man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Kurt Vile - Wakin On A Pretty Daze
Depois de ter lançado Smoke Ring For My Halo, no início de 2011, Kurt Vile está de regresso com Wakin On A Pretty Daze, álbum lançado no passado dia nove de abril por intermédio da Matador Records. Never Run Away é o primeiro single já conhecido deste disco proposto por um músico que descende da melhor escola indie rock norte americana, quer através da forma como canta, quer nos trilhos sónicos da guitarra elétrica.
Kurt Vile parece ter encontrado um ponto de equilíbrio dentro das composições e dos sons que propôe há já uma década. Ancorado em músicas cada vez mais confortáveis, o compositor vem desde 2008, com Constant Hitmaker, trilhando caminhos sonoros feitos de guitarras simples e uma voz emocionada e romântica, sem nunca pôr de lado uma certa toada psicadélica. Wakin on a Pretty Daze acaba por ser uma sequência do que já tinha proposto há dois anos, mas agora ele procura posicionar-se no universo indie num lugar cada vez mais amplo, já que não se limita apenas às confissões românticas e caseiras, mas também busca, através de pequenas viagens lisérgicas tratadas na instrumentação ou no uso de letras que rompem com a proposta intimista do trabalho passado, ser menos tímido e mais grandioso.
Em Wakin On A Pretty Daze mantêm-se as viagens ao rock psicadélico da década de setenta, mas Vile abre a porta para que as suas músicas se derramem em versos extensos e quase descritivos dos habituais acontecimentos quotidianos que costuma abordar, mas com a diferença de que agora eles olham para o mundo e não apenas para uma exposição das suas emoções intrínsecas. É como se o músico deixasse o seu ambiente para caminhar pelo mundo real, algo audível nas imensas passagens instrumentais que pintam aqueles que poderiam ser os tais possíveis pontos de silêncio da obra. Músicas enormes como Goldtone, Too Hard e Was All Talk, todas na casa dos oito minutos, manifestam instrumentalmente as reformulações plasmadas neste novo disco.
Pela forma como os arranjos se acomodam, não é difícil encontrar uma aproximação ao que Neil Young produziu no começo da sua carreira, deixando para os instantes mais comportados uma forte relação com a obra de Nick Drake, nomeadamente quando propôe melodias mais convencionais (Girl Called Alex) ou na forma como, por exemplo em Too Hard, derrama os versos da canção com um certo pendor bucólico. Nos temas mais rápidos do álbum, Vile acaba por deixar-se levar pelo que de mais comercial e coerente existe na música atual, principalmente na folk de Snowflakes Are Dancing ou no rock leve de Never Run Away, o tal single já divulgado e a canção mais pop do disco.
Kurt Vile jamais se perde no caminho, mesmo quando inova com as tais passagens instrumentais extensas que discutem amor, saudade ou meras futilidades diárias, como se o músico apenas observasse o tempo passar e fosse capaz de descrever cada mínimo aspecto sobre ele. Wakin On A Pretty Daze é, por isso, uma obra que exige tempo, mas que garante acrescentar algo ao ouvinte no final. Espero que aprecies a sugestão...
01. Wakin On A Pretty Day
02. KV Crimes
03. Was All Talk
04. Girl Called Alex
05. Never Run Away
06. Pure Pain
07. Too Hard
08. Shame Chamber
09. Snowflakes Are Dancing
10. Air Bud
11. Goldtone