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Black Rebel Motorcycle Club - Specter At The Feast

Sexta-feira, 05.04.13

Depois de terem editado Beat the Devil's Tattoo em 2009, os norte americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, estão de regresso com Specter At The Feast, o sétimo disco de uma carreira de doze anos de uma banda que se estreou em 2001 com um extraordinário homónimo e cujo conteúdo fez desta banda de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

Ao longo destes doze anos, os BRMC talvez não tenham salvado o rock, mas há que ser justo e admitir que se tornaram numa das bandas essenciais deste género musical. Mesmo após a estreia e o similar Take Them On, On Your Own, quando infletiram um pouco no rumo e em Howl abraçaram também a country e a folk, não deixaram nunca de perder a sua identidade, que apenas foi um pouco abalada com Baby 81 e The Effects of 333, os dois únicos álbuns dos BRMC que não me seduzem e que considero terem sido verdadeiros tiros ao lado na valiosa trajetória musical do grupo. Assim, na primeira década de existência, os BRMC nem sempre cumpriram a ótima expetativa criada na estreia mas, em 2009, Beat the Devil's Tattoo voltou a colocar o percurso dos BRMC nos eixos, refrescou-os e pessoalmente devolveu-me a esperança e deixou-me com água na boca relativamente ao futuro e ao sucessor.

Specter At The Feast tem doze canções feitas de country, garage rock, blues e psicadelia, ou seja, que congregam muitas das qualidades dos BRMC, mas que também, infelizmente, voltam a expôr alguns dos seus maiores defeitos. Mantém-se o espírito volátil do grupo, há uma maior dose de epxerimentalismo e recuperaram a sonoridade ruidosa que os sustentam. Se analisarmos as canções individualmente, extraídas da dinâmica do disco, a bitola qualitativa talvez seja maior do que a pura e simples análise de Specter At The Feast como um todo porque, em traços gerais, o disco é muito heterógeneo e nada feliz sequencialmente. Este entusiasmo seguido de algum tédio e vice-versa evidencia que não terá havido uma acertada escolha do alinhamento e, por isso, alguns temas que demonstram que os BRMC não perderam a capacidade de fazer grandes canções acabam por ficar relativamente isolados no meio daqueles que trazem à tona momentos menos inspirados. Returning, uma canção liricamente marcada pela partida de alguém querido, algo que, como veremos à frente, sucedeu com os BRMC (but you must leave and not turn back, knowing what you hold, how much time have we got left, its killing us, it carries us on) e Rival são dois temas que provam a existência destes dois pólos opostos.

Specter At The Feast começa com Fire Walker, um típico tema introdutório, com um baixo firme e constante e momentos etéreos criados pelo sintetizador. Depois, uma das canções que mais remete para o glorioso passado dos BRMC é Let The Day Begin, um tema onde é perfeito o encontro entre a guitarra de Peter, o baixo de Robert e a forte percussão de Leah. Esta canção é o meu destaque maior de Specter At The Feast e será, certamente, uma homenagem sentida a Michael Been, pai de Robert e engenheiro de som dos BRMC durante vários anos, falecido em 2010 logo após um concerto na Bélgica e que tinha gravado essa canção há alguns anos com os The Call, banda a que Michael pertenceu. A morte provoca sempre reaçoes imprevisíveis em quem a enfrenta e os BRMC tiveram de aprender a liderar com a perca de um ente querido, alguém que os acompanhou diariamente durante vários anos. Acabaram por canalizar para a música o sofrimento que sobre eles se abateu e usar essa morte como um meio criativo e assim expressarem, através desta tragédia, a sua visão poética da dor, de forma comovente e sincera, não só em Let The Day Begin, mas em todo o conteúdo do disco. Specter At The Feast acaba por ser contagiado por esse clima sombrio e funcionar como uma espécie de tributo a Michael Been, além de ser uma forma de lidar com a dor dessa perca.

Outros destaques de Specter At The Feast são, na minha opinião, Hate The Taste, um tema que introduz a sequência mais ruidosa do disco e que tem traços de post-punk e blues, Teenage Disease, canção onde essa fúria se mantém, mas que agora abraça o noise rock e o rock alternativo e a psicadelia etérea que tomam conta de Sometimes The Light, devido ao órgão que nela se escuta.

Specter At The Feast encerra majestosamente com Sell It e Lose Yourself, duas longas canções feitas com efeitos de guitarras sombrios e interessantes e marcadas por belas melodias. A primeira volta a falar da dor da perca e apela a uma lado mais religioso, falando da importância de Deus para a superação da mesma (I got god, I got the medication i got enough to make it all go away) e Lose Yourself é o último esforço para que haja novamente luz, a mesma que acaba por brilhar na canção devido à interação brilhante entre a voz e delicadeza da guitarra de Peter.

Specter At The Feast é um álbum muito carregado emocionalmente e que reflete o estado psíquico de uma banda muito marcada por transformações e dissabores, mas que nunca deixou, ao longo da carreira, de tentar ser coerente no desejo de deixar, disco após disco, novas pistas para a salvação do rock. O resultado final algumas vezes não foi o melhor, mas essa nobre intenção sempre esteve presente na discografia dos BRMC e ganhou um novo vigor neste disco. Espero que aprecies a sugestão...

01. Fire Walker
02. Let The Day Begin
03. Returning
04. Lullaby
05. Hate The Taste
06. Rival
07. Teenage Disease
08. Some Kind Of Ghost
09. Sometimes The Light
10. Funny Games
11. Sell It
12. Lose Yourself

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publicado por stipe07 às 18:19






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