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TRAAMS - Ladders EP

Domingo, 30.06.13

Natural de Sussex, nos arredores de Londres, o trio TRAAMS, formado em 2011 por  Stu, Adam e Leigh, é a mais recente aposta da Fat Cat Records. Logo que se juntaram, no primeiro ensaio, parece que a química foi total já que poucas semanas depois estavam em estúdio com o reputado produtor Rory Attwell a gravar algumas canções e, mais recentemente, a servirem de banda de suporte à esgotada digressão britânica dos Fidlar, uma banda de garage rock, oriunda de Los Angeles, no outro lado do atlântico e aos Parquet Curts na sua atual digressão pelo Reino Unido.

Já em fevereiro deste ano regressaram às gravações, agora em Leeds, no estúdio de MJ, músico dos Hookworms, tendo daí resultado o EP Ladders, cujo conteúdo segue as influências declaradas deste grupo, que vão dos Pavement aos Television e às quais acrescento os Pixies ou os Radiohead. São canções rápidas, assentes num punk rock enérgico e feito com cruas e vorazes distorções e efeitos de guitarra e com uma bateria magnética e bastante marcada.

Além deste EP editado já em junho, os TRAAMS disponibilizaram em abril o tema Mexico, uma canção que despertou a atenção da crítica para os TRAAMS e disponível para download gratuito no soundcloud da editora. Espero que aprecies a sugestão... 

Low

Teeth

Sit Up

Jack

Ladders

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publicado por stipe07 às 22:52

pacificUV – After The Dream You Are Awake

Sábado, 29.06.13

Os pacificUV, uma banda norte americana natural de Athens, na Georgia, e formada por Clay Jordan, Suny Lyons, Lemuel Hayes e Laura Solomon, acabam de regresssar aos discos com After The Dream You Are Awake, álbum lançado no passado dia catorze de maio por intermédio da Mazarine Records. After The Dream You Are Awake sucede ao EP Chrysalis (2011) e a Weekends (2012) e está disponível para audição no soundcloud da banda.

 

Descritos por alguma crítica como uma espécie de Jesus And The Mary Chain com uma toada mais psicadélica, a sonoridade dos pacificUV e deste After The Dream You Are Awake tem uma forte componente etérea e ambiental, assente numa pop que, à imagem de imensos projetos atuais, nomeadamente os aclamados M83, encontra as suas raízes há três ou quatro décadas atrás. A versão de Eyes Without A Face, um original de Billy Idol incluído em Rebel Yell (1984) é a prova máxima da zona de conforto onde os pacificUV gostam de se movimentar.

Há um domínio intenso do sintetizador no processo de criação melódica, bem explícito logo em 24 Frames, o épico tema de abertura que, com o seu sintetizador rapidamente nos faz descolar para o mundo que os pacificUV procuram recriar com as suas canções, um universo algo solitário, mas subtilmente refinado. É como se, à imagem do título do álbum, a audição do disco nos levasse até a um sonho com contornos bem definidos, do qual só se acorda no final do álbum.

Se há um clima etéro e nostálgico a iniciar o disco e que depois será novamente escutado na versão de Billy Idol e em I Think It's Coming, as batidas de Christine, feitas com uma bateria, acompanhadas por uma guitarra bastante melódica, transportam-nos para um ambiente mais rock e psicadélico. Mas a sedutora e dançável Russians é o meu maior detaque do álbum, um tema com uma forte componente agressiva e visceral, acentuada não só pela forte batida, mas principalmente pelos efeitos das vozes da dupla que canta, com destaque para a interpretação de Suny Lions. Depois da excelente versão de Eyes Without A Face, a sonoridade mais rock regressa com Wolves Again, aqui com fortes reminiscências dos New Order.

A interpretação vocal de Clay em American Lovers também deve ser escutada com especial atenção já que ele usa uma postura vocal que, quase sem darmos por isso, faz com que se torne íntimo de nós e nos conduza durante a canção e, mais do que a componente insturmental, aqui acessória, nos amarre a ela, até ao último segundo da mesma.

