man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Sanders Bohlke – Ghost Boy
Sanders Bohlke é Natural de Oxford, no Massachussets, e Ghost Boy é o seu novo disco, editado no passado dia dezanove de fevereiro através da Communicating Vessels. Falo de um álbum escrito durante uma espécie de retiro que o músico fez num inverno recente nas frias montanhas da Virgínia e que espelha a evolução natural de um homem que começou por ser um simples cantor e escritor de canções, que tinha a guitarra acústica como principal amiga e confidente para, mantendo estes elementos, tornar-se num projeto a solo mais abrangente e imaginativo.
Ghost Boy abre com Pharaoh, uma canção que ao começar com um verso à capella que fala de crying eyes in the cemetery breeze, muito ao estilo de uns Fleet foxes, desde logo constrói uma soberba imagem de paz e tranquilidade dentro de nós. E esse tapete que se acomoda no nosso íntimo acaba por ser o poiso ideal para as vocalizações, a bateria, o baixo e a distorção elétrica da guitarra que Ghost Boy, o tema homónimo, contém, um tema que nos delicia com o piano e o baixo, que em conflito se abraçam numa melodia única, sendo sonoramente algo novo e refrescante no cardápio musical de Sanders. De seguida, em Lights Explode a viola e o piano criam uma atmosfera sonora contemplativa que fala da dor do arrependimento.
Mas o disco tem mais pérolas que vale a pena descobrir. The Loved Ones e Serious revisitam os momentos mais acústicos e ambientais da carreira de Sanders. Nesta toada menos elétrica sobressai a curiosa e religiosa An Unkindness of Ravens, um tema que usa uma bateria em crescendo e uma guitarra elétrica para falar da fúria de Deus e da forma emocional como ele range e chora quando lida com a a sua suposta criação e dela dispõe quando considera que não somos legítimos das maravilhas que Ele criou e vê-se forçado a fazer descer um manto de escuridão sobre a Terra. De seguida, em Across The Atlantic, o falsete de Sanders fala de uma viagem pelo oceano, na busca de paz e tranquilidade e pede ao mesmo Deus da canção anterior para que seja mais gentil, delicado e compreensivo.
Um outro tema que me marcou foi e também destaco é Atlas, uma canção que tem a particularidade de se sustentar em sintetizadores e teclados com efeito e que se prolongam em Serious. As cordas de Long Year falam da saudade de tempos passados, nomeadamente de quando o músico tinha dezoito anos e quer a letra quer a melodia tornam a música incrivelmente sombria e algo inquieta.
Ghost Boy termina com a descrição da mulher perfeita em My Baby, outro tema com belíssimos arranjos acústicos e com Death Is Like A Beating Drum, uma canção de amor que se destaca por incluir um banjo.
Ghost Boy requer tempo e merece uma audição atenta e dedicada já que é o resultado sonoro das experiências de vida de um compositor que tem lutado e ultrapassado vários obstáculos, até se tornar no músico experiente e maduro que este disco plasma, cheio de momentos complexos e etéreos e de exuberantes paisagens sonoras. Cada canção de Ghost Boy é uma espécie de extensão das memórias e das emoções de Bohlke. Espero que aprecies a sugestão...
01. Pharaoh
02. Ghost Boy
03. Lights Explode
04. The Loved Ones
05. Atlas
06. Serious
07. An Unkindness Of Ravens
08. Across The Atlantic
09. Long Year
10. My Baby
11. Death Is Like A Beating Drum
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Futurebirds – Baby Yaga
Baby Yaga é o segundo longa duração dos Futurebirds, uma banda norte americana natural de Athens, na Georgia, formada por B-Miles, Wolmeo, Cartezz, Dahhnis e Tojo. O disco foi lançado no passado dia dezasseis de abril e sucede a Hampton's Lullaby, álbum editado a vinte e sete de julho de 2010 pela Autumn Tone Records.
No folclore eslavo Baba Yaga é um monstro do sexo feminino que vive na floresta e ataca crianças. Isso não significa necessariamente, segundo a tradição local, que seja um ser maléfico, mas é certamente um ser místico e misterioso, talvez inventado para exercer algum típo de pressão psicológica na hora de comer a sopa ou em que é necessário ir para a cama a horas decentes.
