man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Riding Pânico - Homem Elefante (inc. entrevista)
Editado em vinil no passado dia dez de junho pela Ranging Planet e disponivel para audição no soundcloud do grupo e download gratuito, Homem Elefante é o novo disco dos Riding Pânico, um coletivo nacional que antes deste trabalho já tinha dois EPs e um álbum no cardápio, o excelente Lady Cobra (2008). Esta banda lisboeta, criada em 2004 e formada por elementos dos Paus, If Lucy Fell e Men Eater, esteve afastada do estúdio alguns anos após a edição de Lady Cobra, mas agora voltam em grande forma com este novo registo que era bastante aguardado pelos fãs.
Os Riding Pânico criam música sem voz através de ambientes sonoros carregados de riffs de guitarra que conseguem falar sobre a melancolia e obrigam-nos a descolar para um universo que, devido à tal ausência da voz, pode muito bem ser só nosso, já que a universalidade melódica destas canções permite-nos encaixar nelas determinados instantes do nosso percurso pessoal.
Na entrevista que o grupo me concedeu e que podes ler abaixo, os Riding Pânico confessam que não há nada de propriamente conceptual entre a escolha de géneros associados a animais para nomear os discos e que a sonoridade não é, pelo menos na óptica deles, uma tentativa de criar uma espécie de banda sonora para cada um dos seres que possam ser idealizados através dos títulos, se bem que consideram a tentativa de associação interessante.
Seja como for, alguma contenção e timidez patentes na estreia, foram subjugadas pelo elefante sonoro que agora resolveu libertar-se das amarras e que obrigou os Riding Pânico a serem mais expansivos e ambiciosos. Zulu abre as portas para um trabalho que nos enche constantemente de sobressalto e que nem a maturidade do grandioso single Dance Hall consegue disfarçar e sossegar. A psicadelia dançavel de Código Morte e a irregularidade rítmica deste tema contrastam com a nostalgia algo fugidia de Monge Mau, que de algum modo se prolonga em Blueberry Surprise e Nunca Digas Banzai, duas canções bastante melódicas e que só teriam a ganhar com a adição de uma voz.
O disco termina em beleza com Parece Que Perdeste Alguém, uma canção onde reina algum caos mas que ressoa a uma incontida emoção de alum modo romântica, uma espécie de mensagem final carregada de optimismo e cor.
Homem Elefante impressiona pela grandiosidade instrumental das canções e, acima de tudo, pela capacidade que elas têm de comunicar connosco, apelando à tal expansão mental , expressão que os Riding Pânico gostam de utilizar para descrever a sua música e personificada na vontade que estas canções nos dão de as usarmos como banda sonora para criarmos um mundo próprio e só nosso, seja numa savana africana, seja no canto mais secreto do nosso quarto.
A apresentação de Homem Elefante decorreu nos passados dias sete de Junho, no Plano B (Porto) e dia oito de Junho, na ZDB (Lisboa) e, de acordo com os Riding Pânico, os dois eventos foram um enorme sucesso. Espero que aprecies a sugestão...
Digressão Verão 2013, Riding Pânico:
7 Junho, Plano B (Porto)
8 Junho, ZDB (Lisboa) c/ Quelle Dead Gazelle
5 Julho, Texas Bar (Leiria)
6 Julho, Fabrica da Pólvora (Barcarena)
20 Julho, GNRation (Braga)
28 Julho, Milhões de Festa (Barcelos)
10 Agosto, Festival Esvoaça (Esposende)
Os Riding Pânico estrearam-se em 2008 com Lady Cobra e apesar da boa aceitação desse trabalho pela crítica, a verdade é que, depois disso, os If Lucy Fell lançaram o álbum Zebra Dance, os Men Eater editaram, em 2009, o álbum Vendaval e em 2010 surgiram os Paus com o EP É uma água. Agora, em 2013, os Riding Pânico estão de volta com este Homem Elefante. Foi na altura mais conveniente para todos os integrantes do projeto ou já estava planeado este hiato de cinco anos?
Simplesmente aconteceu assim, não havia plano nenhum previamente definido.