Um certo abstracionismo metafórico define o conteúdo lírico do disco, bem visível, por exemplo, em 24 Frames (In a second, every thread you’ll never sew) e em Christine (I am the eye that never blinks). Portanto, as letras dos pacificUV provam que além de se mostrarem criativos no processo de criação melódica, também conseguem recriar, com a sua escrita, ambientes densos, ricos e exóticos e, se estivermos atentos, transmitir ideias que ficam a flutuar em redor da nossa mente com uma vivacidade que é de salientar.

Os pacificUV têm bem definido o universo melódico onde navegam, mas não receiam incluir alguns detalhes sonoros. After The Dream You Are Awake é uma das melhores propostas do ano para quem aprecia a onda revivalista que se tem apoderado de muitos lançamentos musicais, uma coleção de nove canções com um charme inconfundível e uma intensa sensiblidade pop. Quinze anos após a formação do grupo, After The Dream you Are Awake marca o ponto mais alto da carreira de mais um grupo que dificilmente se entende como não conseguiu ainda outra projeção internacional. Espero que aprecies a sugestão...

01. 24 Frames
02. Christine
03. Russians
04. Eyes Without A Face
05. Wolves Again
06. I Think It’s Coming
07. Run
08. American Lovers
09. I Wanna Be You

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publicado por stipe07 às 20:00

Curtas... CXI

Sábado, 29.06.13

Depois do muito bem cotado álbum All Hell, Daughn Gibson está de volta com Me Moan. Ainda a explorar a folk electrónica, de acordo com a crítica este último trabalho é considerado como um fantástico seguimento da sua carreira. Gibson afirma que pretende revelar-se ao mundo com este Me Moan, um bom propósito para qualquer músico. Para ouvir já temos The Pisgee Nest.

 

Anualmente o canal animado Adult Swim convida artistas para criarem canções para os momentos de pausa da programação e lança uma coletânea de singles que exploram aspectos diversos da música alternativa. Em 2012 artistas como Death Grips, Flying Lotus e Wavves foram convidados para integrar o disco. Agora, em 2013, com foco no garage rock e no rock alternativo, a coletânea Garage Swim tem quinze composições inéditas com alguns dos nomes de maior destaque da cena norte-americana, sendo os METZ um deles, com a enérgica e suja Can't Understand. Confere...

 

Chegou hoje ao mercado, por intermédio da Cascine, o disco de estreia dos canadianos Selebrities. O disco chama-se Lovely Things, está disponível para audição no soundcloud da editora e tem dez canções com um ambiente pop lo-fi e nostálgico, cheias de referências da eletrónica dos anos oitenta, muito em voga atualmente. Confere o single Lovers e fica atento porque brevemente partilharei a minha crítica ao disco.


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Já é conhecida a canção de junho do projeto que tenho divulgado de Kodak to Graph, de Michael Maleki, o músico norte americano de Gainsville, na Flórida. O tema chama-se House Plants e nele Maleki continua as suas eletrificantes experimentações sonoras e tenho replicado em Man On The Moon. A canção de junho, foi lançada novamente pela Bad Panda Records. Confere e usufrui.

 

Na sequência dos protestos na Praça Taksim, na Turquia, o projeto canadiano Chinawoman acaba de disponibilizar um tema de tributo e que sonoramente, apesar do forte pendor eletrónico, é muito influenciado, nomeadamente na percurssão, pela sonoridade típica daquelas paragens. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:28

Observer Drift – Fjords

Sexta-feira, 28.06.13

Collin Ward é Observer Drift, um músico de Bloomington, em Minneapolis, que se estreou nos lançamentos discográficos com Corridors, em 2012. Fjords é o sucessor, um disco editado no passado dia trinta e um de maio e disponível para audição e download no bandcamp do projeto pelo preço que quiseres.

 

Collin Ward causou espanto  em alguma crítica especializada com o impressionante e gélido primeiro disco e as expetativas ficaram desde logo elevadas em relação ao sucessor. Confesso que não conheço o conteúdo de Corridors, mas admito que Fjords impressionou-me e deixou-me com vontade de rebobinar um pouco e ir à procura do disco de estreia.

Tal como sucedeu com o antecessor, Fjords foi lançado sem o apoio de qualquer selo ou editora, apenas através do Bandcamp do artista. O conteúdo sonoro mostra um Collin bastante maduro e centrado nas suas aspirações, apesar de ter pouco mais de vinte anos.