A sonoridade dos Futurebirds e o conceito da mesma enquanto banda também é um pouco assim; À primeira vista, olhando para a capa do álbum, adivinha-se que o conteúdo sonoro poderá ser algo pesado e sombrio, mas Baby Yaga é um compêndio de folk psicadélica animada e cósmica. A única faceta sombria deste disco teve a ver com o processo moroso e complicado que a banda teve de suportar para encontrar uma editora que apostasse neste seu segundo álbum, tendo sido esse o tal monstro maléfico que sobre eles pairou.
Gravadas durante sete meses e escritas pelos cinco músicos, as treze canções do álbum foram sendo apresentadas ao grande público, já que o grupo, apesar de não ter editora, decidiu não deixar de andar em digressão. sem a banda saber se alguma vez teria editora para as editar e com esperança de que alguém reparasse neles, foram tocando-as em vários concertos, algo que acabou por suceder, por intermédio da Fat Possum. Há quem considere que a transição do palco para o estúdio de algumas canções retiraram-lhe aquela faísca que só a reprodução ao vivo supostamente tem, mas estes treze temas não deixam de ter a sonoridade típica do country norte americano, com uma intensa toada rock e não são, ao contrário do que se possa imaginar, demasiado influenciadas pela estrada, com o caos a ser sempre muito controlado e a eletricidade das guitarras, apesar de enérgica, bastante ponderada e melodicamente idílica e meditativa, apesar do groove hipnótico que ficou reservado para o encerramento, com St. Summercamp.
Algumas canções ultrapassam os cinco minutos, mas não há, por isso, excessos, ou solos de guitarra empilhados, quase sempre a cargo de Dahhnis, musicalmente talvez o elemento mais criativo dos Futurebirds. Tematicamente, muitas das letras são sobre funcionamentos disfuncionais e a própria morte, servindo a música como um bálsamo comum contra a angústia que esses temas provocam. Apesar de, como já disse, todos os músicos do grupo escreverem e comporem, a crítica considera que Cartezz é, como já disse, o elemento mais inspirado, com a sua escrita, inspirada numa América confusa, a demonstrar um talento especial para o detalhe, algo bem patente nos ecos ondulantes de Virginia Slims e em Serial Bowls (When the nurse saw me drop, She said mama should’ve used that birth control, because where my heart was supposed to be, was like nothing they'd ever seen, there was nothing, but a smoking hole), canção que poderia ter sido retirada de Reckoning, o segundo disco da careira dos conterrâneos R.E.M..
No cenário indie norte americano onde a reformulação sonora de sonoridades nativas tem sido a norma, os Futurebirds ainda terão um caminho longo a percorrer até atingirem a notoriedade de nomes fundamentais da country alternativa atual, mas Baby Yaga prova que eles têm a habilidade para compôr as canções que precisam para subirem ao escalão principal do cenário musical local. Espero que aprecies a sugestão...
01. Virginia Slims
02. Serial Bowls
03. American Cowboy
04. Tan Lines
05. Felix Helix
06. Dig
07. Keith And Donna
08. The Light
09. Death Awaits
10. The Doewg
11. Womeo
12. Strangers
13. St. Summercamp
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Public Service Broadcasting – Inform – Educate – Entertain
Fundados em Londres em 2009, os Public Service Broadcasting são a banda de J. Willgoose e Wrigglesworth, uma dupla com vários EPs, no cardápio dos quais se destacam War Room (2012) e que acaba de lançar Inform – Educate – Entertain, o álbum de estreia, que chegou aos escaparates no passado dia seis de maio, por intermédio da Test Car Recordings. Inform-Educate-Entertain é já um dos trabalhos discográficos mais originais e peculiares de 2013, devido ao conceito único que alberga, o de cruzar narrações de filmes antigos de propaganda dos arquivos do BFI (British Film Institute) com música. A ideia, explicam, é ensinar lições do passado com música do futuro, sendo esta, desde a estreia, a imagem de marca dos Public Service Broadcasting.
O grande segredo de Inform – Educate – Entertain não é propriamente a sonoridade, ou seja, se fosse apenas um álbum instrumental, teria momentos extraordinários, mas nada que, por exemplo, os seus conterrâneos OMD no Genetic Engineering e no Dazzle Ships ou, na atualidade, com uma melhor qualidade de produção do som, os Spiritualized, os The Avalanches, ou até os British Sea Power, com uma pitada de Kraftwerk, já não tivessem proposto. No ítem melódico o que impressiona é ser apenas uma dupla a estar aos comandos de toda a miríade instrumental que é debitada ao longo do disco.