Estavam à espera de um impacto tão positivo com o primeiro disco?
Não criámos grandes expectativas, simplesmente fizemos o disco, é bom saber que teve um impacto positivo.
Como chegaram à escolha do nome Homem Elefante para o álbum? No primeiro disco havia uma Lady, agora um Homem… Não acredito que haja aqui apenas uma coincidência… Associam a cobra ao sexo feminino e o elefante ao sexo masculino? Há algo de conceptual em tudo isto?
Não existe grande conceito por trás de tudo isso, se foi coincidência ou não: não te sei responder, porque existem coisas que se passam em segundo plano que às vezes não é fácil de perceber. Pode ser exactamente como disseste, homens, mulheres e animais.
Quais são as principais diferenças sonoras entre Lady Cobra e Homem Elefante?
Ainda mais jogos de harmonias, o que trouxe mais cor ao álbum e menos peso, em oposição ao Lady Cobra.
Há alguma razão em especial para a opção de não haver um vocalista nos Riding Pânico?
Há, normalmente nenhum de nós sente necessidade de cantar, ou de se exprimir com a sua própria voz.
Acompanho o universo musical indie e alternativo com interesse e percebi que as vossas influências musicais assentam um pouco em ambientes elétricos cheios de loops de guitarra e texturas melancólicas, aquilo que vocês chamam um rock de expansão mental. O que andam basicamente a ouvir os Riding Pânico?
Tudo e mais alguma coisa, qualquer coisa que seja boa seja lá de que estilo for. É difícil estar a enumerar todas as coisas que ouvimos, até porque somos pessoas muito diferentes. Noutro dia estávamos no estúdio a ensaiar e no fim do ensaio o Jonas pôs o “Graceland” do Paul Simon, a seguir fomos beber um copo e passámos a noite a tentar cantar as harmonias de vozes do “she´s got diamonds on the soul of her shoes”. O Fábio anda a ouvir muito Youth Lagoon, o Makoto ninguém sabe o que ele ouve, eu tenho ouvido os Uknown Mortal Orchestra, mas já começo a ficar exausto, tal como aconteceu com o Conan Mockasin, neste momento estou a ouvir o disco 2 do “White Album” dos Beatles, antes já tinha ouvido o disco da Emily Jane White. No sábado depois de tocarmos em Amor no Texas Bar viemos a ouvir o “Construção” do Chico Buarque…etc etc etc.
O vídeo oficial do tema Dance Hall foi realizado por Enrique Escamilla numa piscina com uma equipa feminina de natação sincronizada. Como surgiu esta ideia? Foi vossa ou do realizador?
Foi do Enrique.
A banda tem um tema preferido em Homem Elefante?
Não, às vezes é um que sabe melhor tocar, outras vezes é outro.
O que vos move é apenas e só o post rock de cariz mais experimental, ou gostariam de no futuro explorar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Riding Pânico?
Não fazemos a mínima ideia, também ficamos à espera para ver, quando surgir outra oportunidade de gravar logo se vê o que acontece. Pessoalmente também fico muito curioso, mas acho que é assim que deve ser, deixar acontecer sem muitos pré-conceitos, a música já lá está.
Para finalizar, como é que correram os concertos de apresentação em Lisboa (ZBD) e no Porto (Plano B)?
Correram bem, o público parece ter gostado bastante, foi o culminar de um disco feito e de alguns ensaios para conseguir tocá-lo de forma justa.
Um dos concertos de julho inclui uma passagem pelo festival Milhões de Festa, em Barcelos, onde têm a tradição de tocar, salvo erro, desde a primeira edição. Pelos vistos, os Riding Pânico já têm uma relação histórica com este evento, não é verdade?
Tocámos no primeiro Milhões, quando era feito noutros moldes, não num ambiente de festival de verão. Nesse primeiro Milhões ficámos a conhecer o Fua, e a amizade foi-se prolongando, naturalmente ele foi-nos convidando para tocar nas edições seguintes, e julgo que chegou ao ponto que referes, que é uma tradição tocar no Milhões, mas na realidade nasceu de forma casual, apesar de nos agradar termos uma relação histórica com o evento.