O título do álbum explica-se, de acordo com o próprio, com as raízes familiares que tem na Suécia, nomeadamente pessoas que viveram nos fiordes e que lhe serviram de inspiração para este seu novo trabalho. Ele também confessa que sonoramente não há grandes diferenças relativamente a Corridors e que existe uma continuidade entre os dois discos, com as influências por trás das novas canções a estarem fortemente ligadas às que nortearam Corridors.

Fjords fala muito sobre crescer e mudar, explorar o inexplorado e assumir mais riscos. A escrita das canções remete-nos para estas ideias essenciais e parece terem sido escritas com uma elevada dose de espontaneidade, cabendo a nós próprios, ouvintes, não só decifrar o verdadeiro signficado de cada poema, como também, se tivermos essa pretensão, atribuirmos um significado próprio, cuja variação poderá ser justificada com a forma como cada um de nós vivencia a audição do poema, tendo em conta a base sonora e instrumental que o suporta, algo que causará, certamente, diferentes sensações nos ouvintes.

Como seria de esperar, Collin faz tudo no disco, dentro do seu próprio quarto, desde escrever as músicas, a tocar os instrumentos e gravar, tendo o trabalho de mistura sido feito por um amigo. As treze canções assentam arraiais numa dream pop muito suave e luminosa, cheia de elementos eletrónicos, nomeadamente sons em reverb e batidas sintetizadas e algumas guitarras que criam melodias com um elevado cariz etéreo e shoegaze. Toda esta míriade instrumental remete-nos para um universo sonoro paralelo muito particular, para uma espécie de bolha ou cápsula onde Observer Drift reside e procura alimentar os seus sonhos e desejos, exercitando-se frequentemente em momentos de pura e simples introspeção, como fica bem audível, por exemplo, em Parallel Place (Look at yourself in the mirror/and It might become clearer), um dos meus destaques de Fjords.

A audição dos treze temas de Fjords é uma experiência sonora muito enriquecedora e apetecível, uma viagem contemplativa não só ao mundo pessoal do músico que criou o disco, como também ao nosso próprio universo, real ou imaginário, porque estão na presença de treze temas que nos convidam a sonhar sem receios e, simultaneamente, a refletir sobre a nossa própria existência. Espero que aprecies a sugestão...

01. Machine
02. Sporting Chance
03. Azimuth
04. Riptide
05. Fjords
06. Marina
07. Lingonberry
08. Never Strangers
09. Mirror Image
10. Binary Love
11. Parallel Place
12. Up In Arms
13. Gnarly Crunch
14. Teach Me

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publicado por stipe07 às 18:59

Misophone - Before The Waves Roll In

Quinta-feira, 27.06.13

Os britânicos Misophone, uma banda de Bristol e uma das mais citadas neste blogue, formados pelo multi-instrumentista Herbert e por Welsh continuam a surpreender e a revelar um ritmo criativo pouco comum no universo sonoro alternativo, até se tivermos em conta a elevada bitola qualitativa dos seus lançamentos, um total de catorze nos últimos dez anos.

Ainda no apssado dia trinta de maio falámos deles para divulgar que tinham disponibilizado gratuitamente Songs from the Cellar- Lost Songs and other relics, uma curiosa e extraordinária compilação cheia de diversidade sonora, através da etiqueta Another Record e agora já estão novamente de regresso com Before The Waves Roll In, disco editado no passado dia dezanove de junho por intermédio da Kning Disk. Todas as canções do álbum foram escritas por Welsh e Herbert excepto The Fear, um original dos Pulp e Mother’s last word to her son da autoria de Washington Phillips. Também é de salientar o belíssimo artwork do álbum, da autoria do artista Jockum Nordström. Recordo que no início de 2012 o grupo tinha editado Songs From An Attic, o disco que me pôs pela primeira vez em contacto com este projeto.

Before The Waves Roll In, um disco disponível para audição no Spotify e Wimp, é um novo e verdadeiro carnaval sonoro e atesta o quanto os Misophone são expressivos e como é difícil balizá-los num estilo concreto, apesar de terem como referências o  jazz e a folk tradicional inglesa. Entrar no sotão dos Misophone e entendê-lo pressupõe uma enorme predisposição para encarar com o caos e não se ficar chocado por ouvir latidos de cachorros ou um coro de melros e fantasmas a cantarem canções de amor.