O grande segredo, ou melhor, o ovo de colombo, digamos assim, de Inform – Educate – Entertain é a voz que, nos onze temas, se materializa em samples e trechos das vozes que narraram antigos filmes britânicos de propaganda, nas décadas de trinta e quarenta. Assim, Inform – Educate – Entertain, será, de certeza, o único disco em 2013 a solicitar créditos à BBC por se servir de Marie Slocombe, uma secretaria desse canal de televisão que acidentalmente descobriu nos arquivos da estação alguns dos filmes usados no álbum e, principalmente, por usarem a voz de Thomas Woodrooffe, antigo tenente e comandante da Royal Navy, autor da obra Vantage at Sea: England's Emergence as An Oceanic Power e comentador nos Jogos Olímpicos de Berlim, que decorreram em 1936.
A peculiar e distinta receita de Inform – Educate – Entertain acaba por ser eficaz e logo no tema homónimo de abertura, quer a fórmula, quer as intenções conceptuais do disco, ficam claras; As onze canções polidas do álbum assentam nos riffs de guitarra viscerais de Willgoose, nas batidas pulsantes, um baixo muitas vezes frenético e sintetizadores muito direcionados para o krautrock. Há também lugar para a eletrónica retro de The Now Generation, vestígios de vocalizações hip-hop na inebriante Night Mail e um certo folk rock fornecido por um banjo que se destaca, por exemplo, em Theme From PSB e em ROYGBIV, com a particularidade de, nesta última, esse instrumento de cordas misturar-se com teclados atmosféricos e elementos típicos do disco sound. No entanto, a hipnótica, acelerada e pulsante Spitfire, Everest e a luminosa Signal 30 feita de um intenso rock progressivo, acabam por ser sonoramente os meus grandes destaques do disco, com Everest, por exemplo, a ser suportada por belos arranjos que lhe conferem uma toada épica muito intensa.
A audição de Inform – Educate – Entertain acaba por não ser apenas um mero exercício de contacto auditivo com um disco pop, mas uma experiência mais alargada, visual e sonora, já que o álbum poderia muito bem ser um documentário sobre um dos períodos mais difíceis da história de uma Inglaterra orgulhosa do seu passado, mas que ruma decidida para o futuro e que nunca foi tão posta à prova, interna e externamente, como em determinados períodos do século passado, revistos nestes filmes. Já agora, os próprios filmes já feitos dos singles retirados de Inform – Educate – Entertain, Spitfire (a bird that spits fire, a spitfire bird) e Everest, seguem esta fórmula porque se servem de excertos dos filmes antigos narrados durante a canção.
Com Inform – Educate – Entertain os Public Service Broadcasting tornam-se nos novos gurús do post rock experimental, através de um compêndio sonoro que nos leva numa jornada pelo passado e que cumpre com distinção a missão de cruzar história, música pop, educação e entretenimento. Espero que aprecies a sugestão...
01. Inform – Educate – Entertain
02. Spitfire
03. Theme from PSB
04. Signal 30
05. Night Mail
06. Qomolangma
07. ROYGBIV
08. The Now Generation
09. Lit Up
10. Everest
11. Late Night Final
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Sugiro... XXXI
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Noah And The Whale – Heart Of Nowhere
Formados em 2006 e liderados por Charlie Fink, Os britânicos Noah And The Whale de Charlie Fink, Tom Hobden, Urby Whale, Fred Abbott e Michael Petulla estão de regresso aos lançamentos discográficos com Heart Of Nowhere, o sucessor de Last Night On Earth, disco essencial na discografia desta banda londrina porque a catapultou definitivamente para o estrelato, apesar de, na minha opinião, a verdadeira obra prima do grupo ser The First Days Of Spring, álbum de 2009. Heart Of Nowhere viu a luz do dia a seis de maio por intermédio da Mercury e foi gravado nos West London's British Grove Studios, de Londres.
