man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Phosphorescent - Muchacho
Phosphorescent é o projeto musical de Matthew Houck, um músico que se move entre Brooklyn e o Alabama e que lançou em 2010 o aclamado álbum Here’s To Taking It Easy. Agora, em 2013 e de acordo com o que anunciei em Curtas... LXXV, chegou aos escaparates, a dezanove de março, Muchacho, o sucessor, por intermédio da Dead Oceans, onde Matthew se fez acompanhar do engenheiro de som John Agnello, que ajudou Kurt Vile na construção do memorável Smoke Ring For My Halo.
Escrito numa praia mexicana, Muchacho tem impresso alguns dos mais importantes detalhes do cancioneiro norte americano dos últimos vinte anos. Com raízes na folk, o projeto Phosphorescent já abordou sonoridades mais excêntricas, nomeadamente em Pride (2007), mas depois passou a deixar-se influenciar pela dor e pela saudade, quer no álbum seguinte, quer neste Muchacho.
Wilco, Jim James, Bon Iver e até os Lambchop são referências óbvias de um projeto e um álbum que, por abarcar um universo sonoro rico e vasto, estende-se para além dos limites iniciais da composição. Há canções grandiosas (The Quotidian Beasts) e outras mais simples, quer na escrita, quer na sonoridade (Muchacho's Tune) e onde elementos como a lua, o sol, animais e cenários campestres se apoderam da obra com extrema delicadeza.
Muchacho é um trabalho que cresce quanto mais nos habituamos a ele; Há uma dinâmica entre sintetizadores e guitarras que o sustenta, mas a componente instrumental conhece poucos entraves e expande-se com interessante fluídez. A voz também se cruza elegantemente com os instrumentos, algo percetível logo na abertura, em Sun, Arise! (An Invocation, An Introduction). A temática das canções gira em redor da dor da perca e do posterior e indispensável processo de libertação, algo plasmado no tema homónimo (See I was slow to understand, This river’s bigger than I am, It’s running faster than I can, though lord I tried) ou em Terror In The Canyons (Now you’re telling me my heart’s safe, And I’m telling you I know/,You’re telling me lean in and I’m telling you to go), canções onde Houck parece lentamente despertar e onde deixa para trás a dor expressa nos álbuns anteriores, utilizando então Muchacho para depurar antigos fantasmas.
Mas o disco tem outros destaques... Ride On, Right On é uma canção rock com um clima eletrónico e Down To Go recorda os momentos mais sombrios e introspetivos dos The National. E depois há Song For Zula, o primeiro single de Muchacho, um tema épico, cheio de exaltações melancólicas, cenários e sensações que expressam com particular envolvência o amor, que volta a ser elevado em em Terror In The Canyons (The Wounded Master).
Muchacho é a partir de agora a obra prima de Matthew Houck. Sem precisar de soar demasiado grandioso, Phosphorescent celebra a melancolia como quem sobreviveu à dor e caminha de rosto erguido. Transita intencionalmente entre o passado e o presente e deverá ser uma referência para os seus lançamentos futuros. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sun, Arise! (An Invocation, An Introduction)
02. Song For Zula
03. Ride On / Right On
04. Terror In The Canyons (The Wounded Master)
05. A Charm / A Blade
06. Muchacho’s Tune
07. A New Anhedonia
08. The Quotidian Beasts
09. Down To Go
10. Sun’s Arising (A Koan, An Exit)