O disco começa com I too allow myself to dream, um pequeno instrumental recheado com uma sinfonia de violinos e logo a seguir chega o meu grande destaque do disco, o tema White horses in a yellow sun. O disco segue por aí fora, com uma toada algo nostálgica, com canções cheias de experiências, ecos sinistros que parecem vir de um mundo distante e que evocam histórias fantásticas de um passado que os Misophone gostam de recordar. Todos estes elementos fundem-se numa espécie de folk psicadélica onde está muito presente a música popular do outro lado do atlêntico, não sendo certamente estranho para os Misophone a discografia dos Neutral Milk Hotel, Eels, Lee Perry, Elliott Smith, Smog, Bill Ryder Jones, M. Ward, Johnny Cash e os próprios Beach Boys. Mas além destas referências norte americanas, sempre de salientar numa banda britânica, há um evidente desejo nos Misophone de replicar, principalmente a nível instrumental, alguns dos sons caraterísticos da música tradicional balcânica e da europa de leste. Um doo membros da dupla viveu na Hungria alguns anos, junto  fronteira com a Roménia e ambos passaram algum tempo nessa região e por isso não ficaram imunes à música nativa que aí pesquisaram e ouviram.

A banda voltou a gravar com o seu próprio material e com uma produção lo fi e algo imperfeita, com várias canções em fade out e aparentemente inacabadas. Estes aspectos típicos dos Misophone mantém-se então em Before The Waves Roll In, se bem que neste novo trabalho percebi que há uma maior abertura e luminosidade em termos de arranjos, ou seja, não é um disco tão hermético como outros lançamentos anteriores da dupla e abrange um cardápio mais alargado de influências. Acaba por até ser um álbum que faz uma espécie de súmula de tudo aquilo que os Misophone apresentaram até agora e, como seria de esperar, uma súmula algo misteriosa e cheia de referências literárias.

Com esta fórmula algo caseira e intimista a banda voltou a conseguir captar a magia da criação espontânea, sem grandes regras ou limites, o que permitiu a várias canções fluirem livremente sem terem de se sujeitar demasiado ao controle de várias pessoas e de uma imensa pafernália de equipamento que muitas vezes abafa a génese de algumas canções.

Before The Waves roll In é o trabalho mais expansivo e orquestral dos Misophone e contou com a participação de alguns convidados especiais, nomeadamente a cantora Aubben Renée e o músico Alone With King Kong, que trouxe consigo um trombone que deu uma nova vida e um colorido diferente ao universo dos Misophone. Como seria de esperar, já está prometido um novo trabalho; Irá chamar-se Another Lost Night, terá treze canções e Aubben e Alone With King Kong farão outra vez parte da lista de convidados. Portanto, em breve falaremos novamente dos Misophone. Espero que aprecies a sugestão...

01. I too allow myself to dream
02. White horses in a yellow sun
03. Hide from reality
04. A postcard from the past
05. Old unwelcome guest
06. The fear
07. In search of beauty
08. A mother's last word to her son
09. Backwards up a stream
10. In search of beauty (reprise)
11. There's nothing wrong with love
12. The waiting game
13. The year the curtains froze
14. Never forget
15. Sleep soundly in the setting sun 
16. Don't make room for the devil
17. Mountain low
18. The guillotine walls
19. The last bastion
20. Before the waves roll in  

 

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publicado por stipe07 às 13:25

Portugal. The Man – Evil Friends

Quarta-feira, 26.06.13

Naturais de Portland, no Oregon, os norte americanos Portugal. The Man lançaram a quatro de junho Evil Friends, aquele que é já o sétimo registo de originais da carreira da banda, tendo o álbum visto a luz do dia por intermédio da Atlantic records. Conhecidos por serem um nome relevante no universo alternativo devido à permanente toada experimental e ausência de linearidade instrumental nos sucessivos lançamentos, esta banda liderada por John Baldwin Gourley prossegue em Evil Friends a sua cruzada de construir uma discografia que seja um catálogo vivo das mais variadas e inusitadas experimentações sonoras.