A sonoridade dos Noah And The Whale deambula entre uma forte linha de baixo, a luz do violino e as guitarras em desafio. A primeira boa notícia que se pode divulgar deste quarto disco da carreira do grupo é que o seu conteúdo sonoro relaciona-se mais com a tal obra prima de 2009 do que com o antecessor de 2011; Esse disco foi uma espécie de tiro ao lado na discografia do grupo, porque foi pensado quase única e exclusivamente para o sucesso comercial, mesmo que o preço a pagar tivesse sido alguma perca de identidade, de esquecimento do ADN sonoro do grupo. Portanto, com a chegada de Heart Of Nowhere, Charlie Fink e os parceiros de grupo voltam aos eixos, tratando do novo álbum como um ponto de aprimoramento controlado e contendo algumas boas composições, mas já muito longe do propósito orquestral que alimentou Peaceful, The World Lays Me Down, o primeiro disco do grupo, editado em 2008.
Com um som amplo e com as cordas e os sintetizadores a assumirem importante papel, Heart Of Nowhere é uma proposta que parece encontrar acerto e uma certa dose de novidade naquilo que os The Killers propuseram em Battle Born o ano passado. Assim, o disco está carregado de referências dos anos oitenta, nomeadamente a power pop onde o amor que rompe a noite, a vontade de crescer e a tentativa de agarrar um sonho, fazem lembrar alguns dos álbuns essenciais de Springsteen e a captura de marcas expressivas que definiram a música dessa época. Há batidas e vozes cheias de eco, canções amarguradas por acordes melancólicos e sintetizadores que se espalham sem receio e parecem prencher as lacunas e os sons vazios e pouco expressivos que criaram em 2011, além de fazerem dos Noah And The Whale definitivamente intímos da melhor música pop que se ouve atualmente.
Logo em Introduction, onde é muito bem vinda a presença de Anna Calvi na voz, é clara a relação com o pós punk e outras marcas específicas construídas há mais de três décadas; Esta canção deixa claro que o rumo agora é outro e que há um propósito claro de resgatar o lado mais comercial do grupo, já que são várias as canções com um ADN cheio de airplay. Duas delas são There Will Come a Time e Now Is Exactly The Time, autênticos hinos de verão, que se tornam, sem demora, em verdadeiros vícios auditivos. All Through The Night ou Lifetime, são mais dois temas que seguem a pegada revivalista dos anos oitenta, que nas mãos deste quinteto parece ter sido bem aproveitada, através de uma agilidade pop que os faz percorrer caminhos da indie folk até chegarem a estradas onde o rock acelera sem respeitar limites de velocidade. A primeira destaca-se por ter uma guitarra muito aditiva com solos que deliciam os nossos ouvidos e a segunda agarra-se a alguma da tradição folk da banda e dispara violinos que são bem secundados por um baixo primaveril, que sublinha uma letra nostálgica que recorda sonhos, rezas e promessas.
Já agora, no que diz respeito às letras, todas da autoria de Fink, Heart Of Nowhere será o disco mais introspetivo do grupo, já que a escrita do vocalista e guitarrista dos Noah and The Whale fala muito de memórias, experiências de vida, amores e outros sentimentos que perduram, dando a sensação que ele às vezes é já demasiado maduro para os ainda vinte e sete anos que carrega. A esperança é outro sentimento muito presente neste álbum e Fink tenta mostrar-nos que a família e os amigos são núcleos essenciais nas nossas vidas.
Numa época onde abundam propostas de cariz mais sombrio e lo fi, no quarto disco da carreira os Noah And The Whale utilizam todo o seu potencial e continuam a fazer o que mais sabem; Canções com uma forte aúrea pop e a estabelecerem uma ponte perfeita entre a melancolia, o romance, a dor da perda e uma certa paz de espírito carregada de sabedoria. Espero que aprecies a sugestão...
01. Introduction
02. Heart Of Nowhere
03. All Through The Night
04. Lifetime
05. Silver And Gold
06. One More Night
07. Still After All These Years
08. There Will Come A Time
09. Now Is Exactly The Time
10. Not Too Late
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Curtas... CI
Os Scott & Charlene's Wedding acabam de divulgar o primeiro avanço para Any Port In a Storm, disco que verá a luz do dia a vinte e dois de julho através da Fire Records. A canção chama-se Fakin' NYC e reflete a mudança do cantor Craig Dermody, natural de Melbourne, na Austrália, para essa cidade norte americana, além de demonstrar a admiração do mesmo pelos Pavement. Confere...
