man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Jagwar Ma – Howlin
Os Jagwar Ma são Jono Ma e Gabriel Winterfield uma dupla australiana apaixonada pelas sonoridades alternativas dos anos noventa e que procuram promover na sua música uma espécie de simbiose entre a neopsicadelia desenvolvida, por exemplo, pelos Primal Scream a a brit pop dos Blur no período Parklife e os próprios Stone Roses. Fazem canções cheias de colagens e sobreposições instrumentais, que em Howlin, o disco de estreia do projeto, encarnam uma espécie de súmula de alguns dos mais interessantes detalhes sonoros dessa época.
Numa espécie de electrónica dançante, Howlin é um disco que convida à dança em onze brilhantes temas que se ouvem com imensa facilidade, quer pela sua fluidez, quer pela base melódica das próprias canções. Desde que era conhecido o single The Throw havia uma enorme expetativa em redor de Howlin e destes Jagwar Ma e o alinhamento do disco não defrauda quem ansiava pela mesma receita proposta por essa canção. Com o tal pendor nostálgico dos anos noventa, a contemporaneidade é também uma caraterística intrínseca a Howlin já que um misto de pop, eletrónica e pequenas experimentações próximas do rock são a massa sonora que sustenta o disco e, como sabemos, caraterísticas de uma vasta coleção de propostas musicais que nos dias de hoje nos chegam dos quatro cantos do mundo.
Esta variação quase ilimitada de sons e colagens que os Jagwar Ma criam merece destaque ainda maior porque, mesmo com este elevado fator alternativo, digamos assim, conseguem apresentar canções com um interessante teor comercial e de acessibilidade às massas. Por exemplo, nos seus cerca de sete minutos Four carrega consigo sobreposições eletrónicas vintage e uma pop algo aventureira, sem descurar, num aparente exercício sonoro experimental, a construção de uma identidade própria que permite aos Jagwar Ma criarem raízes no grande público e, ao mesmo tempo, como é um tema que se situa a meio do alinhamento do disco, preparar o ouvinte para uma segunda metade de Howlin mais climática e menos sintética, com um dinamismo mais intenso e um maior ênfase nas guitarras e na própria voz. Nesse bloco, Man I Need e a romântica Did You Have To são duas canções deste trabalho que mais se afastam do pendor psicadélico e lisérgico de Howlin.
No que diz repseito à fase inicial do disco, enquanto logo no segundo tema Uncertainty tem versos e sons algo próximos da herança dos Happy Mondays no clássico Pills ‘n’ Thrills and Bellyaches (1990), um pouco depois Come Save Me remete-nos para as viagens lisérgicas impostas pelo Spiritualized, numa estrutura naturalmente pop. Estes são apenas dois exemplos de interpretações particulares de tudo o que foi construído há duas décadas, sem que haja um distanciamento do que percorre a música alternativa atual. Uma mistura equilibrada, sóbria e bem sucedida entre o passado e o presente.
Em Howlin parece-me clara uma intenção dos Jagwar Ma em vincar um estilo próprio, firmar referências e tendências, mas também deixar algumas pontas soltas numa coleção de onze excelentes canções que fazem desta dupla, mais um nome a fixar e a deixar debaixo dos nossos radares. Espero que aprecies a sugestão...
01. What Love
02. Uncertainty
03. The Throw
04. That Loneliness
05. Come Save Me
06. Four
07. Let Her Go
08. Man I Need
09. Exercise
10. Did You Have To
11. Backwards Berlin