Os Portugal. The Man têm sido bastante profícuos no processo de criação musical, já que ultimamente têm lançado discos com uma regularidade interessante e pouco comum; Em The Satanic Satanist (2009), brincaram com a psicadelia pop e um ano antes tinham andado às voltas com o art rock em Censored Colors (2008). Em 2010 a eletrónica foi um elmento preponderante em American Ghetto e todos estes trabalhos anteriores a Evil Friends, acabaram por alargar e assentar a rede de influências do grupo que se tornou naturalmente muito querido de um público específico, mas que não conseguiu, ainda, abarcar uma teia mais numerosa de seguidores e admiradores do cardápio sonoro da banda.

Evil Friends talvez tenha sido construído com esse firme propósito e pode muito bem vir a ser o álbum que irá colocar este coletivo definitivamente na primeira divisão do cenário musical índie e alternativo. Neste, como já disse, sétimo disco, o grupo de Portland, optou por um maior conservadorismo e por deixar de lado a vertente mais experimental para se concentrar num emaranhado de canções pop. De Plastic Soldiers, até à colorida Smile, cada canção é preenchida com refrões carregados de vozes felizes, assente num alinhamento instrumental preciso e um completo desapego relativamente a tudo o que a banda propôs anteriormente.

Assim, Evil Friends poderá soar como algo fantástico para quem não conhece em pormenor a discografia dos Portugal. The Man e ser uma tremenda desilusão para aquele nicho que ao longo do tempo aprendeu a apreciar a aparente indecisão sonorda do grupo e admirava a forma como eles iam explorando com alguma mestria, diga-se, diferentes territórios sonoros. A escolha de Purple Yellow Red and Blue para single, uma canção que, por exemplo, nos remete para qualquer outra música dos Foster The People, não terá sido inocente já que é um tema algo incaraterístico no percurso sonoro do grupo e demonstra com precisão a tal opção por sonoridades mais fáceis, comerciais e acessíveis ao grande público. Outros dois temas que escapam ao passado do grupo são Hip Hop Kids e Atomic Man, canções que poderia muito bem estar no alinhamento de um disco dos MGMT.

Produzido por Danger Mouse, até neste campo específico do trabalho de tratamento e execução de um álbum houve, em Evil Friends, um cuidado na escolha, tendo a opção recaído num nome consensual do universo pop e que tem tido bons resultados comerciais nos discos onde se intromete. A envolvência do produtor no resultado final é tão intensa que todos aqueles que forem conhecedores profundos dos trabalhos que ele produziu, identificarão facilmente alguns detalhes sonoros típicos de outros artistas que já produziu.

Evil Friends é um marco importante na carreira dos Portugal. The Man já que poderá vir a ser o ponto definitivo de viragem para uma banda que talvez tenha perdido um pouco a paciência a experimentar e com isso tirado poucos dividendos, mesmo económicos, do seu percurso musical, e queira tornar-se definitivamente mais acessível à multidão e disponível para o airplay fácil. Ou então este sétimo trabalho não deixa de ser mais um capítulo nos habituais devaneios experimentais dos Portugal. The Man e, desta vez, o segredo esteve exatamente na ausência do risco e na aposta pela luminosidade pop simples e direta, estando no futuro reservado um novo regresso ao laboratório onde a banda costuma misturar diferentes géneros e tendências, geralmente, na minha opinião, com elevado grau de criatividade e bom gosto. O disco foi disponibilizado para audição pela banda. Espero que aprecies a sugestão...

01. Plastic Soldiers
02. Creep In A T-Shirt
03. Evil Friends
04. Modern Jesus
05. Hip Hop Kids
06. Atomic Man
07. Sea Of Air
08. Waves
09. Holy Roller (Hallelujah)
10. Someday Believers
11. Purple Yellow Red And Blue
12. Smile

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publicado por stipe07 às 16:18

Jagwar Ma – Howlin

Terça-feira, 25.06.13

Os Jagwar Ma são Jono Ma e Gabriel Winterfield uma dupla australiana apaixonada pelas sonoridades alternativas dos anos noventa e que procuram promover na sua música uma espécie de simbiose entre a neopsicadelia desenvolvida, por exemplo, pelos Primal Scream a a brit pop dos Blur no período Parklife e os próprios Stone Roses. Fazem canções cheias de colagens e sobreposições instrumentais, que em Howlin, o disco de estreia do projeto, encarnam uma espécie de súmula de alguns dos mais interessantes detalhes sonoros dessa época.