Nos próximos meses os Local Natives irão andar em digressão para promover Hummingbird, o seu mais recente disco. Começam na Austrália, em junho vão aos EUA e em julho vêm à Europa. Em setembro regressam aos EUA. Para comemorar o início da digressão estão a disponibilizar, em modo ÉFV, Wooly Robot, uma remistura para Wooly Mammoth, um dos temas de Hummingbird. Confere...
Hibou é um projeto musical liderado por Peter Michel, um músico de Seattle que tem estado a fazer upload de temas da sua autoria em várias plataformas de venda de música. Uma das canções que divulgou recentemente foi a atmosférica Glow, um tema que nos remete para os Beach Fossils e os DIIV. Confere...
Em antecipação à digressão europeia que estão prestes a iniciar, os norte americanos Liars disponibibilizaram no seu site, em troca de um email, duas canções novas, I Saw You From A Lifeboat e Perfume Tears. As duas composições trazem as sonoridades apresentadas em WIXIW, disco que lançaram em 2012 e que divulguei. Ainda não se sabe se as duas canções sobraram do processo de gravação de WIXIW ou se são temas novos. Confere...
01. I Saw You From The Lifeboat
02. Perfume Tear
Apresentada em 2007 como parte do excelente For Emma, Forever Ago, Skinny Love é ainda hoje uma das melhores músicas já criadas por Justin Vernon dentro da curta discografia do Bon Iver. Frequentemente a canção é remisturada ou alvo de versões, sendo a última a dos nova iorquinos Silent Rider, que a disponibilizaram em modo ÉFV. Confere...
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Treetop Flyers – The Mountain Moves
Lançado no passado dia vinte e nove de abril na Europa por intermédio da Loose Records, The Mountain Moves é o disco de estreia dos Treetop Flyers, um quinteto de Londres formado por Reid Morrison, Sam Beer, Tomer Danan, Laurie Sherman e Matthew Starritt e que procuram apropriar-se de um género musical com profundas raízes na terra do Tio Sam.
Apesar de serem ingleses e estarem sedeados em Londres, é na solarenga Califórnia que os Treetop Flyers encontram inspiração para a sua música, até porque o disco foi gravado em Malibu e o baterista, Tomer Danan, é norte americano. Catapultados pelo sucesso de nomes tão consagrados como os seus conterrâneos Mumford & Sons, cujo disco Babel foi laureado no último Grammy com o troféu de Álbum do ano, este grupo assenta a sua sonoridade no folk rock que a partir da década de sessenta começou a ser proposto por nomes tão influentes como os the Byrds e os Crosby, Stills, Nash & Young. Eles vão mesmo tentar a sua sorte no outro lado do atlêntico já que também assinaram com o selo norte americano Partisan Records e verão The Mountain Moves ser editado nos Estados Unidos a vinte e cinco de junho próximo.
The Mountain Moves sucede aos EPs Bury To Past e Things Will Change, foi produzido por Noah Georgeson e segue as mesmas referências biblícas dos já citados Mumford & Sons. É um álbum com onze canções assentes numa instrumentação e produção impecável e vocalizações muito peculiares, partilhadas por Sam Beer e Reid Morrison, com um acabamento bucólico e, por isso, atrativo para quem procura sonoridades mais festivas e descomplicadas.
Apesar do foco sonoro do conteúdo do disco estar centrado na folk rock, também há alguns detalhes típicos do rock britânico que era feito pelas clássicas guitarras dos Faces e dos Rolling Stones, principalmente no sublime e enérgico tema de abertura, Things Will Change, o primeiro single já retirado do disco e em Waiting For You, canção que facilmente nos transposta até ao universo dos anos setenta e dos Fleetwood Mac. Postcards destaca-se um pouco das restante canções já que tem uma componente mais pop e poderá ser um potencial single do disco, com o objetivo de demonstrar que também há um certo ecletismo no som dos Treetop Flyers.
The Mountain Moves equilibra com sapiência elementos do rock, do country e da soul, conta histórias e retrata imagens que poderiam ser vividas por qualquer um de nós em cada uma das onze canções, é um excelente álbum de estreia e representa um bom augúrio relativamente ao futuro deste grupo, que poderá ser o próximo a conquistar o outro lado do atlântico. Espero que aprecies a sugestão...
