01. Golden Light
02. Swapping Spit
03. In Your Car
04. Dream Machines
05. Call And I’ll Come
06. Teradactol
07. Pristine
08. Pillow
09. Catch Up
10. Little Dipper
11. Pg
12. Close Your Eyes
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Big Deal – June Gloom
Depois do shoegaze romântico que a dupla Big Deal construiu em Lights Out (2011), o casal britânico Alice Costello e Kacey Underwood está de regresso com June Gloom, um disco onde as guitarras falam mais alto, como é audível no single Teradactol. June Gloom sai pelo selo Mute Records, casa dos Yesayer, Liars e outras grandes bandas do cenário independente.
Com referências que vão dos Dinosaur Jr a My Bloody Valentine, June Gloom está cheio de canções que explodem em várias doses de distorção. Alice Costello e Kacey Underwood eram apenas crianças quando Kim Gordon e Thurston Moore viviam a fase mais inventiva do Sonic Youth e, além das referências já citadas, o trabalho do antigo casal nova-iorquino também ecoa fortemente em June Gloom, um disco que reforça ainda mais a relação dos Big Deal com o shoegaze e amplia de forma cuidadosa tudo aquilo que o dupla apresentou na estreia.
Em Big Deal somos de algum modo convidados e entrar no íntimo do casal, no quarto onde eles coabitam e que está cheio de ruídos confessionais, já que o conteúdo do álbum parece ser bastante auto-biográfico. Há músicas que falam sobre o fim de relacionamentos (Chair) e a necessidade de crescer (Cool Like Kurt), assuntos que serão certamente partilhados pelo casal. E também há canções que dispensam a voz (Summer Cold), mas que não deixam, apesar dessa ausência, de nos mostrar um certo dramatismo que estará implícito ao quotidiano dos autores.
No geral, as canções de June Gloom estão devidamente estruturadas, em oposição ao maior anarquismo que se ouvia em Lights Out, algo que, por si só, não era, tendo em conta a sonoridade global desse disco, um defeito. O que acontece é que existe a tal ampliação e inflexão relativamente à estreia, com um trabalho agora menos focado na relação apenas entre a voz e a guitarra, para se abrir o leque a uma maior heterogeneidade instrumental.
June Gloom acaba por poder ser dividido em duas partes. Durante a primeira metade do álbum, cada canção é quase o oposto do que abasteceu a estreia, sendo o single Teradactol, um bom exemplo disso mesmo, com os lampejos de shoegaze e metal que ela carrega e que nunca se tinham escutado nos Big Deal. Há também músicas como Swapping Spit e In Your Car que revivem o rock alternativo da década de noventa. Depois desta agitação inicial, June Gloom transborda algumas referências e lembranças da estreia, mas a presença ativa da bateria e do baixo não deixam que se contrarie a tal inflexão e ampliação que descrevi. É como se a crescente explosão de sons e ruídos que se concentra na abertura do disco lentamente perdesse força e Costello e Underwood chegassem ao fim do álbum com menos gás, com o auge dessa curva descendente na atmosférica e suave Little Dipper, um tema que troca as guitarras por uma viola acústica, cheia de acordes simples. Por mais que Pg, a canção seguinte, recupere as guitarras, a dupla passa a evitar conscientemente o exagero, seguindo assim até aos instantes finais de Close Your Eyes, quando uma nova distorção poderá servir, se quisermos, para ligar a canção novamente ao princípio do disco.
June Gloom é um trabalho que parece, como já disse, ser uma espécie de narração de histórias concretas da vida em comum deste casal e serve como convite para a interação por parte do ouvinte com as experiências que são narradas e que podem, facilmente, ser comuns a outras vivências, sendo, por isso, um disco com o qual facilmente nos podemos identificar. Espero que aprecies a sugestão...