Numa espécie de electrónica dançante, Howlin é um disco que convida à dança em onze brilhantes temas que se ouvem com imensa facilidade, quer pela sua fluidez, quer pela base melódica das próprias canções. Desde que era conhecido o single The Throw havia uma enorme expetativa em redor de Howlin e destes Jagwar Ma e o alinhamento do disco não defrauda quem ansiava pela mesma receita proposta por essa canção. Com o tal pendor nostálgico dos anos noventa, a contemporaneidade é também uma caraterística intrínseca a Howlin já que um misto de pop, eletrónica e pequenas experimentações próximas do rock são a massa sonora que sustenta o disco e, como sabemos, caraterísticas de uma vasta coleção de propostas musicais que nos dias de hoje nos chegam dos quatro cantos do mundo.

Esta variação quase ilimitada de sons e colagens que os Jagwar Ma criam merece destaque ainda maior porque, mesmo com este elevado fator alternativo, digamos assim, conseguem apresentar canções com um interessante teor comercial e de acessibilidade às massas. Por exemplo, nos seus cerca de sete minutos Four carrega consigo sobreposições eletrónicas vintage e uma pop algo aventureira, sem descurar, num aparente exercício sonoro experimental, a construção de uma identidade própria que permite aos Jagwar Ma criarem raízes no grande público e, ao mesmo tempo, como é um tema que se situa a meio do alinhamento do disco, preparar o ouvinte para uma segunda metade de Howlin mais climática e menos sintética, com um dinamismo mais intenso e um maior ênfase nas guitarras e na própria voz. Nesse bloco, Man I Need e a romântica Did You Have To são duas canções deste trabalho que mais se afastam do pendor psicadélico e lisérgico de Howlin.

No que diz repseito à fase inicial do disco, enquanto logo no segundo tema Uncertainty tem versos e sons algo próximos da herança dos Happy Mondays no clássico Pills ‘n’ Thrills and Bellyaches (1990), um pouco depois Come Save Me remete-nos para as viagens lisérgicas impostas pelo Spiritualized, numa estrutura naturalmente pop. Estes são apenas dois exemplos de interpretações particulares de tudo o que foi construído há duas décadas, sem que haja um distanciamento do que percorre a música alternativa atual. Uma mistura equilibrada, sóbria e bem sucedida entre o passado e o presente.

Em Howlin parece-me clara uma intenção dos Jagwar Ma em vincar um estilo próprio, firmar referências e tendências, mas também deixar algumas pontas soltas numa coleção de onze excelentes canções que fazem desta dupla, mais um nome a fixar e a deixar debaixo dos nossos radares. Espero que aprecies a sugestão...

01. What Love
02. Uncertainty
03. The Throw
04. That Loneliness
05. Come Save Me
06. Four
07. Let Her Go
08. Man I Need
09. Exercise
10. Did You Have To
11. Backwards Berlin

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publicado por stipe07 às 19:37

This Is Head - The Album ID

Segunda-feira, 24.06.13

Do cenário musical alternativo sueco continuam a chegar novas novidades relevantes em catadupa e que felizmente nos obrigam a estarmos sempre atentos ao que vai acontecendo nessa zona do globo no universo musical. Desta vez falo-vos dos This Is Head, um quarteto de Malmö formado por Adam Jacobsson, Henric Claesson, Björn Wiking and Tom Malmros e que editou recentemente The Album ID, por intermédio da Adrian Recordings, disco que suecede a 0001, o trabalho de estreia editado em 2010.

Gravado numa antiga fábrica em Kirseberg, nos arredores de Malmö, The Album ID é um conjunto de dez canções com uma sonoridade rock cheia de curiosos detalhes sintéticos e eletrónicos e onde a voz de Björn é também um dos grandes trunfos e importante destaque. Do krautrock à new wave, passando pelo post-punk, o cardápio sonoro deste grupo sueco recorda-nos facilmente nomes tão importantes como os Talking Heads, Neu!, Yeasayer e, principalmente, os U2 e os Kraftwerk, duas influências declaradas dos This Is Head.