01. Things Will Change
02. Houses Are Burning
03. Waiting On You
04. Rose Is In The Yard
05. She’s Gotta Run
06. Haunted House
07. Postcards
08. Making Time
09. Picture Show
10. Storm Will Pass
11. Is It All Worth It
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Bravestation - IV
Depois de Giants Dreamers, álbum editado no verão passado e que divulguei oportunamente, os Bravestation dos irmãos Devin Wilson (voz e baixo) e Derek Wilson (guitarra) e de Andrew Heppner (teclados e sintetizadores) e Jeremy Rossetti (bateria e percurssão), estão de regresso aos discos com IV, um EP editado no passado dia catorze de maio. Entretanto já divulgaram alguns singles desse novo álbum, sendo o mais recente Somewhere We Belong, canção disponível para download no bandcamp da banda, assim como o restante EP.
Liricamente, as quatro canções deste EP contam histórias que misturam fantasia com realidade e que depois ganham vida com canções emotivas, luminosas e cheias de cor (We use emotional experiences from real life and try to recreate them in another world).
Sonoramente, estes quatro rapazes de Montreal, no Canadá, misturam elementos do R&B com a new wave e a eletrónica, criando paisagens sonoras com uma atmosfera e abordagem tendencialmente pop. Conseguem colocar uma elevada dose de groove nas canções, salientadas pelo ligeiro abanar de ancas que proporcionam. Os anos oitenta estão bastante presentes, quer nos efeitos hipnóticos colocados na voz, como nos sintetizadores, que recriam a sonoridade típica dessa década. E, à semelhança do que acontece com outros projetos similares contemporâneos, é possível sentir aqui que a abordagem a esses gloriosos anos da pop soa, ao mesmo tempo, como um retrocesso temporal, mas também algo sonoramente futurista. Confere...
01. All We Have Is Us
02. Somewhere We Belong
03. Ancient Kids
04. Rain Child
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Snowden - No One In Control
Snowden é um projeto musical indie, alternativo e experimental liderado pelo músico Jordan Jeffares, natural de Austin, no Texas. A banda formou-se em Atlanta, já em 2003 e estrearam-se nos discos três anos depois com Anti-Anti, através da Jade Tree. Após a separação desta editora e de uma mudança para Chicago e depois para Brooklyn (Nova Iorque), com outra passagem por Atlanta no meio (confuso?), Jeffares regressou a Austin e assinou pela Serpents & Snakes, a primeira editora dos Kings Of Leon. Em fevereiro do ano passado entrou em estúdio e assim tiveram início as gravações de No One In Control, álbum que viu a luz do dia recentemente e cujo grande destaque é o single The Beat Comes. Esta canção já é conhecida desde o verão passado e tem um vídeo, realizado por John Merizalde. O tema foi já alvo de várias remisturas, entre as quais destaco a do projeto Lane 8, disponível abaixo para download gratuito. Apesar de Snowden ser essencialmente um projeto a solo de Jordan Jeffares, entraram novos membros na banda e que já estão a tocar nos concertos de promoção deste novo trabalho dos Snowden; Falo de Keith Vogelsong, Yoi Fujita, Mikey Jones, Chandler Rentz, Corinne Lee e David Payne.
Há sempre magia quando a literatura e a música se encontram e esse cruzamento é feliz nos Snowden já que além do projeto ser inspirado no nome de um personagem do best-seller de Joseph Heller Catch-22, no conteúdo de No One In Control, a habilidade de Jordan para a escrita e composição musical é muito visível. Esta capacidade de conjugar os dois mundos artísticos recorda um pouco Paul Banks e os Interpol, com o disco a ter um conteúdo algo sombrio e ao mesmo tempo dançável, assente numa percussão vincada, um baixo pulsante e uma sintetização muito intensa, carregada de loops e efeitos e letras profundas e com uma elevada sensibilidade emocional.
