops de guitarra e texturas algo cruas e directas, mas também melancólicas. O que andam basicamente a ouvir os Peixe : Avião?
A forma de expressão é constantemente influenciada, seja por bandas que já conheces há muito, como novidades que te deixam marca. Partilhamos o gosto pelo krautrock, o rock alternativo, o electrónico e shoegaze, entre outros estilos, e poderia apontar influências de bandas como os tame impala, portishead, grizzly bear, radiohead, entre outros. Tendo um terreno musical em que todos possamos assentar, e sabendo das influências individuais e partilhadas, torna mais fácil criar a nossa própria linguagem.
Adorei o artwork deste vosso novo trabalho e, pelo que li no disco, foi da vossa autoria. Como surgiu a ideia e, já agora, a colaboração da Rita Lino que também assina a realização do vídeo do single Avesso?
Muito obrigado! Sim, neste como nos anteriores trabalhos, a concepção gráfica ficou a nosso cargo. Não que sejamos maníacos do controlo, mas aproveitamo-nos dos dois designers que temos na banda.
Alguns de nós já conhecem a Rita Lino e o Pedro Maia há algum tempo e na verdade já colaboraram noutros projectos anteriormente. Achámos que a estética deles - da RIta na crueza das fotografias e do Pedro no tratamento de imagem e experimentação estética - encaixava perfeitamente naquilo que nós quisemos fazer musicalmente neste trabalho. Ficámos muito contentes com o resultado!
Adorei o tema Ecos. E a banda, tem um tema preferido em Peixe : Avião?
Cada um de nós tem um tema que prefere, mas no meu caso em particular, a minha predileção pelo menos neste momento, seria a “torres de papel” – foi um tema criado em poucas horas e já em estúdio, enquanto esperávamos que o produtor nélson carvalho tratasse de um assunto pessoal que o obrigou a deixar o estúdio; a espontaneidade da criação deste tema e a sua simplicidade resumem, em muito, as linhas orientadoras e o espírito por detrás deste disco. Além de ser um tema muito bonito!
Quando se fala em Peixe : Avião é incontornável abordar a já antiga colagem que muitas vezes insistem em fazer com os Radiohead. Na minha modesta opinião, Peixe : Avião já me recordou muito pouco essa banda liderada por Thom Yorke e que eu também admiro imenso. Acham que finalmente, essa espécie de estigma que vos persegue, irá desaparecer de vez?
Não foi por si um incómodo, ser comparado com os radiohead – afinal, temos deles uma importante influência, mas tal como outras grandes bandas como os portishead e os massive attack por exemplo; além de quem quisesse uma referencia ao que apelava o nosso som inicial, amparava-se às comparações imediatas (pelo timbre de voz, pelo estilo e ambiente, etc.). Contudo, talvez agora já com 3 discos, a nossa identidade já está mais modelada e mais vincada, as diferentes influências que não só esta fazem-se notar mais, e sobretudo, faz-se notar mais, espero, a nossa própria identidade.
Saúdo a vossa opção de cantar em português, apesar de não ser um purista a de achar que há imensos projectos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem, por exemplo, em inglês. Há alguma razão especial para cantarem em português e a opção será para se manter?
A razão na altura de iniciar este projecto, seria marcar pela diferença também pelo uso da língua portuguesa. Fomos à nossa maneira um dos motores do recente e feliz interesse em cantar em português, e sendo que o casamento de todas as variáveis que caracterizam a nossa música, é sem dúvida uma opção a manter.
O que vos move é apenas o rock alternativo e experimental ou gostariam no futuro de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Peixe : Avião?
Os estilos referenciados são os que melhor nos definem, e logo, nos que melhor nos movemos. No futuro, em princípio iremos manter estas âncoras estilísticas, mas sempre apontando para nos renovarmos, de inovarmos, de sermos apelativos e interessantes.
Há surpresas preparadas para os concertos no Theatro Circo em Braga, a 21 de Setembro e no Centro Cultural de Belém em Lisboa, a 5 de Outubro? Podem levantar um pouco o véu?
Tal como o disco, o espectáculo ao vivo está a ser orientado para ser simples mas forte, despido mas com substância, directo e sem demasiados artifícios. Temos a atenção de casar o apelo musical, ao visual, pelo que teremos uma componente cénica também importante.
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Curtas... CXXIX
Depois de surpreenderem com Let Me Show You, um tema apresentado recentemente e que recorda a pop dos anos noventa, os Cut Copy acabam de dar a conhecer mais uma nova canção; O tema chama-se Free Your Mind e nele os responsáveis por In Ghost Colours (2008) e Zonoscope (2011) voltam a surpreender com uma canção que encaixaria perfeitamente no cardápio sonoro de uns The Rapture. Free Your Mind poderá vir a fazer parte do próximo disco dos Cut Copy e insere-se numa espécie de campanha que disponibilizou a canção em alguns locais icónicos do nosso planeta, nomeadamente o México, Chile, Austrália, Reino Unido, Detroit e um lugar no deserto da Califórnia. Confere...
Chega a cinco de novembro às lojas Trust, o novo álbum dos I'm In You, um coletivo norte americano liderado por Chris McHenry, natural de Brooklyn, Nova Iorque. Call Me When You're Drunk é o primeiro avanço para essse disco de uma banda que aposta no indie rock e no post punk como principais bitolas da sua sonoridade. Confere...