Os This Is Head acabam por ser, no fundo,  uma banda de indie rock extremamente poderosa, não só devido ao ênfase que dão às guitarras mas, principalmente, pela forte vertente experimental que incutem nas canções, que frequentemente explodem e depois disparam em todas as direções! São telas sonoras pintadas com   uma imensa variedade de cores, que impressionam pelos percursos que escolhem para mostrar a sua luz, dentro de uma amálgama de sons, detalhes e tiques que parecem estar sempre no sítio certo e assim conseguem fazer o maior sentido, até pela forma como nos encaminham para as emoções que elas supostamente transmitem. Por isso, The Album ID é um trabalho expressivo que recorre a diferentes dinâmicas para captar a nossa atenção com músicas cheias de surpresas inesperadas, mas não menos fantásticas, entre as quais destaco o single A-B Version, uma extraordinária canção, com um início algo sombrio e hermético, mas que depois liberta-se de todas as amarras e estende-se por cinco minutos de pura liberdade, numa espécie de orgia sonora. Espero que aprecies a sugestão...

 

Staring Lenses
Illumination
Castaway
A B – Version
XVI
Time’s an Ocean
Summertime
Repetition
Into the Belly of Mount Miff
If I

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publicado por stipe07 às 21:02

Curtas... CX

Segunda-feira, 24.06.13

weekend-mp3

Uma das bandas norte americanas na linha da frente do cenário ruidoso do pós punk são os Weekend. Autores do excelente Sports (2010) e de Red EP (2011), a banda de São Francisco, Califórnia vai editar a vinte e três de Julho Jinx, o segundo longa duração e, ao que tudo indica, uma sequência natural do álbum de estreia e do EP seguinte. It’s Alright é o primeiro single divulgado de Jinx; São três minutos de pura distorção, uma espécie de composto agridoce que nos leva numa viagem ao shoegaze dos anos oitenta.

 

 

Ainda a viverem de algum modo do sucesso de Humbug e a recuperar do tiro al lado que foi Suck It And See, os britânicos Arctic Monkeys estão de volta novo com um novo single. A canção chamas-se Do I Wanna know? e é o primeiro avanço para o quinto álbum da carreira de Alex Turner e seus parceiros. Recheada de grooves densos, falsetes e guitarras que reforçam ainda mais a relação da banda com Josh Homme e os Queen of The Stone Age, a canção cresce de forma inteligente, num misto de conforto e rompimento, como se a banda estivesse prestes explodir, mas sabendo sempre quando refrear os ímpetos, numa espécie de provocação que comprova uma notória evolução deste grupo inglês.

 

 

 

Depois de Unfortunate Direction, o primeiro single já conhecido de The Everywheres, o disco homónimo de estreia do projeto liderado pelo músico e compositor canadiano Samuel Hill, agora foram disponibilizados os temas Someone Disappeared e Easy Bells, mais duas belíssimas canções pop de teor psicadélico. The Everywheres será editado amanhã via Father/Daughter Records e em breve divulgarei a minha crítica do disco. Confere...

 

Retirado de New Ocean, I Know You é o mais recente single de Jake Bellows, uma canção muito bonita e intimista, com que de acordo com declarações do músico à Rolling Stone procura ilustrar as vicissitudes próprias da vivência humana (When we look at someone who smiles, we know what it is to feel happy. When we see someone sad, we can instantly identify with that feeling. We have empathy for one another. We're on the same planet having the same experiences from different perspectives). New Oceans verá a luz do dia a seis de agosto através da Saddle Creek Records. Confere...

 

A dupla sueca jj de Joakim Benon e Elin Kastlander está de regresso com V, disco que será lançado até ao final do ano. As influências étnicas e as sonoridades percussivas com uma forte carga emotiva sempre influenciaram a sonoridade desta dupla e o inédito single Fågelsången, disponibilizado gratuitamente no site da banda, é um excelente prenúncio do disco que aí vem. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:02

Baths – Obsidian

Sábado, 22.06.13

Lançado a vinte e oite de maio por intermédio da Anticon, Obsidian é o novo álbum de Baths, o projeto musical da autoria do produtor norte americano Will Wiesenfeld, um talentoso músico que começou a compôr com quatro anos e que se estreou em 2010 com o muito aclamado Cerulean. À semelhança de nomes como os Washed Out ou Wild Nothing, Baths é mais um artista a comprovar que a facilidade de produzir música nos tempos atuais pode ser uma dádiva e que os computadores, instrumentos virtuais, ou seja, o mundo eletrónico sintético são cada vez mais um importante veículo de criação musical.