Logo na abertura, o cariz épico do tema homónimo, reforçado por uma voz intensa e pouco convencional, apresenta muito bem esta riqueza sonora, que atinge o auge na já citada The Beat Comes, uma animada canção, com uma distorção de guitarra frenética, uma toada que anima os espíritos mais taciturnos e com uma letra memorável (Bop your head till the beats comes, keep your mouth off the canon, I shiver down south, there’s no way to go back now). A constante repetição do refrão de So Red faz do tema um instante romântico que arrebata qualquer coração (I could be a poet but we don’t have time); É uma daquelas canções que poderias ouvir indefinidamente que descobririas nela sempre um detalhe novo. Mas também destaco o refrão que sera sera do tema Not Good Enough, o monumento rock que é Hiss e Keep Quiet, o single mais recente retirado de No One In Control, um excelente exemplo da capacidade criativa dos Snowden. A canção começa com uma bateria e um registo vocal algo desconexo mas muito atmosférico que rapidamente te atrai e te deixa pregado a ela durante os quase seis minutos de duração.
Em No One In Control os Snowden demonstram que é possível fazer música que prova que ninguém consegue controlar completamente as suas emoções quando experimentam a beleza e o verdadeiro sentido de uma vida vivida em pleno e onde as possibilidades são ilimitadas. Espero que aprecies a sugestão...
01. No One In Control
02. So Red
03. Anemone Arms
04. The Beat Comes
05. Hiss
06. Keep Quiet
07. Don’t Really Know Me
08. Not Good Enough
09. Candy
10. No Words No More
11. This Year
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French Films – White Orchid
Os French Films de francês só têm o nome já que são um quinteto indie rock natural de Helsinquia, Finlândia, formado por Johannes Leppänen (voz e guitarra), Joni Kähkönen (voz e guitarra), Mikael Jurmu (voz e baixo), Santtu Vainio (teclado, percurssão e guitarra) e Antti Inkiläinen (bateria). Lançaram em 2010 o EP Golden Sea e em setembro de 2011, Imaginary Future, o disco de estreia, que na altura divulguei e que fez parte da minha lista dos melhores desse ano. Agora, chegou finalmente o sucessor. O novo trabalho do grupo finlandês chama-se White Orchid e viu a luz do dia novamente através da GAEA Records.
Se o EP Golden Sea foi muito bem recebido pela crítica do rock independente, Imaginary Future, o tal disco de estreia, tinha a mesma sonoridade do EP, ou seja, um rock sujo e lo fi, uma espécie de surf rock com um pé no post punk de um grupo cujo som lembra as praias da Califórnia e um nome que remete à Nouvelle Vague. Assim, todos os trabalhos da banda, incluindo este White Orchid, são bastante homogéneos e facilmente identificáveis para quem estiver já minimamente familiarizado pelo grupo. Obviamente que esta constatação acaba por ser uma faca de dois gumes já que quem os aprecia delicia-se com esta nova coleção de canções e quem esperava por algo diferente e uma inversão inesperada na sonoridade do grupo, sentir-se-á defraudado com esta nova etapa dos French Films. Talvez isso venha a suceder no terceiro disco...
No My Space da banda os French Films estamparam rostos do francês Serge Gainsbourg e dos Jesus and Mary Chain e descrevem a sua música como sendo inspiradas no inverno frio e escuro. Mas White Orchid é a banda sonora de um dia de verão, um cardápio de surf rock, com trinta e sete minutos de canções curtas mas vibrantes. Existem boas letras, arranjos assentes num baixo vibrante adornado por uma guitarra jovial e criativa e com alguns efeitos e detalhes típicos da pop e do punk dos anos oitenta. A bateria e a secção ritmíca são bastante aceleradas, surgindo ali no meio Latter Days, a fazer de contraponto ao restante conteúdo, graças a um noise diferenciado e a uma melodia mais aberta e luminosa. Em Into Thousand Years a banda também diminui um pouco o ritmo, até porque depois de oito canções, os French Films perceberam que seria bom abrandar um pouco e em boa hora o fizeram.
Em toda esta toada descontraída e ao mesmo tempo visceral, estes finlandeses conseguem juntar uma atmosfera sonora épica, positiva, sorridente e bastante dançável. Vale a pena ouvir o disco todo, sem parêntesis e pausas, com uma atitude descontraída e jovial, já que certamente fará o ouvinte antecipar o verão que se aproxima. Espero que aprecies a sugestão...
01. White Orchid
02. Where We Come From
03. Ridin’ On
04. Special Shades
05. All The Time You Got
06. Latter Days
07. Long Lost Children
08. Juveniles
09. Into Thousand Years
10. 99