Naturais de Seattle, os La Luz são um quarteto que aposta no punk rock, com alguns detalhes da surf music. Assinaram em julho pela insuspeita Hardly Art Records e em outubro chegará It's Alive, o disco de estreia da banda. Fica atento porque esse álbum será divulgado em Man On The Moon e até lá delicia-te com Big Big Blood, o primeiro avanço do disco, disponibilizado gratuitamente pela editora.
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Helado Negro - Island Universe Story Two EP
Helado Negro é um projeto liderado por Roberto Carlos Lange, um filho de emigrantes equatorianos radicado nos Estados Unidos e que também encabeça o projeto Ombre. Depois de no início deste ano ter lançado Invisible Life, Helado Negro está de volta com Island Universe Story Two, um EP que representa a segunda parte de uma série de publicações discográficas com esse formato e que contêm momentos mais experimentais do músico, ajudado por alguns convidados especiais. A primeira parte desta série foi publicada em 2012 e chama-se Island Universe Story One.
Roberto Carlos gosta de afirmar que estas Island Universe Stories não são compilações de lados b ou temas que vão ficando de fora dos seus discos, mas antes cancões com muito valor, que merecem o seu próprio espaço e destaque, apesar de serem quase todas instrumentais que resultam normalmente de descontraídas jam sessions. Mas a sua voz também surge algumas vezes, com destaque para a sua interpretação hipnótica no tema Las Preguntas. Como acontece quase sempre neste tipo de álbuns, o alinhamento acaba por incluir verdadeiras pérolas sonoras porque resulta de momentos em que os músicos tocam sem sentirem o peso da vertente comercial, o que faz com que possam mais genuinamente compôr a música que realmente gostam e com os arranjos que mais apreciam.
O trabalho em estúdio de um músico não é apenas o resultado final do que se escuta em disco; Muitas vezes esse alinhamento é uma ínfima parte daquilo que ele produziu. E a propósito disso e deste EP, Roberto Carlos afirma: This is more of what I do. I’m really making music every day.
Island Universe Story Two tem uma sonoridade essencialmente etérea e introspetiva, mas o groove latino e luminoso de Las Preguntas e Detroit dão ao EP um ar festivo e mais expansivo. Esta exploração muito subtil de dois mundos sonoros aparentemente opostos é algo muito habitual na sonoridade deste músico.
O EP conta com várias participações especiais de amigos que foram passando pelo estúdio de Lange. O orquestral som de abertura no tema Stop Living Dead foi criado pelo compositor Trey Pollard e um quarteto de cordas e Mitad del Mundo conta com a participação de Mikael Jorgenson dos Wilco. Lange considera muito importantes estes e outros contributos que tem recebido de diferentes músicos e admite que isso ajudou-o imenso a progredir musicalmente. Diz Lange sobre estes contributos: They are wildly free, and some of them are very structured and have a large amount of direction. It’s widely variable in terms of what freedoms are given and what control is taken. (...) I like the idea of process, and then what happens on the other side, too. Both are important to me.
É esta interação experimental frutuosa entre um musico equatoriano e alguns amigos que carateriza Island Universe Story Two, mais um capítulo de uma série de EPs de uma espécie de fantasma latino-americano que compila música, história, cultura, saberes e tradições, num pacote sonoro cheio de groove e de paisagens sonoras que contam histórias que transitam entre dois mundos que Roberto Lange sabe, melhor do que ninguém, como encaixar. Espero que aprecies a sugestão...
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San Fermin - San Fermin
Citado em Curtas... LXXV, San Fermin é o disco de estreia dos San Fermin, um novo projeto oriundo de Brooklyn, Nova Iorque liderado pelo cantor e compositor Ellis Ludwig-Leone. San Fermin foi editado hoje, dia dezassete de setembro, por intermédio da Downtown Records.
Escrito em seis semanas, nos arredores de Alberta, o conteúdo deste disco varia entre o post rock e a pop mais clássica, com fortes influências dos anos setenta e oitenta e inclui alguns arranjos de Nick Muhly. O disco também conta com as participações especiais na voz de Allen Tate, Jess Wolfe e Holly Laessig da banda Lucius.
O grande destaque de San Fermin vai para para Sonsick, um tema com um excelente video realizado por Benjamin Kutsko e produzido por Jack Richardson. Esta canção descreve uma espécie de ataque de pânico durante uma festa de aniversário e acaba por ser um indicador forte da temática geral de San Fermin, um álbum que fala de emoções, de momentos de elevada intensidade na vida de uma pessoa e que acabam por ser os instantes que provocam os maiores conflitos emocionais e existenciais que existem dentro de cada um de nós. Daedalus (What We Have) é outro single já retirado deste trabalho. Espero que aprecies a sugestão...
1. Renaissance!
2. Crueler Kind
3. Lament for V.G.
4. Casanova
5. Sonsick
6. Methuselah
7. At Sea
8. Torero
9. At Night, True Love
10. The Count
11. Bar
12. In Waiting
13. True Love, Asleep
14. Oh, Darling
15. In The Morning
16. Daedalus (What We Have)
17. Altogether Changed
San Fermin - "Sonsick" from stereogum on Vimeo.