Antes de me debruçar no conteúdo deste disco, importa referir que os três anos que passaram entre Cerulean e Obsidian acabaram por originar uma certa inflexão na sonoridade de Baths já que onde antes havia luz, agora há um ambiente mais sombrio, amargo e obscuro, o que, por si só, não deve ser entendido como, logo à partida, uma crítica depreciativa relativamente a Baths mas, neste caso, uma espécie de elogio já que, a audição de Obsidian surpreendeu-me desde logo quando percebi que a miríade sonora instrumental de Wiesenfeld alargou-se consideravelmente desdes a estreia.

Obsidian sustenta-se em elementos específicos da produção eletrónica, feitos com batidas que se fragmentam a todo o instante, sintetizadores derramados em texturas ambientais e vozes que dançam de acordo com a essência ruidosa da obra, que transporta algumas marcas sonoras típicas de nomes tão importantes como os Boards of Canadá, The Postal Sevice, ou os Radiohead pós Kid-A. Tudo isso é enquadrado no tal cenário algo amargo e sofrido e que contradiz o cardápio sugerido em 2010, onde se incluiam temas tão luminosos e coloridos como Lovely Bloodflow, ♥ e Maximalist. A própria capa de Obsidian e a componente lírica muito assente na dor e no sofrimento acentuam essa postura nova e radicalmente oposta a Cerulean.

Entre as dez canções de Obsidian não há uma grande transição entre texturas ou orquestrações e existe uma percetível homogeneidade sonora e proximidade instrumental, algo que evita que o produtor deslize por ruídos e alterações constantes de percurso. Bastam canções como No Past Lives e No Eyes para perceber os pequenos ambientes instáveis que Wiesenfeld deixa florir no disco e que prendem-nos num oceano de experimentações sonoras algo controladas. No entanto, esse controle, felizmente, não é rigido já que, mesmo nos momentos mais comerciais do trabalho, como Miasma Sky e Ironworks, Baths não deixa de acrescentar alguns detalhes e excentricidades que só ajudam a ampliar a criatividade e a nossa adição à audição. O uso constante de samples que vão do barulho da chuva (Miasma Sky ) até conversas banais, são alguns exemplos destes felizes a apropriados detalhes.

Em relação à voz, Will tem um registo muiti aprazível e, simultaneamente, frágil; Phaedra é o tema que mais me impressinou nessse aspecto, pela forma como se entrelaçou o baixo sintetizado e o piano, com a batida claustufóbica e a voz sincera.

Se inovação, criatividade e maturidade são três ítens muito presentes na componente instrumental de Obsidian, no que concerne às letras, que como já disse são algo sofridas, Wiesenfeld deixa agora um pouco de lado a construção de histórias apaixonadas, consumidas de forma honesta pelo amor e pela saudade, para se dedicar a dar vida a um lado oposto desse cenário. Assim, uma boa parte das canções de Obsidian são alimentadas por um constante sentimento de desprezo, pessimismo e sofrimento, como se a mente do produtor fosse consumida lentamente pela dor, algo evidenciando com particular ênfase em Incompatible e Earth Death.

Obsidian é um excelente disco para momentos mais pensativos e nublados e tem uma atmosfera que servirá como morada para os sentimentos do produtor, que temporariamente consumido pela melancolia, faz deste álbum um abrigo seguro para os seus pensamentos mais sombrios e que certamente se relacionam diretamente com a maior parte de nós. Espero que aprecies a sugestão...

 

01. Worsening
02. Miasma Sky
03. Ironworks
04. Ossuary
05. Incompatible
06. No Eyes
07. Phaedra
08. No Past Lives
09. Earth Death
10. Inter

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publicado por stipe07 às 17:34


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