man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Editors – The Weight Of Your Love
Os Editors de Tom Smith estão de regresso aos discos com The Weight Of Your Love, o sétimo trabalho desta banda britânica, lançado pela PIAS e sucessor de In This Light And On This Evening, álbum editado em 2009. Com este novo trabalho os Editors têm a pretensão de se assumirem definitivamente como uma banda de massas e deixar de vez o universo mainstream para fazerem parte da primeira liga do campeonato mundial do indie rock.
Depois da estreia promissora que foi The Dark Room e que teve boa continuidade no sucessor An End Has A Start, dois álbuns fortemente influenciados pelo pós punk dos Joy Division e dos Interpol e pela indie pop dos próprios Coldplay, a partir do terceiro disco a eletrónica começou a integrar com maior intensidade o cardápio instrumental dos Editors e a busca por uma sonoridade mais épica, aberta e comercial, de forma quase obsessiva. The Weight Of Your Love acaba por ser, de algum modo, a assunção definitiva de um verdadeiro virar de costas ao som original da banda ou, pelo menos, aquela sonoridade que tanto me encantou há cerca de uma década.
Ao ouvir o disco e ao perceber que já não reconhecia os Editors, lembrei-me imediatamente do efeito semelhante que teve em mim, em 2008, Only By The Night, o disco dos Kings Of Leon que, excepção feita a Sex On Fire, me deixou profundamente irritado com uma banda com a qual me divertia imenso durante as audições de Youth and Young Manhood (2003) e Aha Shake Heartbreak (2004). Exemplos como este, de projetos que alteram profundamente o seu percurso sonoro, buscando o sucesso comercial a todo o custo, fazem-me pensar na influência que determinadas editoras e produtores ainda terão sobre alguns grupos e na capacidade decisiva que têm de se imiscuir no processo criativo, porque não acredito que tanto Tom Smith como os irmãos Followill se sintam mais preenchidos e felizes com os últimos capítulos das suas discografias, relativamente aos primeiros. Durante o período de gravação de The Weight Of Your Love, Tom Smith chegou a relatar a sua insatisfação relativamente aos resultados dessas sessões e talvez a saída recente do guitarrista e fundador da banda, Chris Urbanowicz, por supostas divergências musicais relativamente ao rumo sonoro da banda, seja um reflexo e uma prova do sentido desta minha tese.
Deixando um pouco de lado estas considerações que não são mais do que a expressão da minha opinião pessoal e debruçando-me sobre o conteúdo sonoro de The Weight Of Your Love, este é um disco muito focado em temas com refrões orelhudos, baladas e canções com arranjos elaborados e que melodicamente são pouco arriscados e criativos e não melindram quer o ouvinte quer os Editors. Com a já citada saída de Chris, os restantes membros procuraram compensar essa perca com a tentativa de criação de canções empolgantes e poderosas, mas a verdade é que a fórmula escolhida apenas serviu para a manutenção de um nível de qualidade mínimo e para a demonstração de que os Editors dependem cada vez mais do som de outras bandas para criarem a sua música do que propriamente da sua capacidade critiva e pessoal, apesar da produção ser exemplar.
O disco em si tem uma toada muito sustentatada na voz de Tom e nos sintetizadores, com a década de oitenta bastante presente, inclusivé nas letras que falam muito sobre a morte, o pessimismo e outras temáticas algo sombrias (I promissed myself I wouldn’t sing about death, I know I’m getting boring). O alinhamento começa com a consistente The Weight e com Sugar, uma canção com um certo sabor a rock industrial e aos Nine Inch Nails. De seguida, chega-nos A Ton Of Love, uma boa surpresa, um belíssimo poema que faz da canção, para mim, o maior destaque deste trabalho. No entanto, a partir daqui, este início prometedor acaba por perder consistência; What Is This Thing Called Love, Honesty e Nothing são bons exemplos de temas com arranjos desnecessários e alguns exageros típicos de uma busca obsessiva pelo grandioso; Não é que aqui não haja arranjos orgânicos e bem sustentados, a questão é que soam demasiado a muita coisa menos a Editors. Hyena remete-nos com demasiada nitidez para Neighborhood #2 (Laika), dos Arcade Fire, principalmente na melodia e no coro que se repetem no refrão e Birds Of Prey é mais um exemplo de uma canção que descarateriza e desmonta a nossa impressão inicial sobre a sonoridade natural deste grupo e nos faz apenas enumerar algumas referências interessantes a bandas importantes para a história do rock.
Até ao final do disco, retive Formaldehyde e a acústica The Phone Book, uma canção com versos bonitos e cantada de uma forma tão emotiva que nos pede para fechar os olhos, acender o isqueiro e cantar com o coração. Estes são dois temas que juntamente com a guitarra de A Ton Of Love não me levam a desistir totalmente dos autores de Papillon e Sparks e me fazem manter a esperança de que ainda poderá haver um retrocesso nesta nova viragem sonora e conceptual de um dos grupos que já considerei fundamentais no novo movimento do pós punk, um género musical que me diz imenso e com o qual particularmente me identifico e que mais me impressionou e me satisfez desde o início da última década. Espero que aprecies a sugestão...
01. The Weight
02. Sugar
03. A Ton Of Love
04. What Is This Thing called Love
05. Honesty
06. Nothing
07. Formaldehyde
08. Hyena
09. Two Hearted Spider
10. The Phone Book
11. Bird Of Prey